Narrado por Cristiano
"O Amor...
É difícil para os indecisos.
É assustador para os medrosos.
Avassalador para os apaixonados!
Mas, os vencedores no amor são osfortes.
Os que sabem o que querem e querem o que têm!
Sonhar um sonho a dois,
e nunca desistir da busca de ser feliz,
é para poucos!!"
Cecília Meireles
Minha vida agora ganhava outro sabor. Quando a gente ama tudo parece diferente. Somos completos e incompletos ao mesmo tempo. Assim eu me sentia esses dias feliz e triste na mesma proporção. Com saudades dele e com vontade de viver intensamente essa paixão. Sim, Fernando agora era a razão da minha vida. Sinto que ele gosta de mim, mas será que da mesma forma que eu gosto dele? Ele estava em Boa Vista já há uns 8 dias e a saudade batia em meu peito. Arrependi-me amargamente de não ter dado o número do meu celular pra ele e de não ter pegado o dele também. “E se ele me esquecer? Lindo como ele é claro que sempre homens e mulheres correrão atrás dele”. Não posso ficar pensando nisso. O que eu quero mesmo é ser digno dele. Estar à altura do seu amor e isso em breve conseguiria.
O “Chefe” me chamou pra mais um serviço e eu fui. Era uma casa em um bairro nobre em Manaus. Disse que era um cliente da agência. “Será que ele chegou?” Meu coração ficou cheio de esperança. Fui de taxi até lá. Quando toquei a campainha uma voz conhecida atendeu pelo interfone, mas eu não consegui desvendar quem era. Fiquei triste, pois não era a voz de Fernando. Quando a porta se abre tenho uma surpresa desagradável.
Era ele, o homem gordo, alto e forte da festa que atende pelo nome de Vitão. Gelei na hora. “E então Andrew viadinho, gostou da surpresa?” falou com um jeito sádico. “Desculpe, mas tenho que ir embora”, falei me retirando. “Você não vai sair assim seu puto, você vai me pagar pela vergonha que me fez passar no casamento daquele playboy”, segurou meus braços com força e me jogou pra dentro da casa. “Cara na boa, aquilo foi um mal entendido, eu não estava ali a serviço, não quero confusão. Se a agência souber dessa situação você vai ficar enrolado”, tentei argumentar. “Cala a porra dessa boca”, gritou me dando um tapão que machucou meu rosto, caí no meio da sala. “agora aquele filho da puta não tá aqui pra te defender e me humilhar. Você pensou o que? Você achou que a história iria ficar por isso mesmo? Pensou errado meu xará, sou chave de cadeia. Primeiro eu pego você e depois eu me vingo daquele desgraçado”. Seu semblante era de ódio, ele fazia uma cara de louco que me fez gelar. “Por que o Fernando te defendeu? Ele tá te comendo é isso? Não importa, agora você vai conhecer um homem de verdade”, falou caindo em cima de mim, tentando me beijar e rasgar a minha roupa. Eu tentava resistir mas ele era muito forte e muito grande. Ele segurou meu pescoço e meteu a língua na minha boca. Fiquei com nojo. O sangue já fervia em mim e eu estava sem fôlego. Tentava me desvencilhar e não conseguia. Ele me deu muitos tapas no rosto e me arranhava todo. Rasgou minha camisa e minha calça estava em frangalhos. Um ódio veio até mim, pensei em Fernando e sabia que ele no meu lugar resistiria até o fim e me defenderia também. Tomado por uma força que eu não conhecia, consegui alcançar uma estatueta que estava não muito longe e com muito custo a peguei e bati com tudo em sua cabeça. Ele me soltou “seu filho da puta agora você vai morrer” falou ensanguentado e estirado no chão. Dei um soco em sua cara e vários chutes no estômago para ele não ter como reagir. “nem tente fazer algo contra o Fernando senão eu te mato, entendeu?”. Saí correndo, ensanguentado, machucado e todo rasgado, estava cambaleando pela rua, quando uma pessoa apareceu em meu socorro.
“Andrew, que foi isso cara? O que aconteceu com você menino?” Falou assustado. Apenas disse me leva daqui pelo amor de Deus”. Ele me amparou “claro, vamos pro meu carro, vou te levar pra um hospital”. Com a voz embargado consegui responder “não, por favor me leva pra casa”. “Sim, onde você mora?” ele respondeu muito preocupado. “No bairro São Jorge”. Com muito cuidado ele me segurou e falou “vem, eu te ajudo”. E realmente Jonas foi mandado por Deus. Foi um anjo. Me acompanhou até minha casa, limpou os ferimentos, fez curativo e me deu remédio pra dor.
“Andrew você foi assaltado? Meu Deus eu estou preocupado com você meu príncipe”.
“Não Jonas, eu não posso falar muito, mas isso foi uma agressão e uma tentativa de estupro. Meu, que vergonha, to me sentindo sujo e humilhado”.
“Entendo amigo, mas não pensa nisso agora, só descansa, vou ficar aqui com você. Tem comida nessa casa?” Falou tentando me deixar melhor.
“Tem sim. Tem bastante coisa na geladeira e no armário”.
