O namorado da minha amiga *26

Um conto erótico de Jhoen Jhol
Categoria: Homossexual
Contém 1646 palavras
Data: 23/03/2013 13:38:42

“É o começo do nosso casamento, amanhã vou ao convênio saber como ponho você como meu dependente”, disse ele não se preocupando em esconder a felicidade a quem quer que fosse. Aquele momento foi só nosso e foi como se o tempo congelasse os ponteiros por nós dois.

A cada dia sinto-me mais feliz ao lado dele que se mostra melhor vez após vez. Jamais esperei entender o amor assim, tão delicado, tão terno. Hora da irresponsabilidade! Hihihi “Coelhinho, você tem o resto do dia livre e eu também, eu sei que é quarta-feira, mas você não que fugir comigo pra gente tomar um banho de piscina lá chácara não?” Perguntou-me Marcello afrouxando a minha gravata. “Como dizer não pro meu cachorrão?” Respondi hihihi. Resolvemos ter a tarde para gente e pedimos uma limonada dupla, com um quilo de gelo hahaha.

Pouco antes de sairmos, um guincho estacionou ao lado da caminhonete do pai de Marcello. “Será que eu estacionei na vaga de deficiente?” Marcello perguntou levantando-se em um susto. Naquele trecho, tornou-se hábito o guincho fazer visitas aos que ignoram a Lei.

Para nossa surpresa o carro guinchado foi um Ford corcel II que precisava de reparos na pintura e havia estacionado ao nosso lado. “Acho que estão guinchando porque é velho demais e para o motorista não pegar tétano, olha essa lataria” disse Marcello aliviado. Hoje penso que o destino aprecia o humor inglês; ainda observávamos o guincho partir quando na porta surge o religioso que ao ver o carro ser levado descontrolou-se; quis correr e correu, mas no percurso entendeu ser vã sua corrida; voltou para junto da senhora que agora segurava a criança que já não mais procurava reprimir seu choro.

“E agora? Minha carteira estava dentro do carro” disse ela ao homem que transformou seu rosto em carranca gritando com aquela senhora que para ser bondoso aparentava ser sua filha. Pelo que pudemos perceber pelos grunhidos daquele senhor descompensado, todo o dinheiro que tinha estava na bolsa dela. “Que prudente não?” Marcello disse observando a cena.

Enquanto aquele senhor ocupava-se proferindo impropérios de toda sorte, a jovem senhora demonstrava apreensão ao pôr sua mão sobre a testa de seu filho que havia vomitado. “Essa criança não está bem” ouvi de Marcello que desceu do caro e se dirigiu à aquela senhora que de perto percebemos que também chorava. “Ele está com febre?” Perguntou Marcello ao aproximar-se dela que só assentiu com a cabeça afirmativamente. “Ela está queimando” Ele disse examinando a fronte do menino. “Entra no carro que eu levo vocês ao hospital agora” Disse ele abrindo a porta para ela que exitou por um instante ao olhar para o marido que notadamente perdido a ajudou a subir no carro.

“Vocês têm convênio com algum hospital aqui?” Perguntou Marcello enquanto fazia a manobra para sair do estacionamento. “Não, nós somos de Campos Belos” respondeu a senhora, “a gente está aqui pra convenção” completou. Marcello fez cara de quem ouvia um idioma estrangeiro.

Fomos a um hospital público onde mediram a pressão e a temperatura, mas depois de esperarmos meia hora e Marcello haver se estressado com a atendente que namorava ao telefone, resolvemos levar a criança ao hospital onde Marcello é conveniado. O pai da criança que até então estava em silêncio disse envergonhado que não podia pagar a consulta ao que Marcello disse para ele não se preocupar com isso. Por sorte, o garoto foi atendido pela pediatra imediatamente.

Para nosso espanto a médica disse que pela sintomatologia apresentada podia ser princípio de meningite. Levamos um susto e o garoto teve de ser internado. Os pais do garoto nos disseram que havia dois dias a criança apresentava febre e não comia direito.

Eles têm parentes aqui em Brasília que moram na Ceilândia, um bairro mais afastado do centro, aqui chamamos de satélites para se ter uma noção.

Marcello segurou a mão do garoto que agora chorava muito e perguntou o nome dele. “Ezequiel” ele respondeu estranhando tudo.”Você tem quantos anos, Ezequiel?” Marcello continuou. “Sete” Ele respondeu, mas aparentava menos em razão do seu tamanho. “Ezequiel, a doutora vai lhe dar um remedinho e quando você melhorar nós vamos tomar sorvete ok?” Disse Marcello a Ezequiel que diminuiu o choro e quase sorriu.

Deixamos o garoto e a mãe em companhia da médica. Marcello cuidou do acerto e o senhor permaneceu calado, mas em seus olhos um misto de gratidão e vergonha se mesclavam. “Se sairmos agora talvez possamos retirar ainda hoje seu carro, ele tem alguma multa?” Marcello inquiriu o senhor que agora se mostrava mais envergonhado ainda. “tem duas” Ele respondeu.

Vamos assim mesmo ver o que ocorre. Dali fomos ao Detran, averiguamos quatro multas por excesso de velocidade e seu valor. Em seguida localizamos o carro que sinceramente era um risco se voltasse às ruas, lanternas queimadas, pneus carecas, não havia estepe. Eram tantas as irregularidades que custei crer que aquele carro pudesse exceder a velocidade. A carteira desse senhor diligente estava vencida havia 45 dias. “Como alguém assim ganha a estrada trazendo mulher e filho?” disse baixinho. “Isso é mais comum que você imagina, Claudinho” Respondeu Marcello.

