Antes de tudo agradecer aos meus amigos Iky e Neto Lins pelo apoio e comentários. E Stah, Micca, Andim, Alanis por terem gostado do meu conto. Grimm eu vou querer sim, depois te mando um e-mail.
Estou continuando o conto hoje, e não sei se sempre será assim, mas desta vez quem vai narrar o conto será o Timmy. O que aconteceu depois da morte de seu pai até o ponto em que ele diz pro Sam que vai se alistar. Críticas e sugestões serão bem vindas.
Desde que perdi meu pai comecei a lembrar de tantas coisas importantes, e triviais que tinham um colorido especial. Que me deixavam alegre e faziam com que eu sempre tivesse a certeza do amor que meu pai sentia por mim, mas que agora deixavam apenas um vazio. O vazio das palavras que não foram ditas, do carinho que não foi compartilhado, dos insultos que, mesmo que tenhamos fingido não nos importar mais ainda assim nos importamos.
Eu gostaria de ter dito tantas coisas a ele, pedir perdão por não ser o filho que ele gostaria, ou merecia e, quem sabe, também perdoá-lo por não compreender a minha forma de felicidade, uma felicidade que não precisa de uma mulher, apenas de um homem, Samuel, ou o meu Sam.
Passou-se uma semana desde a morte de meu pai e ainda assim eu lembrava, lembrava dele, do que ele gostava, do que fazíamos juntos, da vida que planejamos. Nesta semana eu mal falei com Sam, eu o amava, sem duvida alguma, mas algo me impedia, eu saia cedo de casa e voltava tarde. Ou ia à casa de minha mãe, ou trabalhar, eu não queria encará-lo. Certo dia quando chego tarde da noite ele esta em nosso quarto, esperando.
- Timmy, o que está acontecendo? – ele questionava.
- Nada Sam, não está acontecendo nada. – eu era evasivo.
- Tem que estar acontecendo alguma coisa... você... eu sei que esta triste pelo seu pai, mais... – ele procurava as palavras.
- Tenho o que Sam? Vamos, me diz, tenho o que? Você tem noção do que eu estou sentindo? O meu pai morreu me odiando. – falava com lágrimas nos olhos.
- Ele... ele não te odiava.
- Odiava sim, odiava o que eu me tornei... odiava o que você me tornou. – eu o acusava, afinal a culpa era dele, quem mandou mexer com a minha cabeça.
- Eu? Não fui eu que fui atrás de você. Eu tinha um namorado, lembra.
-E eu uma namorada. – eu rebati.
- Você ficou comigo porque quis... eu nunca te amarrei na cam... certo eu já te amarrei na cama, mas não antes de ficarmos juntos.
- Essa conversa não vai levar a lugar nenhum. Boa noite. – encerrei a conversa e fui dormir.
Eu não gostava daquilo, não gostava de brigar com ele, e sei que ele não fez nada que justificasse esta minha atitude, mas fazer o que. Eu não conseguia fazer nada. Durante a noite lembrei tantas coisas que passei com meu amor. Ele não merecia o que eu estava fazendo com ele. Sam dormia calmamente, mesmo me portando como um verdadeiro crápula ele nunca saiu do meu lado. Vejo seus lábios entreabertos, tão convidativos e o beijo. Ele acorda com um susto e bate em meu peito.
- Calma aé, sou eu, belo adormecido. – disse, brincando.
- Não me mata de susto, tá bom?
Não ia perder meu tempo com uma discussão daquelas, continuo o beijando e vou pra cima dele. Enquanto beijo seus lábios meus dedos se embrenham em seus cabelos, puxando seu rosto pra mais perto do meu. Depois vou a seu ponto fraco, a orelha, eu começo a passar a língua em volta dela e dentro, fazendo com que ele tenha alguns espasmos involuntários.
Da orelha começo a passar a língua em seu pescoço, boca, enquanto ele envolve suas mãos em meus ombros, enquanto suas pernas se enroscam em meu quadril.
Estávamos vestidos com finos calções que usávamos para dormir.
- Arrrrr. Que saudade dessa tua boca. – ele dizia.
- Só da boca? – falava lançando um olhar malicioso.
