Amor, Obsessão e Outras Drogas — 3

Um conto erótico de Iky
Categoria: Homossexual
Contém 5036 palavras
Data: 06/02/2013 01:46:45
Última revisão: 06/02/2013 03:00:57

Mais um capitulo, mais um pedaço desta história que eu espero todos estejam gostando. Gostaria de dedicar este conto ao Realginário, o Guhhh, o MY WAY, Alê12 e, especialmente, o Syaoran, que tem me ouvido muito no msn. Abraços a todos os leitores, especialmente aos que votam e comentam. Tenham todos uma leitura prazerosa.

"Quem escreve constrói um castelo e quem ler passa a habitá-lo".

Silvana Duboc

— Eu só estou dizendo que isso é muito, mas muito nojento! Imagine só... Dois caras se agarrando na cama... — Disse Gerald antes de entrarmos na sala onde John estava. — E pior! Um casado tendo como amante, o garoto que cuida do filho dele! É de vomitar Brent...

— Aprenda uma coisa Gerald, quando você é repórter é obrigado a deixar a opinião pessoal de lado para trabalhar com seriedade. — Falei entregando os meus objetos pessoais ao carcereiro.

— Mesmo assim, eu não to conseguindo engolir essa história... Você acha mesmo que ele diz a verdade? — Gerald respondeu.

— Não sei. Mas é por isso que estamos aqui... — Entrei na saleta, vendo John devidamente sentado na sua cadeira, e com o habitual uniforme laranja. — Bom dia John... E então, podemos continuar hoje a nossa história?

Ele deu os ombros e sorriu por fim.

— Sabe, eu encontrei uma foto nos arquivos do jornal... Queria que você nos contasse um pouco sobre ela. — Estendi a foto para ele. Mostrava-o, a mulher Grace, Frank o sogro, Christopher e outro rapaz não identificado. Na legenda só estava escrito: Barbecue in the Lovejoy’s House, 1954 (Churrasco na casa dos Lovejoy,— Sim... Lembro-me como se fosse ontem. — Ele sorriu.

— Esse daqui é o Scott? — Perguntei.

— É sim senhor... Então posso continuar? — Ele olhou para foto e depois para mim.

.

VERSÃO JOHN

.

Acordei no outro dia mais relaxado, Grace finalmente havia cedido na noite anterior e havíamos tido uma noite muito prazerosa. Na verdade, pra mim, era excitante essa eterna conquista, esse conflito entre o desejo (meu e dela também, só que reprimido por sua educação conservadora) e a moralidade (dela, pois apenas ela era puritana daquela forma, mas aos meus olhos, isso a tornava cada vez mais desejável, embora, por vezes me fosse frustrante). Ainda era por volta de 05h e 30min da manhã quando acordei, fiquei ali com a mão na cabeça e o cotovelo apoiado sobre o travesseiro observando Grace que dormia profundamente. Ela estava linda, com o cabelo loiro que lhe cobria parte do rosto de uma forma harmoniosa e sensual, sua boca vermelha e apetitosa me trazia a memória os beijos trocados há poucas horas naquela mesma cama, seu corpo fluído e macio, conseguia espertar meus instintos mais primitivos, uma coisa quase animal, eu já a queria mais uma vez. Grace era recatada a maior parte do tempo, mas quando se entregava se entregava de corpo e alma, por isso era tão bom esperar por ela e o fazia de forma resignada. Mas ali, vendo toda sua beleza e sensualidade que lhe era natural, acordei-a cuidadosamente, beijando suas costas e ombros, subindo para seu pescoço, tentando persuadi-la a repeti a noite anterior, mas minhas tentativas e iniciativas foram em vão.

— Não John, querido. Já está de manhã, tenho de adiantar algumas coisas para me arrumar e ir para o trabalho. — argumentou me dando um leve selinho e levantando da cama com sua camisola de seda vermelha de alça com um belo decote em V que realçava seus lindos seios, além de se ajustar perfeitamente as suas curvas tão bem desenhadas. Grace realmente era linda, era a mulher mais linda que eu já vira. Pior que sua recusa, junto aquela visão, só aumentou meu desejo.

