A Montanha Russa da Vida XIV
Continuando....
Na manhã de sábado acordei sentindo – me péssimo, também como eu poderia me sentir depois de tudo que aconteceu ?!
Levantei – me da cama e depois de semanas retirei o lençol que ainda estava cobrindo o meu espelho, a palavra escrita em batom vermelho ainda estava lá, antes ela espirava – me de uma forma enlouquecedora, mas agora não passava de uma simples palavra que faria parte da minha vida assim como as diversas cicatrizes que foram feitas no dia anterior.
Mesmo não estando com vontade de ir para o litoral, eu devia isso aos meus amigos, não seria nada justo com eles desistir agora. Por isso joguei algumas roupas na minha mochila, pequei alguns itens de higiene pessoal e pus junto com as roupas.
Desci as escadas com a mínima vontade de sair de casa. Antes de ir a cozinha pegar alguma fruta para comer, percebi que encima do sofá estava uma caixa, por eu ser muito curioso resolvi olhar para ver a quem ela estava endereçada. Para minha surpresa, meu nome estava escrito em letras maiúsculas, porém não havia quem fora que mandara. Com uma pulga atrás da orelha abrir a caixa e dentro dela havia um livro: “O Morro dos Ventos Uivantes” (Um clássico da literatura inglesa escrito no século XIX, mas ficou mundialmente conhecido na atualidade entre os jovens por ter sido mencionado no primeiro livro da tão conhecida Saga Crepúsculo.)
Li o resumo do livro na capa de trás e pude constatar que se tratava de uma romance daqueles bem dramáticos e complicados onde os dois personagens se amam com muita intensidade, mas havendo alguns fatores que não permitem que eles possam ser felizes juntos.
Revirei a caixa a procura de algum cartão ou sinal de quem havia me mandado aquele livro, porém não achei nada. O que me deixou relativamente mais triste do que estava, uma vez que não curto muito surpresas, para a pessoa que vós fala, surpresas são na verdade inversões demoníacas.
Fui até a cozinha peguei uma maçã e voltei para o sofá, logo em seguida comecei a folhar as primeiras páginas do livro, quando caiu em minhas pernas um pequeno cartão escrito com uma caligrafia desconhecida por mim que dizia o seguinte:
- “Se você viver até os 100 anos, espero viver até ter 100 anos menos um dia, para que eu nunca precise viver sem você”.
(Frase, dita por Catherine Earnshaw sobre seu amor por Heathcliff).
Seja quem for que tinha escrito o cartão, já tinha lido o livro e por isso posso dizer que seria um eterno romântico.
Às 08:30 o Agile preto de Tom estava estacionado em frente a minha casa, peguei minha mochila, as chaves da casa e o livro. Fechei a porta atrás de mim e caminhei em passos lentos em direção ao carro, Marcela que estava muito empolgada baixou o vidro da janela traseira e gritou:
Marcela: Será que você pode andar mais devagar do que isso ?
Meio irritado com o seu comentário respondi:
Eu: Pra que a pressa ?! Se a casa não vai sair do lugar ?!
Thiago baixou o vidro da janela dianteira do passageiro e entre sorrisos disse:
Thiago: Não queremos pegar transito né ?!
Eu: Tá Bom.
Caminhei um pouco mais rápido. Abrir a porta traseira do carro entrei e comecei a falar:
Eu: Satisfeitos agora ?!
Marcela: Claro que sim !
Tentando elevar o meu humor que particularmente estava lá embaixo, acho que dava para perceber isso, já que Marcela começou a enche – me de perguntas:
Marcela: A Tia falou alguma coisa a respeito do que aconteceu ontem ?
Eu: Não. E acho que também não vai comentar nada, o que considero de bom tom. Vai ser bem melhor deixar isso no passado.
Thiago: Também acho. Já estar na hora de você esquecer aquele palhaço e seguir em frente.
Achei tão fofo as simples palavras de Thiago que afaguei o seu ombro e completei:
Eu: É exatamente isso que irei fazer. Bola pra frente.
Marcela captou um certo clima no ar, por isso olhou para mim em total sinal de cumplicidade:
Marcela: Hum... Que livro é esse ?!
Eu: O Morro dos Ventos Uivantes. Ganhei hoje pela manhã.
Marcela: De quem ?
Eu: Não sei. Estava dentro de uma caixa encima do sofá lá na sala, porém a caixa não tinha remetente.
