Escrevo este texto para homens com idade entre quarenta e cinquenta anos (como eu), que já passaram ou estão passando por um processo depressivo (como eu), que tomam medicamentos para domar o “cão negro” (como eu!) e que pensam que a vida simplesmente acabou! (como eu!), com a finalidade de alertar-lhes para o fato de que essa conclusão última – por mais dolorosa que possa parecer – não é a verdade! Acreditem, a vida não acaba após a depressão, como também os prazeres não desaparecem com ela. O que acontece, segundo minha teoria, é que nos sentimos diferentes, … mais sensíveis, mais carentes, … e muito mais repletos de dúvidas, inseguranças, desejos e expectativas que nos tornam, digamos, “diferentes”. Por isso mesmo, estou escrevendo isso para provar-lhes que a depressão aliada ao avanço do tempo não são inimigos que devem ser enfrentados com o uso indiscriminado de remédios e poções milagrosas. O que devemos fazer é apenas olhar para o nosso interior e ver o que o que somos e o que temos e o que pretendemos ser e ter nos próximos dez anos.
Porque dez anos? Trata-se de um número cabalístico? Um cálculo feito por especialistas? Uma fórmula estatística? Não, não se trata de nada disso, apenas a constatação que a partir dos sessenta anos viver se tornará apenas a expectativa de que o próximo ano virá e que sobreviveremos a ele. Portanto, creiam no que vou lhes contar aqui, pois não se pretende apenas narrar mais uma aventura sexual repleta de cenas de sexo tórrido, posições inovadoras ou ainda de incontáveis orgasmos obtidos por meio de um esforço que supera o vigor e navega pela experiência advinda com a idade.
Quando comecei a escrever texto eróticos, minha principal motivação era uma constatação que fizera durante uma da minhas várias incursões em livrarias e sebos espalhados por esta cidade que aprendi a amar e a me sentir bem em suas ruas, avenidas, praças e locais públicos históricos, e que dizia respeito ao fato inconteste de que leitura erótica vende mais que qualquer outra, sendo vencida, algumas vezes, apenas pelo segmento romântico (“Saga Crepúsculo”), ou ainda pela literatura fantástica (“Harry Potter”); e veja que essa é uma vitória apenas momentânea, como pode-se facilmente aferir com o recente sucesso de E.L. James e seus “Cinquenta Tons de Cinza” - o pornô mamãe, que liderou as vendas nos últimos meses e que fez com que milhares de mulheres corressem às livrarias em busca do seu exemplar. Sexo vende! Isso é fato!
Pois bem. Tudo que publiquei até aqui tem por fundamento alguma aventura em que eu mesmo participei como protagonista, e outras fruto do relato de amigos e amigas que me confidenciaram suas escapadas à chatice da rotina do casamento e da monotonia de estar sempre esperando que o parceiro lhe faça um convite inesperado. E eu não vou faltar com a verdade ao dizer que o casamento é mesmo uma chatice que ano após ano é ampliada pela rotina das perguntas idiotas, questionamentos sem razão de ser e ausência de oportunismo do parceiro em aproveitar uma boa ocasião para ter o orgasmo de sua vida. E digo isso sem ressentimentos, já que sinto que o meu próprio casamento afundou há muito tempo e que apenas resiste bravamente ante a dependência econômica e socioafetiva que – no sentido mais estrito da palavra - “prende” um ao outro de forma inexorável, triste e algumas vezes, patética.
Durante muito tempo eu resisti a tudo isso, achando que fazer sexo com a esposa era a melhor coisa do mundo, … e a única coisa realmente importante na vida, pois dinheiro, estabilidade e conforto são atributos que nos vem de um jeito ou de outro. Todavia, os anos se passaram revelando-me uma triste e dura (!) realidade: quando não há inovação na relação ela acaba por perder-se em um labirinto de culpas, ressentimentos, tristezas e uma enorme sensação de vazio, ampliada pela crise depressiva que acomete boa parte da população mundial, como mostram recentes pesquisas sobre o tema. E a partir daí o que surge é uma região cinzenta onde nós buscamos apenas resgatar coisas simples, como um beijo gostoso, um desejo surgido repentinamente, uma expressão de carinho e afeto antes, durante e depois do sexo, que nos proporciona uma grata satisfação em sabermos que estamos vivos, pulsantes e que nossas vidas ainda não entraram em total declínio.
