Olá meus queridos! Como foram de Carnaval? Caíram na folia? Pois bem, a minha ausência é justamente essa: curtir muitoooo os blocos de rua e não tive tempo de postar nada. Mas estou de volta meus lindos. Beijosssssssss e Boa Leitura...
O Bernardo ria pra si mesmo. Parecia ter ganhado uma competição criando toda aquela mentira para ela. Queria de qualquer forma estragar o relacionamento do primo, e foi ao baixo escalão para conseguir isso.
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Era um dia de sábado, com um sol brilhando do lado de fora. Aos poucos, o Guilherme ia conquistando o coração de sua sogra. Mesmo sendo evangélica e muito religiosa, admitia pra si mesmo que tanto ele, quanto o próprio filho, eram homens de bem e não faziam mal a ninguém. A única coisa que ela sempre pedia para ambos era a discrição. O pequeno André, irmãozinho do Andrey, dava super bem com o Gui.
Guilherme se encantava pela família do seu amado. Mesmo sendo tão humildes, ele via a verdadeira expressão do amor, da união, do companheirismo... Coisas que jamais pudesse ver em sua família; muito pelo contrário, na verdade eles eram um bando de cobras querendo engolir uns aos outros. Tinha certeza dentro de si, que fez a escolha certa. O Andrey definitivamente mudara a sua vida. Ele por diversas vezes olhava-se no espelho e não acreditava no novo homem que transformara-se. Mais maduro, mais responsável, mais carinhoso, mais equilibrado. Por mais que estivesse longe de todo o luxo e conforto que sempre tivera, o mais importante era estar ao lado do seu Deus de Ébano.
- Anda pilantrinha, eu quero chegar cedo a praia. – dizia Guilherme impaciente com a amiga.
- Pronto apressadinho, vamos. Já ligou para o Dinho e o Andrey?
- Eles já estão nos esperando na praia há muito tempo.
- Nossa! Pelo visto me atrasei mesmo hein? Vamos, vamos. – era a vez de ela dar pressa.
Eles combinaram de ir à praia naquele Sábado maravilhoso de sol. Em poucos minutos, o grupo estava reunido e sentado na areia, apreciando a brisa gostosa do mar. Andrey passava protetor solar no seu branquinho, enquanto o Dinho fazia o meso na amiga.
- Vamos cair na água amor? – perguntou Andrey.
- Agora não nego. Daqui a pouquinho.
- Eu vou contigo Andrey. – o Dinho se levantou e foi junto com o amigo para o mar, enquanto Lívia e Guilherme ficaram na areia conversando.
- O Andrey é um cara muito bacana. A cada dia que passa gosto ainda mais dele. – disse Lívia olhando para ele.
- Ele é o homem mais especial que eu já conheci na vida. Às vezes tenho medo de perdê-lo amiga.
- Para de bobagem amoré, o Andrey é louco por você e jamais iria te deixar.
- Não sei... E esse silêncio da minha família me incomoda. Desde o dia em que eu sair de casa, os meus pais não falaram nada, não armaram nenhum escândalo. Será que eles se conformaram com o meu romance?
- Acho meio difícil Guilherme, mais vai ver caíram à ficha deles, de que não podem fazer muita coisa.
- Quer saber? Melhor esquecer esta história.
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- Eu vou ter que ligar para o Alberto. Ele tem que tomar uma providência. – dizia dona Sandra nervosa.
- Calma tia. Talvez tudo isso possa ser mentira. Eu só fiquei sabendo dessas coisas, porque um amigo meu, tem um funcionário que mora na mesma rua desse tal Andrey, e contou que ele era bandido e usuário de drogas.
- E você acha que tudo isso possa ser mentira? Claro que é verdade. É só olhar na cara daquele negrinho e vê que ele não presta.
- Quê isso dona Sandra? – disse assustada a empregada.
- Vou acabar com esse relacionamento. O meu filho não pode ficar com este rapaz. Vocês já pensaram que ele pode inclusive estar correndo perigo?
