Bonne nuit, people! ;)
Ando um pouco adoentado, mas aqui estou com mais uma parte da história... Desde já agradeço a todos os que comentam, votam ou simplesmente leem a história... Fico muito agradecido por isso...
Theusrecifense, vc foi uma das pessoas que mais se aproximou do que eu reservei para o Mallack... Exceto por um único detalhe: eu nunca crio protagonistas "donzela indefesa"... Assim foi com o Dominicky e não é diferente com o Mallack... Independente do que eles fazem "entre quatro paredes", eles são fortes e sabem se virar... Espero que goste do texto de hoje e se surpreenda... A história está na reta final... Faltam apenas 2 capítulos (2 sábados)...
Críticas e comentários: silver.sunlight@live.com
Boa leitura!
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Capítulo 05- Diplomacia no Tártaro
Uma brisa suave e contínua alisava minha face. O perfume das flores inundava o ar. Pequenos feixes de luz brincavam sobre meus olhos. Dedos passeavam por entre meus fios de cabelo. O toque suave me passava uma segurança enorme. Lentamente abri meus olhos e observei várias pessoas brincando em um belo parque a céu aberto.
Árvores, um lago, flores e mais flores compunham a imagem que estava diante dos meus olhos. Era inacreditável tudo aquilo. Meu corpo não doía e eu estava extasiado pela beleza daquele lugar. Uma gargalhada gostosa me fez despertar desse devaneio. Eu estava deitado no colo de alguém.
_ Vejo que o meu dorminhoco finalmente acordou!- Disse com calma e carinho.
Fiz um pouco de força para levantar-me de seu colo e pude observa-lo melhor. Uma pele morena, sorriso branco e brilhante, olhos esverdeados, um cabelo liso e grisalho, porte atlético. Era um dos homens mais lindos que já havia visto na vida. Corei ao rememorar que estava deitado em seu colo. Fiquei mais envergonhado ainda ao reparar nas minhas roupas rasgadas, mas elas não estavam sujas. Aliás, todos os meus ferimentos haviam desaparecido por completo.
_ Você estava lindo dormindo no meu colo! Ficou envergonhado?- Perguntou-me com um ar descontraído ao notar o rubor em meu rosto.
_ Sim. Eu não tenho o costume de fazer isso. Aliás, onde estou? A última coisa de que me lembro foi de um punhal atravessando meu coração.
_ Ainda não reconheceu o lugar? Não conseguiu adivinhar quem sou eu?- Questionou demonstrando um pouco de insatisfação no tom de voz.
_ Me perdoe, mas não te conheço e nem sei como vim parar aqui. Onde estamos?
_ Nos Campos Elísios.- Respondeu com um belo sorriso.
_ Campos Elísios?! Os Campos Elísios do domínio de Hades?!- Indaguei sem conseguir conter o desespero.
_ Acalme-se, meu anjinho. Você está seguro comigo. Nenhuma delas vai encostar um dedo em você, principalmente porque pensam que você está morto. - Disse enquanto me abraçava.
Aquele abraço estava mexendo com as minhas estruturas. Eu estava longe do John, sozinho, ferido, com medo. Ele me passava tanta segurança. Aos poucos senti suas mãos tocarem minha pele, adentrando minha roupa a partir dos rasgões feitos pelos cães de Hécate.
Cada toque que eu recebia era como se uma descarga elétrica atravessasse meu corpo. Era sensual e puro ao mesmo tempo. Indescritível, mas altamente palpável. Seu nariz percorrendo meu pescoço estava me causando arrepios. Não pude reprimir um gemido de excitação, o que foi como uma carta branca para que ele deitasse sobre meu corpo e começasse a me beijar.
_ Você tem o aroma de uma das minhas orquídeas favoritas. - Disse-me em meio a alguns selinhos.
_ Quantas vezes terei de te dizer para não seduzir os meus protegidos?- Declarou uma voz feminina.
Enquanto ele se afastava um pouco de mim, virei meu rosto para ver que havia dito aquilo. Era uma mulher espetacular. Alta, corpo esguio, seios e quadris fartos. Usava um vestido branco com detalhes vermelhos. Seus olhos eram de um castanho escuro e brilhante que me faziam pensar no chocolate nobre. Seus cabelos loiros, ondulados, desciam elegantemente até a sua cintura. Magnífica era uma definição pobre perto da beleza de Perséfone, deusa da fertilidade e rainha do submundo.
_ Desculpe-me, minha rainha! Você foi tão generosa com este garoto que a vi nele. Vocês têm muito em comum. Ele também é muito misterioso. – Explicava ao se levantar de cima de mim.
_ Venha comigo, Mallack! Vamos antes que meu querido marido decida nos seduzir simultaneamente. – Disse ajudando-me a levantar.
Saímos de perto de Hades e caminhamos em direção a um gazebo adornado com flores brancas e vermelhas. Sentamos-nos nas cadeiras disponíveis e conversamos.
_ Sinto muito pelo o que ele tentou fazer!
_ Não precisa se desculpar! Mas por que ele disse que você foi generosa comigo? Isso tem a ver com o fato dos meus olhos estarem prateados em Glimmerlock?- Comecei a questionar rápido e desesperadamente.