“Então farei uma sopa de carne com legumes pra gente”.
E Jojô realmente foi um anjo. Sabe quando você sente que alguém está te protegendo. Foi assim que me senti com ele. Ele ficou aquela tarde comigo, cuidando de mim, fazendo comida, preparando suco. Eu desabafei. Contei que era garoto de programa e ele não ficou nenhum pouco incomodado com isso. Contei minha vida, minha história. Evitei falar de Fernando para não comprometê-lo, pois imaginei que Jonas não soubesse da gente.
Ele perguntou se eu poderia falar quem fez isso e eu contei toda a história: que eu fiz um programa detestável com aquele homem, que o mesmo me importunou na festa e que Fernando me defendeu. Foi aí que eu descobri a relação de Fernando e Vitão. Jonas me contou que Fernando tinha o contratado para vender uns apartamentos para a construtora e Vitão, que era corretor de imóveis, tinha tentado passar a perna nele e em seus sócios. Outra coisa que descobri que ele era primo de segundo grau de Sabrina e quem o tinha indicado para o trabalho foi o pai dela. Depois do escândalo da corretagem Vitão tinha ficado mal visto na cidade e acabou criando um ódio doentio por Fernando. E Jonas ficou comigo até à noite e iniciamos uma bela amizade conversamos muito. Ele era hilário mesmo. Entendi por que Fernando o amava tanto, ele é realmente uma figura ímpar, uma pessoa especial.
Passaram-se dois dias e pedi uma audiência com o “Chefe”. Ele atendia numa sala em um edifício que fica na Avenida Eduardo Ribeiro, centro da cidade. “Então Andrew, o que houve? Você se machucou?” Falou de maneira curiosa. “O cliente Vitão deve ter falado com o senhor não é mesmo? Fui direto ao assunto. “Sim ele disse que você não quis fazer o serviço, o tratou mal e até o agrediu. Agora o que faço com você?” Rebateu. “O senhor me conhece bem e sabe do meu profissionalismo. Foi ele que me agrediu e tentou me estuprar, eu só me defendi. Muito embora isso não importa, de hoje em diante”. Falei em um tom sério. “Como assim? O que você está querendo dizer com isso?”. Falou com olhos expressivos. “o que eu tô querendo dizer é que estou fora, chefe. Não quero mais essa vida pra mim. Minha participação na Zênite pára por aqui”. “Como assim?” Repetiu a pergunta. “Quero dizer que eu não trabalho mais para o senhor e que eu estou livre agora”. Ele se levantou, apontou o dedo na minha cara e gritou “então você acha que é assim? Que pode sair a qualquer hora? Negativo meu filho. Você é um dos meus melhores garotos e não vou abrir mão de você assim. Você me deve favores entendeu? Tudo o que tens conseguiu por meio da agência. Eu conto tudo pra tua família em Parintins, digo como você ganha a vida e acabo com você.” Cheguei perto dele, dei um murro na mesa e disparei “não me ameace seu velho desgraçado. Quem manda na minha vida sou eu, entendeu? Eu vou embora dessa porra e não tem quem me segure e se você me sacanear eu vou começar abrir minha boca e conto como os garotos são explorados na agência, até de menor você explora. Não tenho medo de você!”. Ele ficou espantado com minha reação, acho que por que sempre fui muito dócil com ele pensava que iria me intimidar. Saí de lá com a alma lavada e falei baixinho “agora é me preparar pro meu amor, ainda serei digno dele”.
Minha amizade com Jonas crescia a cada dia e ele me fazia mil perguntas. Passou a frequentar minha casa diariamente. Um dos dias em que ele me visitou pedi licença pra fazer umas compras num mercadinho próximo de minha casa. Saí às pressas e deixei Jojô adiantando nosso almoço, era um sábado. “Caramba, que cabeça a minha, esqueci a carteira”. Voltei na mesma pisada e sem querer eu encontro o Jojô fuçando minhas coisas. “Que é isso Jonas, que você está fazendo fuçando minhas coisas, cara?” falei já me irritando com a situação. “Desculpa Cris, eu só estava bisbilhotando, procurando uma coisa, aí meu Deus que vergonha cara” disparou envergonhado. “Tá e o que você estava procurando?” perguntei de cara amarrada. “queria ver se você tinha alguma G Magazine, eu ainda moro com meus pais e não tenho coragem de comprar”. Falei “tenho sim, vem aqui que eu vou te mostrar. Você deveria ter me perguntado e não ter mexido em minhas coisas sem autorização”. Mostrei meu acervo de revistas e filmes pra ele, porém confesso que fiquei desconfiado com aquela situação. Comecei a unir as coisas e achar muita coincidência ele estar na mesma hora em que eu fui agredido. Não sabia o que era, mas percebi que ele estava me escondendo alguma coisa. Sabe aquela sensação de estar sendo vigiado? Era assim que eu sentia, mesmo antes de ter o encontrado no dia da briga com o Vitão. Mesmo assim não sentia maldade em Jojô. O chamei para fazermos as compras e ele foi comigo todo sem jeito.