A cada palavra de aflição da tia, o Bernardo se gloriava por dentro. Tudo estava saindo como ele planejava. Colocar a família contra o Andrey e de certa forma contra o primo também.
Dona Sandra já discava o número do telefone do marido.
- Isso mesmo que você ouviu: ele é um marginal Alberto. E pode influenciar o Guilherme a usar drogas também.
- Eu sabia! – exclamou ele do outro lado da linha. – O seu filhinho só se mete com gente que não presta Sandra. E no final das contas, sou eu o errado para ele. Além de aquele homem ser... Negro, ainda é um traficante. Mas pode deixar que desta vez eu mesmo vou cuidar deste caso.
- Faça alguma coisa. Tire nosso filho o mais rápido possível de perto deste rapaz. – ela falava nervosa.
- Fique calma. Eu já disse que vou dar um jeito. Tchau.
Ele desligou o telefone e ela chorava no sofá.
- Tia não fique assim. Tudo vai acabar bem. Olha, eu só peço que a senhora não conte nada para o Guilherme que foi eu quem disse tudo isso. Eu gosto tanto do meu primo e só estou fazendo isso pelo bem dele.
- Eu sei meu filho, eu sei. Você é um rapaz maravilhoso. Pode deixar que eu não irei contar nada.
Eles se abraçaram e o Bernardo sentia-se mais orgulhoso do que nunca.
Enquanto isso, na praia todos se divertiam, tomando uma cerveja bem gelada e comendo deliciosos petiscos.
- Olha só esse bofe gente. O que é isso meu Deus! – Dinho suspirava, ao passar um belo rapaz perto deles.
- Você não deixa escapar um né seu safado? – Lívia ria do amigo que nem parecia ligar para o que ela dizia.
- Este daí sai passando o rodo no homem que ele vê pela frente. – disse Guilherme arrancando risos de todos.
- Acho que o seu celular está tocando amor. – falou Andrey para ele.
- Hã? Não pode ser. É o meu pai.
- Seu pai? – perguntou Lívia também surpresa.
- Eu não vou atender!
- Claro que vai. Veja o que ele quer meu amor.
- Com certeza, estragar o meu dia. – disse ele firme.
- Atende amigo.
- Tudo bem. – Alô!
- Oi Guilherme. Eu preciso conversar com você ainda hoje, pode ser?
- O que você que falar comigo? Ao que eu me lembre, não temos nada para falar um com outro.
- É um assunto urgente e do seu interesse.
Guilherme ficou tentando imaginar o que poderia ser, e por fim, sua curiosidade falou mais alto, resolvendo aceitar a conversa.
- Tudo bem então.
Marcaram de se encontrar na casa da mãe dele, às sete da noite.
- O que ele queria? – perguntou Andrey.
- Conversar.
- Talvez ele esteja querendo fazer as pazes com você meu amor.
- Como se eu acreditasse em milagres e quisesse me reconciliar com ele. – Guilherme foi bem cético em sua afirmação.
Passaram mais algumas horas ali, até o cair à tarde. Voltaram para casa e Guilherme foi para o banheiro tomar um banho e depois ir ao encontro do Sr. Alberto.
- Toma cuidado ta? – disse Lívia, vendo que ele estava pronto para batalha. Sim, era esse o nome certo a ser dado para todas as conversas entre os dois. Pois parecia mais um campo de guerra do que um ambiente com um diálogo saudável.
Guilherme parou seu carro em frente à casa da mãe, jogou o resto do seu cigarro no lixo, respirou fundo e entrou. A pedido do Sr. Alberto, dona Sandra saiu de casa, deixando-os a sós.
- Como vai Guilherme? – disse ele sério.
- Muito bem, obrigado. Então? O que você quer conversar comigo?
- Sente-se. – ordenou ele.
- Seja breve, pois eu estou muito ocupado. – Guilherme não demonstrava nenhuma cordialidade.