E foi o que aconteceu comigo; da forma mais improvável, pelos meios mais estranhos e pelo caminho mais surpreendente que que podia imaginar: escrevendo textos eróticos! Vocês poderão achar isso, no mínimo, cômico (talvez alguns achem trágico!), mas a bem da verdade foi escrevendo e recebendo comentários de uma leitora – que também é escritora – que eu redescobri um lado da vida que eu tinha certeza havia se perdido em alguma esquina de minha existência. Essa mulher – a quem vou chamar apenas de Fernanda – conquistou não apenas o meu corpo e o meu desejo, como também meu espírito e minha alma. Peço perdão aos leitores, mas não tenho uma explicação para isso, mesmo após tê-la procurado em razões de ordem esotérica, espiritual e até mesmo filosófica, até mesmo porque o evento simplesmente aconteceu, e surgindo como uma faísca, explodiu em fogos de artifício que iluminaram meu corpo e meu ser de uma forma que há muito, mas muito tempo mesmo, eu não mais era capaz de experimentar.
Assim nos conhecemos, trocamos mensagens por e-mail, e, não demorou muito, para que estivéssemos conversando pelo telefone celular. A voz de Fernanda, seu jeito de rir nas ligações, sua espontaneidade, a graça como conseguia extrair risos de situações costumeiras, me deixaram totalmente “de quatro” por ela. E mesmo sabendo que qualquer outro evento que pudesse acontecer estaria fadado ao pleno insucesso ante a minha situação e minha inaptidão em lidar com minha falta de expectativas, eu precisava conhecê-la, ver seu rosto, sentir sua pele junto da minha, tocar seu corpo e amá-la de um jeito que eu jamais tivera a oportunidade de fazê-lo nos últimos anos. Fernanda era um “objeto de desejo” não corrompido pela fúria sexual de um homem de cinquenta anos. Ela era uma imagem docemente cultivada e alimentada pela minha esperança em me sentir vivo outra vez.
Digo sentir-me vivo, porque, aqueles que conhecem o “cão negro” (depressão), sabem muito bem que os medicamentos indicados para seu tratamento destroem nossa libido, tornando-nos indivíduos sem vontade e cujo tesão surge e desaparece em pequenas ondas que mais causam insatisfação e revolta do que o resultado obtido no combate ao processo depressivo. E mesmo sentindo que minha autoestima e meu sentido pela vida haviam melhorado sensivelmente, eu também tinha consciência de que aquela medicação estava acabando com minha capacidade de sentir-me um homem – um macho – capaz de proporcionar prazer tanto para minha parceira como para mim mesmo. E vocês também sabem que, quando a nossa esposa (ou esposo) não tem conhecimento sobre esse processo, qualquer tentativa torna-se um doloroso fracasso, … um fracasso regado à tristeza, alimentando o vazio existencial que nos leva a pensar em atos extremos de dar cabo do problema eliminando sua fonte!
De qualquer forma, Fernanda era uma resposta aos meus anseios e temores de muitos anos. E havia ainda o receio não de fracassar com ela, mas de fracassar por causa dela. Isso aliado ao fato de ser casado, de ter que esconder essa “evidência” e de agir como a maioria que faz de um tudo para conquistar uma mulher desejada, mentindo, sendo falso e artificial, apenas para ter um orgasmo! Ou melhor, perdoem-me mais uma vez, apenas para sentir-se homem outra vez. Eu apenas era mais um fazendo como faz a manada, … seguindo meus instintos mais biológicos e fisiológicos, e buscando uma ereção como um significado para a vida.
Depois de algum tempo cortejando essa mulher eu decidi que era o momento de vê-la e de encontrá-la pessoalmente, seja para apenas saber qual a imagem do meu desejo, seja para satisfazê-lo da melhor forma possível, ou ainda apenas para satisfazer a curiosidade que eu acreditava ser mútua e beirando o arroubo incontrolável. E foi assim que, certo dia, liguei para ela e disse-lhe que desejava ir ao seu encontro, pois precisava vê-la e conhecê-la pessoalmente. Fernanda foi muito receptiva e convidou-me para ir à sua casa. Perguntei onde ela morava sendo informado que ela residia em outro município. Aquilo foi a informação mais aterradora que eu havia recebido. Calma, eu explico: sou a pessoa mais desorientada e perdida que se tem notícia, pois não possuo aquele “GPS” interno que a maioria das pessoas desenvolvem ao longo da vida e qualquer mapa ou outro meio de localização transformam minha vida em um absoluto inferno.