— Amor, ainda estou com saudade, vamos aproveitar que é cedo e Ben está dormindo pra ficarmos juntos mais um pouco. — propus, levantando da cama e a abraçando, dando beijos em sua boca e pescoço roçando um pouco minha barba ainda por fazer em sua pele, deixando-a arrepiada, procurando ser o mais sedutor possível, a senti ceder um pouco por um instante, mas, mais uma vez, ela me beijou e saiu na direção do banheiro.

— Não John, não é apropriado fazermos isso agora. Outra hora, eu prometo. — ela entrou no banheiro e fechou a porta.

E mais uma vez fui dispensado pela a minha própria esposa. A cada semana que passa, mais parece que ela se distancia de mim... Mesmo após a noite passada, eu sabia que eu e Grace já não tínhamos mais aquela... Como eu posso explicar isso? Aquela aproximação de antes. A algum tempo tudo era quente e em cores fortes e intensas... E agora tudo é morno e em tons de cinza. Mesmo ela sem ter feito nada, eu sentia que era assim.

Como não precisava levantar tão cedo, voltei pra cama meio frustrado. Grace saiu do banheiro se trocou e desceu pro térreo. Ainda permaneci deitado ali, mais ou menos uma hora. Então, resolvi levantar e me despedir de Grace antes que ela saísse pro trabalho. Fui ao banheiro, fiz minha higiene matinal, vesti um calça de algodão e uma t-shirt branca e desci. Encontrei-a, na cozinha, terminando de preparar nosso café da manhã. Ela usava um vestido azul com estampa floral, com uma saia rodada que ia até a altura do meio das panturrilhas. Uma faixa de cetim que marcava a cintura, um ou dois tons em um azul mais forte que o do vestido, usava um sapato também azul, com a ponta arredonda e salto não muito alto, com a ponta um pouco grossa.

— Pensei que só fosse levantar mais tarde. — Grace falou animadamente me servindo uns waffles com mel acompanhado de iogurte, adoro esta combinação.

— Obrigado. — disse, enquanto ela me servia. — Mas na verdade, tenho umas planilhas pra terminar que tenho de entregar hoje no trabalho, então resolvi levantar mais cedo — continuei enquanto levava uma porção de waffles à boca.

— John, estava pensando em convidar Chris para o churrasco no domingo lá na casa do papai. — ela falou enquanto se juntava a mim na mesa. No momento em que ela falou o nome de Chris, já me veio à cabeça aquela tempestade de informações. Chris não poderia continuar cuidando do Bem. Chris era homossexual, tinha um namorado, meu Deus isso era contra tudo o que eu acreditava, era contra tudo o que qualquer homem de bem acreditava. Talvez até uma doença.

— Gostaria mesmo que de falar com você sobre o Chris. Não gostaria que ele continuasse a cuidar de Ben, acho que seria mais apropriado se conseguíssemos uma moça, uma baby-sitter para o serviço.

— Por que isso agora? Aconteceu alguma coisa? — Grace perguntou meio contrariada por minha sugestão, não sei por ciúmes das possíveis baby-sitters ou por simpatizar com Chris.

— Nada em específico, mas acredito que as mulheres tem mais jeito com crianças devido os seus instintos maternos, pelo menos mais que um rapaz de 17 anos, isso com certeza. — Falei evasivo.

— Não seja leviano senhor Jonathan Leigh O'Connor. Até ontem estava tudo bem e você estava até gostando de Chris, disse que ele era um garoto esperto, com bom papo e boa companhia. — Grace realmente estava chateada com a possibilidade de uma moça trabalhar aqui em casa ou com a possibilidade de Chris sair. Na verdade eu gostava de Chris, mas o fato de ter um homossexual cuidando do pequeno Ben me deixava desconfortável.

— Será que você poderia simplesmente conseguir outra pessoa e colocar no lugar de Chris e pronto? — Perguntei já irritado com aquela conversa.

— Não, não vejo motivos pra dispensar os serviços de Chris. — Grace falou de forma decidida. — Além do mais, tenho certeza de que você está enganado sobre Chris, ele é um ótimo garoto, estudioso, meigo, carinhoso, prestativo. Ele até me conseguiu as últimas edições das duas principais revistas de moda de São Francisco. Ele ajudou muito a me atualizar das principais tendências da Costa Oeste.

— Muito gentil da parte dele. — Falei com certo ar de deboche desinteressadamente observando-a.

