Ele quer Café da Manhã – Parte 1
– Mãe, hoje vou dormir na casa do Victor. Vamos a uma festa, de um calega nosso, não sei se a senhora vai saber qual...Pedro. Sabe? – A mentira estava lançada. A única verdade que eu dissera foi que ia dormir na cada do Victor.
– Não. Mas tudo bem. – Disse minha mãe, virando-se para mim. Depois prosseguiu.– Vai da escola, não?
– Sim – Disse eu. Depois sai.
Eu deveria me encontrar às 06:30 com Victor, em sua casa. De lá íamos para a faculdade. Assim quando cheguei, olhei o relógio e vi que estava 20 minutos adiantado, e como não o havia visto do lado de fora, toquei o interfone e esperei que ele atendesse. Assim foi.
– Entra ai pow – Ouvi sua voz e depois um estalido no portão.
Lá dentro Victor estava à mesa, terminando seu café, pão e refrigerante. Admirei sua refeição, principalmente o que bebia. Sempre ouvi dizer que quem bebe refrigerante de manhã é forte, mas suscetível à fraqueza. Talvez fosse mentira.
– Eae mano, blz? – Bati em sua mão.
A resposta veio dele ainda que de boca cheia. Estávamos entre conhecidos, educação passava um tanto longe nessas horas. Enquanto comia, vi que Victor não trajava-se apropriada para sair, apenas um calção e uma blusa de uma banda, que agora não me recordo o nome.
– Vai se atrasar para “facul”, cara.
– Foi mal Lucas por não ter avisado, hoje não vou não. Tive uns problemas ontem, você sabe, e hoje acordei indisposto – Nessa hora pude ver em seu rosto um sorriso desconfiado.
– Pow, cara, sacanagem...
Lá se ia minha carona. A faculdade era distante uns 40 minutos, por isso havia combinado de ir com ele, mas naquele dia...O ônibus já havia passado, não teria chance de esperar outro e chegar em tempo nem sequer para a segunda aula. “Praga”, xinguei em pensamento.
Sentei-me a mesa e esperei pelo menos ele terminar de comer. Logo em seguida ele foi para o quarto e eu o segui. Sua casa era grande, e àquela altura só nós a preenchíamos, seus pais já haviam saido para trabalhar. O quarto do Victor era grande, ainda repleto de brinquedos antigos, que serviam para ele apenas como decoração, mas ele nem ligava.
– Mexe no PC, se quiser. Vou tomar um banho e já venho – Disse ele já entrando no banheiro do quarto.
O que posso e devo falar é que meu desejo naquela hora era de ver o Victor do jeito que estava no banho. Sempre o admirei, mas nunca como eu queria, e ele nunca desconfiara, creio eu. Muitas vezes já tentei falar o que eu sentia, mas a verdade era que o medo, principalmente do que ele diria, barrava minha voz. Mas como já fazia parte do plano, naquele dia eu estava disposto a falar com ele, nem que fosse para apanhar, por talvez não gostar da ideia de ter um garoto que gostasse dele, nem se fosse amigo. Mas eu estava disposto, só não sabia como iniciaria a conversa. Àquela altura já nem pensava em faculdade.
Eu poderia ser do tipo atirado ou do tipo tímido que se revela num olhar. A segunda opção mexera mais comigo, mas será que funcionaria com o Victor?
Meus desejos sempre foram um tanto bizarro, na verdade, o que tenho que contar é que o que eu queria com Victor não se resumia em minutos, em minha cabeça se passava uma fantasia, bizarra por sinal. O que me fizera escolher o Victor fora o fato que descobrir que ele gostava de bizarrices. Era ele ou mais ninguém.
Vi o Victor sair do banheiro com uma toalha enrolada abaixo da cintura. Não me importava com o “dote” que trazia ao corpo, mas não pude deixar de ver a saliência na toalha branca. Naquela hora me desconcertei e me levantei para sair.
– Não precisa sair cara, você acha que eu iria ficar pelado em sua frente? Só vim aqui pegar roupas. – Disse ele, abrindo o guarda-roupas.
O que o Victor disse deixou uma oportunidade solta no ar. “Ele pelo menos tocou no assunto, mesmo que negando algo...” Na minha cabeça essa seria minha única chance.
– Victor? – Esperei ele responder. “O que eu iria falar? Meus desejo era grande, mas minhas palavras estavam cada vez mais limitadas” Até que consegui dizer, não o melhor: – Não me importo se você trocar de roupa aqui.
Depois que disse meu coração disparou. Não queria ver a expressão que surgiu no rosto do Victor, mas era necessário, nem que fosse para me desculpar...
– O que? – Disse ele se virando para mim.
– Me desculpa cara, deixa para lá. Não quis dizer...– Fui interrompido.
– Você disse que não se importava? Pode dizer agora!
Tinha que ser aquela hora.
– Eu gosto de você. Pronto, falei! – Já estava nervoso, tremendo por dentro.
– Sai fora, cara, meu negócio é mulher.
Estava acabado. Minha chance não valeu de nada. Meu desejo ainda continuava, mas... Até que decidi prossegui. “Já que já disse e ele não fez nada senão negar, tentarei mais uma vez.
– Por favor, cara, faço o que você quiser...Não quero que você seja meu namorado, não é isso, quero só brincar de...
Nessa hora pude ver seu rosto mudar de expressão, de negação para curiosidade.
– Como assim brincar?
– Eu sei que você gosta de bizarrices. Eu adoro, até faço comigo mesmo, mas queria subir de nível e deixar que outro faça em mim. – Minha cara de “coitado” estava dando certo.
– O que você faz? – Nessa hora pude ver ser corpo relaxando. Seu semblante mudara. Era outro Victor, mas ainda era o que eu queria.
– Eu sei que você curte, mas tenho vergonha de dizer...é muito estranho.
– Diga-me! – Ele se aproximou. Ainda estava enrolado na toalha, e seu membro estava mais à vista. Eu sabia que ele também adorava algo bizarro.
Não queria enrolar mais minha revelação – e nem quero estender de mais a você, leitor –, por isso fui direito.
– Eu gosto de enfiar alimentos em mim. Te todos os tipos. Assim como algumas lésbicas fazem em vídeos. Na verdade eu aprendi com elas, e acabei gostando. Já faço a algum tempo. – Eu disse, já sem muito medo. – E queria que você fizesse comigo. Não quero relacionamento, quero só brincar, você topa? Por favor...
