Cap. 02 – Conhecendo o inimigo
Sentir saudades de alguém significa que esse alguém marcou sua vida de alguma forma. Hoje sinto saudades de alguns parentes e principalmente dos meus dois melhores amigos, a Claudia e o Luan. Mesmo nos falando constantemente pelo facebook continuo sentindo saudades...
Que eu sou gay isso não é segredo para os meus pais. Se eu disser que foi algo fácil de contar, não foi. O episódio foi o seguinte: num belo dia eu estava voltando da escola quando minha mãe ligou pra mim pedindo pra ir direto pra casa num tom sério. Sinceramente fiquei com medo do que poderia vir. Chegando em casa estavam meus pais sentados no sofá e minha mãe perguntou:
- Quem é esse tal de F?
Na hora eu fiquei PQP minha mãe descobriu que eu sou gay. Eu queria sumir naquele momento.
- Filho pode falar o que está acontecendo, por favor! – falou meu pai já quase chorando.
Eu respirei fundo e ia começar a falar quando minha mãe me interrompeu.
- Filho eu recebi reclamação da escola que você faltou alguns dias e que faltou até a uma prova, por favor, me conta o que está acontecendo.
- Mãe, pai eu sou gay.
- Graças a Deus! – falou minha mãe.
- Espera o quê? – falei quase incrédulo no que acabara de ouvir.
- Eu e seu pai achávamos que você estava usando drogas.
- Não mãe, eu não uso drogas.
- Ainda bem, seu pai e eu já sabíamos que você era assim diferente só precisávamos ter a confirmação.
- Filho lembre-se de uma coisa, não importa sua opção sexual o que nos importa é o seu bem estar e te amaremos até além de nossas vidas. – falou meu pai.
- Valeu pai. Valeu mãe. Vocês são os melhores pais do mundo, eu prometo a vocês que vou fazer o possível pra não desapontar nenhum dos dois.
- A gente sabe.
***
Eu estava caminhando em direção para mais um dia de aula preso aos meus pensamentos quando sem querer esbarrei em alguém.
- Por acaso você é cego ou o quê?
- Me desculpa me distrai, foi só isso, mas desculpa mesmo.
- Que desculpa o quê você derramou meu suco e vai ter que pagar.
Nisso o cara já foi se preparando pra me bater quando um amigo dele disse que não valia à pena fazer isso, enfim esse tal amigo acabou convencendo-o a ir e me deixar em paz, mas no fundo eu sabia que de alguma forma ele ainda ia se vingar de mim dava pra ver o ódio em seu olhar.
Passado o susto inicial fui tomar um pouco de água e depois fui ao banheiro molhar meu rosto. Mais calmo tornei a me lembrar dele, o cara que eu esbarrei, ele era um dos caras mais gatos que eu já vi na vida, tipo assim, o cara é branquinho com um corpo escultural, tipo todas as medidas nos seus devidos lugares e uma barbinha que era sem dúvida seu charme maior. Como tudo na minha vida tem uma música, quando eu pensei nele eu pensei nessa música:
“You are so beautiful to me, you are so beautiful to me, can’t you see?
You’re everything I’ve hoped for, you’re everything I need…”
No caso seria melhor eu falar “you are so handsome to me” regra básica do inglês.
Eu tenho uma propensão imensa pra gostar de bad boys, cara é algo incrível e sério. O primeiro cara que eu me apaixonei era da mesma sala que eu quando eu fazia a 7ª serie, tipo o cara era a bagunça pura, mas mesmo assim era o amor da minha vida. Eu realmente gostaria de entender esse meu lado maluco e destrutivo.
Eu entrei na sala, guardei meu material e fiquei esperando pelas meninas. Cinco minutos chega à louca da Bel me dizendo que a Alana não ia vir porque estava doente. Saímos pra ela me mostrar toda a escola. Praticamente fizemos um tour completo naquele dia, mas vamos nos ater ao primeiro período.
Na volta falei que ia tomar água, mas a bandida não me esperou e eu fui sozinho pra sala. Quando eu chego na porta escuto uma voz que me parecia familiar.
- O que você está fazendo aqui?
- Oi? Eu faço essa mesma pergunta a você.
- Só pode ser brincadeira.
- Só pode. – falei num tom bem irônico. Sinceramente eu tava tendendo ao suicido so pode, porque ter falado assim com o cara que tava a um passo de mandar pro além, né.
- Cara você só pode ter problemas psicológicos pra tentar me encarar.
Não falei nada e entrei. Sentei-me e tentei ficar calmo, mas realmente aquele dia não era um dos melhores porque o imbecil foi sentar justamente do meu lado (maldita Alana!), mas confesso que lá no fundo eu curti a presença dele.
No intervalo ele passou por mim com uma cara de ‘eu vou te matar’ que me deixou até com um pouco de medo, mas enfim.
Chegada a hora mais esperada do dia, isso mesmo à hora de ir pra casa, eu particularmente estava morrendo de fome. Tinha me despedido da Bel e fui à biblioteca pegar um livro e tal, na hora que eu estava indo embora eis que o individuo encrenqueiro da sala me empurra e depois joga um copo de suco em mim, cara na hora fiquei com ódio dele.
- PQP cara como você faz isso comigo?
- Acha mesmo que eu ia deixar barato o que você fez comigo?
- Que bom. Vejo que agora estamos quites.
- O quê? Acha mesmo que acabou? Não mesmo. Bem vindo ao seu inferno particular.
- Que interessante vejo que seremos inimigos a partir de agora. Você pode até ter me pegado, mas te aconselho: tome cuidado porque eu como amigo eu sou bom, mas como inimigo sou melhor ainda.
- Acha mesmo que suas palavras me convencem de alguma coisa?
- Não quero te convencer de nada já que da ultima vez que fiz isso ganhei um banho de suco.
- Que peninha da donzela.
Nossa esse cara realmente tava pedindo, mas eu nunca fui muito bom em brigas, não em confronto físico, então não poderia entrar em conflito direto com ele. Tinha que planejar algo maléfico contra ele. Acho que uma humilhação básica resolve.
Respirei fundo e não falei mais nada.
- O que foi? Ficou sem palavras? Acho que a donzelinha perdeu dessa vez. Ops! Espera! Vai perder sempre.
Engoli em seco e sai. Minha mãe trabalhava o dia todo então quem me fazia companhia em casa era só a Socorro, a empregada e amiga da família, quando eu cheguei ela foi logo me perguntando o que houve ai falei pra ela e pedi pra não contar pra mãe tal fato. Quando mamãe chegou a minha farda já tava bem limpinha dentro do closet.
Aquele garoto com certeza ia me pagar e como ia...
***
Esse saiu meio grande, mas quando se está inspirado, fazer o quê.