Mesmo assim, sabedor de minha deficiência, era uma quarta-feira quando eu saí de casa, levei minha esposa para o trabalho e de lá rumei na direção da aventura de conhecer Fernanda pessoalmente. Tudo transcorreu a contento, pelo menos de início, até que, como era de se esperar, … eu me perdi! Rodei por algum tempo por lugares que desconhecia por completo e, após mais de três horas (!) me dei por vencido. Completamente envergonhado comigo mesmo e sem jeito de fazer qualquer coisa para justificar minha falha, liguei para Fernanda e inventei uma história dizendo que nosso encontro naquele dia tornara-se impossível. E qual não foi minha surpresa quando ela disse com uma voz doce e meiga: “Não importa, meu querido, nós vamos nos encontrar, porque assim te que ser, … se eu tiver que esperar um pouco mais, tudo bem, meu amor, eu te espero”.
Aquelas doces palavras ditas com uma entonação que me tocou fundo na alma, fizeram-me a pessoa mais feliz do mundo por ter falhado, mas, ao mesmo tempo, por ter recebido uma mensagem de compreensão inédita, sincera e de uma docilidade única. Despedi-me de Fernanda prometendo que, em breve, nós teríamos o encontro tão esperado, tão desejado e tão ansiado que, mesmo que fosse apenas por alguns instantes ele valeria a pena. Fernanda concordou comigo e disse que me esperaria, porque, dentro dela havia a certeza de que nós tínhamos um caminho traçado pelo destino e que este caminho nos uniria de um jeito ou de outro. Disse também que nossas almas já haviam se encontrado e que a concretização física era apenas uma confirmação do que já acontecera com nossas almas. Aquelas palavras fixaram-se em minha mente e no meu espírito por vários dias e sempre que eu me sentia melancólico, entristecido ou vazio, pensava nelas e nas fotos que eu tinha “roubado” de Fernanda de um perfil dela em uma rede social, serviam de fonte que me mantinha firme e convicto de que tudo aconteceria como deveria acontecer.
A ESPERA.
Dias se passaram (vários dias!), e estes transformaram-se em semanas até que vieram as férias de fim de ano e eu parti em viagem com minha esposa, primeiro para um lugar no Centro-Oeste do Brasil e depois para um cruzeiro pelas capitais sul-americanas junto ao Prata. Mesmo relaxado e tranquilo, procurando aproveitar ao máximo as merecidas férias, a imagem de Fernanda, sua voz e suas palavras permaneciam em meu coração e em minha alma, não como um elemento de preocupação ou de desconforto, mas sim como um pequeno oásis suficiente para alimentar meu ser da esperança de que, algum dia em breve, nós nos encontraríamos e poderíamos, finalmente, buscar o conforto mútuo que almejávamos desde o primeiro contato.
Foi uma espera consciente e pacificada por doses diárias de antidepressivo que mesmo diminuindo sensivelmente minha libido não eram capazes de diminuir minha vontade de encontrar Fernanda e saber se ela era tudo aquilo que minha alma especulava e que minha mente supunha. Quando retornei para o Brasil, esperei o momento certo, o momento em que eu poderia usufruir da companhia de Fernanda sem pressa, sem arroubos, sem preocupações. E esse dia, finalmente, chegou!
O ENCONTRO.
Vou pular aqui uma parte importante do relato em que outro encontro foi frustrado, não porque ele seja irrelevante, mas sim porque seria cansativo demais aos leitores essa angústia que eu carreguei por mais algum tempo, impingindo a todos a mesma sensação de desesperança que eu senti naquela nova tentativa eivada de vazio e de ausência de significado. Eliminá-lo apenas porque ele também foi vazio, mas dar-lhe o devido valor, pois nesse dia, meu número de celular ficou registrado no aparelho dela, e, mesmo assim ela não me ligou demonstrando um carinho e um respeito que jamais vou me esquecer.