Na verdade, eu ficava o tempo quase todo com ele em casa, se ele fizesse algo que desaprovasse poderia demiti-lo. Além do mais, gostava da companhia dele, só não aprovava o fato de Chris ter um namorado. Não gostava mesmo deste Scott. Dava pra perceber que este era um encrenqueiro.

— Ele é muito educado, prestativo, um ótimo menino. Não acha? — Disse, enquanto terminava sua refeição secamente.

— Desse jeito vou ficar com ciúmes deste rapazinho. — Falei em tom de brincadeira para quebrar aquele clima tão contrastante com o da noite anterior.

— Não precisa, como disse ele é um ótimo me-ni-no. — Ela enfatizou a última palavra.

Eu apenas ri de sua explicação. Se ela soubesse o que ele me revelou ontem à tarde.

— Bem preciso sair ou me atrasarei. Até a noite querido. — Ela me beijou e saiu.

Fiquei ali a terminar meu café da manhã a relembrar as últimas cenas de Chris em minha casa ontem à tarde, logo após a visita de Scott.

— “O Scott, ele é o meu namorado”. — Falara Chris de forma casual, quase inocente, confidenciando a mim este segredo ontem.

“Isso não é certo!!!” — Pensei — “Dois homens juntos! Isso ia contra as leis da natureza, contra as leis de Deus, embora eu mesmo, não fosse exatamente um homem religioso” continuei com essa linha de pensamento. Quem mais sabe desta relação de Chris e Scott? Há quanto tempo será que isso acontece? Será que Chris foi embora morar com os tios em San Francisco por causa disso? Mas não dava pra acreditar que alguém tão inteligente e doce como o Chris fosse homossexual, que se deitasse com outro homem. Ele era tão jovem, meigo, um garoto ainda. Tá na cara que isso não é coisa dele. Isso tem cara de ser coisa do Scott. Ele deve ter seduzido e corrompido o garoto. Claro que foi isso, só poderia ter sido isto. Deve ser apenas uma fase, ele deve está confuso. Não há nada nele que diga que esse garoto prefira isso... Quer dizer ele deve está sendo manipulado por aquele arruaceiro, só de olhar pros dois já sabemos quem é o problema, quem manipula e quem é manipulado ali.

Terminei o café fiquei na mesa da cozinha mesmo terminando minhas planilhas e nem vi o tempo passar. Como previsto, por volta das 07h e 30min Chris chegou. Tocou a campainha e eu fui recebê-lo.

— Bom dia John. — Chris me cumprimentou logo ao chegar. — Então, o pequeno Benjamin já acordou?

— Bom dia Chris. Não, Ben ainda não acordou. — Falei observando-o, enquanto este entrava e se dirigia pra cozinha.

— Melhor eu preparar logo a papinha do Ben antes que ele reclame, não?

— Sim, fique a vontade. — Disse, me dirigindo novamente pra mesa, enquanto Chris pegava algumas coisas nos armários, mantendo um pequeno sorriso no rosto sempre que eu o olhava.

— A senhora O’Connor já foi para o trabalho?

— Sim, ela saiu a mais ou menos uma hora. — Falei terminando de arrumar a pilha de papeis sobre a mesa.

— Nossa ela tem trabalhado muito, nunca mais consegui tomar o café da manhã com ela. — Disse pesaroso, como a lamentar a falta de uma boa amiga — Gosto muito de sua companhia.

— E seus pais, como estão Chris? — Perguntei educadamente.

— Bem. Estão se preparando pra uma viajem de fim de semana, um congresso de odontologia. — Falou, enquanto passava por mim na cozinha e saía em direção à sala que dava acesso a escada que levava ao andar superior.

— Interessante... Você vai também? — Perguntei.

—Não. Tenho muito o que fazer aqui em Atlanta. — Ele terminou de dizer com um sorriso calmo.

— Chris?

— Sim, John.

— Acho que me deve uma explicação, não é? — Murmurei olhando para Chris que parou a meio caminho, virou pra mim, olhou fixamente em meus olhos e encostou-se no umbral da porta e perguntou:

— O que exatamente o senhor quer saber? — Ele perguntou.

— Onde você conheceu esse tal de Scott?

— Ele era filho do diretor... Da minha escola. Ele meio que ajudou a me adaptar. — Chris respondeu parecendo está um pouco desconfortável para tratar do assunto comigo percebi seu rosto corar enquanto o falava.

