Desculpem a demora, eu mal tinha chegado de viajem, e minha mão me mandou ficar esses dias na casa da minha vó, onde não tem nenhum sinalzinho de wi-fi. E cheguei ontem a noite cansado, e comecei a escrever essa parte hoje e não revisei nem nada (como se eu revisasse, odeio reler o que escrevo rs). E para os desavisados, essa não é a última parte. Luke, não brigue comigo, mas estou de férias desde novembro. Enfim, não vou poder postar tão cedo, porque novamente vou viajar e infelizmente não tenho um notebook.
Parte 13 – Dr. Roberto
“Finalmente apaguei?” pensei.
“Estou morto agora?” tentei abrir meus olhos.
“Então vida acaba assim?”
“Eu te amo” a voz dele soava na minha cabeça, e às vezes doía como ácido. Deu até para sentir sua mão macia e grande na minha cabeça. Eu realmente precisava de ajuda.
“Eu também” respondi com um sorriso.
Escutei um zunido, e meus sentidos voltavam lentamente. Quando abri meus olhos, tudo ficou branco por um momento, até que eles se acostumassem com a luz. O zunido vinha da luz. Era um quarto com paredes brancas e azuis, e um cheiro insuportável de desinfetante e álcool. Levantei meu braço e vi que minha mão estava enfaixada, e logo acima, um tubo ligava meu braço a uma bolsa pendurada do lado da minha cama. Virei a cabeça percebi alguma coisa no meu nariz. Mais tubos? Escutei um barulho. Alguma coisa caiu no chão.
— Mãe? – perguntei com a voz fraca. — Mãe? É você?
Nenhum sinal. Juntei todas as minhas forças e sentei. Arranquei o cateter do meu nariz. Onde estava minha mãe? Eu estava sozinho aqui? Um desespero enorme começou a tomar conta de mim, e me impulsionou a levantar da cama. Tirei a intravenosa do dorso minha mão. Andei cambaleando até a porta e sai do quarto.
— Ei! Ei garoto! – chamou uma mulher.
Olhei para trás e vi que ela andava na minha direção. Pensei em sair correndo, mas eu acho que não tinha muitas chances.
— O que você está fazendo? Porque saiu do quarto? – perguntou a enfermeira.
— Estou procurando minha mãe, você sabe onde ela está? – perguntei tentando parecer e que estava tudo bem. Mas ela não caiu nessa.
— Sua mãe está no trabalho Hugo. Ela vem lhe visitar daqui a pouco. – disse ela calmamente e abrindo a mão para segurar meu braço, me afastei dela.
Eu não queria ficar aqui. Odeio hospital. Tenho horror a esse cheiro. Odeio enfermeiras, odeio agulhas. Que se danem as chances. Corri antes que ela me pegasse e virei à direita. Já estava cansado quando finalmente vi um elevador. Apertei o botão como um louco, e me escorei na parede ofegando. Droga! Que demora do inferno! Ela já estava virando e correndo, com mais um enfermeiro. Desisti do elevador e continuei correndo com o que restava da minha energia. Quando ia virar para outro corredor esbarro em médico que segura meus braços.
— Aonde você vai com tanta pressa? – perguntou ele.
— Minha mãe, eu quero minha mãe! – disse tentando não gritar, pois sabia que estava em um hospital. Ele não respondeu, e olhou para frente, e o enfermeiro me segurou.
— Me solta! ME SOLTA! – gritei agora desesperado. O enfermeiro segurou meus braços com um abraço forte, e a enfermeira levantava a manga da minha camisa. — Por favor... – choraminguei, implorando para que eles não me dopassem de novo. No fundo eu queria ser. As coisas se acalmavam.
E a ultima coisa que eu vi foi o rosto do médico, que me era estranhamente familiar. Eu tinha quase certeza que já tinha visto ele em algum lugar...
— Só vai ser uma picadinhaSerá que somos mesmo feito das estrelas? Isso parece incrível. Estrelas brilham. As estrelas são perfeitas. Eu acredito que sou parte de uma estrela. Só que não brilho. Não como elas.
Eu estava caindo do céu. Uma queda que parecia que não acabava, e olhando a lua minguar e desaparecer na escuridão, senti inveja. O ar lutava contra meu corpo, inconformado. Escutei as ondas do mar levemente, fechei os olhos e perfurei a superfície. Sorri e abri os olhos. Ainda dava para ver a lua desaparecer no céu. Maravilhoso. E quando tudo ficou escuro, sou puxado para fora da água.
Quando volto à realidade, dá vontade de chorar. Nem consegui abrir meus olhos ainda, apenas sentia o cheiro de desinfetante. Suspirei.