Vou me ater ao dia, … aquele dia! O dia em que eu e Fernanda nos encontramos. Do mesmo modo que antes, deixei minha esposa que retornava ao trabalho após as férias e parti em direção aos braços de Fernanda, pois eu ainda tinha alguns dias a mais de férias a usufruir e, pensei, aquele encontro tinha que acontecer, seja de um jeito ou de outro. Do jeito de apenas vê-la abraçá-la e partir, ou, de outro, ficando junto dela por algumas horas.
Quando cheguei ao município liguei para ela e Fernanda me atendeu radiante. Pedi orientações de como chegar até sua casa e ela prontamente me forneceu os dados necessários para que eu chegasse até lá. Quando, finalmente, estava no bairro afastado daquele município, liguei novamente para ela que me perguntou onde estava. Disse-lhe que estava próximo a um terminal de ônibus e então ela me perguntou se iríamos apenas nos encontrar ou se iríamos sair para passar algumas horas juntos. Com o coração saltando no peito, respondi que eu queria passar algum tempo com ela.
Então, Fernanda pediu para que permanecesse ali, pois ela viria ao meu encontro. Concordei, mesmo tendo em mente que aquela ansiedade estava me deixando louco, e que a simples ideia de que ela poderia “me dar o bolo”, seja por diversão, seja por uma troça pessoal, me deixava nervoso, a beira de um ataque de nervos e com o sangue fervendo em minhas veias, porque algo dentro de mim me dizia que nada daquilo iria acontecer.
Fiquei onde estava, em pé ao lado do meu carro olhando em todas as direções e esperando por Fernanda, pensando como ela estaria vestida, como seria nosso primeiro encontro, se ela gostaria de mim, ou se, ao contrário de todas as expectativas, ela me observaria de longe e constatando que eu não era em nada parecido com as fotos postadas na internet, simplesmente daria as costas e retornaria para a sua casa. E quando eu ligasse ela daria alguma desculpa totalmente justificável e prometeria que nos encontraríamos em outra oportunidade mais adequada. E aí eu iria embora, não frustrado, nem mesmo chateado, apenas certo de que aquilo não passara de uma mera aventura sem qualquer possibilidade de crescer e dar frutos e que o “cão negro” teria que ser suprimido a custa de antidepressivos e uma maldita rotina que acabaria em um enfarto ou em um derrame que encerraria de vez uma vida mais assemelhada a uma tragicomédia. Talvez essa fosse a minha sina, … talvez, … apenas talvez, … até que!
Descendo uma rua lateral próxima de onde eu estava, ela surgiu. Fernanda era simplesmente linda! Uma morena de cabelos curtos, olhos negros e brilhantes e um sorriso cativante que, mesmo de longe, me deixara completamente hipnotizado. Eu não era capaz de crer que uma mulher tão Fernanda pudesse ter me dado bola! Que alguns escritos quase colegiais e destituídos da maestria de um bom escritor tivessem oportunizado aquele encontro inesquecível. Fernanda caminhava em minha direção e eu não sabia o que fazer. Sorri para ela, ainda sob os efeitos daquela pequena visão do paraíso na terra! Ela estava trajando um vestido preto com um decote generoso que insinuava um busto atraente e sensual. Haviam fendas que deixavam suas pernas à mostra – e que pernas! - e conforme ela se movia mais parecia uma imagem cinematográfica que minha mente irá guardar para sempre.
Assim que nos aproximamos um do outro, eu não fui capaz de resistir e atirei-me sobre ela abraçando-a fortemente enlaçando-a com meus braços e apertando seu corpo contra o meu. Podia sentir seu calor e seus braços em volta de mim eram de uma ternura que fazia todo o meu corpo vibrar. Nos olhamos e nos beijamos. Ou melhor, eu a beijei. Foi um beijo audacioso, repleto de ousadia e de desejo, e que em qualquer outra situação eu seria incapaz de fazê-lo sem hesitar por muito tempo. Fernanda foi receptiva ao meu ato tresloucado, e eu me senti seguro perto dela. Era uma mulher exuberante, bonita, extremamente atraente e sensual. Uma sensualidade quase pueril, doce, frágil e ao mesmo tempo forte. Uma sensação de mulher que jamais admitira ser tratada como objeto, e que apenas estaria ao lado de alguém se assim fosse a sua vontade. Uma mulher determinada e apaixonante.