— O que ele faz aqui na cidade? — Perguntei.

— Ele veio me ver... A gente não se vê desde que me mudei para cá. — Ele disse piscando lentamente os olhos, e mordendo os cantos dos lábios.

— E a família dele, sabe desta temporada que ele resolveu passar aqui?

— Sim, claro. Acredito que deva saber, mas... Não sei direito. Não costumo perguntar ao Scott sobre sua família. — Chris falou casualmente, contudo, na verdade ele estava sendo evasivo, pois eu ouvira muito bem quando o tal Scott disse ontem, que havia brigado com seus pais e fugido para vir aqui encontrar o Chris. Agora, eu me perguntava por que estaria omitindo isso de mim já que me confidenciou algo muito pior, que eles eram namorados. Mas pelo o tom que ele falava era só crer nas palavras dele.

— Há quanto tempo vocês estão juntos?

— Há mais ou menos um ano. — Respondeu enquanto, terminava de esfria a papinha de Ben, ele passou a me fitar de uma forma interrogativa, como que a se perguntar algo.

— Mais alguém sabe sobre vocês? — Perguntei o observando, enquanto cruzava os braços, analisando suas reações, tentando descobrir o que realmente havia por trás de toda essa história.

— Não. — falou sem hesitação. — Apenas o senhor. E conto com sua total descrição John. Afinal, já o considero um bom amigo. — disse Chris por fim, me fitando profundamente e tirando os olhos enquanto exibia um enorme sorriso.

— Ok, pode deixar. Guardarei seu segredo. Mas tome cuidado com este tal Scott, ele parece não ser exatamente uma boa influência. — Falei observando-o.

— Mas o que seria da vida, se não nos arriscarmos a experimentar o proibido, não é verdade?

— Hum. Não sei se concordo com esta sua afirmação, não?

— Você não aprova minha relação com Scott, não é John?

— Não tenho que aprovar ou deixar de aprovar nada! Mas, pra ser sincero, não concordo com o que este garoto faz com você? — Falei sem o olhar nos olhos.

— John, você acha que prazer é pecado? — Perguntou Chris de forma casual.

— Não!

— Acha que buscar satisfação sexual para seu deleite pessoal é pecado? Acharia se fizesse isso com uma mulher? — falou, enquanto me olhava fixamente nos olhos, buscando minha total atenção.

— Não. — Falei convicto.

— Então, é a mesma coisa. Não concordo com estas pessoas que acham que todos os prazeres desta vida nos devem ser privados por não o sermos merecedores de tal felicidade. — Chris falou avaliando cada reação minha.

— Chris, não acredito que amar seja pecado e o prazer também não o é, desde que seja feito dentro do casamento, entre um homem e uma mulher. — Falei, tentando parecer o mais firme possível.

—Senhor O’Connor... É tão errado assim você gostar de algo que te faz bem e feliz? — Ele disse, enquanto colocava uma gota da papinha no seu dedo, levando-o na boca.

O resto da semana correu bem, sem grandes novidades apenas um ou outro acontecimento relevante que mereça algum destaque. Apenas uma nova rotina havia se estabelecido, ao final do serviço de Chris, em todo fim de tarde, havia uma moto, parada em frente a minha casa a sua espera.

Na tarde de terça-feira, estávamos Chris, Ben e eu no quintal, Chris estava a conversar comigo enquanto Ben brincava no jardim.

— John, sério, você poderia voltar a treinar basebol. — Falava Chris ao ter recordado a quantidade de medalhas e troféus que eu tinha ganhado em torneios e campeonatos.

— Não Chris, agora eu sou um homem casado, tenho um filho e outras prioridades. Até por que não tenho mais idade pra isso.

— Acho um desperdício, nada lhe impede de voltar a treinar. Além do mais, você devia ter que idade quando ganhou aquelas medalhadas e troféus? A minha idade, talvez um ano mais velho? — Perguntou Chris retoricamente. — Você ainda é um homem muito jovem, é o que quatro ou cinco anos mais velho do que eu. Você é muito novo. Tem toda sua vida pela frente. Não a desperdice John. Volte a jogar, ou pelo menos a treinar, pois isto lhe faz bem não só pro corpo, mas pra mente também.

