O tempo foi passando tranquilo, as coisas iam bem no trabalho tínhamos recuperado do dinheiro perdido e aumentado o lucro em 30% se comparado ao mesmo período do ano anterior, o mês era agosto de 2009, eu tinha paz no meu novo setor e acho que por isso nosso namoro ia bem, porque não mais trabalhávamos juntos, ele agora era problema dos outros dois assistentes, a Larissa tinha tirado de letra o trabalho com ele, já o Victor Hugo chorava pelos corredores de vez em quando, enfim... era uma sexta-feira a tarde ele convocou uma reunião aparentemente não tinha motivos para convocar uma, todos nos fomos para sala de reunião, tanto é que os três últimos andares que pertencem a empresa foram fechados.
Nós entramos e ele estava com um Datashow montado e em pé próximo a cadeira da presidência, entramos todos apreensivos com o tema da reunião ele não tinha comentado nada comigo, então fiquei preocupado com o que poderia ser., nos sentamos todos e ele começou a falar com voz firme e cara de poucos amigos.
– Hoje de manha eu presenciei no café um dialogo de alguns funcionários questionando uma ultima demissão que eu fiz, entre alguns xingamentos eu ouvi dizerem que eu fui injusto, acho engraçado dizerem isso... Mais quando uma pessoa desvia dinheiro da empresa não esta roubando de mim, esta roubando da gente... De todos nós, o meu problema nem é com o fato de ele desviar dinheiro, porque nessa sala tem outros que fazem isso e eu sei... O meu problema é com o fato de ele tentar culpar os funcionários da equipe para escapar da punição. Tem funcionários aqui que desviam dinheiro, no entanto são em solicitações e orçamentos e não é da empresa que o dinheiro sai é das empresas terceiras.
Umas das funcionarias o interrompeu dizendo que o fato de Jorge despedi-lo não resolveria, e que o funcionário em questão iria ser pai de gêmeos e era uma pessoa muito caridosa e muito boa, pois doava cestas de alimentos as famílias carentes, o Jorge mal a esperou terminar e caiu na risada e disse:
– Então ele é uma pessoa boa porque doa cestas básicas a uma família por mês, caridade minha querida é fazer o bem sem olhar a quem, quem diz viver em caridade no entanto anuncia não é uma pessoa caridosa não passa de um medíocre com consciência pesada, mais já que quer falar de caridade vamos falar sim... Vocês sabiam que eu arco com os custos de 30 crianças pacientes de quimioterapia no hospital do câncer!? Por algum acaso sabia que dou alimentos para o restaurante popular!? Não, não sabiam e sabem porque? Porque isso é caridade. E quero deixar claro uma coisa, a partir desta data quem se identificar com a causa do demitido passe no RH agora e podem ir embora, não preciso de pessoas assim na minha equipe, agora todos voltem ao seu posto de trabalho.
A funcionaria que o tinha questionado saiu chorando da sala, o Jorge por sua vez ficou na sala de reunião com seus dois assistentes, todos saímos mudos, ninguém tinha entendido como ele ouviu a conversa, quando fomos para casa conversamos no caminho, sobre tudo, como eu já tinha tirado habilitação eu dirigia sem preocupação, então era tudo mais tranquilo, ele me disse que pessoas que desviam dinheiro sempre existiu na empresa da família dele e isso é difícil mudar, mais que os que ainda faziam isso ao menos eram bons funcionários então, poderiam e iriam continuar.
Nosso tempo tinha ficado um pouco mais escasso pois eu estava fazendo faculdade, decidi cursar economia assim como ele para agregar na empresa, enfim eu ia no carro dele todo o dia pra faculdade e ele ficava no ix35 devo confessar que todas as garotas da faculdade ficavam no meu pé, pois sou até bonitinho e de carrão, até uns caras ficavam no meu pé eu me acho com isso né... Pois bem, Fui pra faculdade de social assim como em todos os dias, apesar de estar apenas começando no curso nessa época, eu já tinha me identificado, pois ele estava se mostrando muito mais teorias e pensadores do que cálculos como eu imaginava antes de cursar.
Os professores nesse dia desmarcaram a aula e nos mandaram fazer um trabalho de grupo
seriam cinco pessoas, não tínhamos para onde ir um pessoal me chamou pro grupo deles, e teríamos que ir pra minha casa isso seria assumir para classe que eu sou gay, mais antes liguei para o Jorge porque a casa não é minha.
– Jorge, eu tenho que fazer um trabalho com um pessoal da faculdade e teria que ser ai em casa, posso leva-los!?
– Que pergunta é essa!? Logico que pode, você mora aqui assim como eu, não tenho problema nenhum com isso.
– Tudo bem, mais eu me senti na obrigação de perguntar, agorinha estaremos ai...
Voltei ao pessoal e disse que poderíamos fazer o trabalho na minha casa, um deles que já tinha feito amizade comigo, me disse...
– Legal cara ainda bem que sua mãe deixou.
– Na verdade não foi minha mãe que deixou foi meu namorado, liguei porque queria saber se não tinha ninguém lá do
trabalho em alguma reunião ou algo do tipo. Falei isso com meu coração saindo pela boca, se assumir a alguém é sempre muito complicado, eu prefiro que as outras pessoas digam que sou gay, do que eu mesmo falar isso mais era preciso naquela situação.
Fomos para minha casa entramos o clima não ficou diferente por conta de eu ter dito que era gay, éramos três homens e duas garotas no grupo, mais tudo bem, os caras acharam legal eu ser gay disseram, que sendo eu um cara bonito para eles era ótimo, sobrava mais garotas, enfim... É a verdade entramos em casa o Jorge estava vindo da direção do escritório, cumprimentou a todos, sorridente e cordial, todos sabiam quem era ele, quando fomos fazer o trabalho os meninos ficaram zuando dizendo que com o Jorge até eles animavam por causa do carro, e da casa, pura zuação eu não apelava com isso não me magoava em nada, porque eu sabia que não estava com ele por causa do dinheiro.
Conseguimos fazer o trabalho de forma bem fácil o Jorge nos ajudou com tudo era um trabalho sobre um pensador chamado Adam Smith ele sabia tudo pra resumir, então apenas digitávamos o que ele falava, ele como sempre muito agradável fora da empresa, depois de terminarmos ele fez comida pro pessoal um jantar digno de restaurante fino, serviu a mesa e então fomos todos comer, uma das meninas disse.
– Jorge, preciso comentar algo, uma prima minha trabalho pra você e disse que você era uma das piores pessoas do mundo, mais ela estava erradissima, você é muito agradável, quando te vi fiquei tensa mais admito que minha impressão mudou.
– E que sua prima me conheceu apenas no contexto administrativo fica difícil julgar meu comportamento pra quem conhece apenas uma vertente do meu dia a dia, mais sou um cara legal mesmo...
Demos umas risadas, depois eu fui levar o pessoal embora pra casa bem contente com o resultado da noite, eu sempre me surpreendo com o Jorge ele é o melhor mesmo, o pessoal é mais humilde, moram relativamente longe da minha casa, no final agradeceram pela noite, deve ter sido boa mesmo, tiraram até foto com o Jorge.
Continua...