Eu estava por cima dele e começo a percorrer o “caminho da felicidade”, com minha língua desço lentamente o seu pescoço, tórax... agora não é apenas ele que tem espasmos, eu também, o meu tesão aumenta cada vez mais. A medida em que eu descia, mais rápido ele estaria dentro de mim e eu dele. Passo a língua em seu umbigo e começo a morder o seu pau que já estava bem duro dentro da calça.
Sentir o seu cheiro me fazia tão bem.
- Vamos, começa ló....go com isssssssso. – ele gemia.
- Você ainda não merece. – eu questionava enquanto tirava meu calção e fazia o caminho inverso, do umbigo para a boca.
- Tu quer me matar mesmo é?
Quando o meu pau começou a roçar em seu tanquinho, eu gemia, gemia os ouvidos dele e agora dirigia meu amiguinho para sua boca... ele estava com tantas saudades. Ela seria boazinha com ele?
- Você quer assim é? – Ele ficou por cima de mim e começou a beijar meu pau. Ele ia da base a cabeça.
- éhhhhhhhh – eu gritava.
- VOCÊ ME MATOU.... ISSO ME MATOU!!! – alguém gritava.
Ao ouvir este grito abro os olhos e vejo que pairando sobre a nossa cama estava meu pai, seus olhos estavam negros como a noite, parte de seu rosto começava a entrar em decomposição e ele chorava lágrimas de sangue. Lágrimas que caiam sobre a cama e queimavam meu corpo.
- DEPOIS DE TUDO O QUE EU FIZ POR VOCÊ... VOCÊ SE CONVERTE NISSO? -Ele continuava – EU NÃO DEVIA TER DESISTIDO DE NADA, QUEM SABE ASSIM TERIA UM FILHO.
Enquanto meu pai falava isso Sam continuava me chupando, só que ao olhar pra ele percebo que não é o mesmo, seu rosto esta em chamas e derretendo, a pele começa a soltar e a medida que ele continua seus músculos da face começam a cair e seu lindo rosto converte-se em uma caveira.
- é isto que este viadinho merece uahauhau. – meu pai continuava. – gostou de como ele vai ficar. Hauhuahuahauhauhauha.
- Não faz isso, pai. Por favor. – eu pedia.
- Não fui eu que fiz nada, foi você. As suas escolhas levaram a isso. Você me matou e agora deve pagar o preço. – Meu pai abria a boca, que estava bem maior do que o normal e começava a aspirar algo que saia de Sam. Uma espécie de luz branca que tirou-lhe o aspecto cadavérico, mas quando fui ver meu amado não tinha mais pulso.
- Não, não, por favor. Não faz isso.. não faz issoooooo.
- Timmy... Timmy.... Timmy... acorda Timmy. – Sam gritava.
- Sam, você está bem?! – eu falava enquanto pegava em seu rosto, apalpando cada parte, enquanto o beijava com desejo, como se cada beijo nosso pudesse ser o último.
- Calma amor, foi só um pesadelo... já passou. – ele afagava meu cabelo.
Relato a meu amado a parte macabra do sonho, eu custei a pegar no sono novamente, e creio que ele também, pois quando amanheceu percebi que ele tinha olheiras. Mesmo não falando, sei que passou a noite em claro, pois todas as vezes que eu acordava ele estava massageando meus cabelos e dizendo: “calma... relaxa... passou”. Nestas horas eu não sei o que eu fiz pra merecer um cara como ele.
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Meu pai me cobrava o que havia perdido por mim, lembro-me que fui morar em Ashley aos dez anos de idade. Por ser filho de um oficial comissionado da marinha, um Almirante, passei os cinco primeiros anos de minha vida em várias cidades, ou melhor, em várias bases militares.
Conheci várias pessoas neste período, mas confesso que seria melhor não ter conhecido nenhuma. As conhecia, era cativado por elas e tinha que partir para outra cidade, para outra base conhecer novas pessoas.
Naquele período compreendi da pior forma possível, o que Antoine de Saint-Exupéry quis dizer com: “tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”, eu buscava cativá-los, mas a separação sempre me fez sofrer. Quando meus irmãos nasceram à situação melhorou um pouco, mas, mesmo assim, sentia falta de pessoas da minha idade, pessoas com as quais eu pudesse contar.
