Então é essa a sensação de postar e a galera começar a gostar, estou sentindo o próprio autor hahahaha. Também sou fã de vocês, tanto até sem poder resolvi continuar essa história gostosinha.
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Agradeci a Marcello ao descermos em frente ao Marujo, que é um bar que frequentamos aqui em Brasília. Encontramos uns amigos nossos e nos juntamos a eles. “Claudinho, não temos hora pra voltar, lembra?” Ele perguntou com um sorriso. Fomos convidados para uma festa no Lago Oeste, uma região afastada daqui. A festa foi ótima, a música as pessoas, foi realmente muito bom haver saído de casa e estar com Marcello. A cada reencontro tenho mais certeza que devo me unir a ele. A forma como ele me respeita e me entende já bastaria se esse amor imenso que sinto por ele não existisse. O receito de deixar o meu mundo e as coisas que conheço e ir viver ao lado de Marcello diminui a cada dia e com ele moraria onde quer que fosse, sua companhia e sabê-lo ao alcance do meu braço à noite me basta. Entendi que para viver precisamos unicamente de satisfação e essa só encontramos dentro de nós mesmos. Estar ao lado dele me satisfaz e é isso que quero para mim.Sei que tudo isso é como brincar com fogo e que do viver vem as feridas que nos marcam a alma, mas tenho eu direito de não viver minha história, ou antes, não devo me entregar em total medida? A resposta trago pronta dentro de mim. Sim, vale a pena. Depois de havermos nos entregue ao trance durante a festa, na hora das fadas como diz Marcello, não mais suportávamos de cansaço. Precisávamos descansar. Fomos para um canto da chácara onde há um gramado e onde pudermos deitar e ficar tão somente olhando pra cima, vendo o céu. “Sabe, Claudinho, eu não quero que entenda que estou pressionando você, eu sei que não é simples deixar sua família e viver comigo, mas eu quero que compreenda que não dá mais pra gente dormir um longe do outro. Eu não quero mais me virar na cama de madrugada e não ver você dormindo de boquinha aberta como criança, ao meu lado. Eu preciso acordar contigo e dormir sabendo que você está do meu lado senão eu enlouqueço. Quando você não está por perto eu nem me entendo direito como gente” Disse Marcello se virando pra ficar sobre mim e completou “O que eu ganho dá pra nós dois até você se ajustar, não precisa ter pressa de conseguir um emprego e sei que é isso que lhe atormenta às vezes. E eu vou aproveitar pra tocar num assunto que eu fico procurando a hora certa pra te falar, mas eu acho que essa hora é agora. Não fica assustado, mas eu estive vendo algo sobre contrato de união civil e eu estou afim de fazer um contrato desse contigo; eu quero fazer as coisas como devem ser se é que isso se aplica a nossa situação. Entende?”. Diante do que Marcello me disse uma torrente de sentimentos me atravessou. O que vivemos é de verdade e o compromisso, naturalmente, algo que decorre disso, mas não havia imaginado um “casamento” com certidão e tudo. Fiquei feliz, surpreso, ansioso, com um pouco de medo, feliz novamente; todos esses sentimentos me assaltaram de uma só vez. “Quero ter logo a nossa casa, poder voltar pra ela no final do dia, ver suas coisas misturadas com as minhas, poder receber os nossos amigos e isso tem que ser logo porque eu quero viver essa vida contigo, Claudinho” A voz de Marcello estava dentro de mim e mesmo ele dizendo que se eu precisasse de um tempo pra pensar eu já sabia que sim era a resposta. Ficamos calados olhando o céu e terminamos por cochilar ali deitados naquela grama, acho que fazia 22 graus, nessa época do ano, o calor assola o dia, mas a noite tem sido fresca. Acordamos por volta das 5 da manhã. Estávamos, ambos, com a cara amassada hihihihi. “Eu devo estar horrível” perguntei a ele que me respondeu que eu era o duble de “home-lass” mais lindo do mundo. Como não ser apaixonado por um cara que me ama mesmo sem que eu tenha escovado os dentes? Hihihih. Uma praça de guerra era o que parecia a chácara. Muita bagunça e algumas pessoas dormindo pelos cantos denunciava o quão boa foi a festa. Cinqüenta “guerreiros” ainda se moviam ao som do trance, mas o cansaço da função de um noite inteira estava em seus rostos. “San Gennaro, que pinga estranha essa galera tomou?” Perguntou-me Marcello num sorriso. Encontramos o dono da festa deitado atrás de um sofá hihihihi. Achamos melhor não despertá-lo. Um de nossos amigos nos ofereceu cerveja, para iniciar o dia “escovando os dentes com uma latinha” como eles costumam dizer hihihihi.