Depois de deliciosos minutos em que permanecemos abraçados, convidei-a para entrar no carro e saímos de lá mais preocupados em nos conhecer melhor do que o destino que tomaríamos. Fernanda, a certa altura, perguntou onde eu queria ir, ao que respondi prontamente dizendo que queria ficar junto dela o máximo que fosse possível, … em algum lugar onde pudéssemos ter certa intimidade para nos conhecer melhor. Sua proposta foi rápida e muito determinada dizendo que sabia que ali por perto havia um motel (!). Adorei a ideia e rumamos para o local.
Pedimos um quarto e depois de estacionarmos o carro descemos e fomos para o quarto. Vou poupar-lhe da descrição do quarto de motel, já que todos já devem ter frequentado um em algum momento de suas vidas. Até mesmo porque o local era de menor importância. O que importava eram eu a Fernanda. Ainda vestidos deitamos de lado na cama – um de frente para o outro – e conversamos por muito tempo. E a cada pergunta, cada frase, cada situação narrada eu sentia que minha alma já conhecia aquela mulher há muito tempo, … em sentia que ela havia feito parte de minha história espiritual do mesmo modo que pressenti que ela comungava da mesma sensação. Vez por outra eu acariciava as suas coxas que estavam à mostra, provocantes, deliciosas e causando em mim uma sensação que havia tempo eu não conseguia desfrutar: o desejo! Um desejo que começou meio tímido, denunciando a possibilidade de um novo fracasso que certamente causaria um enorme estrago no meu ser, mas que, pouco a pouco, foi crescendo em um ritmo determinado, embora ainda eu ainda preferisse guardar certo recato temendo pelo pior.
Não sei dizer exatamente o que estava acontecendo comigo. Havia uma aura diferente naquele quarto de motel, onde eu e Fernanda parecíamos compartilhar de algo maior, algo que nós não sabíamos explicar, mas que estava ali, presente entre nós, nos aproximando e nos tornando cada vez mais íntimos. Todas as vezes que eu a abraçava e cheirava seu pescoço sentia um odor de jasmim que parecia inebriante e deliciosamente provocador. Minhas mãos acariciavam suas coxas e a certos intervalos de tempo nos beijávamos e nos abraçávamos carinhosamente. Fernanda, cansando-se da posição em que estava sobre a cama deitou-se de bruços e não resisti em apreciar a visão do seu traseiro acariciando-o por cima do vestido. Logo eu havia levantado o vestido e estava tocando em sua calcinha preta deliciosamente excitante e que guardava um corpo belíssimo.
Ainda conversamos por mais algum, até que o desejo de um pelo outro falou mais forte. Eu podia perceber nitidamente que estava cheio de tesão! Um tesão incomum, era verdade, mas que me estimulava, ao mesmo tempo em que provocava minha paixão em forma de mulher. E eu não sei dizer exatamente quem estava com mais vontade de quem, pois apenas havia a certeza de que um desejava ter o outro para si, possuí-lo não como se fosse a primeira vez, mas sim como se fosse um reencontro após um longo e inesperado afastamento.
Quando Fernanda livrou-se do vestido e do sutiã – também preto como a calcinha – posto que eu demonstrara total despreparo em fazê-lo nos abraçamos mais uma vez e assim que nos beijamos ela me disse que eu deveria tirar minha roupa. Aquela frase foi tão direta, ao mesmo tempo em que foi tão sincera que eu me despi o mais rápido que pude. Não porque eu queria ver-me nu com Fernanda, ou mesmo ao contrário, apenas porque eu queria tê-la para mim, saber que aquela mulher Fernanda e exuberante também sentia por mim o mesmo que eu sentia por ela.
