Eu estava com a expectativa de conhecer o Daniel na semana seguinte. Eu passara a treinar “garganta profunda” diariamente, escondido no banheiro, desde o início de meus encontros com Ricardo. Mas ele me passara, também, lição de casa: um site de internet e dois filminhos que ele capturara na rede. No site, havia uma longa explicação sobre o que era e como deveria se desenvolver a prática da “garganta profunda”. Num dos vídeos, uma morena muito safada explicava, com toda sua larga experiência de chupadora profissional, como realizar o negócio sem maiores traumas e sem engasgar. Os outros vídeos eram de chupadas, muito bem feitas, filmes amadores americanos. Mas dava para acompanhar bem todo o desenvolvimento daquilo que os americanos chamam de “facefuck” (foda facial) e “deepthroat”.
Eu nunca ia chegar perto daquilo, mesmo me esforçando e tentando seguir as indicações. Eu via os vídeos nos intervalos de meu trabalho, em meu celular, ou em casa, disfarçadamente, quando tinha algum momento só. Sempre que dava, eu também treinava a abertura das coxas e estava chegando a um tempo bem considerável naquela posição. Desde o início dos encontros, igualmente, eu tive minha intenção desperta para o mundo bdsm, uma sigla em inglês que designa atividades de bondage, geralmente praticada por grupos de homens vestidos com roupas e apetrechos de couro negro. Confesso que aquilo tudo me assustava, mas, ao mesmo tempo, exercia sobre mim um insuspeitado fascínio. Fazia parte do clima de arrebatamento em que eu me encontrava, formando uma cadeia de fatos e eventos, de situações e sensações ousadas, nunca vividas, desafiadoras, e por isso, instigantes.
Um dia, por acaso, passei em frente a uma sex-shop e aquilo me atraiu como o queijo para um rato. Eu nunca tinha entrado em uma e não sabia como funcionava, razão pela qual minha respiração acelerou. Mas a moça que me atendeu mostrou-se muito simpática e me deixou sozinho para olhar e fuçar aqui e ali. Vi vários plugs, alguns enormes e fiquei imaginando se alguém teria cu suficiente para aguentar tudo aquilo. Roupas esquisitas, máscaras, objetos com correntes que nem suspeitava para que poderiam servir, uma infinidade de cremes, óleos e loções para os mais variados usos, de vagina estreita a ejaculação precoce, de lubrificantes anais e vaginais a pastas para fisting, para facilitar a entrada de dedos e mãos. Não comprei nada, mas saí dali com a imaginação acesa.
Fucei aqui e ali e acabei descobrindo uma sex-shop a quatro quadras de meu trabalho, de modo que poderia ali dar um pulo antes de rumar para casa. O estabelecimento era bem mais sofisticado que o anterior e quem me atendeu foi uma bichinha discreta e esperta, com piercing no nariz. Fiz algumas perguntas genéricas e fiquei sabendo que, nos fundos, eles tinham cabines para vídeos. Bastava pegar o filme preferido, pagar a ficha e entrar na minúscula saleta com uma poltrona e o aparelho de TV. O rapaz me encaminhou para o mostruário, quatro gôndolas grandes forradas de vídeos, me advertindo que tinham muito mais, que ali estava apenas o que a freguesia mais pedia. Pois bem, o que a freguesia mais pedia era uma gôndola de sexo anal e oral, além de grupal e com negros, e duas gôndolas repletas de filmes de zoofilia, escatologia e outras variantes ousadas. A parte gay era discreta e pequena em relação ao resto. Concluí que a clientela ali era da pesada...
Na quinta feira, como sempre, fui para a quitinete. Dessa vez lá estavam Kiko e Silva, e fiquei sabendo que Daniel não apareceria, pois tivera de resolver assuntos da academia de karatê. Kiko era professor lá, branco de cabelo castanho claro, da altura de Ricardo, 29 anos, boca bem desenhada e um sorriso encantador. Silva era da corporação, 40 anos, perto de 1,90 de altura, um varapau magro e com um bigode farto. Enquanto eu tomava banho, Ricardo me explicou que lá na quitinete não levava mais que quatro pessoas, pois o espaço era pequeno. De modo que estávamos prontos. Peguei uma talagada de uísque no gargalo e comecei a chupar os três sentados no sofá. Kiko era pouquíssimo peludo e se raspava inteiramente na virilha, de modo que seu pau gostoso e seu saco desfrutável se tornaram uma atração. Silva tinha um pau fino e comprido, igualmente com as bolas raspadas. Adoraram minha chupeta e, o primeiro desafio, foi tentar pegar o Silva inteiro. Kiko e Ricardo colocaram um dedo cada um em meu cu para incentivar, o que ajudou bastante. Com uma decisiva descida de boca, fiz a estrovenga do sargento trespassar minha glote, permitindo a meu nariz cafungar seus pelos pubianos. Fui aplaudido.
