— A tua presença na vida dele, como a tua presença na minha vida, são dispensáveis. Porque você sempre será um segundo plano na vida alheia. Sub Ellen.
Forcei um sorriso com toda a dor que sentia. Ellen acenou negativamente, engoliu seco e abaixou a cabeça, partindo. Era o melhor a ser feito. Em breve o fogo salpicará e ela acabaria bastante ferida. Aguardei. E percebendo a demora de Thiago, fui a sua procura.
Saindo do banheiro, vi Thiago sussurrando com um rapaz estranho, no lado oposto, num canto bem reservado. Thiago entregava vários saquinhos – aparentemente drogas – e o rapaz lhe retribuía com dinheiro. Seria uma falha perfeita. Liguei para Nathan, na tentativa de instruí-lo, porém o galego alegou estar em descobertas avançadas e exigiu que eu confiasse em seu serviço. Ok! Voltei ao banheiro, e na porta, vi Daniel saindo. Tentei impedi-lo, mas ele se afastou caminhando desorientado, mas consciente para o bar. Barman, uma dose extra forte porque a noite está longe de ter um fim.
E foi assim, dear diary, que aumentaram minhas frequências em baladas. Todos os dias madrugava ao lado de Daniel no intuito de me aproximar dele. Porém me via cada vez mais distante. Lá ele se revelava um Daniel que me enojava. Ellen também ia e não trocávamos mais palavras. Apenas zelávamos de Daniel. E quando Nathan prometeu-me que afastaria Thiago de uma vez por todas, interrompi minhas eventuais idas a balada.
— Bom dia, brother... — falou Daniel descendo as escadas, visivelmente de ressaca, acabando de acordar e me mantive sentado — Opa! Boa tarde, quer dizer... Mano, o Thiago não apareceu não?
— Yeah. Mas eu não o deixei entrar. Eu precisava de nós dois, sozinhos, mais ninguém.
— Ih, caralho! Ta querendo me comer, ô viado?
— Daniel, eu desisto. — levantei-me com os olhos marejados d’água e ele me olhou assustado — Todos esses dias... A gente se distanciou e isso me machucou. Demasiado. Então eu corri atrás. Quis, precisei de ti como quando tu já precisaste de mim, mas eu não te encontrei. O cara que era meu amigo, leal, fiel... Ele se mudou. Partiu. Mas Shakespeare explica: É comum perde-se o bom por querer o melhor.
Daniel sentou no sofá. Abaixou a cabeça. E vi seus olhos estreitos marejados.
— Daniel? Você não vai dizer nada?
— O que? Que eu sabia que nossa amizade não teria futuro? Que eu sou hétero e...
— Man! A diferença da sexualidade é tão asfixiante assim?
— Brother... Você é o meu melhor, sacas? Não há o que querer. Mas apenas... Por mais que a diferença seja massa, é difícil lidar. Com o Thiago, eu não temo as brincadeiras, a gente pega as minas juntos, eu posso falar delas! A Ellen... Eu queria falar dela pra ti, sobre o que sinto, mas... Eu sinto que tu me amas demais, velho. E eu não sinto na mesma intensidade, ta ligado? Você é meu brother! Parceiro, te amo pra caralho, mas...
— Eu entendo. Porém gente já deu certo com tudo isso. Só não enxergávamos tais problemas. Ou não os criávamos. Mas vamos tentar? Eu te peço. Eu te peço pra que você não vá hoje à balada. Fica comigo? Essa noite? A gente janta, papeia, como nos velhos tempos. Pode ser?
Daniel assentiu, fui até a ele e lhe dei um beijo no rosto. Quando ia sair, ele me puxou para o sofá, me fazendo cair por cima dele e me abraçando forte. Rimos. Deitei em seu colo e ele me fez cafuné. Depois, ele avisou estava saindo, mas a noite estaria de volta.
Anoiteceu. Quando ia começar os preparos, recebi um SMS de Nathan para que o encontrasse numa parte da praia a 5 minutos da minha casa. Estranhei, mas fui. Ao chegar lá e esperar 3 minutos, recebi outro SMS dele dizendo que achou melhor mudar de estratégia e que eu apenas me preparasse para o que estava por vir. Não entendi. Liguei para ele, porém caiu na caixa de mensagem. Achei melhor focar no jantar com Daniel e confiar nas atitudes estranhas de Nathan. Preparei tudo. Deixei um clima bem legal, ameno. Porém a noite chegou e Daniel não apareceu. Liguei inúmeras vezes para seu celular e caía na caixa de mensagens. Daniel devia ter desistido e persuadido por Thiago, ter ido à balada. Fuck it! Jantei sozinho e apenas fui dormir.
Na calada da madrugada, um barulho me despertou. Levantei-me, silenciosamente, dirigindo-me até o alto da escada na sala e fiquei perplexo. Daniel estava sentado esparramado desacordado no sofá, sem blusa, com as pernas abertas, e Thiago entre elas, com o rosto próximo ao seu pau. Era notória a embriaguez de Thiago. O branquelo inspirava o cheiro da rola de Daniel. E ousadamente, foi abaixando a calça do principezinho, o olhando fixamente. Era uma imagem excitante Daniel todo nu. Exibia um tronco e braços sarados queimados de sol, enquanto a região da virilha era branquinha com um matagal de pelos no púbis. O pau de Daniel estava mole, encolhido. Mas ainda assim tinha um tamanho considerável. Thiago abocanhou aquele pedaço de carne e começou a chupar. Sugava todo o pau, e depois ia largando deixando-o todo babado. Voltava a sugar, e com o pau todo na boca, aproveitava pra esfregar o rosto nos pentelhos de Daniel. Roçava o queixo nas bolas vermelhas. E o pedacinho de carne, já estava meia-bomba, cheio de veias, grosso, cabeçudo, soltando baba. Tal cena me paralisava. Daniel começou a se mexer, soltando alguns gemidos, grunhidos, reclamações, mas Thiago não se importava e mamava aquela pica, descontrolado...