Tom: Nossa... Admirador secreto....
Thiago: Ou admiradora.
Eu: Pois é.
Não sei o porquê mais o silêncio reinou entre nós depois da revelação a respeito do livro. Com isso voltei a ler da onde tinha parado recentemente.
Instante depois dos autos falantes do carro começou a soar uma leve melodia um pouco melancólica, retirei a vista das páginas do livro e voltei à atenção para a música (Jar Of Hearts – Christina Perri), instantaneamente lágrimas começaram a verter.
Marcela: Aí Rafha por que você estar chorando ?! Não suporto lhe ver assim.
Eu: Por nenhum motivo especial. É que a minha vida deu uma mudada tão rápida nesses últimos meses que isso estar me afetando de certa forma.
Com uma cara de total descrença ela respondeu – me:
Marcela: Eu sei.....
Minutos depois finalmente chegamos ao nosso destino, ou seja, a minha casa de praia. Pra falar a verdade não gosto muito de praia, mas eu curto muito passar os fins de semana lá, uma vez que vejo este lugar como um refulgiu. Só que meus queridos pais sempre estão ocupados demais para vimos sempre com frequência, antes eu vinha sempre às vezes só, porém aconteceu algo (Que relatarei em breve) meus pais começaram recusar – me dar as chaves da casa.
Tom estacionou o carro na garagem e começamos a retirar as bagagens. Foi aí então que seu José apareceu:
José: Menino Rafhael quanto tempo ! Sua mãe nos avisou da sua vinda e estar tudo pronto para vocês.
Eu: Pois é. Muito Obrigado. Ah Seu José, como estar as suas filhas ?
José: Estão ótimas.
Eu: Excelente. Eu só vou colocar as bolsas lá dentro.
José: Certo.
Logo em seguida fomos colocar as nossas mochilas e bolsas nos devidos quartos, Tom e Marcela ficariam juntos em um dos seis quartos da casa, enquanto eu e Thiago ficaríamos sozinhos em cada quarto.
Quando finalmente nos acomodamos, descemos para a sala onde os três (Marcela, Tom e Thiago) sentaram – se no sofá, tentando me animar e fazer o mesmo com eles disse – lhes:
Eu: Não acredito que vocês vão ficar aí sentados com esse sol tão lindo lá fora.
Thiago: Deixa a gente descansar só um pouco ?
Eu: Descansar ?! Nada disso ! Vamos lá pra fora aproveitar esse sol e a piscina.
Ficamos a manha toda no teque da piscina tomando sol e comendo besteiras. Até para quem não estava com um astral bom – No caso eu – Me diverti bastante naquele dia. O que na verdade mais agradou – me foi ficar vendo dois gatos sarados (Tom e Thiago) desfilando o tempo todo apenas de sunga. Enquanto eu avaliava o material dos dois, Marcela que estava sentada ao meu lado em uma cadeira de praia começou a falar:
Marcela: Quem diria que algum dia eu arrumaria um namorado gostoso e com irmão ainda mais gostoso ?!
Eu: Eu sempre disse a você que seu gosto para homens era excelente. E não acho o Thiago mais gostoso que o Tom já que eles são iguais.
Marcela: Você também tem bom gosto. Já imaginou se você ficasse com o Thiago ?! Nós dois fazendo programas de casais juntos, não seria o máximo ?!
Eu: Gostei da ideia. Seria igual aqueles filmes que assistíamos quando éramos mais novos.
Marcela: Então o que você estar esperando para cair nos braços do meu cunhado ?!
Eu: Já sei que ele gosta de mim. Mas não sei o que sinto em relação a ele.
Marcela: Mas não custa nada tentar Rafha ! Você mesmo disse hoje no carro que a vida continua.
Eu: Hum... Eu sei. Talvez você tenha razão, mais tarde vou chamar ele para ter uma conversar séria.
Marcela: É isso aí.
Mais da tarde nesse mesmo dia eu estava sentado na porta de casa analisado as estrelas que muitas vezes não podemos notar devido as poluição dos centros urbanos, quando Thiago chegou e sentou – se ao meu lado. Pela primeira vez desde meses que nos conversávamos senti – me um pouco diferente na presença, era como se seu corpo mandasse algum tipo de onda ou radiação que até então fora desconhecida por mim.
Thiago:Comentem a Vontade.... #TôdeVolta :D