ARREBATAR. Era esse o verbo que faltava, e encontrei num dicionário - “A dor é uma bem-aventurança que escorre no suor, arrebatando o corpo daquele que não teme o inferno”, - completando inteiramente o sentido da frase no livro de fotos em inglês. Aquela imagem do rapaz, o cheiro de Ricardo, meus sentidos transtornados, sim, aquilo tudo era arrebatamento. Na segunda feira tive um ímpeto de ligar para ele, mas travei. O mesmo ocorreu na terça, e na quarta tive visitas em casa. Um novo funcionário da empresa que veio jantar com a esposa. Medi a mulher de alto a baixo, falsa loira gordinha, falante, e concluí que deveria ser uma merda na cama. Meus sentidos se encontravam inteiramente arrebatados por Ricardo.
Na quinta feira não me aguentei e fui depois do expediente até sua quitinete. Toquei a campainha e nada. Desci, achei o zelador e perguntei por ele. “Não vi o seu Ricardo hoje não, mas deve tá chegando”, informou. Virei nos calcanhares, avistei a placa de um café há menos de meia quadra. Fui até lá, tomei água e café, olhando o relógio seguidas vezes. Dei vinte minutos e voltei à porta do tenente. Ricardo abriu só de cueca, me olhou profundamente nos olhos e não precisei dizer nada além de oi. “Entra, acabei de chegar, tava trocando de roupa... pode por a sua ali na poltrona”, completou.
Foi ajeitar sua farda e apetrechos e voltou ao meio da sala, quando eu ainda terminava de tirar minhas meias. Eu fiquei de cueca, em pé, apalermado, e ele comandou “tira tudo”. Fez um sinal para eu virar, ficar de costas para ele. Alguns segundos após me voltei e o ouvi dizer, segurando o pau escondido pela cueca: “vem cá”. Aproximei-me lentamente, achei que iríamos tomar banho ou ele me fazer alguma carícia, mas a voz ordenou “falei aqui”, esfregando o pau. Baixei os olhos, me ajoelhei, e ouvi “cheira”. Seu odor era forte, eu o sentia mesmo à distância, e fiquei inerte um momento, até que abri os dentes e abocanhei seu pau por cima do tecido, inebriado não só pelo odor quanto pela protuberância do cacete. Mordisquei-o por algum tempo e percebi como se robustecia, túrgido de sangue. Ameacei baixar sua cueca, mas fui interrompido “tira com a boca”. Olhei para cima e ele me olhava, superior, não me restando alternativa senão executar aquela ação com os dentes. Aos poucos pulou para fora um dos cacetes mais bonitos que já vi até hoje, liso e reto, troncudo como o dono, a grossa cabeça triangular rósea e brilhante, tão duro que colava para cima em sua barriga.
Ele me deu pausadas na cara com aquele instrumento, e logo após deixou-o reto na direção de meu rosto, passando a cabeça em meus lábios. Abocanhei o tarugo, comecei a me deliciar com o sabor, a textura e a temperatura. Conseguia ir até a metade, voltava para a cabeça. Depois de algum tempo ele conduziu minha cabeça – “vamos ver até onde entra”, deslizando em modo suave mas firme. “Porra, bocão cara.... vamos mais um pouco ... relaxa que entra”, ele comentou, enquanto fazia o caralho entrar e sair de minha boca. Eu me esforçava para abrir ao máximo os dentes e ele começou a fazer carícias com os dedões nas laterais de minha garganta. A cada novo movimento o pau ia mais fundo, embora eu tivesse engasgado várias vezes. Mas eu estava com quase ele todo entre os lábios. “Vou ficar parado... vai pegando mais... vamos ver até onde chega”, ele falou, quando olhei para cima e fiz um movimento de elevação da cabeça. Ele aproveitou e entrou com tudo, a cabeça ultrapassou minha glote. Tossi e me engasguei, senti o impacto, o incômodo na região. “Caralho... não sabia que tinha bocão.... daqui uns quinze dias vai tá pegando tudo fácil, fácil...” ele gemeu entre dentes.