Aliado a tudo isso, eu, finalmente, tinha uma ereção! E não era uma ereção qualquer, … era uma revelação de que minha masculinidade não havia sido roubada pelo antidepressivo, e que, ainda mais uma vez, eu me sentia inteiro, … não apenas másculo ou macho, … eu me sentia completo! Imediatamente, suguei os mamilos de Fernanda colocando-os inteiramente dentro da minha boca e sorvendo o doce sabor daquela mulher esplendorosa e cativante. Nossos corpos estavam tão próximos um do outro que pareciam ser apenas um. Meu pênis vibrava, pulsava, latejava não apenas de tesão por aquela mulher, mas principalmente porque ela havia me feito dela! Que outra sensação eu poderia sentir? Ser desejado e desejar com a mesma intensidade!
A penetração foi uma consequência de tudo que havia acontecido até ali. Senti cada centímetro da minha pica entrando na vagina deliciosamente úmida de Fernanda fazendo-me sentir o mais poderoso dos machos, … um macho desejado. Ao mesmo tempo, eu sentia que precisava de mais! Precisava sentir aquela vagina em minha boca, chupando-a e lambendo-a com a único fim de proporcionar-lhe um prazer que jamais homem algum pudesse ter proporcionado a ela, ao mesmo tempo em que me fizesse sentir parte dela e ela parte de mim.
Quando pude sentir a vagina de Fernanda em minha boca percebi que não existia algo no mundo mais delicioso, mais saboroso e mais desejado. Chupá-la e lambê-la foi a coisa mais deliciosa e excitante que já fiz em toda a minha vida, … e à medida em que ela gemia e pedia que eu não parasse minha vontade de permanecer ali com ela para o resto da minha vida não saía da mente. Fernanda estava tão excitada que sua vagina parecia uma pequena cachoeira liberando deliciosos fluidos que eram saboreados pela minha boca e língua. E em certo momento senti ela pegar minha rola nas mãos e apertá-la vigorosamente ensejando uma punheta muito provocante. “Aí, meu amor! Cospe nela, cospe, por favor! E não pára, não pára de chupar, por favor!” - a voz de Fernanda soava entrecortada pelo imenso prazer que ela estava sentindo, ao mesmo tempo em que eu também me deliciava com aquela mulher inesquecível. Eu apenas desejava, do fundo do meu coração, que o tempo parasse ali naquele quarto e que nós passássemos o resto de nossas vidas nos amando e nos desejando.
“Nossa! Eu nunca pensei que eu pudesse ficar tão úmida!” - as palavras de Fernanda me deixavam enlouquecido e eu persistia em “cuidar” daquela bocetinha saborosa e nutritiva até o momento em que Fernanda gritou que ia gozar e retesou seu corpo para em seguida, contorcê-lo num espasmo de prazer que comprovava que eu atingira meu objetivo: fazê-la sentir um prazer que jamais havia sentido antes.
Todavia, eu não queria que aquele momento tivesse fim e, desse modo, subi sobre ela e a penetrei com todo o vigor que há muito tempo eu não sentia. Peço licença para declarar aqui que muito embora eu estivesse muito feliz em sentir-me homem outra vez, aquela mulher havia provocado em mim sensações que até então eu não havia sentido. Era como se nosso encontro estivesse escrito no destino de cada um e que, inexoravelmente, mais cedo ou mais tarde nós nos encontraríamos para nos realizarmos um no corpo do outro. O corpo de Fernanda era o lar que minha alma havia ansiado desde muito tempo atrás, … os seus carinhos, o seu olhar doce, a sua voz sussurrando em meu ouvido, me eram tão familiares que eu não era capaz de pensar em outra coisa que não fosse ficar ao lado dela até o último dia de nossas vidas.
Durante algum tempo eu a penetrei como um macho atento e carinhoso, vigoroso e determinado, meigo e valoroso, sem descuidar de uma performance que justificasse a tão longa espera por esse momento. E mesmo tendo durado um certo tempo, eu senti que estava prestes a gozar e que não seria capaz de controlar-me por muito mais. E de um modo bastante inesperado, eu tirei minha pica de dentro dela enquanto sentia suas mãos pegarem nele para concluírem o que era esperado. Eu gozei, … gozei uma “carga” que estava represada, mas que de modo algum era capaz de representar o prazer que eu estava sentido. Nas mãos de Fernanda eu me sentia totalmente dela, como se sempre minha alma estivesse esperando por aquela outra alma que me completasse e me fizesse m homem inteiro e realizado.