Sinto uma mão macia no meu rosto. Uma mão delicada. Abri meus olhos deliberadamente, e ele aos poucos novamente se acostumou à claridade. Luz... Clara...
— Clara! – exclamei feliz por reconhecer aqueles cachos negros.
— Bem vindo de volta, lindo! – disse ela baixinho. — Você anda dando muito trabalho para os enfermeiros. – disse sentando do meu lado e dando uma risada gostosa.
— Que horas são? Há quanto tempo eu estou aqui? – perguntei com medo da sua resposta.
— São seis horas da tarde. – suspirou alto e passou suas mãos nos meus cabelos ainda curtos. Pelo menos são foram meses.
— E minha mãe?
— Sua mãe está no trabalho Hugo, para de ficar achando que esta aqui sozinho. – ela revirou os olhos. — Eu gostei do seu cabelo. – e os alisou com a mão novamente.
— O que aconteceu comigo?
— Está bem... vou contar o que aconteceu. – deu uma pausa e deitou do meu lado. Segurou minha mão que não estava com uma agulha enfiada nela. — Depois daquela “farra” na casa do Pedro, e você descobriu que o Henrique... – ela deu uma pausa e respirou fundo. — Fez aquilo, você tipo que ficou... instável. – tive de ri. Eu já era instável por vida.
— Eu já sou instável, você bem sabe disso.
— Eu sei, mas você ficou pior. Faltou quatro dias no colégio, não saia do quarto, não comia e não falava. Sua mãe disse que você não queria a ajuda dela, e que escutava seus gritos do quarto dela. Ela disse também que você a culpava de ter abandonado você. – dizia ela calmamente.
Deixei uma lágrima escapar. Minha mãe não merecia isso.
— Eu sou um mostro. – solucei.
Sua mão novamente passeou pelo meu rosto, e limpou as lágrimas.
— Claro que não. Você só estava triste, nada que um pedido de desculpas resolva. – ela sorriu. — Então, como você não comia direito, ela te trouxe para cá.
— Há quantos dias estou aqui?
— Você veio para cá ontem ás sete horas. – suspirei de alivio. — Só foi eu sair um minuto para contrabandear aquele suco de laranja, e você faz um show aqui no hospital. – eu ri junto com ela.
— Contrabandear? – perguntei confuso.
— É, esse hospital tem um monte de regras e uma me impedia de trazer comida para você! – ela levantou. — E você sabe que eu odeio regras. E você estava ai, todo magricela, implorando por um suco gelado. – pegou o copo branco tampado e me entregou com um canudo.
— Muito obrigado. – disse antes de perfurar o canudo no copo e colocá-lo na boca. E quase gemi de prazer. Estava uma delícia.
— Daqui a pouco seu jantar chega, e acho bom você comer tudo. A não ser que queira comer pelo nariz. – imediatamente coloquei a mão no nariz, e senti aquele tubo dando a volta na minha cabeça.
Olhei pedindo respostas para ela.
— Ah, isso ai é para melhorar sua respiração, já que o sedativo deixou sua respiração lenta, alguma coisa assim, eu não entendi direito. – ela deu de ombros.
Terminei o suco e entreguei o copo para ela bem no momento que alguém dá três batidinhas na porta. Quando ela vê que é o médico, ela rapidamente joga o copo no lixo e fica na frente.
Era o mesmo médico com quem havia esbarrado. Ele tinha os olhos azuis, e cabelos loiros e lisos penteados perfeitamente.
— Então, como está o nosso fugitivo? – perguntou humorado.
— Bem melhor, já está até corando! – disse clara apertando minha bochecha. Eu ri.
Ele ficou ao lado da cama. E pediu para que eu sentasse. Imediatamente eu sentei. Quanto mais disposição eu apresentasse, mais rápido sairia daqui. Ele pegou uma lanterna e puxou delicadamente minha pálpebra para baixo. Depois pediu para que eu respirasse fundo, e o estetoscópio gelado tocou minhas costas.
— Acho que não precisa mais disso. – tirou delicadamente o cateter do meu nariz. Graças a Deus. Enquanto ele estava inclinado na minha direção para tirar o cateter, vi seu crachá.
Seu nome era Roberto Cardoso... Cardoso, loiro, olhos azuis... Não.
— Vocês estão sentindo um cheiro de laranja aqui? – perguntou ele, olhando para Clara que em seguida escondeu o rosto. Segurei para não rir.
— Só cheiro de desinfetante. – disse ela, com a maior cara de pau. Roberto riu um pouco, e quando estava saindo disse:
— Se você se alimentar direito hoje, posso te dar alta amanhã Hugo. – e saiu.
— Ele não é um amor? – perguntou Clara pulando ao meu lado na cama. — E tem um detalhe... ele é o pai do Henrique.
Como se eu já não soubesse.