— Não sei, tenho muito trabalho e treinar sozinho, não me é muito atraente.

— Se esta é a questão, eu poderia treinar com você... Poderia me ajudar dando algumas noções básicas... – ele deu uma piscada para mim e sorriu inocente.

— Obrigado Chris, vou pensar, mas estou meio sem tempo no momento.

— John, você passa o dia trabalhando em casa, você faz seu horário... Bem, se mudar de ideia... Estou aqui. — ele saiu.

Na manhã de quarta feira, Chris havia preparado a papinha de Ben e o chamou, pois este estava brincando no chão, próximo ao sofá, enquanto eu assistia tv.

— Ben, my honey. Hora da papinha. — Falava Chris enquanto se aproximava e o pegava no colo — Venha querido, vamos comer pra você crescer e virar um homem tão lindão quanto o seu pai. — Chris disse isso, enquanto olhava fixamente nos meus olhos e esboçava um leve sorriso provocante, saindo logo em seguida para cozinha me deixando na sala com a cabeça cheia de caraminholas.

Na quinta-feira à tarde, enquanto Ben assistia a alguma coisa que passava na tv fiquei observando Chris que comia uma maçã. Percebi que Chris tinha uma boca bonita, nada exagerado, vermelha, saborosa, tão tentadora quanto à maçã que ele comia. Me distrai observando-o até que percebo que ele estava me olhando.

— Deseja alguma coisa John? — Pergunta Chris com um sorriso provocante no rosto.

— Não, nada. Obrigado. — Disse sem jeito por ter sido surpreendido por Cris.

— Se desejar, será um prazer. — Ele disse voltando os olhos para a tv.

No final daquela tarde, quando Scott veio pegar Chris, como de costume fiquei em uma região da varanda que não me expõe tanto a quem está na rua, mas me permite observá-los sem ser visto, pelo menos não por um transeunte desatento. Fiquei observando enquanto Chris saia de casa, já que Ben sempre dorme neste horário. Chris passou pela varanda, de cabelos molhados, pois este havia tomado banho há pouco tempo. Atravessou a rua e foi até a moto de Scott.

Mas, dessa vez, diferente das outras vezes, ele não subiu imediatamente como de costume. Ele olhos de soslaio para ambos os lados da rua e beijou Scott. A principio fiquei sem reação, um tanto chocado, e ao mesmo tempo mortificado. Acabei me levantando e indo em direção à saída da varanda onde podia observar com mais clareza aquela cena. Até que no meio do beijo, Chris para, solta Scott, olha pra mim sorrindo triunfante e diz:

— Até amanhã John! — Seu sorriso se tornou mais pronunciado e seus olhos ganharam um brilho cândido com estas palavras. Eu? Eu quase morri de vergonha. Olhei de imediato pra Scott que estava de costas para mim e olhou pra trás todo vermelho por se descobrir sendo observado e eu senti meu rosto queimar de vergonha. Chris continuava lá sorrindo, um sorriso que poderia ser tanto inocente como poderia ser de deboche. Não falei nada, apenas entrei em casa.

Na sexta e no sábado, simplesmente não vi Chris, o que me foi providencial.

— Está pronto amor. — Perguntou Grace já animada por ir à casa de seu pai.

— Quase. — Estou terminando de colocar minha roupa.

Ao chegar em baixo já encontro Grace e Ben prontos. Ainda era cedo, mas como parte da família dos anfitriões era nosso papel bancar a família unida e feliz. Fomos para a casa do meu sogro, ou se preferir, do senhor Frank Lovejoy, um emergente, ou como muitos gostavam de chamar, um novo rico. Alguém cujo dinheiro lhe abria as portas da alta sociedade, mas isso não significava que este era bem vindo. Bastante dinheiro mais nenhuma tradição e refinamento.

— Bom dia Frank! — Disse ao chegar cumprimentando-o.

— Bom dia John. Onde está meu pequeno Ben? — Falou já o vendo nos braços de Grace e ignorando qualquer possível resposta que eu tivesse dado. — Vem cá com o vovô, vem? — Foi tudo o que aquele velho nojento falou comigo. Acho que nossa empatia, ou a falta dela, era meio quer reciproca. Ele me suportava por ser seu não desejado genro, imposto por um erro adolescente cometido por sua filha e que ele aprendeu a amar chamado Benjamin. E aquele velho nojento ia tratando de tentar comprar ou subornar o meu filho, pois só assim pra alguém gostar de um velho daqueles.