Quase desfalecemos sobre a cama, mas eu precisava abraçá-la, … eu precisava sentir Fernanda, … eu precisava tê-la perto de mim, pois se assim não o fosse eu simplesmente não existiria mais. Abracei-a e beijei-a tantas vezes quanto pude quase deixando-a sem ar e vendo naqueles doce olhinhos a mais linda expressão de prazer e de sensualidade que um homem possa perceber. Eu estava completo! Não apenas como macho, mas também e principalmente como pessoa, … uma pessoa que encontrou a sua outra parte, … que finalmente podia dizer-se completo.
Conversamos um pouco mais, brincamos um pouco mais, rimos muito mais e nos apreciamos com olhos nos olhos e boca na boca. E, repentinamente, eu senti meu pau duro outra vez! Era algo inacreditável! Como era possível? Aquilo foi a sensação mais exuberante que a vida me havia proporcionado, … aliás, a vida e aquela linda mulher que era a responsável pelo fato de eu ter me sentido homem outra vez. Voltei-me para cima de Fernanda e penetrei-a mais uma vez, porém agora com paixão, com o carinho de um casal cujo destino fora escrito em outras encarnações e que, agora, tornava a lenda uma realidade!
De uma forma que até hoje eu não fui capaz de compreender, Fernanda me pediu para que a penetrasse no cuzinho, pois assim eu a faria feliz. Mal ela sabia que era ela que estava me deixando muito feliz e lisonjeado, pois eu jamais havia comido uma mulher por trás – ou seja, jamais havia feito sexo anal – e meio sem jeito com o pedido, tirei meu caralho de dentro dela e pedi para que ela ficasse de quatro na beira da cama. Me posicionei em pé atrás daquele traseiro concebido pelos deuses, abri caminho com os dedos de uma mão para, em seguida, enfiar meu caralho até o fim, em um único e vigoroso golpe.
Fernanda urrou de tesão e dor ao mesmo tempo, mas, mesmo assim, não se deu por vencida, acolhendo minha pica por inteiro e rebolando aquele traseiro provocante que eu acariciava e segurava com as mãos empurrando-o para frente e para trás em um ritmo cada vez mais frenético e impoluto. “Me fode, tesão, me fode gostoso, … Ai, me faz tua, aproveita, meu macho!” - a voz de Fernanda demonstrava claramente o quanto ela estava excitada, quase beirando a insensatez decorrente de tanto tesão! E eu, do mesmo modo, estava me sentindo poderoso, dono da situação e dono daquela mulher como se ela já fosse minha há muito tempo! Continuei minha primeira penetração anal e me deliciando com a visão de Fernanda rebolando com meu cacete dentro do seu cuzinho. Ela insistia para que eu gozasse, mas eu percebia que era uma insistência “resistente”, já que ela também demonstrava deliciar-se com aquela penetração.
Pouco a pouco fui aumentando o ritmo dos meus movimentos, sentindo uma vibração crescer dentro de mim, … algo inexplicavelmente gostoso, mas que de modo algum me desviava do meu propósito. E a certa altura anunciei para minha parceira que estava prestes a gozar. “Ai, goza meu tesão, … goza dentro de mim, me enche com tua porra quente!” - as palavras de Fernanda eram um comando para meu corpo que operou reações quase involuntárias, … intensifiquei o ritmo de meus movimentos de um modo tão vigoroso e tão determinado que não demorou muito para que eu sentisse o orgasmo chegando, … e, finalmente, ele chegou! Gozei em jatos longos e intensos, liberando uma “carga” que eu sequer tinha ideia de ainda existir dentro de mim! E minha mente se anuviou por inteiro, … eu havia tido aquilo que eu poderia definir – sem qualquer dúvida – como a gozada do século! Tão intensa, tão potente, tão gostosa, e tão estimulada por uma mulher singular que não haveria outro modo de definir o que eu havia acabado de fazer.