_ Acalme-se criança! Sim, tem a ver com a coloração prateada dos seus olhos. Mas antes de continuarmos essa conversa, Amber pediu para que te dissesse que o ama muito e que ela ficaria muito feliz se John e você ficassem juntos.
_ Essa minha avó não tem jeito. Nem morta ela deixa de se meter na minha vida!- Falei e ri ao notar um sorriso na face de Perséfone.
_ Bem, minha criança, antes de você nascer foi previsto que você seria mais um oráculo.
_ Oráculo?- Interrompi.
_ Sim. Os oráculos são seres humanos com habilidades divinatórias que podem ser usadas pelos deuses. Todos os deuses ficaram felizes em saber do nascimento de um novo oráculo, porém essa festa terminou assim que soubemos que você seria consagrado a Nyx ou Hécate. Mesmo assim, muitos de nós decidimos presenteá-lo com dons, virtudes especiais, que lhe seriam úteis. Eu fui a primeira a lhe ofertar o dom do mistério, para que você pudesse ocultar suas intenções dos outros e encantar os demais com sua presença. Mas eu não fui a única a fazer isso. Infelizmente, o destino acabou traçando um caminho muito triste para você. Dionísio ficou irado ao notar as dádivas que você recebeu e que ele não poderia usufruir do que você tinha. Foi essa a motivação para ele lhe enganar e quebrar seu pacto. Lamento que tenha que ter passado por tudo isso, criança!
_ Então eu tenho um dom que todos os deuses queriam?- Perguntei na tentativa de assimilar tanta informação.
_ Exatamente.
_ Mas não adianta de nada. Estou morto. Qual a utilidade desse dom para um espírito?
_ Você não está morto!
_ Como?!
_ Sim. Você não está morto. Esqueceu que seu corpo ficou naquela clareira junto com seus sete primos e seu namorado?
_ Não, não esqueci. Mas como não posso estar morto?
_ Nyx e Hécate até que tentaram matar seu corpo, mas com a ajuda de alguns outros deuses seus primos conseguiram te salvar. Quando descobri que você havia sido ferido, fiz o que pude para trazê-lo aos Elísios para lhe contar o segredo e ajuda-lo. Elas não irão parar enquanto não te destruírem de uma vez por todas. Siga-me, preciso ajuda-lo a encontrar Têmis. Se não me engano, ela está no jardim de Hera, mas eu não posso entrar lá. Não me dou muito bem com ela. Mas vou guia-lo até o caminho do jardim e o resto é por sua conta. Combinado?
_ Sim! Eu farei o que tiver que fazer, mas não vou deixa-las me destruírem.
Ela guiou através dos campos até alcançarmos um enorme salão. Corredores, estátuas, pinturas, jarras, flores, tudo era magnífico e intrigante. Subimos por uma escada até chegar uma sala que se assemelhava um pouco a uma espécie de closet. Perséfone pegou umas roupas dobradas e entregou-as a mim.
_ Você não deve ir ao encontro de Hera com uma roupa toda rasgada e com partes do seu corpo a mostra. Vista-se. Estarei esperando do lado de fora. - Disse e sem seguida atravessou a porta deixando-me sozinho no local.
Desenrolei as roupas e fiquei perplexo com o acabamento de cada peça. Havia espécie de meia feita de tecido branco que eu deveria usar por debaixo das sandálias de fibra natural. As sandálias possuíam longas tiras que deveriam ser enroladas até alcançarem meus joelhos. Aquilo era praticamente uma bota. Um short com areia com leves detalhes vermelhos. Uma camiseta que cobria bem meu corpo, também na cor areia, era a parte de cima, complementada por um belo manto branco que se fechava bem em meu tronco, sendo ajustado por um cinto de tecido cor palha, mas deixa minhas pernas a mostra.
Devidamente vestido, abri as portas e avistei a minha ajudadora. Novamente saímos em busca do local por onde eu teria acesso ao jardim de Hera. Uma simples trilha de cascalho ladeada por romãzeiras foi a escolha de Perséfone. A trilha era muito extensa e depois de duas horas de caminhada finalmente chegamos a um enorme portal de marfim.
_ Chegamos!- Disse esboçando um lindo sorriso.
_ Não me diga que vou ter que subir essa escadaria? – Reclamei ao notar a enorme escada esculpida nas rochas atrás do portal.
_ Não disse que seria fácil! Boa sorte! Sinto muito não poder te ajudar, minha criança. Fique bem! – Disse-me dando um abraço e um beijo na testa.
Ela virou-se e voltou pelo caminho por aonde veio. Ao desparecer, fitei as rochas e a escada. “Já que não há remédio… Hora de subir!” pensei. A caminhada foi desgastante, mas não se comparava àquela escada. As rochas eram um pouco escorregadias. Eu já não aguentava mais deslizar. Qualquer tombo poderia ser fatal. Embora eu soubesse que não poderia “morrer”, preferi não arriscar.
Felizmente, todo o esforço foi recompensado ao atravessar outro portal de marfim e notar que finalmente estava no Jardim da Rainha do Olimpo.