- Vou ser direto meu filho. Eu quero que você largue o marginal que está com você?
- O quê? Você está ficando louco? O marginal aqui é...
- Veja bem o que você vai dizer.
- E você veja bem como trata as pessoas. Se for para dizer isso. Tchau. – ele virou as costas.
- Espere Guilherme! Aquele rapaz... Bem... Eu descobri que ele usa drogas e está envolvido com bandidos.
Guilherme começou a rir da cara dele.
- E você espera que eu acredite nisso? O Andrey é o homem mais íntegro e honesto que eu conheço e eu um idiota que estou aqui ouvindo isso.
- Será que você não é capaz de enxergar que aquele negrinho não presta.
- Não fale assim dele! – Guilherme gritou, e gritou muito alto. – Vocês não vão conseguir me separar dele. Não vão.
- É uma ordem. Vai largar este homem sim. Eu ainda sou o teu pai seu muleque.
- Isso não pode ter vindo de você nem da minha mãe. Quem te falou estas loucuras hein? – ele estava possesso.
- Isso não vem ao caso.
- Fala seu monstro, quem te falou isso do Andrey? Quer saber uma coisa, mesmo se ele fosse tudo isso, ainda sim, eu ficaria com ele, só pra ter o gostinho de te provocar.
- Eu não sei o que eu faço com você.
- Mais do que você já fez? Estragando a minha vida durante todo esse tempo?
Nesse momento eles foram interrompidos com a chegada surpresa do Bernardo que sempre ia visitar a tia.
- Tio, eu...
- Agora o circo está completo. – dizia Guilherme com ironia.
- Eu vou indo, depois eu volto.
- Você não vai a lugar algum seu filho da puta! – o Gui ordenou.
- Pare com isso Guilherme!
- Parar? Ta com medinho que eu conte toda a verdade sobre o que vocês fizeram comigo? – disse Guilherme.
O clima estava ficando cada vez mais pesado. Guilherme já havia se transformado num verdadeiro bicho. Ofender o seu amor, justo ele que é tão adorável e correto. Aquilo foi como se enfiassem uma faca no seu peito e não deixaria barato até descobrir a verdade.
- Você não sabe o que está falando primo.
- Não me chama de primo. Me dá até nojo saber que eu pertenço a mesma família de vocês. Se eu tivesse direito a um pedido na vida, com certeza seria o de nunca ter nascido nesta família.
- O assunto aqui é o teu namoradinho negro. Você é branco Guilherme. Todos da família são brancos, descendentes de europeus. Aquele cara não combina com você. – disse seu pai inconformado.
- Pois é daquele negro que eu gosto e é ao lado dele que eu vou ficar.
- Ouça o tio primo. – Bernardo o provocava.
- Tá com ciúmes imbecil? Só porque ele é mais homem que você? Só porque todos tem pena de um ser podre e sujo como você? – Guilherme conseguiu atingir a ferida dele.
- Eu não preciso que ninguém tenha pena de mim, pois posso ter que eu quiser. – o Bernardo já estava com os olhos cheios de raiva.
- Parem vocês dois. Eu vou mandar a policia investigar a vida desse Andrey e se ele estiver metido em alguma coisa errada, ele vai pra cadeia.
- Pois tente importunar a vida dele e a minha, que você vai ver do que eu sou capaz de fazer. – Guilherme ameaçou o pai e saiu dali quase arrombando a porta.
Do lado de fora, o seu celular toca.
- Alô!
- Oi meu anjo. Como você está? – perguntou aquela voz do outro lado da linha.
- Não muito bem. Pode me ligar mais tarde?
- Te ligo sim. Mas vou adiantar o assunto. A minha loja está pronta, e eu preciso de alguém para administrá-la ao meu lado, se você quiser... O emprego é seu. – disse o Igor.
- Depois te ligo. – ele não queria pensar em nada naquele momento. Estava com muita raiva do pai e do Bernardo.
CONTINUA...