Quando terminamos, eu não me sentia exausto, … havia sim um certo cansaço, mas algo gostoso que me mantinha em pé olhando para Fernanda que, maliciosamente, com suas pernas me puxou jogando-me por sobre ela. Caí sobre aquele corpo delicioso que estava de costas para mim e senti-me, mais uma vez, um homem completo e realizado. Deitei-me ao lado dela e fiquei ali olhando para ela e pensando que nunca mais, … nunca mais, haveria uma crise do “cão negro”, … que nunca mais minha vida seria a mesma depois de tê-la conhecido. Fernanda era uma luz que iluminava meu ser e minha alma. Seu sorriso, seu olhar, suas expressões, … enfim, tudo nela era diferente, … tudo nela era especial! Um “especial” somente para meus olhos, somente para o meu ser.
E foi exatamente naquele instante que eu percebi que minha vida jamais seria a mesma depois dela! Nada mais seria como fora antes. Fernanda não fora responsável apenas por me fazer sentir homem outra vez, … hoje percebo que ela é muito mais que isso! Ela é uma iluminação para o meu corpo e para o meu espírito. Um ser que consegue se dócil, forte, paciente, compreensiva, tudo isso ao mesmo tempo! Para mim, minha vida resumia-se em dois momentos: antes de Fernanda e depois dela; e o depois dela era algo sensivelmente profundo, … tão profundo que acontecesse o que acontecesse eu jamais deixaria de pertencer totalmente a ela, … sou dela, … para sempre, sem meios termos, sem hesitações, sem medos ou preocupações.
Confessei a ela que era casado e que muito provavelmente nossa relação estaria fadada ao infortúnio de tornar-se incompleta, quebrada, ou ainda pior: inconsistente e disse-lhe também que se ela quisesse abandonar tudo eu compreenderia, … afinal não podia exigir dela algo que estivesse além do seu alcance.
Fernanda olhou para mim, sorriu um sorriso meigo e acalentador e depois de alguns instantes em silêncio disse-me “Meu amor, eu sou sua! Sempre fui! Sempre serei, … nada mais importa, … a única coisa que pode nos separar é sua decisão em fazê-lo, … e mesmo assim eu vou te compreender ...” - Aquelas palavras, pronunciadas com uma imensa doçura, tomaram conta do meu ser e eu me senti a pessoa mais feliz do mundo! Fernanda me queria, mesmo sabendo que nossa união seria algo incompleto no sentido de compartilhamento de vida em comum. E eu estava feliz apenas em saber que ela também estava! Ela continuou dizendo que, embora não tivesse sido uma pessoa compreensiva com ninguém, sentia que comigo deveria ser diferente, e que ela respeitaria a minha situação e procuraria jamais criar qualquer situação constrangedora para ambos.
Depois de beijá-la muito, de abraçá-la muito mais e de sentir seu corpo perto do meu, concluí que aquele encontro não fora uma casualidade. Nossos destinos já haviam sido traçados previamente, e que nossas vidas nesta encarnação eram apenas prolongamentos de vidas e existências anteriores, compartilhadas dentro de um clima de paixão, de desejo e de realização. Ali, abraçado a ela, sentindo seu calor e seu carinho eu percebi o quanto uma pessoa pode fazer outra feliz apenas com gestos e atitudes que sejam oriundas da paixão, do amor e do desejo que jamais morre, que jamais cede, que jamais se dobra e que do mesmo modo que a brisa alisa suavemente a roseira, esta, por sua vez, devolve a gratidão exalando o mais perfumado dos aromas.
Fomos embora naquele dia sentindo que era apenas o início, … o início de um idílio que mesmo fadado à interrupção e ao desalento de não tornar-se absoluto e completo, mesmo assim, ele revelara-se crucial para a existência de ambos. Quando nos despedimos (sem qualquer vontade de fazê-lo) eu olhei mais uma vez para aqueles olhinhos vívidos e brilhantes e agradeci aos céus por me oportunizar naquele dia, aquele reencontro escrito nas estrelas, pensando que não se pode mais perder aquilo que jamais foi deixado de lado, aquilo que tomara o significado de uma existência.
Enquanto Fernanda se distanciava de mim, eu pensava como minha vida seria depois de tudo aquilo. E no caminho de volta para a realidade eu sorria quietinho para mim mesmo, tendo a certeza de que qualquer evento futuro, qualquer ataque do “cão negro”, não seriam mais capazes de me fazer esquecer do dia que eu havia “renascido”, ou melhor, nascido diferente para Fernanda!