Me preparava para dormir entre minhas cobertas, o meu cachorro, Teddy já estava roncando deitado nos meus pés.
-psiu- eu escutei alguém fazer... Esperei dois segundos para ver se o barulho se repetia-...psiu!!!- a voz vinha da janela. Tirei minhas cobertas e levei um susto ao ver um garoto no telhado me olhando pela janela em plena madrugada.
-Meu deus... Quem é você?- eu disse com medo.
-Sou eu, o garoto que seu cachorro quebrou o celular... Meu nome é Lucas na verdade. Eu disse que era seu vizinho.
-Como você sabe onde eu durmo?
-Eu te via as vezes pela janela.
-Ah sim...
-Eu durmo na janelinha que esta em frente a sua...
-Ah sim- eu estava parecendo um idiota repetindo as palavras.
-Não vai me convidar para entrar?
-Sim, desculpa- eu abri a janela e senti o vento frio e gelado daquela noite acertar meu rosto como se eu estivesse acabado de abrir a geladeira.
-Esta muito frio aí fora.
-Então né? Veio fazer o que aqui em casa?
-Eu estou com insônia. Posso ficar aqui com você? - Os olhos claros dele brilhavam com a luz da lua.
-Sim, eu já ia dormir mas... Desisti.
-Então me conte sobre você... Suas aventuras no orfanato e tudo mais...
-Bom, nunca conheci minha mãe- estava mentindo, nunca diria para ele que minha mãe era uma prostituta de São Paulo.- nem meu pai- eu também não diria para ele que meu pai foi um dos clientes da minha mãe naquela época.- eu cheguei ao orfanato aos 2 anos de idade, meus pais me deixaram em uma pequena cesta na frente da porta, na cesta havia um carta explicando toda a situação da minha mãe, para que um dia eu lê-se mas os empregados do orfanato sumiram com a carta, e eu não li.- na verdade eu sumi com a carta, peguei para mim em um dia que eles deram bobeira e deixaram o escritório aberto.
-Que triste.- ele disse enquanto passava a mão no cabelo enquanto contraia os músculos do braço.
-Agora mostre-me o seu passado!
-Ok, eu sou filho dos Duftys, não sei se já ouviu falar, mas minha família é dona de metade desse bairro, meus pais estão sempre ocupados e as únicas coisas que cuidam são da empresa. Parece que nós dois somos abandonados de certa forma...
-VOCE NÃO SABE O QUE É SER ABANDONADO!- eu gritei enquanto escorria uma lagrima dos meus olhos- meu pais me jogaram fora como se eu fosse um lixo!!!!!
-Calma... Não precisa lembrar disso, eu estou aqui para te ajudar, posso te dar um abraço?- ele disse enquanto envolvia os braços em volta de mim. Ele me apertou, eu apertei ele e sorrisos nasceram em nossas bocas. Os músculos dele podiam ser sentido por fora do moletom que usava. O corpo dele estava mais quente que meu cobertor e por um momento eu pensei que poderia dormir com ele ali- não tenha medo de mim- aquela palavra atingiu meu coração e caiu mais lagrimas dos meus olhos.
-Eu menti...
-Confia em mim, pode contar a verdade
-Eu li a carta... não li tudo mas eu li, ela dizia que minha mãe se viciou em drogas e se prostituiu para sustentar o vicio, ela transou sem camisinha e me teve, ela não fazia a mínima idéia de quem era meu pai. VOCE ESTA FELIZ AGORA?
-Sim, estou muito feliz por você confiar me mim. Eu gostei de você... Eu amo você na verdade...
-É um pouco cedo para amar alguém né?
-Você é louco... Se você continuar assim eu vou começar a te amar, mas por enquanto eu só gosto de você...
-Obrigado...
-Pelo que?
-Por não me julgar.
-De nada...
Encarávamos um ao outro como, o silencio reinou. Os olhos dele eram azuis com alguns riscos verdes, a boca dele era rosa bem clara e a pele era branca típica do Sul do Brasil. O silencio mortal foi quebrado por uma frase dele:
-Quer ver um lugar legal amanha?
-Claro, essas ferias estão muito chatas...
-Eu vou vir te buscar as 14:00 mais ou menos, é bom você pegar uma roupa resistente pois vamos a uma reserva natural daqui de perto.
-Ok.
-Vou ir embora- ele bocejou- já estou com sono.
-ok, tchau.
-Tchau.- ele saiu pela janela andou no telhado e pulou o pequeno vão que tinha entre nossos telhados, ele entrou na janela do quarto dele e se deitou na cama. Ele deitou mas não dormiu, ficou observando meu quarto enquanto crescia um sorriso em seu rosto.
Eu corri para internet para pesquisar sobre a rica familia dele, peguei meu celular e me escondi de baixo das cobertas. A internet dizia:
"A familia Durfs é famosa pelos seus empreendimentos, eles possuem 3 hotéis 5 estrelas no Rio de janeiro, Pernambuco e São Paulo. A Sra. Durfs entrou em depressão depois que descobriu que seu filho morreu "Diego Durf", na manha do dia 12 de janeiro. A familia esta no alvo de assassinos perigosos, os policiais procuram o assassino do filho deles... "
"Lucas tinha um irmão?" Eu perguntei para mim mesmo... "Eles estão na miras de bandidos? Não pode ser... Eles são tão bons..."
Minha cabeça estava quase explodindo, soube que o cara por quem eu me apaixonei esta na mira de bandidos...
Eu estava quase dormindo quando escutei 3 sons de explosão e uma clarão vindo da rua. Meu cachorro latiu junto com todos os outros da vizinhança. Desci as escadas, minha mãe já estava na porta da frente.
-O que aconteceu?-
-MEU DEUS, LIGA PARA A POLICIA!!!- ela gritou. Peguei meu cel e liguei no 199
-NÃO DEIXA SEU IRMÃO VIR AQUI FORA!!!- Peguei meu irmãozinho de 3 anos e o coloquei no quarto, eu estava meio tonto, pois havia acabado de acordar.
-O que aconteceu mãe, mandei a policia vir para cá rápido..- eu disse.
-Um rapaz foi baleado-
Eu sai de casa e vi que todos os vizinhos estavam do lado de fora de casa, a maioria de roupão ou de pijama, no meio da rua estava um rapaz caído no asfalto gelado. Cheguei mais perto e consegui reconhece-lo, era o rapaz que cuidava da biblioteca da cidade, ele sempre aparecia com o seu namorado na biblioteca.
-Eu sei quem é ele, é o cara que fica na biblioteca.- Ouvi a voz de Lucas na pequena multidão que se juntou ao lado do corpo.
-Lucas? LUCAS?- eu gritei... estava chocado, meus olhos procuravam por ele, consegui ve-lo ao lado da viatura, corri e fiquei ao lado dele... -O que esta acontecendo?- Ele olhou para os lados cochichou em meus ouvidos:
-Eu te conto mais tarde...
(continua)