— Meu, que é que tu tas fazendo? Hum... Argh! Ellen... Não... Pa... Para... Para! — gritou Daniel chutando Thiago, derrubando-o, mas voltando a cair no sofá sem força.
Thiago levantou-se irado.
— Foi mal, brother... Mas você é meu! Sempre foi! E tu me amas, caralho! E eu te quero, ouviu? E vamos continuar aquela noite... Naquela noite a tua mãe nos panhou e me afastou de você! Mas agora... Agora você quer tanto como eu quis naquele dia!
Daniel estava extremamente desorientado. E Thiago avançou e agarrou a pica dele. O playboy se debatia no sofá, mas Thiago deitou seu corpo sobre dele o imobilizando. Thiago roçava seu pau em Daniel e lambia o rosto dele, alucinado.
— Larga ele! — gritei do alto descendo as escadas — Eu mandei largar ele!
— Que que é?! — gritou Thiago impaciente saindo de cima de Daniel — O que você quer, hein, seu viado de merda! Vaza daqui! Nos deixa em paz! Ele me quer! Ele...
Interrompi a frase daquele idiota, o jogando contra parede e um aplicando uma joelhada na boca de seu estômago. Ele gritou de dor, pondo a mão na barriga, mas o peguei pelos cabelos e o encarei. Ele me olhava assustado, mas parecia agora ter recobrado a lucidez.
— Suma da vida do Daniel! Do you understand me? Pra sempre... Eu disse pra sempre!
Ele assentiu, amedrontado, e o larguei. E saiu correndo todo desorientado. Olhei para Daniel e estava decepcionado. Ele naquele estado, nu, desacordado. Havia cansado de ser a babá dele. O deixei jogado na sala mesmo e saí. Meu coração apertava me guiando para algum local, mas desaprendi a decifrá-lo. Vaguei de um lado pro outro na praia. E acabei parando, tarde da noite, no portão da casa de Nathan. Ao me atender no portão, o galego me olhou assustado, mas impedi sua fala, lhe beijando, apaixonadamente. Eu estava vulnerável, quebrado, destruído, e ele podia ser meu ancora. Porém repentinamente, ele se afastou emocionado. Não entendi.
— Emmet... Meu loirinho vingador! — disse rindo com os olhos cheio d’água — Toc, toc! Você bateu na porta errada. Pois por mim, você teria passe livre em todas as portas da minha vida. Mas eu não tenho o passe para a porta do teu coração. É cafona, mas saiba que por mais cerebral que seja esse teu coraçãozinho, existe um passe pra ele. E esse passe é de alguém onde o amor sobrevive até no seu ódio e na vingança. Vai até a ele. Perdoe-o. Pois esse passe é dele.
Meu coração se apertou. Jurei a minha vida por vingança, não por perdão. Mas o meu porto habitava numa vingança. E para ancorá-lo, necessitava perdoá-lo. Abracei Nathan, emocionado, e logo saí correndo. Corria. Corria. Coria. As areias da praia pesavam. Mas corria. Avistei uma barca ancorada no mar. Invadi-a e tomei o meu rumo. O barulho do mar. O vento. O cheiro da água salgada. Tudo aquilo me fazia sonhar. Me fazia ter algo que... Algo que eu prometi não sentir jamais: Felicidade.
Cheguei ao meu destino. Saí da barca e corria desesperado, passando pelas areias, correndo, sempre, chegando ao centro do norte de Capeside. Aquela oficina. As portas fechadas. Comecei a bater naquela porta de aço, desesperado, batendo e chamando pelo seu nome. Eis que ouvi um barulho próximo. Afastei-me. A porta de aço de enrolar foi suspendida. E o meu tio João surgiu. Sem camisa, exibindo seu peitoral todo cabeludo e sujo de graxa, me olhando confuso. Abri um sorriso, o agarrei e o beijei, sentindo sua língua áspera, suas mãos calejadas em minhas costas e sua barba espetando meu rosto.
Obstáculos... Internamente ou externamente. Dificultosos ou impertinentes. São capazes de destruir as nossas vidas. O perdão é o primeiro obstáculo da vingança. E a felicidade é um elevado obstáculo para quem se dedica ao maleficio.
E eu ainda não enxergava, querido diário. Mas foi Thiago quem boicotou meu jantar com Daniel, mandando a mensagem do celular de Nathan, me tirando de casa e fazendo Daniel pensar que eu havia desistido do jantar. Foi Thiago quem estava na cama de Nathan, transando com o tal, quando o galego me atendeu no portão e me aconselhou a me entregar a tio João. E era Thiago, que escondido, fotografava as imagens do momento do meu perdão para usar contra a sua vingança. Obstáculos são pérfidos.
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Obrigado p/ povo que ta comentando... Edu (desde o início), Chato (amigão <3), Wanderson (to acompanhando tua história haha), C.T. Akino, Lucas M., e todos os demais que acompanham e volta e meia aparecem por aqui ;) Ah, e não ligo pra críticas, ao contrário, me amarro. Mas sei diferenciar críticas de despeito ;) E critiquem, elogiem, deem sugestão. Pra galera fã de Daniel/Emmet uma dica: As coisas vão ficar MTO tensas entre eles no próximo capítulo chegando ao extremo mesmo. E aí a história desenrolará de vez. Tio João/Emmet ou Daniel/Emmet? FUI#