Amizade verdadeira vira amor. Capítulo 1
Tudo começou em janeiro de 2011, quando eu, Fabrício Dion, entrei para o curso técnico de automação industrial no SENAI do Rio. Até então, eu não havia namorado, com ninguém, nem homem, nem mulher, mas sabia que era gay, mas também não era assumido para a família e a sociedade, só havia minha confidente, Michelle que eu contava tudo que acontecia comigo. As aulas iniciaram-se no dia 25 de janeiro, mas efetivamente, ganhariam mais fôlego depois do Carnaval, redundante, ou não, torço, para a Mangueira.
Em março, começou aquele troca-troca de professores, e as apresentações, cada vez mais desnecessárias. A vida no curso, paulatinamente foi ficando mais complicada, e a divisão da sala foi inevitável. Com o distanciamento da sala, os grupos foram sendo formados, e amizades inesperadas, foram sendo tecidas, meu grupo inicialmente era composto apenas por homens, nos quais havia: eu, Rafael, Felipe, Luanderson e Marc. Como o curso exigia muito esforço físico e mental, muitas pessoas foram desistindo, e de 40 alunos, só firam 23 ao término do curso em abril de 2012.
Os meses foram passando, e os integrantes do meu grupo foram desistindo curso, por várias razões, e eu fui me reorganizando com as pessoas da sala.
Deixe-me contá-los, eu sou moreno, tenho 1,73 m, olhos castanhos, corpo normal e 17 anos. Minha família é grande, mas ainda bem que nem todos moram comigo. Meus pais são divorciados, desde quando eu fizera dois anos, mas ao contrário de muitos pais separados, eles se dão super bem. Minha mãe é branca, tem 40 anos e é super liberal, é professora da universidade estadual do Rio. Meu pai é alto, negro, bonito, mas do que eu, e trabalha na Petrobrás. Por ser filho de pais separados, e por desejo de não magoá-los, resolvi, ainda aos 12 anos morar, com minha avó paterna, que se chama Maria, e é super conservadora, mas me mima muito.
Na minha adolescência começaram a ficar mais evidente para os familiares e conhecidos, de que era gay. Na escola sempre sofri bullying, por ser mineiro, e ter sotaque diferente e também por não apresentar características tipicamente masculinas. Pois eu não jogo futebol, apesar de torcer pelo Cruzeiro, não tinha coordenação motora quando solicitado a fazer atividades físicas na escola.
Meu relacionamento com os familiares, foi ficando cada vez mais distante, principalmente, por causa dos seus posicionamentos e eu sempre fui contrário à eles. Minha família e católica e eu claro, não partilho dessa religião, eles são em geral preconceituosos, em relação à sexualidade, região do país e até em relação à própria família.
Sou muito tímido, e por conta disso, raramente desenvolvia amizades. Sendo assim, só restavam-me os estudos, por isso, sou taxado de nerd até hoje.
Aos meus 14 anos, foi ficando cada vez mais intenso meu desejo por homens, sempre ficavam imaginando eles nus e em cima de mim. Sempre ficava no computador olhando filmes gays, e claro não paquerava meninas, não falava os assuntos homens, e sempre disfarçava questões relativas a sexualidade. Ainda há alguns anos atrás por conta da perseguição dos meninos da escola, uma vez quase fui agredido, e uma menina chamada Michelle me defendeu, e contou ao diretor, que era pai dela que os meninos agrediram a mim e a ela, aí eles foram expulsos, e ganhei uma relativa paz momentânea na escola. Michelle é lésbica, mas apenas eu sei de sua orientação sexual. Infelizmente no ano seguinte Michelle foi embora para a Bahia, e eu fiquei só.
Aos meus 15 anos, mudei de escola e entrei no ensino médio. Foi fácil me enturmar, e eu decidi que a partir daquela data eu seria uma nova pessoa. Por causa do meu novo estilo, acabei fazendo muitas amizades, e apesar de ser facilmente identificável que sou gay, sempre fui respeitado pelos meus novos amigos. Sendo assim, fui ganhando a admiração e o respeito de todos, e fui legitimado como o líder da sala e do grêmio do colégio, mesmo com boas condições sempre preferi estudar em escolas públicas. Pois acredito que se a educação melhorar, as pessoas tiverem mais amor e maior tolerância, o mundo será bem melhor.
Com aproximadamente 6 meses de curso, em julho de 2011, o curso deu uma guinada, pois várias pessoas saíram, e nós passamos mais tempo juntos, por exigência do curso( manhã e tarde), a amizade e a cumplicidade se desenvolveram em pequenos e fechados grupos. Sendo assim, ocorre uma reformulação, e o meu grupo, passa a ser: eu, Marc, Vanessa e Mira. Sempre estávamos juntos, fossem em atividades, provas, intervalo, relatos da vida e diversos assuntos. Nunca pensei que iria encontrar as melhores pessoas que eu pudi conhecer na vida. Eu e Marc, estávamos sempre juntos ouvindo música com o mesmo fone, a música que sempre ouvíamos era Set fire to the rain da Adele, tomando café preto, que é nosso vício em comum, conversando sobre nossos problemas familiares, já que a família de Marc nunca o ajudou na sua vida e, desde cedo ele trabalha para se sustentar, ou seja, ele é um homem de verdade. Sendo assim, faltavam mais 8 meses para o término do curso em abril de 2012. Marc, mesmo que heterossexual, nunca demonstrou quaisquer sinais de desrespeito e homofobia. A namorada de Marc era linda e se chamava Geiza, morena, alta, corpo bonito e gente boa, eles tinham um excelente relacionamento e aparentam estar se amando muito e felizes. Com um pouco mais de tempo, com o carinho e amizade dele, eu estava perdidamente apaixonado, e é claro, triste. Pois eu nunca iria ter aquele apaixonante homem pra mim...