Fomos para o tatame, onde fiquei de quatro, permitindo a Kiko desfrutar minha bunda. Eu chupava os outros dois, enquanto Kiko me sugava o rego e acariciava meu pau. Com seu instrumento preparado, logo me espetou e passou a desferir golpes firmes. Silva se reposicionou, de modo a poder me punhetar, acompanhando de perto o colega socar com decisão. Eu rebolava, as coxas bem abertas, prendendo gulosamente a nova jeba que ganhara de presente, entregue ao máximo prazer que é sentir o ímpeto de um macho competente. Kiko comia muito bem, e avisou que queria ir até o fim, que o deixassem meter até gozar. Passamos para o frango assado, com Silva me masturbando e chupando Ricardo ao mesmo tempo. Eu gozei me sacudindo, ao sentir as arremetidas mais fortes de Kiko em meu reto.
Pedi a Kiko para gozar em minha boca e ele, em seu momento culminante, saiu de dentro de mim, retirou o preservativo e soltou seus jatos quentes em minha boca e rosto, uma generosa porção de líquido branco que me obrigou a fechar os olhos. Imediatamente Silva me penetrou, enquanto me segurava com os braços acima da cabeça, me socando forte. Aos poucos, foi me lambendo, retirando com sua língua a porra do parceiro, o que me permitiu abrir os olhos. Ao nosso lado, Ricardo estava sendo chupado por Kiko, eu ouvia as sonoridades orais vindas dali.
O pau longo de Silva me despertava novas sensações, compensando sua pouca espessura. O cara metia legal e, visivelmente, aprovava meu desempenho, pois me sorria todo o tempo, fazendo cara de puro tesão. Ricardo pediu para trocar, me pegando a cavaleiro. Seu pau poderoso entrou fácil e ele iniciou sua tão bem por mim conhecida série de arremetidas fortes. Kiko ajeitou-se para me sugar e Silva metia os dedos no professor de karatê. Um a um, fomos gozando em sequencia.
Ricardo sugeriu uma cerveja. Enquanto ele e Kiko cuidavam dos copos, Silva não me permitiu sair do lugar. “Me chupa, tesudinho, nunca achei uma boca tão maravilhosa como a sua”, me solicitou com uma doçura que não tive como recusar. Eu estava cansado e por isso ficamos deitados no tatame, eu com um travesseiro sob a cabeça. Ele ia e vinha muito lentamente, entre um copo e outro de cerveja. Ricardo logo veio sentar-se a nosso lado e, muito sacana, despejava uma pequena quantidade de líquido sobre o pau de Silva, que escorria diretamente para minha boca. “Vamos inaugurar uma nova marca de cerveja... essa não é a devassa.... é a porreta, a única maltada com sabor de porra”.
Após o ligeiro descanso, Ricardo ajeitou melhor o travesseiro sob minha cabeça, o que me fez ficar com a boca mais alta. Disse a Silva para meter assim. Muito lentamente, Silva começou a se movimentar sobre mim, as vezes aprofundando a enfiada em minha boca. Engasguei algumas vezes mas consegui receber inteiramente, até o saco, o pau do sargento. “Caralho... ele tá pegando tudo... olha só.” Ricardo logo exclamou que também queria e substituiu Silva. Tentei, mas realmente não deu, pois seu caralho é bem mais grosso. Com Kiko, também não tive maiores dificuldades. Aliás, foi o pau que mais curti naquela noite. Com as rodadas posteriores de penetração, Kiko chegou a gozar duas vezes dentro de mim. E Silva, evidentemente, quis terminar sua noite gozando em minha boca.
Na hora em que disse que tinha de ir embora foi um chororô geral, eles não queriam me deixar sair. Mas realmente não dava mais para mim; o que fez com que me acompanhassem até o banheiro onde, agachado no box, recebi como batismo a mijada de cada um deles. Após me vestir, eles ainda estavam no tatame e me disseram que iam dar a saideira. Silva punhetava Kiko enquanto chupava Ricardo. Fechei a porta da quitinete e desci para a rua, perfumado, novamente de terno e gravata, morrendo de fome, um executivo voltando para casa após uma longa aula de língua. De língua, e todo o resto do corpo, aliás.
No meio da tarde do dia seguinte recebi uma ligação de Kiko, querendo me encontrar. Falei que, na minha situação, não tinha como achar um horário no final de semana. Depois de insistir, finalmente argumentou que gostaria de falar comigo, se poderia me encontrar no final do expediente. Acabei concordando, desde que fosse uma coisa rápida.
Saí meia hora mais cedo e peguei-o numa esquina, dirigindo para uma rua tranquila, onde estacionei debaixo de uma árvore. O rapaz falou várias vezes que tinha me achado muito gostoso e queria porque queria um encontro a sós. Expliquei-lhe das dificuldades e da minha situação de casado, etc. Foi uma conversa rápida, eu não tinha muito tempo. Ele me lascou um poderoso beijo na boca, selando nosso encontro, após certificar-se de que não havia ninguém por perto. Saltou num ponto de ônibus à frente e deu-me um discreto sinal de adeus enquanto eu acelerava o motor. Fui para casa com os lábios molhados e sua imagem se perdendo na distância. O clima ficou mais para Roberto Carlos do que Black Sabbat; mas fui aceitando que, nessa vida, todos nós temos direito a uma cota de trilha sonora. Cantarolando “Sentado à beira do caminho”, abri a porta da garagem.
(continua)