Nossa ida ao depósito resultou sem frutos, o carro estava muito irregular. Seria necessário pagar uma soma alta para ele sair dali. O dinheiro que o Senhor dispunha na bolsa de sua mulher estava seguro sob o banco. Ao retornarmos ao hospital a febre de Ezequiel começava a ceder e ele dormia. Sua mãe também fora medicada, pois também estava febril por conta de uma gripe mal curada que havia voltado segundo ela.

Fizeram contato com seus parentes que moram aqui e estes já estavam a caminho. O pai do garoto verificou que a soma que dispunha seria suficiente e nos agradeceu a ajuda. Quis pagar a consulta a Marcello que nada aceitou receber, mais tarde ele me explicaria que percebendo as condições do casal julgou melhor proceder assim. Deixamos nossos telefones e pedimos para nos telefonarem quando Ezequiel tivesse alta.

Fomos embora e como já escurecia desistimos da piscina. Marcello se desculpou por haver comprometido a minha tarde. “Só de estar ao seu lado já vale o dia” respondi a ele que sorriu e me convidou pra um “cineminha”, faltaríamos à faculdade como já combinado e depois do filme fomos ao Pontão do lago namorar um pouco.

Por volta das 22h pedi a Marcello que me levasse de volta à casa, mas ele num sorriso e mordendo seu lábio inferior disse: “Estamos praticamente casados, você acha que eu não vou querer comemorar um pouquinho com o meu maridinho?” em seguida deu uma daquelas deliciosas gargalhadas que eu tanto amo e passamos o resto da noite juntos.

Marcello viajou dois dias depois para um curso em São Paulo. Uma semana sem ele. Quase morri. Acho que nossas contas de telefone virão altíssimas hihihi.

(Dois Dias depois...)

Ele chega hoje às 23h. Vocês conseguem imaginar como estou? Ezequiel melhorou, mas foram embora sem se despedir “...são 23h55”, respondeu o senhor sisudo ao meu lado quando lhe perguntei as horas para averiguar se meu relógio precisava ser ajustado.

Aquele senhor continha sua irritação mal disfarçada no modo como lia o jornal. Quanto a mim restava ter no peito um laço de ansiedade, mesclado ao querer ver de novo. Marcello que havia exatos 55min estava atrasado.

Na noite anterior ele havia me telefonado no meio da noite, acordara chorando; num pesadelo eu morria. Tudo isso ia e voltava da minha mente. O frio do banquinho de concreto em frente ao portão de desembarque do aeroporto de Brasília jamais pareceu incomodar tanto só não mais que a ansiedade que alongava maldosamente cada segundo.

Mesmo os atrasos nos vôos serem comuns penso que não me acostumarei nunca. Pensei em ir ao balcão da companhia aérea, mas desisti, ele poderia chegar enquanto eu lá estivesse.

Caminhei de lado ao outro na tentativa de fazer passar o tempo e procurei não pisar nas divisões do piso como se nesse ritual silencioso pudesse manter longe o azar. Estava distraído com a cabeça e maresia, rogando ao Eterno que me trouxesse de volta em segurança meu Marcello quando percebi que um fluxo de pessoas começava a ganhar o salão de desembarque onde ficam as esteiras com bagagens.

Algumas pessoas se acercavam do vidro procurando ver se enxergavam os que desciam na busca natural para o habitual aceno que diz: “Estou aqui”. Ao longe localizei aquele rapaz alto que pelo cabelo cor de trigo que se destacava dos demais entre os que se dirigiam à esteira para apanhar suas bagagens.

Cristo Santo, meu coração pulou em descompasso e me sentir como nos dias de festa em que se sabe que o que existe de bom tomará assento. Ao me ver Marcello sorriu. Ao deixar o salão de desembarque caminhava em minha direção, eu de tão feliz, acho que até chorei, nem sei dizer.

Ele deixou o carrinho com sua mala e caminhou em minha direção ainda sorrindo e de braços abertos. Quando ao seu encontro caminhei não queria mais nada para além do seu abraço e da certeza que ele havia voltado. “... Esse choro é de felicidade?” Ele perguntou me dando um beijo na cabeça. Respondi com um aceno afirmativamente.

Há sempre um olhar de espanto à volta e começo a crer que até os espero. Sei deles, percebo que estão em derredor, mas também sei que em sua reprovação muda, pelo tamanho e pela força do bem-querer que há entre mim e Marcello não ousam um comentário sequer. Já no táxi demos a direção ao motorista que cruzou ligeiro à noite de Brasília até a casa de Marcello.

_______________________________________________________________________________________________________

Olá Pessoas! I SURVIVED!!! Perdão por não ter postado sexta, simplesmente desmaiei quando cheguei hahahaha.

Valeu pelos incentivos, não vou parar, vou até o fim. (Obs.: Aquela estranha sensação de receber nota baixa, agora entendo os escritores!) Abraços! :3

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive Jhoen Jhol a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

cara, muito feliz de vc começar a postar a história a tempos estava querendo lê-la, me add para gente conversar lucas_be_69@hotmail.com

0 0
Foto de perfil genérica

Muito feliz por vc estar continuando a postar esta linda história, mesmo já tendo lido toda, vale muito a pena ler novamente, um grande abraço.

0 0
Foto de perfil genérica

História linda véi.. Para mesmo nao! 10

0 0