“Deus de Abraão, vamos embora daqui antes que fogo e enxofre cubram esse local” Disse Marcello me fazendo rir e completou “Galera trash demais!” hihihihi. Dali voltamos à cidade para tomarmos um café numa padaria. Voltamos à casa de Marcello. Estávamos tão sujos que quase entupimos o ralo hihihihi. Aquele sábado foi tranqüilamente preguiçoso. Telefonei para casa e avisei minha mãe que se disse preocupada e que não mais sumisse assim. O domingo foi ao lado de Marcello e de igual forma preguiçoso; à noite retornei à casa.Falei com Marcello ao telefone por mais duas horas antes de dormir. A manhã daquela segunda-feira foi infernal. O chefe pareceu haver tomado ódio de nossa equipe e se dirigia a nós com gritos. Fiquei muito triste, mas me ocorreu que ele tanta agressividade poderia ser sintoma de outra coisa. Almocei com Marcello, mas nada sobre trabalho falei, quis estar simplesmente com ele. Na volta do almoço Marcello me deixou no trabalho e combinamos dele me pegar mais tarde. Ao cruzar o corredor ouvi o chefe grunhir meu nome. Havia alguém para falar comigo ao telefone e ele, milagrosamente foi educado com quem estava do outro lado da linha. “para mim?” Perguntei imaginando receber uma notícia ruim. “Sim é pra você e seja breve, desocupe logo a linha” ele respondeu daquela forma delicada que lhe é peculiar. Hihihihi. “Cláudio aqui é Cássio, tudo bom, rapaz?” Ao ouvir um calafrio me percorrer a coluna cervical de uma ponta à outra. Gaguejei uma resposta qualquer e o ouvi prosseguir. “A vaga que eu havia planejado para você saiu, mas já foi ocupada por uma secretária nossa” O desapontamento se abateu sobre mim. Deixei escapar sem perceber um “poxa vida” carregado de tristeza. “Mas não fica assim não, eu liguei para dizer que há uma outra vaga para você e o salário é melhor, há como você vir conversar comigo agora?” Meu sim foi automático. “Cláudio, só mais uma coisa, há como você começar amanhã?” Outro sim automático. “Espero você às 15h, Ok? ”Outro Sim automático. Desliguei, agradeci ao meu chefe e saí da sala dele. Cheguei à minha mesa e permaneci calado por um tempo. Senti um misto de alegria e ansiedade. Observei todo o lugar e os gritos do chefe jamais pareceram tão insuportáveis. Voltei à sua sala, me sentei diante dele e perguntei se ele estava bem. Incrédulo ele respondeu que sim e que voltasse ao trabalho. Prossegui dizendo que havia notado que sua irritação havia crescido muito neste último mês e que sabia que nosso trabalho era executado de forma adequada. Disse a ele que havia aprendido que a agressão é uma das formas de se pedir socorro e que não me julgava muita coisa, mas que se ele precisasse da ajuda e quisesse falar a respeito podia contar comigo. Ele não parecia crer no que ouvira e com certo espanto agradeceu. Juntei todas as minhas coisas e saí sem dizer nada a ninguém. Liguei para Marcello que deu um grito de alegria. Ele disse que iría me deixar lá e não adiantou eu dizer a ele que não precisava. Chegamos à empresa do Cássio às 14h45min. Minha boca estava seca. Sua secretária me anunciou, olhei pra Marcello e dele ouvi “vai lá” enquanto ele cruzava os dedos discretamente. Marcello tem sido assim para mim, ele tem estado na arquibancada gritando a plenos pulmões e quando vejo isso, surge dentro de mim uma força que me faz sentir capaz de tudo. E entrei em sua sala com certo receio. O ar refrigerado forte se fazia sentir em meus pelos. “Como vai campeão?” Perguntou Cássio enquanto apertava minha mão. Ele me convidou a sentar e me perguntou se queira tomar algo, “água” respondi. Ele explicou as funções do cargo e esclareceu que queria alguém com pouca experiência porque queria moldar a pessoa para a atividade. Não desejava alguém com “vícios”. A tudo ouvi com atenção e enquanto ele falava certo medo, vez por outra vinha me perguntar se daria conta. Mas a simpatia do Cássio me fazia crer que sim, que eu poderia fazer o meu melhor e que as coisas seriam boas ali. “Então acho que podemos começar amanhã, não? É claro que você terá um tempo para ser treinado, mas Marcello me disse que você aprende rápido. Confio em você rapaz” disse com aquele brilho que mora nos olhos dos que acreditam. “Sabe Cláudio, faz quinze anos eu estava sentado do outro lado da mesa como você e também fazia essa mesma cara de espanto. Entendo o que sente e sei que nossa parceria dará certo!” Disse Cássio a mim. E eu que me esforçava em fazer uma cara tranqüila hihihihj. Falamos mais sobre outros assuntos e amenidades, não foi uma entrevista rígida. Cássio tem um jeito diferente de agir. O que está tocando é Radiohead? Eu perguntei a ele e ele respondeu sorrindo que sim e perguntou se eu gostava ao que respondi que era uma das minhas bandas preferidas. “Bom, temos coisas em comum. Isso é bom sinal! Além disso tem um aperto de mão firme e olha nos olhos. Bom sinal. Espero você amanhã às 8h, não se atrase!” Ao cruzar a porta me senti diferente, foi como se uma nova pessoa estivesse viva dentro de mim.