Turma, penúltima parte! Quero fechar o ano com o fim do conto e espero que gostem e comentem muito. Esse conto foi um divisor de águas pra mim, inclusive na minha vida mesmo. Obrigado e boa leitura...
- Carlos, eu tomei uma atitude e quero te comunicar.
Respeitando o espaço que inconscientemente havíamos imposto depois do que aconteceu, respondi:
- Fala Bruno.
- A Amanda está vindo pra cá, trazendo meu filho.
- Nossa, que bom pra ti.
Saí do quarto nervoso e nem eu mesmo entendia minha reação. Eu mesmo havia pedido pra que Bruno fosse pai de verdade, na prática, ao menos para conhecer a criança.
Mas eu estava vendo o outro lado da história. Mais do que esse filho, Amanda era uma ameaça. Minha relação com Bruno parecia desgastada. Nós não tínhamos mais momentos de carinho. No início, eu recusava, depois, Bruno cansou de insistir.
Via-o saindo mais do que de costume, chegando em casa mais tarde e sabia que era culpa minha. Pra manter nossa relação, ele evitava conviver de fato comigo.
Meu refúgio era saber que ele ainda estava do meu lado, mas até quando?
Uma ameaça de fato estava prestes a chegar.
Me tranquei no banheiro e comecei a chorar. Eu sabia muito bem o que poderia acontecer.
Amanda e o bebê receberiam todo o carinho que eu obriguei Bruno a guardar. Quando saí do banheiro, ele estava no quarto ao lado, arrumando as coisas pra chegada dos dois. Só aquela imagem já me martirizava. Jamais tinha visto bruno mover uma palha sequer para organizar a casa, mas agora ele tinha um motivo.
Resolvi sair, não queria que ele me visse chorando. Ignorei o chamado do porteiro, avisando sobre a chuva e segui em direção à praia. Queria sentir o aroma do mar e tentar pensar.
Nas próximas horas eu teria que ser cínico, fingir que aquela visita era mais que desejada pra mim, mas não era.
Em meio aos pensamentos, disse mais alto do que achei que sairia:
- Tenho que assumir. Já era tudo isso.
- Já era o quê?
Era ele. Bruno estava do meu lado, sentindo o tocar da chuva fininha, assim como eu:
- Nada Bruno. Só pensei alto.
- Conversa comigo.
- Fala.
- Carlos, se você tá assim pela chegada da Amanda, relaxa. Eu só fiquei com ela uma vez e ela já sabe de nós dois.
- Não se preocupe comigo. Eu quero que você curta o seu filho ao máximo. Eu vou seguir com a minha vida. Voltar pra faculdade, procurar um estágio, superar essa história toda.
- Você fala como se tivesse se despedindo de mim, da nossa relação.
- Esquece isso. Vamos voltar pra casa?
Eu não ia dar o braço a torcer pra ele, mas era exatamente assim que eu me sentia. Como se fosse o fim!
Chegamos em casa, tomamos um banho, separados. E em alguns minutos o celular de Bruno tocou. Eles haviam chegado ao aeroporto. Bruno saiu correndo para buscá-lo e eu fiquei pra preparar alguma coisa.
Decidi pedir umas pizzas, pois não sabia o que tentar cozinhar. Me sentei no sofá, curioso para saber como seria ela, como seria o bebê, como seria a estadia deles.
Esperei por umas duas horas, quando a porta se abriu e Bruno chegou na frente, já carregando seu filho e Amanda logo atrás dele.
Uma mulher bonita, normal, com cabelos cacheados, magra, olhos castanhos, alta.
- Então, você é o famoso Carlos?
- Sou sim. Prazer.
Forcei sorrisos e logo me direcionei para meu sobrinho.
- Que bebê lindo.
- Danilo, seu sobrinho.
Olhava pra ele e tocava seu rosto. Ele era grande e dormia tranquilamente no colo do pai.
- Quer carregar ele, amor?
- Melhor não. Ele tá quietinho dormindo.
Bruno não conseguiu esconder seu desapontamento, mas não disse nada.
Encaminhei Amanda para seu quarto, tentando deixá-la o mais confortável possível. Enquanto Bruno estava encantado com o filho, percebia Amanda inquieta, mas não iria questioná-la.
As pizzas chegaram e fomos comer. Sentados à mesa, Amanda começou:
- É, eu quero parabenizar vocês pela casa, muito bonita.
- Obrigado.
- Além disso, fez um belo trabalho com o Bruno.
Minha expressão de interrogação fez com que ela continuasse:
- Ele mudou muito, ao que aprece, para melhor.
- Mudou sim. E vocês vieram por quanto tempo?
- Não sei ainda. Tive que sair do emprego. Depois da licença, não consegui voltar. Agora quero que o Danilo fique mais perto do pai, não é Bruno?
Eu fiquei atônito. Então não era uma visita? Era permanente? É, não me cabia mais ali.
CONTINUA...