Mais uma vez, agradeço a todos pelos comentários. Continuem lendo, pois muita coisa promete. O Bernardo ainda vai aprontar. Dedico este post ao Iky, CrisBr, Alanis, Hercky e ao Guhhh. Aos demais, faço a próxima dedicação. Mil bejos.
BOA LEITURA...
Sinto falta desse corpo gostoso, colado ao meu. Nesse instante, o Igor envolveu Guilherme pela cintura e deu-lhe um beijo tão molhado e forçado. Guilherme tentava soltá-lo, mais foi em vão, pois o Igor tinha o dobro de sua força.
- Eu não acredito no que eu estou vendo... Disse Andrey olhando aquela cena, com cara de nojo.
- Andrey? – Guilherme se soltou do Igor e olhou para o namorado assustado. – Não é nada disso que você está pensando.
- Como eu pude me enganar com você? - disse ele com a voz embargada.
- Amor, eu posso te explicar tudo!
- Não me chama de amor... Depois dessa cena deplorável, eu não sou mais nada seu. Acabou Guilherme.
Andrey saiu dali o mais rápido que pôde. A chuva caía forte lá fora e ele totalmente sem rumo, entrou em uma rua qualquer, deixando a água da chuva cair sobre o seu corpo. Lágrimas se misturavam com aquela água. Guilherme tentou ir atrás dele, mas foi em vão. Não conseguiu alcançá-lo e já chorava desesperado, só em pensar perder o amado.
- Porque, porque? – o Andrey repetia pra si mesmo. – Justo você, a quem eu entreguei todo o meu coração? Que te amou por completo? – à medida que ele falava, caminhava lentamente pela rua, e a chuva ficava cada vez mais forte. Ele não estava se importando com a chuva, e sim na dor que sentia. Só em imaginar aquele cena...
O Gui por sua vez, tentou ligar desesperadamente para ele, mas o celular só dava caixa postal. Avistou o Igor se aproximando e a raiva tomou conta dele.
- Viu só o que você fez? Não tinha esse direito de me agarrar daquele jeito. – ele falava com ódio nos olhos.
- Desculpa! Foi mais forte que eu Guilherme. E nunca imaginaria o seu namorado aparecer assim do nada.
- Você me beijou a força Igor! Tem noção do que fez? Aliás, você deve estar comemorando por dentro não é? Conseguiu estragar minha relação.
Sem dizer mais uma palavra, ele começou a percorrer as ruas do Centro, na tentativa de encontrar o seu amor.
Andrey sentou na calçada, em meio ao desalento e a dor. Estava encharcado. Queria que tudo aquilo fosse mentira. Milhares de perguntas invadiam a sua cabeça.
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- O Guilherme ainda não voltou. Estou preocupada. – dizia dona Sandra, olhando para o relógio e vendo que já passava das nove da noite. O Guilherme sempre sai às cinco e meia.
- Ele já deve estar voltando tia. – disse o Bernardo, que havia ido visitá-la naquele dia.
- Mas ele sempre me liga avisando que vai chegar mais tarde. E com essa chuva lá fora... Fico mesmo preocupada.
- Para que a senhora não fique assim, eu vou pegar o meu carro e vou até a loja, ver se ele ainda está lá.
- Faça isso meu querido. Mas por favor, não briguem.
- Pode deixar tia. Beijo. – ele se despediu dela e saiu.
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Guilherme procurava o Andrey insistentemente, mas não o encontrava. – Cadê você meu amor? Cadê você? – ele falava sozinho. Parecia um dilúvio aquele dia. As ruas estavam alagadas e a preocupação com o Andrey era ainda maior.
Ele ainda permanecia ali sentado, chorando sem parar. De repente um farol ilumina o seu rosto. Era o Bernardo, que havia entrado na mesma rua onde ele estava, pois as outras estavam interditadas pela chuva. Ele reconheceu o Andrey e desceu do carro.
- Cara, o que você está fazendo aqui? Sentado nesta calçada? Vem, entra no meu carro.
- Eu não preciso da sua ajuda! Dá o fora daqui! – ele resmungou.
- Deixa de ser teimoso Andrey. Você vai pegar uma pneumonia se ficar aqui. Vem cara, entra no carro.
De tanto ele insistir, o Andrey aceitou. Ele já estava com muito frio, pois ficou por muito tempo na chuva. Já dentro do carro, começa as indagações.
- Aconteceu alguma coisa? Onde está o Guilherme? – Bernardo perguntou.
- Deve estar se divertindo. – ele respondeu ironicamente.
- Vocês brigaram Andrey?
- Isso não é da sua conta! – disse ele ríspido.
