Disfarçadamente coloquei o braço do Felipe para o outro lado, enquanto ela apenas nos observava.
- Você já acordou Júlia? Na cozinha tem pão, mortadela, mussarela e presunto se você quiser comer.
- Não precisa se preocupar.
- Então fica a vontade, eu vou tomar banho
Tentei acordar o Felipe, que provavelmente estava morto tanto quanto eu. Depois da algumas tentativas, Felipe acordou meio sonolento, se levantou e foi escovar os dentes enquanto eu aproveitei e tomei banho.
Quando eu o Felipe fomos para tomar café, a Júlia ainda estava desconfiada, e resolveu soltar um comentário.
- Vocês são muito amigos, né?- disse tentando tirar alguma explicação pela situação anterior.
- Desde crianças, né Gu?- disse Felipe sorridente.
- É difícil ver uma amizade tão... intima e duradoura.
- A gente briga, briga de novo, mas no final volta a fazer as pazes.- disse Felipe olhado fixamente pra mim.
- E a sua namorada não fica com ciúmes dessa amizade de vocês?- disse Júlia olhando para o Felipe.
- Eu não tenho namorada. – disse Felipe secamente.
- Jura? Por quê? Você é tão bonito! É ESTRANHO você não ter namorada.
- É uma escolha minha apenas.
- A conversa ta muito boa e tal, mas a gente tem que ir pra faculdade, se não a gente vai chegar atrasado.
Na faculdade tudo correu como de costume, sem nada de interessante para contar até o intervalo, pois foi nele que eu e o Felipe ficamos boquiabertos com as notícias que estavam circulando pela faculdade. Primeiramente só caiu a nossa ficha, quando um menino passou do nosso lado e disse.
- Olha o casal que dorme junto e agarradinho.
Eu e o Felipe não nos importamos, pois pensamos que eles estavam falando sobre algum outro casal que estava perto da nossa mesa. Mas até o final da aula, esses comentários continuavam passando pelos nossos ouvidos. Foi então que eu me toquei que só poderia ser uma pessoa que deveria ter espalhado os boatos: Júlia.
Contei pro Felipe que ela tinha visto a gente dormir abraçado e tinha contato pra quase metade da faculdade. Logicamente que eu e o Felipe ficamos PUTOS de raiva, pois ninguém precisava saber sobre a nossa relação além das nossas famílias.
Terminando a faculdade nós fomos para casa ter uma conversa séria com a Júlia, chegando no apartamento ela estava preparando algo para almoçar, quando eu já fui pra cima dela com todo o meu ódio.
- Foi você que espalhou os boatos, né? É incrível como você mal chegou e já está estragando a vida dos outros fazendo fofoca. – disse com a voz alta
- Qual boato? O de vocês dormirem juntos e agarrados?
- E o que você tem a ver com isso? Que eu saiba ele não está dormindo com você! Então porque você se importa?
- Porque ele deveria! Homem que é homem tem que gostar de mulher! Eu estou aqui disponível
- Você não é mulher, é uma puta que acha que todos os homens tem que fazer o que você quer.
- Você ta me chamando de puta, porque nenhum homem resiste á mim?
- Desculpa! Eu não deveria te chamar de puta, porque assim eu vou estar ofendendo as prostitutas!- disse com tom irônico.
- E eu que achava que você era legal Júlia, tô vendo que você é muito pior do que o Gustavo imaginava. – disse Felipe desapontado.
- Eu não espalharia o boato se você não tivesse se recusado a ficar comigo.
- Como que é? Você pediu pra ficar com o Felipe? Você não tem vergonha nessa sua fuça, não?
- Bom agora se você me derem licença, eu tenho que me mudar, pois meu apartamento está pronto.
- Agora que você fez a bagunça, você vai embora? Você nem é mulher para encarar as suas ações.
- Não tô nem aí o que você acha ou não de mim! Só sei que vocês dois são duas aberrações e espero que todos percebam isso.
E assim ela saiu do nosso apartamento e apenas deixou o caos para trás.
Felipe e eu sentamos no sofá e ficamos um bom tempo pensando no que fazer para resolver aquele problema.