Oliveira Dan, Iky, Oi Lins e Silver Sunlight, muito obrigado por acompanharem a minha história e desculpem o atraso, ou os erros. Estou meio sem tempo pra postar, ou fico pensando em muitas coisas e não sei ao certo como colocá-las no computador, por isso o conto vai da forma como pensei, depois vou revisá-lo. Mas, saibam que é o apoio que recebo de vocês, principalmente dos queridos amigos Iky e Oi Lins que dá vontade de continuar a escrever e pensar cada vez mais na história destes dois.
Confesso que não sei o que dizer, ou como me expressar, só sei que sinto uma ansiedade tão grande. Dentro de poucas horas estarei entrando no Fort Leonard Wood, que fica situado no Missouri, por sorte apenas a pouco mais de 700 mi de casa, ou melhor, nas próximas nove semanas esta instalação militar será a minha casa. Ao entrar não serei mais Timothy Brian Milles, mas o recruta Milles, um homem que esta disposto a servir a nação e que pra isso teve que deixar de lado muito daquilo que mais gostava, incluindo certa pessoa. Nunca me arrependi de nenhuma delas e não começaria agora. Eu devia isso a mim mesmo, ou melhor, eu devia isso a eles. A meu pai que durante a maior parte da minha vida foi meu maior exemplo e me apoiou, mas, antes de tudo, não posso me arrepender pelo Sam. Se eu fraquejar, não consegui terminar aquilo que me propus a fazer todo o sofrimento que o estou obrigando a passar será em vão. Confesso que fui fraco, cedi a tristeza e afastei a pessoa que mais amo, mas, quando este treinamento passar eu vou tê-lo de volta. Ele vai ficar surpreso com aquilo que tenho guardado e também, todos sabem que um homem de farda é irresistível.
Chegando ao alojamento arrumei meus pertences e fui apresentar-me junto com os demais soldados. Existiam soldados homens e mulheres, pois o Fort Leonard Wood é misto. Neste momento vem a 1SG (Primeiro Sargento) Tabata Potter, uma mulher loira, com seus 1,67 de altura, mas com uma cara de poucos amigos.
- Sou Tabata Potter, sargento Potter pra cada um de vocês.
- Ui, e onde esta a Samantha? – ouvia-se um ruído ao longe. Neste momento a sargento vai em direção ao local de onde este comentário havia sido feito.
- Quem foi? – inquiria séria. – Quem foi que fez este comentário?
Tanto eu, quanto os demais ficamos sem entender o porque daquela reação da Sargento, mas ela olhou pros quatro soldados que estavam em posição e disse.
- O’Donnel, Taylor, Willians e Stanford. Se eu fosse vocês eu não gostaria de ter-me como inimiga. Eu quero que deem 5 voltas em torno da base.
- Mas, mas... – O’Donnel tentava argumentar.
- Dá próxima vez, pensem antes de fazer comentários.
Depois eu lembrei, por ela ser loira os pais devem ter feito uma homenagem a filha da Samantha, personagem principal da feiticeira a colocando o nome de Tabata, por isso da raiva que ela sentiu no momento em que ouviu comentários se referindo ao seriado. Imagino o que ela deve ter sofrido na escola. Ela continuou pedindo para que todos se apresentassem.
- Soldado Timothy Miller, senhora. – eu respondia.
- Milles, heim? Você, por acaso conhece o Coronel John Paul Milles?
- Sim senhora. – limitei-me a responder o que era perguntado, não sabia até que ponto o nome de meu pai me auxiliaria, ou atrapalharia. Tanto pelo fato de poderem esperar que eu fosse uma cópia deste, como também não sabia se ele, em seus rompantes de ódio, quando descobriu de Sam pode ter informado a algum de seus amigos a natureza diferente de seu filho, ou nas palavras dele “Tim foi corrompido, foi enfeitiçado por aquelezinho”, dá pra acreditar? A forma carinhosa como meu pai se referia ao meu namorado, aquelezinho.