Infelizmente eu assistia muito a aqueles filmes em que os garotos fazem uma turma e aprontava pela vizinhança. Sabem, eu queria aquilo, queria muito mesmo, embora soubesse que estava longe de minhas mãos. Muitas noites eu chorava ansiando por, pelo menos, um amigo. Em uma delas meu pai me surpreende.
- Tim, por que esta chorando, meu filho? – ele perguntava.
- nada não, pai. Só que um cisco caiu no meu olho. – tentava mentir para ele.
- Não minta pra mim, alguém te fez alguma coisa garoto. – eu percebia que ele estava preocupado, mas o serviço militar o haviam moldado, e ele conseguia ser bem intimidador quando queria.
- já disse que não é nada. – chorava ainda mais.
- Se não é nada então não chore, Pronto! Ou prefere que eu te dê um bom motivo pra poder chorar com gosto? – ele falava ainda mais sério tirando o cinto.
Tentei engolir o choro, o que será que meu pai pensaria de mim se soubesse que eu chorava pelo estilo de vida que levávamos: as várias viagens, o não ter amigos estava pesando cada vez mais. Sei que para muitos isso pode ser irrelevante, mas para mim não. Depois desta ameaça meu pai sai do meu quarto.
- Luna, agora é com você. – ele fala enquanto minha mãe entra.
- Meu filho, o que foi? Por que você está triste? – perguntava minha mãe com um tom de doçura.
- Eu já disse que não é nada, por que ninguém acredita em mim. – Tentava desconversar, já gritando.
- Meu filho, eu te conheço muito bem, você saiu daqui. – falava apontando para o seu ventre. – então, não diga que não é nada, pois eu sei que tem alguma coisa, o que esta te incomodando?
Eu tentei não falar, mas aquela mulher me conhecia tão bem que decidi não mentir e falei o que me estava acontecendo, do por que eu estar triste com aquela situação. Eu queria ter um local que pudesse ser chamado de lar, no qual eu teria vizinhos que não seriam todos oficiais. Minha genitora escuta e nada respondia me deu um beijo de boa noite e depois se dirigi a seu quarto.
Fiquei pensando o que aconteceria lá, o que será que eles falariam, na certa seria sobre mim, sobre o que eu acabara de revelar, não contive a curiosidade e fui, na ponta do pés, saber o que eles falariam?
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- Timmy, eu estou saindo, vou resolver algumas coisas no escritório e já volto. Qualquer coisa estou no celular. – dizia Sam ao sair de casa.
- Tá certo amor, eu vou sair já, já também. – o dei um beijo enquanto ele acabava de se vestir.
Como aplacaria esta culpa que estava me consumindo, sei que meu pai era muito duro comigo, mas também ele conseguia se doar e abrir mão das coisas que ele achava mais significativas se isso trouxesse algum bem pros seus filhos. E como eu retribuí tudo o que ele fez por mim, o traindo. Traindo aquilo que planejávamos, aquilo que seria um futuro brilhante.
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Enquanto espiava o quarto de meus pais percebo que minha mãe estava se preparando para dormir, ela escovava os seus longos cabelos loiros enquanto meu pai estava deitado na cama, ela fixava seu olhar nas pontas do cabelo, desembaraçando as pontas, seu olhar estava perdido, como se ela não percebesse que meu pai estava na cama, de repente ela começa a falar.
- O seu filho esta sofrendo! – ela fala de forma direta e seca.
Neste momento meu pai se levanta da cama, começa a andar de um lado para o outro do quarto, estrala os dedos enquanto fica repetindo: “eu sabia, eu sabia que tinham feito alguma coisa com ele, quem foi? Me diz quem foi que eu resolvo isso rapidinho.” Ele fixa o olhar em minha mãe, um olhar lívido, como se a vida de uma pessoa estivesse dependendo daquilo que minha ela iria revelar.
- Você, John, essa nossa vida o esta fazendo sofrer. – Ela fala, agora não tão seca, mas com a voz cheia de pesar.
- Como assim?
- Querido, ele quer ter amigos, amigos que possam estar com ele, que ele possa contar...
- Mas ele tem amigos, muitos amigos aqui. – ele a interrompe.
- Claro que tem, mas a questão é exatamente esta. Me diga o nome de três amigos do seu filho. – Ela exigia.
- Ah, o Oliver Spaltt...
- Que ficou em Chicago quando nos mudamos pra cá.