A casa de Frank era muito ostensiva, algo para chamar a atenção aos olhos mesmo. Tratava-se de uma mansão branca com colunas da mesma cor que lhe circundavam todo o perímetro com grandes janelas espaçadas em vidro que enxiam a casa de alegria e vida. Seu piso era todo em mármore, na frente da mansão se encontrava uma fonte que era circundado pelo caminho que conduzia os visitantes a mansão Lovejoy, um imenso gramado e um grande jardim. O churrasco estava sendo organizado na ala leste do jardim da mansão Lovejoy e os convidados, em sua maioria, pertencentes da alta sociedade branca de Atlanta. Os demais convidados eram, assim como os Lovejoy, emergentes sem berço que aos olhos de uns formariam uma nova roda de ricos sulistas e aos olhos de outros corrompiam e denegriam a antiga aristocracia falida que estava com suas fortunas arruinadas desde a época da Guerra da Secessão.

— Grace querida, quer um chá gelado ou uma Coca-Cola? — Falei tentando fazer qualquer coisa pra me distrair de mais um churrasco entediante do meu sogro.

— John, eu adoraria um chá gelado, por favor, se não for incomodo.

— Claro que não, querida. — Respondi tentando fugir o mais rápido possível dali. Aturar Frank no trabalho era obrigação, mas durante a semana já bastava, não é?

A mansão estava com muitos convidados, à maioria espalhados pelo jardim e gramado. Em sua maioria, usando suas roupas em tons claros, os homens com seus sempre presentes chapéus, alguns mais velhos usavam suas bengalas com detalhes ornamentados em prata, os mais jovens estavam próximos a casa onde podiam desfrutar das músicas dos aparelhos de rádio da época, enquanto outra parte se divertia na imensa piscina que ficava na parte dos fundos da propriedade. As mulheres sempre embaixo de alguma área ensombrada e com seus leques tentando afugentar o calor, algumas, a maioria na verdade, com seus chapéus elegantes, uma tentando ostentar mais dinheiro e poder que a outra.

Sempre as mesmas conversas maçantes sobre uma Geórgia que já foi que não é mais. Um tom melancólico e saudosista para alguns, ou esperançoso e sonhador para outros. A verdade é que muitos dos ali presentes, mal se suportavam, alguns se julgavam melhores por seu dinheiro, outros se julgavam melhores por seu berço. Enfim, tudo pessoas da mesma laia, bando de gente esnobe. Até que cheguei onde estavam servindo as bebidas, quando as pego que vou saindo...

— Bom dia John! — Chris estava usando uma calça social clara, de um tom bege, blusa social branca por dentro da calça, todas em tons claros assim como a maioria das pessoas ali presentes, para fugir do calor. Usava sapato preto, bem engraxado, impecável. Chris logo, me lança um sorriso deslumbrante.

— Bom dia Chris. — Respondi secamente.

— Onde está Grace? — Perguntou com um leve tom de

— Não sei exatamente, tem tanta gente aqui que acho que meio que me perdi. — Falei tentando me manter o mais longe possível de Chris.

— Por isso não deixo que me companhia ficar longe de mim. — Falou enquanto mantinha acenava na direção de Scott que estava atrás de mim, a uns 20 passos de distancia pegando bebidas para ambos.

Quando vi Scott se aproximando com um copo de cerveja e um de chá gelado para Chris, decidi que seria melhor não mantê-los por perto, pois da última vez que os vi, não foi exatamente um encontro agradável.

— Bem, preciso ir, Grace está me esperando.

— Nós lhe acompanhamos. — Falou Chris já caminhando ao meu lado. Antes, eu estava desconfortável por aquela sessão entediante de conversa vazia, agora estava terrivelmente tenso. O garoto me acompanhando com o tal do namorado dele, e cumprimentando aos poucos as pessoas que passavam com o habitual jeito doce.

Seguimos até onde estava Grace e nossa família. Logo que Ben viu Chris já quis ir pra perto dele, pois meu filho havia mesmo se apegado a este garoto. Frank ao perceber isso levou logo o neto até Chris.