Sentou-se refestelado no sofá e me pediu para continuar chupando, alojado entre suas pernas. “Tá fodido, cara, não sabe como eu adoro uma boquinha gostosa mamando minha pica... aahaammm ... tesão... mama... isso... baba que eu curto bem molhado”. O impacto sobre minha glote já se dissipava, de modo que voltei a sugar seu pau ora mais em cima ora mais embaixo, até o limite que eu alcançava, além das bolas cabeludas que soltaram vários fios em meus lábios. Ele prometeu raspar, enquanto se movimentava para cima e para baixo com o quadril. “Tá bom demais, mas agora eu quero seu cu, vamos estrear essa bundinha de macho que gosta de rola”, Ricardo falou. Deitou-se no sofá e eu fiquei de quatro por cima, ainda mamando sua jeba. Eu estava limpo e, logo após, senti sua língua deslizando em meu rego, sua boca sugar minhas pregas, seus dedos entrarem e saírem.
Eu estava inteiramente entregue, rebolando e me deliciando com sua atuação. Depois de um bom tempo, ele disse que achava que já dava para entrar. Foi até um armário e pegou camisinha e um frasco de óleo, encapou o bicho e passou bastante líquido, assim como em seus dedos em meu ânus. “Se não estiver bem molhadinho não entra”, ele riu. Apoiado com o peito no sofá e ele de joelhos por trás, comecei a sentir o calor da cabeça do pau deslizando para cima e para baixo. Gemi de tesão, abri as nádegas com a mãos, ele se manifestou “só como se pedir”. Fiquei inquieto e reclamei, mas ele insistiu “só vou te foder se pedir... pede pro teu macho te comer”. Arfante de tesão, e sem escapatória, acedi, segui suas ordens. Logo suas mãos seguraram minha cintura e senti a cabeça se intrometer, me causando uma fisgada por dentro. Empurrei-o para trás, pois doía. Ele pegou no armário um plug, untou-o de óleo e foi, com cuidado, fazendo-o desaparecer em meu reto. O objeto era pequeno, ainda bem, e com a ajuda de meus movimentos ele ultrapassou meu anel. Ricardo desferiu alguns tapas em minhas nádegas, visivelmente embriagado pelo prazer, enquanto falava “êta bundinha difícil... achei que já tava arrombado, do jeito que o Antônio me falou... disse que socou mais de mais de meia hora e você rebolava sem parar”, comentou bem humorado, enquanto fazia o plug entrar e sair de meu cu. “Mas o dele não é tão grosso quanto o teu ... você é muito cacetudo cara”, respondi.
A investida veio logo a seguir ele retirar o plug, aproveitando a dilatação. Com mais da metade do pau enterrado, Ricardo começou a alisar as laterais de meu corpo, meus mamilos, meu saco, o que me embalou no prazer me fazendo esquecer o calibre de seu tarugo. Seguiram-se investidas muito lentas, novas carícias e uma frase de prazer: “cusão da porra, João, quentinho e guloso”. Após algum tempo meus joelhos começaram a doer e pedi para deitar no sofá. Como que não querendo desencaixar, Ricardo e eu fizemos alguns malabarismos para eu subir no sofá, girar, e ficarmos no frango assado. Com minhas pernas para o alto fui então vítima de estocadas violentas e minha bunda agradecida sugou aquele cacete com gosto.
Eu gozei com ele me pegando de lado no sofá e creio que se passaram uns quarenta minutos desde o início da foda para Ricardo grunhir alto e ejacular. Como um touro, agitado e suando. Apenas dei algumas respiradas profundas para me acalmar e rumei para o chuveiro, eu abusara de minha hora para chegar em casa e certamente iria ter de inventar uma boa desculpa.
“Volta quando?”, perguntou-me na porta da quitinete e respondi que não sabia, que ligaria quando desse. Acelerei o quanto deu, furei uns três semáforos desertos mas cheguei em casa bem depois do horário habitual. Fui preparando o espírito para o pior. A empregada tinha saído mais cedo naquele dia e minha mulher estava ocupada com a louça do jantar, apenas dei um boa noite de longe e fui tomar um banho, mais um, para garantir o desaparecimento de quaisquer sinais comprometedores.