- Ok, eu tinha esquecido disso, ah, o David O’Donell, este sim é um grande amigo dele, veio a nossa casa semana passada...
- Se despedir do Tim, o pai dele, o Tenente O’Donell acabou de ser destacado para acompanhar os treinamentos dos recrutas em Michigan e levou a família..
- É mesmo, o O’Donell é um grande oficial... e também tem o Pablo...
- O Ramirez foi destacado para Califórnia. E isso já tem mais de três meses. – Meu pai se preparava pra falar, mas minha mãe continuava – Assim também como Luke e Kyle Patterson, Oliver Meyer, Fernando e Carlos Loroza, Harry Stone, Peter e Artie Hudson... estes foram os melhores amigos do seu filho que ou estão em cidades que deixamos, ou deixaram as cidades em que estávamos.
- Mas ele poderia passar por isso...
- Poderia, mas seria em uma escala menor, querido. Nós temos que proteger os nossos filhos. Nós escolhemos este estilo de vida, não eles. Será que podemos obrigá-los a se mudar em média uma vez a cada dois anos?
Meu pai era um homem sério, duro. Naquela noite presenciei uma das cenas que mais me marcaram. Seus olhos começavam a encher de lágrimas, mas ele não choraria, chorar seria considerada uma fraqueza, mas ele ficou em silêncio por uns momentos e depois tomou sua decisão.
- Eu não posso abandonar isso aqui, a marinha é a minha vida, mas vocês não vão mais ter que ficar nessa rotina...
- mas, querido...
- Eu vou aproveitar as minhas férias e nós vamos voltar pra Dakota do Sul. A minha família vive lá e eles vão ajudar você querida, você e eles. – ele parou, respirou, como se buscasse as palavras e continuou – Depois... depois eu vou ver se eu cobro uns favores e consigo ser transferido para o setor da inteligência. Eu odeio a inteligência, mas pelo menos eu conseguiria voltar.
Eu não acreditava no que eu ouvia, meu pai estava dizendo que iríamos nos mudar pela última vez? Estava dizendo que eu iria ter uma casa, poder ter amigos que moram na mesma casa, que não se mudam com frequência? Ele estava abrindo mão do front por minha causa, mas ele, embora a alta patente amava o front, aquilo era a vida dele. Ele abria mão daquilo por mim. Naquela noite eu chorei, chorei por aquilo que meu pai mais amava, mas também pela alegria de poder ter um lar.
Quando ele tirou suas férias dentro de duas semanas já estávamos instalados. Lembro-me como se fosse hoje. A casa tinha um jardim enorme, que foi diminuindo conforme eu crescia. Em volta a propriedade tinha uma cerca pintada de branco. A casa em si, tinha dois andares, no primeiro um Hall pequeno que conduzia tanto para a sala de estar, como para a cozinha, e um escritório, no qual meu pai, por vezes, trabalhava. O andar superior era composto por quatro quartos, um deles com banheiro, o dos meus pais.
No momento da mudança fizemos uma comemoração para conhecer os nossos novos vizinhos, foi lá que conheci minha melhor amiga.
- Oi, eu me chamo Timothy Miller. – Dizia eu não me contendo de alegria.
- Oi, me chamo July Makenzie. – Dizia a garotinha ruiva com algumas sardas no rosto.
Durante dois anos vivi naquela casa na mais completa paz, até que Aos doze, descobri que tinha trocado os meus problemas antigos por outros completamente novos. Eu não parava de pensar em July, em seus cabelos que ficavam desgrenhados ao vento, enquanto ela estava nas árvores, ou andando de bicicleta. Eu sentia um frio na barriga toda vez que a via, minhas mãos ficavam geladas e não sabia o que fazer. Em uma das noites em que eu estava neste martírio meu pai chegou até meu quarto, perguntou o que estava acontecendo.., confesso, eu não sabia o que responder, e acabei revelando a ele o porquê de estar tão estranho. Sabia que podia confiar nele, que ele se preocupava comigo, a final ele havia aberto mão de um grande sonho por mim. Daquele momento em diante ele e eu nos tornamos companheiros inseparáveis. Seguindo seus conselhos eu consegui minha primeira namorada, July, a segunda Anne, alguns relacionamentos passageiros e depois voltei com Jully. Vou confessar uma coisa, ele sabia de tudo, coisas que eu não falaria nem pro meu melhor amigo, ou melhor, o meu pai era o meu melhor amigo, até Sam. Com Sam eu comecei a mentir, ou melhor omitir certas coisas de meu pai até não lhe contar mais nada. Agora eu fico pensando, pensando no que teria sido se, se Sam não tivesse entrado na minha vida, provavelmente eu estaria com uma garota, eu estaria feliz e, quem sabe, até teria um filho. Meu pai ainda poderia ter morrido, mas morreria bem, vendo o filho um homem feito, com responsabilidades e uma família. O que teria sido?