— Portman é mesmo você? — Falou Frank, de forma gentil, eu diria até delicada.

— Sim, senhor Lovejoy, sou eu sim. — Respondeu Chris sorrindo para o pequeno Ben que tentava a todo custo ir pros braços de Chris — Belo churrasco esse que o senhor organizou aqui hoje, hein?

— Obrigado Portman. Não sabia que você havia voltado de San Francisco. E seus pais como estão?

— Bem senhor. Obrigado. Perdoe-me a distração e a ousadia, mas trouxe um amigo meu de San Francisco que está de passagem por Atlanta para seu churrasco, espero que não se importe. Desculpe-me a grosseria. Senhor Lovejoy este é o senhor Scott Carter. — Chris apontou para o jovem Scott que estava também usando uma roupa social que lhe marcava muito o corpo, talvez por ser algo de Chris, talvez Chris lhe tenha emprestado algo apropriado para a ocasião. — Scott Carter este é Frank Lovejoy, dono desta magnifica propriedade e pai da adorável senhora O’Connor.

— Prazer senhor. É uma honra está na companhia de sua família. — Falou Scott mostrando todos os dentes brancos de sua boca.

— O prazer é meu jovem. — Respondeu Frank

Eu estava boquiaberta, sabia que Frank gostava da imponência, de um bom sobrenome sulista, de julgar as pessoas pela cor de sua pele, mas quando se referia ao pequeno Chris ele se metamorfoseava em um anjo de candura, nem parecia o mesmo homem com o qual trabalho.

Esperei um pouco, enquanto observava Chris e Scott. Scott sempre próximo a Chris, como se ele fosse oxigênio para os seus pulmões ou como um cãozinho seguindo o dono. Até que ele desgrudou um pouco de Chris e eu agarrei a oportunidade.

— Chris me acompanha.

— Oi? — Chris falou como se não estivesse entendo.

— Me segue até dentro de casa.

Levei-o até uma sala pra poder conversar com ele.

— Christopher você ficou louco? Trazer este cara aqui pra esse churrasco, onde estão quase todos da comunidade e se elas desconfiam? O que é que você faz? — Perguntei realmente me preocupando com Chris.

— Obrigado John, mas realmente não precisa se preocupar, pois todos pensam apenas se tratar de um amigo que estar de passagem pela cidade e que no momento está hospedado na minha casa.

— Chris você tem alguma noção do perigo que você está correndo?

Chris deu um sorriso leve, enquanto se aproximou de mim.

— Senhor O’Connor... — Ele pronunciou o meu nome bem devagar, como se enrolasse cada letra na língua dele deixando isso de um modo quente e aveludado, como caramelo derretido. E fixou os olhos violetas nos meus e pousou a mão primeiro botão da gola de minha camisa, desabotoando-o.

— Perigo? Isso não te deixa ainda mais... Excitado senhor O’Connor? — Chris disse de maneira formal, saindo de minha frente, com um sorriso provocante no rosto.

Voltei para a festa e não os vi mais. Após algumas horas eu precisei usar o banheiro, mas o do andar de baixo estava ocupado, então resolvi usar o do andar de cima. Subi as escadas, claro que já conhecia bem o caminho. Quando me dirijo para o banheiro social do andar superior escuto algo que me chama atenção. Uma conversa que vinha do quarto de hóspedes.

— Por favor, seremos rápidos, vai? Eu prometo — Suplicava Scott.

— Não, aqui não Scott, controle-se.

Scott estava posicionado entre as pernas de Chris, abraçando-o, segurando-o firme como se ele fosse escorrer entre os dedos... Cada beijo produziam smack’s cada vez mais estalidos, cada toque que um dava no outro era o suficiente para derreter um bloco de gelo. Scott passeava as mãos descaradamente pelas partes internas das coxas, subindo pelas laterais da cintura... E suspiros profundos, seguidos por mordiscadas no pescoço.

— Chris, só um pouquinho, por favor, eu não tô aguentando mais!

— Nana- nina- não! — Ele disse dando um selinho na boca.

— Olha só o estado que você me deixa. — Scott pega a mão de Chris e a puxa para o cós de sua calça esfregando-a em seu pau. — Tá sentindo? Olha o que você faz comigo.

— Vejo sim... Mas... A resposta é... Não. Mas como sou um bom menino...