- Cara, eu não sou esse monstro que todos pensam não. Desabafa comigo, vai ser bom pra você. – ele viu que o Andrey derramava algumas lágrimas nos olhos.
- Quer conversar?
- Tudo bem. – respondeu Andrey, meio sem noção... Distante em seus pensamentos.
Guilherme não agüentava mais procurar e resolveu pegar um táxi e ir pra casa. Não parava de pensar um segundo nele. Ligava a todo o momento, mas sempre caixa postal.
Bernardo parou numa cafeteria, numa rua mais tranqüila e aos poucos a chuva ia diminuindo. Entrou com ele, e pediu um chocolate bem quente.
- Toma cara, veste o meu casaco. Você está tremendo.
Sem muita opção Andrey aceitou.
- Agora me conte... O que aconteceu pra te deixar assim?
Ele não sabia se era o certo, mas precisava desabafar, e começou a contar tudo para o Bernardo, que observava atentamente cada palavra dita.
- Andrey, eu... Nem sei se devo te contar.
- Fala! O que você sabe?
- Na verdade... O Guilherme já estava tendo um caso com dono da loja. Certa vez eu passei em frente ao local, e encontrei os dois se beijando. Depois de um tempo, eu vi a mesma cena... Eu não quero prejudicar o relacionamento de vocês, e se eu tivesse contado antes, não acreditaria em mim. Foi bom mesmo, você ter visto com os seus próprios olhos.
Ele descarregou todo o seu veneno, e desta vez a mentira que o mesmo criou, causaria um grande abalo na relação do Andrey e Guilherme.
- Eu não estou acreditando... Então quer dizer que eu fui enganado todo esse tempo? Como ele pôde fazer isso comigo? Me fala!
- Andrey... Você mesmo é a prova de que se eu quisesse prejudicar o meu primo, eu teria tirado fotos do que eu via, e mostrado a você, mas preferir deixar o tempo se encarregar disso. Eu gosto muito do Gui, mas não achava justo o que ele fazia com você.
O Bernardo estava conseguindo cada vez mais afetar o coração do Andrey. Aproveitou-se da sua fragilidade e ingenuidade, para separá-los de vez.
- Eu sou mesmo um burro! – ele chorava inconformado.
- Quando você conheceu o meu primo, sabia que ele gostava de ficar com vários caras e que nunca se apegou a alguém. Não ia ser diferente com você meu caro.
- Eu nunca mais quero vê-lo na minha frente! Você pode me deixar em casa. – pediu ele aos prantos.
Passado algumas horas, o Andrey já estava em sua casa, no seu quarto. Sua cabeça fervilhava por dentro. Não queria acreditar no que acontecia, mas era inevitável. Sua mãe insistia em saber o que estava acontecendo com ele, mas o mesmo trancou a porta do quarto e se afundou em sua dor.
Amanhecendo o dia, Guilherme mais uma vez pegou o celular e tentou ligar para o Andrey. Mal sabia ele, que as coisas haviam tomado outra proporção. Se ia ser difícil convencê-lo do mal entendido, nem imaginava os absurdos que o primo inventara contra ele.
- Atende esse telefone... Quer saber Guilherme? Eu vou a casa dele e é agora!
Disposto a lutar pelo seu amor, ele pegou o carro da mãe e partiu para a casa do namorado. Chegando lá, foi recebido pela mãe dele.
- Oi dona Francisca. Eu queria falar com o seu filho...
- Oi meu filho. Que surpresa à uma hora dessas.
Ele nem se tocou que ainda eram oito da manhã.
- Ele está no quarto. Acho que ainda está dormindo. – disse ela serena.
- Posso ir até lá?
- Claro! Fique a vontade. – ela saiu para cozinha e ele seguiu atrás do amado.
A porta estava entre aberta e Andrey estava deitado, sem camisa, e com o corpo esticado na cama, olhando para o teto.
- Podemos conversar?
Ele saiu do transe, ao ouvir a voz dele.
- O que você está fazendo aqui?
- Eu quero te explicar tudo que aconteceu Andrey...
- Não quero ouvi nada que venha de você. Saia da minha casa e da minha vida!
- Foi tudo um engano. O Igor me beijou a força! – Guilherme estava desconsolado.
- Chega! – o Andrey gritou, fazendo-o tremer por dentro. – Você acha mesmo que eu sou burro? Até quando ia ficar me enganando?
- Mas eu não te enganei meu amor. Eu amo você Andrey.
- Não me chama de meu amor! Estou com nojo de você.
- Não fala assim comigo. – ele começou a chorar.
- Mentiroso! Falso! Cretino!
Cada ofensa era como uma facada no peito do Gui. As lágrimas caíam cada vez mais em seu rosto. O Andrey estava transformado e não o deixava falar.