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Começo a pensar no que eu faria pra poder me sentir melhor, e melhor em relação a meu pai, que ainda deveria estar se revirando no túmulo. Então começo a pesquisar acerca das forças armadas. Sendo de uma família de oficiais ou comissionados eu sabia onde procurar e, em certos sites eu tinha acesso privilegiado. Eu resolvia alguns assuntos pro meu pai e tios, eles nunca mudaram suas senhas.
- pra se alistar você passa por uma bateria de testes de inteligência, psicológicos e físicos. Depois você esta apto a entrar pras forçar armadas... – falava comigo mesmo – mas tem a questão, eu sou gay. Como sanar esta questão?
Mas antes disso eu deveria me preparar, tudo deveria ser rápido, a culpa me consumia, eu iria estudar algumas coisas que no site tinham e me alistaria. Ninguém saberia e, caso os resultado dos testes fosse positivo, ai sim, eu informaria minha decisão. Não é necessário ter ensino superior para se alistar, apenas o High School, mas as coisas que eu consegui aprender em meu curso provavelmente me auxiliariam, e agora estava voltando ao plano original, depois da Universidade, o serviço militar.
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Confesso que nunca quis muito entrar pra Universidade, entrei por dois motivos básicos, o primeiro, a bolsa para jogar. Sempre gostei mais desta área. E a segunda os contatos de meu pai dentro da Universidade (Um ex-oficial que agora fazia parte do conselho).
- Pai, quem enviou o um requerimento pra universidade de Stanford?
- Eu filho, eu enviei.
- Mas... mas pai. Eu vou me alistar... eu vou entrar pras forças armadas, eu não vou pra faculdade, não agora.
- Ah, você vai. – ele falava.
- Deixa pai, se ele não quiser deixa ele fazer o que quer. – dizia Craig, que sempre ficava do meu lado.
- O papai tem razão, eu quero ir te visitar na universidade mano... os garotos da Universidade devem ser lindos. – Devaneava minha irmã.
- Mas... mas pai. Eu não preciso entrar na faculdade pra entrar pro exército.
- Meu filho, fico muito feliz de você está seguindo os meus passos, mas faça um curso superior, não dedique sua vida inteira ao exército... pois pode ser que chegará o dia que você terá que fazer outra coisa de sua vida e não vai poder... não vai saber. – Duas coisas passaram na minha cabeça, a primeira aquela conversa, na qual meu pai abriu mão do Front para que eu pudesse ter uma vida normal e a segunda, sua aposentadoria que chegou.
- Mas...
- Sem mas, nem meio mais. – ele foi taxativo. – e outra, pelo que sei sua namorada também está indo pra lá. Creio que vocês dois aproveitarão bastante... só vocês, em outro Estado.
- Tá bom pai. Eu vou fazer pra Standford, mas depois eu vou me alistar.
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É isso, o meu pai me mandou pra faculdade, ele foi ele que, sem querer, colocou o Sam em meu caminho, se não fosse ele, não teria vivido os melhores anos de minha vida. Eu devo muito a ele. Não tem ninguém que seguirá os passos dele, Vivian não tem vocação para o serviço militar, Craig seria dispensado assim que se apresentasse. Eu tenho que honrar o nome da família Miller.
A semana se passou e eu mal parei em casa, cuidei melhor da minha alimentação e comecei a treinar pro exame físico.
- Vai pra onde tão cedo? – Perguntava Sam.
- Vou correr um pouco. Preciso manter a forma.
- Que história é essa de correr? Timmy, Timmy de onde saiu este seu interesse? – perguntava ele comendo uma maçã.
