Capitulo V
...
“Para morrer, basta estar vivo. Então aproveite; viva enquanto há tempo.”
- O que você faz aqui? – Eu disse surpreso.
- Bem, é que... - Ele foi interrompido pela minha mãe-
- Ele é o sobrinho da Claudia, veio quando soube o estado dela. Entra Pedro.
Agora tudo fazia sentido ele estava lindo, com aquela farda da aeronáutica excitante, mas estava triste e confuso demais pra pensar em algo. Claudia vivia falando dele, Pedro, que tinha uma bela carreira e que ela tinha o ajudado. Ela sempre dizia que eu tinha que conhecer ele e quando isso acontecesse, eu me apaixonaria. Que boba ela, eu? Apaixonar-me. Pois é, acho que ele era a pessoa certa pra mim, Pedro Marinato. Mas enfim...
- Pedro esse é meu filho, Henrique, mais conhecido como príncipe. – Ela tentou fazer Graça.
- Mãe, já disse pra não me chamar assim, não gosto!
- É, a gente meio que se conheceu no Shopping ontem- Disse ele com vergonha. – Vamos.
- Vamos sim, estou pronto.
Eu e minha mãe no carro dela e ele, foi no dele. Meu pai já estava lá na igreja. Estava muito triste, ela sempre cuidou de mim, desde pequeno e não estaria mais comigo em vida. Pelo menos ela trouxe o sobrinho pra perto de mim, ela era a única que sabia que ele também era gay. Chegamos à igreja, alguns familiares dela estavam lá e meu pai também. Pedro não parava de olhar pra mim. Nós ainda não tivemos tempo de conversar a sós. Mas esse momento logo chegaria.
Eu senti que precisava homenageá-la de alguma forma e ai, resolvi cantar um louvor que ela me ensinou. Já sabia toca-lo no teclado e minha voz é boa. Comecei falando:
- Quero dedicar esse louvor a uma das pessoas que mais amei na vida, minha Claudia.
“No jardim Jesus Cristo me espera,
É lugar de delicias e de paz,
A certeza da sua presença dá-me vida feliz e eficaz,
Com Jesus, a Minh’ alma deseja estar,
No jardim em constante oração,
Quando a noite chegar e o mal me cercar,
Quero estar em constante oração...”
Ela era religiosa e aceitava a mim e seu sobrinho, por que pra ela Deus ama a todos. Enfim, chorei e chorei. Resolvi respirar um ar puro.
Fui dar uma volta. Quando ouço:
- Posso ir com você- Disse Pedro
- Sim, claro. - Respondi – Estou indo a pracinha, preciso “respirar” um pouco.
- É, e temos que conversar também...
Fomos o resto do caminho sem nos falarmos, não era a hora. Sentamos no banco, pracinha vazia, porém muito linda. Pra quebrar o silêncio, ele perguntou:
- Você gostava muito dela né?
- Sim, eu amava!
- Eu também... , nem nos apresentamos direito né. Vamos começar de novo, rs ?. Prazer sou Pedro Marinato, 26 anos, 1º Tenente da Força Aérea Brasileira, sobrinho da Claudia que me falava muito de você. Alias se duvidar sei mais de você do que você mesmo ha ha. – Disse ele convencido, me fazendo rir pela primeira vez naquele dia.
- Aé, pois eu acho que sei mais de você do que você mesmo ha há! Sou Henrique Assis, quase 17 anos, estudante e bem gatinho por sinal, rs – Disse eu, fazendo ele lembrar do dia anterior e ficar corado. Completei:
- Fica com vergonha não, também te achei gatinho.
- Hm... Desculpa por ontem, é que você olhou tanto pra mim que fiquei sem ação. Desculpa mesmo e depois quero te dar um presente.
- Claro, sem problemas. Que presente?
- Depois você vai saber o que é, relaxa...
- Ta né, fazer o que. Fala mais de você, apesar de saber quase tudo- Acabei rindo alto.
- Falou certo, quase tudo. Bem, sou isso que você sabe gato, gostoso, cheiroso e charmoso.
- há, que convencido. Eu disse coisas que importam e que não sei...
- Ah, tem uma coisa que você não sabe. Mas só vou contar depois que fizer isso- E me beijou, de inicio ficou em selinhos, ai senti sua língua pedindo passagem e cedi ao beijo com ele controlando o movimento. Cara pode parecer clichê, mas foi o melhor beijo da minha vida. Foi mesmo inesquecível. Apesar dos pesares o dia estava lindo, com um ventinho frio de inicio de manhã aqui de BH. Ao finalizar nosso primeiro beijo, uma coisa que não saia da minha mente é o que eu ainda não sabia o que ele ia dizer.
- Lindo! – Ele disse
- Eu sei disso, rs.
- Convencido. Como ia dizendo e essa sua boca gostosa atrapalhou. Estou sendo transferido pra uma base daqui. – Quase pulei do banco.
- Sério? Que noticia boa!! quer dizer, é boa?
- Sim é ótima, estava com uns problemas em São Paulo e pedi minha transferência pra cá. Volto semana que vem com minhas coisas. Quando soube do estado da minha tia, vim correndo e estava naquela loja pra comprar uma roupa descente pra mim. Ai foi quando nos vimos e você já sabe o resto.
- E a gente como vai ser? – Perguntei
- Ainda não sei. O que eu sei é que estou caidinho por você!
- Own, sério?
- Hram, muito sério.
- Pois eu não estou nenhum pouco- E morri de rir, não aguentei. Ver a cara dele de ãn?!, não tem preço! Ai completei.
– Claro que não seu bobo, estou gostando de te conhecer melhor. Na verdade nem estamos indo rápido de mais, já sei até que tipo e cor de cueca você gosta de usar- E ri.
- E eu também sei o quanto meu "Príncipe" gosta de ser chamado assim, né majestade?
- Ah não, ai já é golpe baixo mô.- Disse sem pensar
- Do que você me chamou? – Perguntou ele com cara de bobo.
- Desculpa, me apego rápido demais as pessoas.
- Não tem problema môr... eu sou mesmo irresistível.
- há há engraçadão você em.
Depois de conversarmos mais um pouco, voltamos pra igreja. No enterro mais choro e Pedro foi com a gente lá pra casa, só que no carro dele.
Quando ia entrar em casa, ele me chama. Ele estava com as mãos para trás.
- O que foi?
- Esqueceu do seu presente? Ta aqui môr...
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