- Vai! Chora! Pensa que vai me convencer? Eu sou mesmo um idiota de achar que um cara, que dormiu com a torcida do flamengo inteira, iria mesmo se contentar com um homem só.
- Você está me ofendendo Andrey. Para!
- E você? Pensou nisso quando resolveu ficar com aquele cara?
- Mas eu não tenho nada com ele. O Igor me beijou a força, contra a minha vontade.
- E você quer mesmo que eu acredite? Agora as coisas começam a fazer sentido. A sua insistência em trabalhar naquela loja, era óbvio que só queria estar perto do seu amante, pra dar pra ele.
- Eu não vou admitir que você fale assim de mim!
- Eu sei que vocês estão tendo um caso há muito tempo... E nem adianta negar. A mim você não engana mais.
- Isso não é verdade! – ele tentava de todas as formas se defender.
- Acabou Guilherme! Nunca mais quero vê-lo na vida. Vai curtir os seus homens como sempre você fez.
Nesse momento, o Guilherme se atirou nos braços dele, tentando beijá-lo.
- Não diga isso. É você que eu amo. Eu não tive culpa de nada.
- Me larga! – Andrey o empurrou. Não existe mais nós dois. Acabou. Agora saia da minha casa.
Guilherme estava em prantos. Saiu dali arrasado. Não acreditava no que acontecia. Dirigiu o carro a mil por hora. Chegou em casa e se afogou no choro. Sua mãe assustada correu para vê o que estava acontecendo. O Sr. Alberto nem se moveu da cadeira, continuou tomando o seu café. Ele já sabia de tudo, pois o Bernardo tratou de ligar pra ele, informando à mentira que havia contado.
A semana seguiu pesada. Andrey não conseguia trabalhar direito. E o Guilherme pediu demissão da loja, para o desespero do Igor. A saudade invadia o seu peito. Estar longe do Andrey era um martírio para ele.
Dois meses se passaram e a sua ficha ia caindo aos poucos... Estava tudo acabado entre os dois. Andrey não ligava mais e algumas vezes ele tentou procurá-lo, mas este não queria saber de papo. A dor persistia e nem mesmo a Lívia e o Dinho conseguiam animá-lo.
- Não fica assim amigo. Ele vai procurar você. - Lívia tentava a todo custo consolá-lo.
- Acabou amiga. Já faz quase três meses... Acabou.
- Eu ainda acredito no amor de vocês dois, e tenho certeza que o Andrey voltará atrás e vai se entender contigo. – disse o Dinho.
- Ele nem sequer me ouviu direito. Eu juro pra vocês que eu não tive culpa. Eu nunca quis beijar o Igor.
- Nós acreditamos amigo. – ela o abraçou.
- A minha tia Paula... Está morando nos Estados Unidos, e me fez a proposta de ir passar um tempo por lá. Acho que vou aceitar o pedido.
- Não vai ser fugindo que você vai resolver as coisas Gui. – advertiu o amigo.
- Já tomei a minha decisão. Vou ficar um tempo fora do Rio.
Os amigos começaram a chorar só em pensar na ausência dele.
Guilherme aos poucos ia se conformando com a perda do seu amor. Arrumava as malas sem muito entusiasmo, sendo ajudado por sua mãe.
- Eu tenho certeza de que você vai se dar bem lá meu filho. As pessoas são diferentes... É tudo mais moderno e desenvolvido.
- É... Eu imagino. – sua voz estava apagada.
Ele trancou a faculdade, faltando poucos meses para sua formatura. Queria esquecer tudo e recomeçar de novo. Correu atrás do Andrey com todas as suas forças, mas estava cansado. Ia seguir a sua vida e estava disposto a esquecê-lo. Malas prontas, ele e sua mãe seguiram para o aeroporto.
Chegando lá, seus melhores amigos o esperava para despedida. Lívia e Dinho estavam em prantos.
- Não fiquem assim. Venham cá. – ele puxou os dois para um abraço apertado. – Eu amo muito vocês dois e quero que vocês se cuidem direitinho na minha ausência.
- Eu vou sentir muito a sua falta amigo.
- Eu também pilantrinha. Não chore. Eu vou voltar. – ele os abraçou mais uma vez. Depois foi a vez de despedir-se da sua mãe.
- Promete que vai se cuidar? Eu já passei todas as orientações para a Maria. E pelo amor de Deus, não deixe de tomar os remédios...
Ele começou a chorar quando entrou no salão de embarque. Sabia dentro de si, que por tão cedo não voltaria. Quando chamaram o seu vôo, ele se dirigiu para aeronave.
- Agora é uma nova vida Guilherme.
O avião já havia decolado.
CONTINUA...