Na sexta feira fui meditando, entre semáforos fechados e buzina histéricas, o que implicava estar arrebatado. Era como eu me sentia, dominado por dentro, com o rosto, as imagens, as mãos de Ricardo me percorrendo. Mas ele também me pareceu estar envolvido, embora bem mais jovem que eu, embora com aquela lengalenga debochada que era seu usual. Mas, sobretudo, me inquietava sua superioridade sobre mim, eu lembrava nitidamente de sua voz comandando “chupa”, de como pediu para eu implorar para ele me comer. Ele era militar, acho que devia ser isso...
Para o domingo, minha mulher inventou de almoçar na casa da mãe dela, o que me deu um ótimo motivo para voltar para casa mais cedo, pois não me dou bem com meu cunhado, que também estaria presente. Discretamente eu mandara um SMS para Ricardo no sábado à noite, marcando um encontro logo após o almoço no domingo. Eu estava começando a descer a galeria que leva ao inferno.
No caminho, concluí que tinha sido uma burrada marcar aquele encontro naquela hora. Havíamos terminado de almoçar e não dava, simplesmente, para pensar em sexo. Se eu fosse chupá-lo me arriscava a vomitar. O encontro, de qualquer modo foi delicioso, pois pudemos conversar e trocar carinhos, num clima bem diferente do anterior. Fiquei sabendo que ele era neto de turcos, uma explicação que ele deu para o cacetão, afirmando que também seu irmão e seus primos eram bem servidos: “é de família... árabe daquela região tem pau grande mesmo”. Contou que estivera há três anos visitando parentes que não conhecia na Turquia e me mostrou um narguilé, retirado de um armário, um herança que ganhara ainda adolescente do finado avô. Também me contou sobre o yagli güres, uma luta praticada na Turquia, onde os combatentes se enfrentam untados de óleo de oliva, escorregadios, e um deve derrubar o outro, fazendo com que o adversário fique com o umbigo para cima. A luta só termina quando um deles chega nessa posição. Mas para chegar lá, é muito difícil, cada combate dura quarenta minutos, os caras suam em bicas debaixo do sol, um enfiando a mão dentro da calça de couro do outro, único modo de ter ponto de apoio para desequilibrar o oponente.
Ele me mostrou um livro com muitas fotos de um campeonato. Aí entendi melhor: o cara tem de enfiar a mão mesmo, tentar pegar o outro pelas coxas ou pela região do agrião, debaixo do saco, para, com um movimento brusco, virar o outro. Eu perguntei: “mas fica só nisso... os caras se apalpando desse jeito, muita mão no pau e na bunda deslizando com azeite ...” Ele explicou rápido: “ali não rola viadagem não... não é permitido, é coisa de macho, é proibido enfiar o dedo no cu do outro, por exemplo, nem pode espremer os bagos... é regra, entende? É claro que deve rolar a maior putaria nos vestiários... já viu macho se atracar sem voar porra pra todo lado?” Eu ri concordando e ele afirmou que havia assistido um dia de campeonato e, no meio das várias duplas, um cara disfarçadamente encher a mão dentro da calça do outro, mas que aquilo, com certeza, fazia parte da coisa.
“Aliás, vem cá!”, me pediu de pé. Deu uma volta em meu corpo, uma chave de braços e em questão de segundos eu estava rendido no chão, com ele de joelhos sobre mim e alisando minha bunda. “Sacou como é? Se o cara quiser partir pra sacanagem, já está no jeito”, disse enfiando a mão dentro de minha bermuda por trás, onde brincou um pouco com meu fiofó. Pedi para sairmos daquela brincadeira, senão a coisa ia descambar. Ele me soltou, me virei, mas ele me atracou num beijasso de tirar o fôlego e rolamos no tapete. A tarde estava maravilhosa, mas devia chegar ao fim. Levantei-me para sair, ele veio atrás, me prensou contra a porta e ficou sarrando minha bunda. “Tô louco pra te comer de novo, tesão, vai voltar quando?” Eu não sabia quando teria outra oportunidade, ficamos de manter contato.
(continua)
