São seis horas da manhã e o despertador começa a tocar. Ao ser derrubado propositalmente no chão as pilhas saem e ele silencia. Trinta minutos depois uma voz assustada se ouve:
- Ai, meu Deus, estou atrasado!
Este é Cauê. 17 anos, branco. Cabelos longos cacheados e loiros, olhos castanhos, 1,72m, corpo... Bom! O corpo não é nada muito chamativo, é daqueles que você chama de “gostosinho”. Destaque para a bundinha redondinha e branquinha daquelas que te dão vontade de bater e gritar “rebola, vadia, rebola”.
Cauê se considera gay porque sente atração por homens mesmo nunca tendo transado com um. Mora com a mãe e a irmã mais nova. O pai... Pois é, o pai nem eu sei onde está.
Com um pulo Cauê sai da cama e vai logo colocando a calça, porém ele percebe que os textos do G.Froizz que leu na Casa dos Contos lhe renderam ejaculações noturnas.
Corre o mais rápido possível em sua bicicleta para não chegar atrasado no primeiro dia de trabalho.
Sete horas.
- Bem no horário! - diz Seu Mané, gerente do Carrinho Cheio Supermercados – continue pontual, mas sugiro que saia um pouco mais cedo de casa pra não chegar aqui tão suado.
- Sim, senhor.
- Você trabalhará no depósito. Recebimento, estocagem, rodízio de datas – disse ele enquanto entravam num imenso barracão – Nosso antigo funcionário caiu de uma altura de três metros. Acredito que isso não vai intimidá-lo.
- Não – o estômago de Cauê sambava.
- Vou lhe apresentar seu colega de serviço – apontava para um garoto que estava varrendo. Gritou – JOAQUIM!
E o garoto veio na direção deles.
“Joaquim? Joaquim!” pensava Cauê que logo reconheceu o rapaz.
Nesse momento muitas lembranças vieram a mente de Cauê.
***
2007. Cauê termina sua lição e vai levar para a professora dar visto. Joaquim chega a sua mesa.
- Me passa as respostas.
- Joaquim, o exercício é individual.
- Não interessa, estou mandando me passar as respostas.
- Não!
Joaquim agarra o pescoço de Cauê.
***
2008. Estava quase na hora de ir em bora e Cauê precisava copiar o que estava na lousa. Joaquim bagunçava bem na frente da mesma. Então Cauê gritou:
- Joaquim, dá licença, por favor!
Joaquim respondeu mostrando o dedo do meio.
***
A classe de 2009 se arrumava para uma foto. Quando Cauê conseguiu finalmente se posicionar, Joaquim fez o número dois com os dedos bem na cara do coitado. Agora vocês sabem quem não aparece naquela foto.
***
Em 2010 Joaquim deixa uma pequena cicatriz na testa de Cauê com uma caneta. Segundo ele, Cauê usava uma cueca cor-de-rosa, o que pra le não é uma cueca, mas sim uma calcinha. Vai entender, né?
***
É, Joaquim... Tão diferente... Abandonou a forma de repolho, ficou atraente. Era moreno, 19 anos, olhos castanho claro, corpão definido, boca carnuda, cabelo curto. Cauê ficou se perguntando o que sentia por ele naquele momento: ódio (pelo passado) ou tesão (pela bela surpresa do presente)?
- Joaquim, este aqui é o seu mais novo colega de trabalho, ensine tudo a ele e cuide bem dele. Nada me tira da cabeça que foi você quem empurrou seu outro colega do palite. Não se esqueça de que você não consegue fazer todo o serviço sozinho.
- Sim, senhor! – ironizou Joaquim. Sorriso lindo.
- Bom! Então se divirtam... Trabalhando!
Logo que Seu Mané saiu, Cauê resolveu se apresentar.
- Oi, eu sou...
- Regra número um: – cortou Joaquim – fale quando eu mandar. Regra número dois: faça o que eu mandar e regra número três: fale e faça quando eu mandar. Então tome a Ivete e a Cláudia e faça um arrastão em toda essa sujeira. Vou tirar um cochilo nos produtos de limpeza. O cheiro de pinho me acalma. Me avise quando tiver terminado, tem sempre um serviço a se fazer por aqui.
- Não é justo eu trabalhar enquanto você dorme! – gritou Cauê enquanto ele se afastava.
- Acho que alguém vai ser demitido antes de completar uma hora de serviço. – respondeu Joaquim desaparecendo em seguida nos corredores do enorme depósito. Ele não reconheceu Cauê.
Enorme mesmo. Um barracão extenso com três corredores e enormes prateleiras de ferro comportando todo o tipo de produto que se vende em um supermercado.
Depois de uns quarenta minutos Cauê chegou ao último corredor onde ficam os produtos de limpeza. De longe ele avista Joaquim sem camisa. Chegando mais perto ele percebe que Joaquim se masturba freneticamente. O pau de Cauê começa a endurecer ao ver o tamanho do documento de Joaquim. 18 centímetros de pura gostosura. De olhos fechados, se contorcendo, músculos rígidos, Joaquim geme baixinho:
- Aaaaaaaaaaahhhhhhhhh! Filho da puta, safado! Chupa todo o pau do seu macho, vai. Isssssso! Assim! Hummmm! Que boca gostosa! Ai, caralho!
Cauê não aguenta presenciar a louca cena e começa a rir.
Joaquim abre os olhos assustado e tomado por um ódio súbito fecha as calças e parte para cima de Cauê.
- O quê que é isso, novato? tá me espionando? - esbraveja empurrando Cauê que cai.
- Não, eu só estava limpando, cara, desculpa!
Joaquim percebe o volume na calça de Cauê.
- Você tá de pau duro? Que nojo! Você é gay?
- Não, eu não...
- Olha aqui – Joaquim apontava o dedo para Cauê – eu odeio gays. E se for trabalhar aqui vai ter que ser como homem ou então eu te arrebento. Tá me ouvindo?
- Tô. - Cauê queria se impor, brigar, discutir a atitude de Joaquim, mas decidiu que ficaria quieto afinal era seu primeiro dia de trabalho e ele precisava do emprego. Naquele momento Cauê esqueceu toda a possibilidade de sentir algum tesão por Joaquim. Era apenas ódio.
- Joaquim, tudo bem? - Era Janaína, percebendo e quebrando o clima pesado. Loira, branca, 18 anos, muito simpática e caidinha por Joaquim – Ah, você deve ser o funcionário novo. – disse para Cauê – Sou Janaína, trabalho na loja. Qual é o seu nome?
- É Cauê. – respondeu meio sem graça.
- Prazer, Cauê. Então, Kim, - dirigiu-se a Joaquim – vim trazer a lista do que está faltando na loja. Tô indo nessa.
- Não! Espera, gatinha – disse Joaquim, todo sedutor – que tal um cineminha mais tarde, hein? - ele alisava o rosto dela.
- Claro! Eu vou adorar! Vamos ver o quê?
- Sei lá... Que tal Avatar?
- Seria uma boa há dois anos quando o filme estava em cartaz...
Cauê segurou o riso.
- Então na hora a gente escolhe!
- Tá. Tudo bem.
- Te pego mais tarde... Gostosa! – sussurrou enquanto ela se afastava sempre olhando para trás entorpecida pela alegria do convite. Lembrando-se da presença de Cauê disparou:
- Aprenda a ser homem. Ontem saí com duas. E deixei-as molinhas, molinhas... Meti com gosto. Sou o passaporte para o paraíso, novato!