Depois desse incidente nossa amizade só crescia. Eu fazia perguntas pra ele e ele pra mim. Não falei pra ele que tinha saído da Zênite, mas falei que estava querendo mudar de ramo e a conversa fluía.
“Então você está querendo deixar de fazer programa? Mas já tem alguma coisa em mente?”.
“Aí é que tá amigo, eu ainda sou universitário. O máximo que eu vou conseguir é um estágio, não sei se vai dar pra honrar todos os meus compromissos, mais eu tenho que tentar”.
“Aí amigo, posso tentar ver com algum amigo meu que trabalha em hotel. Manda teu currículo pra mim por e-mail.”
“Tá eu mando e agradeço imensamente pela força. Mas mudando de assunto amigo. Onde o Fernando mora atualmente?”
“O Nando mora muiiiiiito bem em uma cobertura que ele mesmo construiu próximo à praia da Ponta Negra”. Falando nele, acho que ele sim pode te dar coisas muito boas, inclusive emprego. Como você é amigo dele, com certeza vai conseguir coisas boas pra você”.
“Desculpe Jô, mas eu não quero não. O quero longe dessa história. Não quero que ele pense que sou amigo dele por interesse. Quero ser digno da amizade dele entende? Não é orgulho, é princípio”.
“Bem, como quiser, mas acho isso uma bobagem. Vou te ajudar não se preocupe”.
Ficamos falando sobre Fernando por muito tempo e Jojô acabou me contando de todas as trapalhadas que eles faziam no colégio. Descobri que meu amado sempre teve um coração de ouro e que nunca foi um cara comportadinho, o que me deixava mais encantado ainda por ele. Descobri os horários em que ele se exercitava e resolvi que passaria a frequentar a orla da Ponta Negra. Queria encontrá-lo ao acaso e isso ocorreria em breve. Então lhe faria uma surpresa. Eu e Jonas ainda saímos muito para lugares legais como shopping, bares e cinema. Ou mesmo ficávamos em casa e Fernando era sempre o assunto principal. Sentia que ele já sacava qual era a minha, mas não perguntava. Fernando demorou uns 20 dias pra voltar e meu peito já não aguentava de tanta saudade.
Numa manhã de sábado resolvi pegar minha moto e ir ao calçadão da Ponta Negra na esperança de ver o Nando correndo ou fazendo outro tipo de exercício. Deixei num estacionamento próximo e me pus a caminhar pela orla. Era uma manhã ensolarada e de muito vento, um clima agradável e seria perfeito se eu o visse. Ando mais um pouco e avisto um cara forte e musculoso, com a cabeça entre os braços e as pernas. Ao me aproximar ouvia o soluço. Ele chorava copiosamente. “Meu Deus é o Fernando em prantos”. Se um homem forte como Fernando está aos chorando, alguma coisa de muito grave aconteceu. Corri para lá.
“Nando, o que foi meu amor? O que aconteceu? Por que você está chorando minha vida?” Falei segurando em seus braços e o levantando”.
“Cris meu amor, é você? Eu te amo tanto! Me abraça por favor”. Dei um abraço tão forte que cheguei a ficar com dor nos músculos. Fui beijando seu pescoço e seu rosto, dando todo o carinho que tinha guardado em mim só pra ele. Ainda bem que tinham poucas pessoas por lá.
“Que foi meu anjo? O que você tem?” Minhas lágrimas também já escorriam.
“Eu sou um desgraçado Cris. Por que tudo tem que ser tão difícil pra mim? Eu acho que já deveria ter ido embora desse mundo”.
“Shiiiiiiiiii. Pára com isso. Deixa de falar bobagem meu príncipe, se você morrer eu morro também” disse com toda a sinceridade que eu tinha em meu peito e olhando em seus olhos. “eu estou aqui com você AMOR e hoje você vem comigo, hoje eu é que vou cuidar de ti. Você é meu e eu sou teu”.
“Hoje eu vou cuidar de você, por que você é a razão da minha vida. Eu te amo Nando” E taquei um beijo em sua boca...
ContinuaDialogando:
Então amados e amadas, esse foi mais um episódio feito especialmente para vocês.
Shot o Jojô é meio louquinho mesmo,mas tem um coração de ouro. Obrigado pelo apoio amigo.
Gutto Quirino todos nós almejamos e merecemos um amor forte. Se Fernando e Cris conseguiram também conseguiremos. Já tinha lido seus contos e achei muito massa. Parabéns gato.
Amores_Juniores e Rah, muito bom o apoio de vocês. Vocês me inspiram.
little monster eu moro na zona central da cidade. Mais pra frente a gente pode marcar uma tarde legal com a moçada de Manaus. Beijos pra você.
sonhadora19 e afonsotico realmente as coisas não irão ser fáceis para Cris e Nando, nem mesmo pra Sabrina. Os conflitos estão só começando e ninguém é santo nessa história.
wanderrrr quero que saibas que você é meu muso, com todo respeito é claro. Já tenho grande carinho por ti. Você parece ser bem sensível garoto. Obrigado pelo apoio.
Não fiquem com ciúmes. Amo vocês. Abraços a todos e espero que tenham gostado deste capítulo. Fiquem com Deus‼‼
As. Manu Costa