- nada, só quero ficar bem... – falo comendo um pouco de sua maçã. – depois eu vou pro escritório.... e durante a noite, quem sabe, meu maridinho não confere o que os treinos estão fazendo.
- Timmy, Timmy... – eu dei-lhe um beijo e saí.
Ele não sabia, mas aquele dia seria o teste físico, no qual eu me saí muito bem, tão bem que quando cheguei a casa capotei e só acordei no outro dia. Quando acordo vejo Sam no sofá do quarto.
- Timothy, tá acontecendo contigo? Você anda estranho. – ele questionava.
- nada amor, só o trabalho, muito trabalho.
- Que trabalho? Você não anda se agarrando por aí com ninguém não, né? – ele perguntava sério. O Sam estava sério.
- Quem? Eu? – morria de rir por dentro.
- Eu não sou besta Timothy, ou melhor, de besta eu só tenho o andado. Você mal para em casa, tá sempre correndo. Qual é? Você nunca foi de querer correr, quantas vezes eu te chamei e você disse não. – ele parou e respirou – olha aqui. – seu olhar era sério, como se estivesse pronto a matar um – se eu souber que este seu amiguinho aqui – ele pegava no meu pau – esta fazendo a festa de outro... não queira nem saber do que eu sou capaz. Eu não nasci pra ser traído, prefiro que terminemos logo.
- Calma, você não está sendo traído, tá certo. – dei-lhe um beijo.
Dois dias depois chega a minha correspondência e uma convocação para o alistamento, eu deveria comparecer a junta e de lá eu ira pra outra cidade passar 9 semanas me preparando, mas agora tem a questão, como ser gay e entrar e fazer parte das forças armadas, liguei pra minha tia e fui a sua casa.
- Tim, o que você quer meu querido?
- Tia, a senhora bem sabe que não gosto de enrolar, então vou direto ao ponto... me alistei no exército. – disse-lhe mostrando a convocação.
Minha tia toma um choque, perde a fala por alguns instantes.
- Como assim, se alistou? – ela indaga.
- Eu tirei notas boas no exame físico, psicológico e de inteligência. Agora eu vou pro treinamento propriamente dito. – dizia eu com calma.
- Mas, Timothy, não são permitidos gays nas forças armadas.
- E a Don’t ask, don’t tell.
- Timothy, eu não vou ser polida. Aqui eu não sou uma oficial superior, sou sua tia e simplesmente a política não funciona.
- mas... – eu tentava pensar em algo pra questionar.
- eu já vivi muito e vi tanta coisa, e soube de outras que você nem imagina. Coisas que a mídia não tem acesso. E, querido, homossexuais nas forças armadas às vezes não terminam tão bem. – ela respirava como se tentasse lembrar algo não muito agradável. – há cerca de um ano atrás no navio de um amigo meu foi descoberto que um cozinheiro, na época, suboficial de terceira classe era homossexual. E ele foi dispensado, uma dispensa comum, não honrosa por causa disso...
- é um risco que tenho que correr tia, mas eles não precisam saber.
- A história não termina ai. – ela fazia outra pausa, no que ela estaria pensando? – no momento da dispensa, ou melhor, quando ele sabe que vai ser dispensado... ele... ele... ele foi até onde deixam as armas guardadas e alugou uma pistola... e o resto... o resto você pode imaginar.
Um oficial perdendo a vida, dispensado por ser gay, isto é tão triste. E o que será que passava na cabeça de minha tia, será que ela receava que eu também viesse a cometer suicídio caso descoberto? (Esta história do cozinheiro que era suboficial de terceira classe é verdadeira, está no documentário da HBO a Estranha história da Não pergunte, não fale).
- Meu sobrinho, nestes anos em que estive no front eu já vi a morte mais vezes do que você pode imaginar... e sinceramente, pelo estilo de vida que você leva, eu não sei se as forças armadas são o local ideal pra você. – ela para pega no meu cabelo e rosto – Você... ah você me lembra tanto o seu pai... você fará do exército a sua vida. E... eu não sei se aguentaria ser privado dele futuramente.
- Eu não serei descoberto tia. – disse taxativo.
- Tim, se não fosse pela morte de seu pai você estaria casado, CASADO com um homem. – Ela respira e continua. – Me deixa ver essa aliança que você usa no dedo.