Chris então pega o dedo indicador de Scott, e passa a língua bem devagar intercalando com mordidinhas, fazendo-o o mesmo se contorcer como se tivesse sendo eletrocutado. Ao ver toda aquela cena, eu começo a perceber uma sensação estranha, percebo que fico de pau duro ao ver como Chris se esfrega em Scott e me perguntando sobre... Como será o gosto do beijo de Portman?

Eles continuam com aquelas carícias ousadas naquele quarto e eu a os observar, até que escuto um barulho no corredor que também chama a atenção deles e eu saio de lá correndo. Antes que estes me flagrassem a observá-los mais uma vez. Desço as escadas o mais rapidamente possível e volto para a minha mesa. Após uns dez minutos, vejo Chris voltar e ficar a conversar animadamente com algumas pessoas com se nada houvesse acontecido anteriormente naquele quarto. Chris pega mais uma última colher do sorvete de morango que a leva a boca, abrindo seus olhos violetas de encontro aos meus...

.

VERSÃO BRENT

.

— Se ele queria segredo sobre a relação dele, por que diabos levaria o cara para o churrasco? — Indaguei para John.

— Para não levantar suspeitas é óbvio. O garoto era um gênio. — John sorriu de maneira divertida — Se ele apresentasse a todos o tal Scott, ninguém suspeitaria deles enquanto passeassem pelas ruas do bairro.

— E ainda por cima, se engatando no quarto de hóspedes... — Disse levantando a sobrancelha.

— Ele não tinha medo do perigo não? — Disse Gerald um tanto enojado, tentando imaginar a cena.

John bufou.

— Pessoas da “espécie” de Chris, não sentem acuadas pelo o perigo... Pelo ao contrário. — Disse John em um tom glacial. — Elas provocam e gosta do perigo.

— Como sabe disso? — Gerald indagou.

— Experiência própria. — John respondeu ainda frio.

CONTINUA

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Comentários

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cara seu conto é fantasístico por favor continue ele logo ele é simplesmente magnifico estou sem palavras parabens.

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Acho que vou gostar da sua história até o final. Continue desse jeito porque está perfeito a vossa história.

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Ual eu acho os gestos do Chris tão excitantes e inteligentes ao mesmo tempo.

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excelente vc é um maravilhoso escritor parábens.

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Merda é vc seu imbecil, que ao invés de procurar o que fazer fica menospresando o trabalho dos outros. Vá se fuder carniça, que não serve nem pra comida de urubu! Amigo, seu conto é mais que maravilhoso!

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Esqueceu de mim foi ingrato? Rsrsrsrs... não comenta mais o meu conto... AMigo, muito obrigado pela dedicatória, vc sabe o quanto eu curto vc. O conto está maravilhoso, só não há necessidade de detalhismo irrelevante. Confio no seu conto, e estou amando. Volte a lê os meus, já! Kkkkk... Xero!

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Obrigado pela dedicatória Iky meu amigo querido. Chris está conseguindo seduzir sua vítima. Com certeza ele é perigoso. Esse conto é com certeza imprevisível. A abertura está ótima =) Esse clima de interrogatório... Rsrs Só faz cresce o suspense e a expectativa. Mas na minha opinião (que não vale muito rsrs), o detalhismo é bom, muito bom. Mas às vezes é tão detalhado que algumas coisas se tornam irrelevantes. Parabéns pelo conto amigo! Ansioso pelo próximo.

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Iky meu amigo, esta maravilhoso. Aprendeu comigo tambem todo esse talento, nao poderia ter se saido um escritor melhor, kkkkkkkkkk. O conto mesmo sendo americanizado, que e minha unica critica, esta muito bom de ler, ja estou me acostumando com os personagens. Parabens e continua logo.

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Iky seu conto está perfeito, vc é um escritor excepcional...continua logo...

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ata agora eu lembrei vc escreveu junto com my way ne /nossa o seu conto esta otimo nota 10

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Obrigado pelo agradecimento, fico lisonjeado. E espero que também tenha paciência comigo, pois cara, tu sabe que eu vou te perturbar, já estou perturbando... brincadeiras a parte, no que precisar sabe que é só pedir, que no que eu puder te ajudar, ajudarei, já te considero um dos meus grandes amigos aqui da casa.

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