Eu entrego a minha aliança a ela, qual será o problema? Ela só faz pegar na aliança, a observa um pouco e depois dá um veredicto.
- Não é nenhum pouco gay o que esta escrito na sua aliança aqui. – Ela aponta para a inscrição: Timmy & Sam.
- Sim, não precisam saber que o Sam é de Samuel.
- Com certeza não precisam, do outro lado da aliança isso já está escrito. – ela fala cheia de ironia. – São essas coisas. Com o tempo alguns homossexuais ficam, digamos, mais relaxados e esta sua aliança seria um motivo de dispensa na certa.
- Eu para onde fui convocado, se a senhora não pode me ajudar... eu vou pedir ajuda ao tio Jack. – disse tentando a peitar.
Ela começa a rir e, infelizmente eu sabia o porquê. Se o Tio Jack soubesse que eu havia ido procurá-la e ela não me ajudou ele não se meteria na situação.
- Ah garoto, garoto. Você está aqui oh. –ela apontou para a palma da mão – e não falo isso pelo meu prestígio, não. Eu falo isso que se você pode ter se alistado, mas se eu der um telefonema, não precisa nem ser eu, qualquer outra pessoa que ache isso uma palhaçada e dizer que “O Milles é homossexual”. Só isso, mais nada, será motivo para que você seja investigado e, com toda certeza afastado.
Ela para de falar por um tempo como se esperasse alguma resposta minha.
- mesmo assim, você esta disposto a entrar pro exército, mesmo sabendo que você estará com a corda no pescoço durante todos os dias em que estiver dentro e fora do front. E que isso vai afetar não apenas a sua vida, mas a vida do seu namoradinho também, mesmo assim você está disposto a isso? – ela falava em um tom sério.
- Sim tia, mesmo sabendo de tudo isto. Minha decisão não vai mudar. – falei convicto.
- Você é verdadeiramente um Milles. Espero que você não pague o mesmo preço que Teodor. O Samuel já sabe de sua decisão?
- Ninguém sabe, exceto a senhora, mas falarei com ele. E tia, eu o amo, não vou obrigá-lo a seguir o estilo de vida que eu escolhi pra mim. – eu respirei e continuei – se tem algo que aprendi com o meu pai foi isso. Ninguém pode pagar o preço pelas escolhas que eu faço.
- Então, depois do treinamento me procure, verei se mexo alguns pauzinhos pra que você possa subir de patente o mais rápido possível.
- Obrigado.
Minha tia havia se mostrado uma grande mulher, compreensiva e me mostrou as questões básicas que eu deveria ter cuidado dentro do exército, até tirei minha aliança do dedo. Ainda estava com a marca, mas se eu, nesta condição de soldado não poderia me dar ao luxo de ser descoberto no primeiro dia. Então, não é apenas a aliança. Terei que sair das redes sociais, nelas estão meu nome com o de Sam e em muitas fotos estamos nos beijando. Meus amigos sabem que somos um casal e, se as pessoas do exército me adicionarem? Não posso estar nas redes sociais, e se estiver vai ser um perfil que não demonstre minha sexualidade. Agora o meu problema era outro. Terei que encarar a fera e informá-lo da minha decisão
Eu chego a casa preparo minhas malas para a viagem e desço. Eu fico o esperando chegar, pra conversar com ele, creio que minha cara não estava muito boa, o que será que ele vai responder. Como ele vai reagir? Ao chegar ele toma um susto e pergunta:
- Timmy, que cara é esta?
- Sam, eu tenho uma coisa muito séria pra te contar.
- O que foi? Você esta me assustando.
- eu não sei como dizer, então eu vou direto ao assunto.
- você arrumou outra pessoa, foi isso? Eu sabia... eu sabia. – ele falava transtornado – quem é, me diz, quem é?
- Sam, eu decidi, eu sei que você não vai gostar, mas eu devo fazer isso, eu vou me alistar.
Continua...
Gente, o que acharam do formato? Eu estou pensando em, como o Timmy e o Sam já são um casal, nos outros contos falar o que acontece com eles no presente e, ao mesmo tempo colocar uns flashbacks. Como eles se conheceram, e outras cositas más que não vou revelar agora pra não estragar a surpresa.
Espero que tenham gostado, comentem e votem. E se gostarem sugiram pra outros amigos leitores.