Naquele primeiro dia só fomos apresentados a todos os oficiais que iriam ser nossos supervisores durante o treinamento, o esquema de aulas, as punições, caso não agíssemos como esperavam e todas as outras coisas que passariam a fazer parte da minha rotina: desde as aulas teóricas, sobre a forma de se portar, montagem de armas, noções de higiene no campo de batalha, noções de geografia, até a parte prática, das corridas, o nado e até o paraquedismo, poderíamos ter que fazer algum tipo de incursão que necessitasse do transporte aéreo.
Devo admitir que eu estava feliz, aquela rotina, aqueles trabalhos sempre foram tudo o que eu sempre quis, se meu pai não tivesse me impedido, se não tivesse, verdadeiramente me obrigado a ir a Stanford eu não seria um recruta, eu já até poderia ser um subtenente, ou chefe dos subtenentes 5 (CW5), quem sabe. No final do dia vou a um orelhão que tinha na área de treinamento, eu tinha um celular, mas, dado o meu recente término os nossos amigos poderiam ligar, e isso não seria interessante. Me dirijo ao telefone e disco o primeiro número que me veem a mente, chama, chama, chama e ninguém atende. Depois me dou conta de que Sam ainda poderia estar com raiva de mim, ou melhor, com certeza de todas as pessoas do mundo eu seria a última a quem ele gostaria de dirigir a palavra, então ligo pra outra pessoa, o telefone toca algumas vezes e depois uma voz grave atende.
- Alô, quem está falando?
- Quem está falando? – eu repetia.
- Eu é que pergunto?
- Eu é que pergunto?
- E aé, safado. Como é que estão as coisas no quartel? – Craig perguntava.
- Hoje foi só uma apresentação geral. A vida aqui começa mais amanhã.
- Ah, sei. É o que você esperava?
- Cara, eu nasci pra fazer isso. Este ambiente, eu me sinto vivo...
- E o seu amiguinho deve tá sempre em posição de sentido. Hauahuahuah – Craig e Vivi tinham um senso de humor horrível.
- Ohhh, e a base aqui é mista. Tem cada soldada, que eu acredito que até você vai querer se alistar. – começamos a rir.
- Tranquilo princesinha. Já saquei, nada de comentários deste tipo.
- Tô vendo que você não é tão burro quanto eu pensei. – falei tirando uma com a cara dele.
- Sou sim, só sendo burro de carga pra trazer as tuas tralhas pra cá. Tu não podia ter menos coisas não. Foi um trabalho, mas tu vai me pagar depois irmãozinho. – ele falava, inicialmente em tom de brincadeira, mas depois sério.
- As minhas coisas já... já chegaram ai? – tentava raciocinar, mas só pensava na minha casa que agora ficava vazia, que não me pertencia mais.
- Já, Sam ligou pra mamãe pedindo pra que fossemos buscar. Ai tudo foi empacotado por ele e pronto. – o pesar em sua voz era visível. – mas, não se preocupe nenhum outro homem vai ocupar aquela casa, ele disse que tão logo organize a recisão do contrato saíra de lá. Acho que pra um lugar menor.
Continuamos conversando por certo tempo até que tive que desligar, mandei lembranças para minha mãe, irmã e disse que em outro momento retornaria. Se o meu dia, até então estava ótimo, agora as minhas alegrias se dissiparam. Ele, realmente me queria fora da vida dele. Mas, ele não poderia jogar os nossos 5 anos juntos no lixo. Depois, voltei ao alojamento.
- Vocês viram as pernas da Potter? – Falava Stanford.
- Cara, ela vai me pagar por ter me feito correr tanto. E vai ser bem aqui. – Dizia Willians apontando pra cama.
- Não sei, preferi a Wilkson. – Dizia o O’Donnel.
- Quem? – questionava o Taylor.
- Aquela gostosa que tava perto do refeitório. – Respondeu.
Em meio a esta discussão eu chego ao quarto ao que o Stanford continua.
- Mas acho que daqui quem tem reais chances com a Potter é você Milles.
- Eu?
- Sim, só de ouvir o teu nome ela ficou molhadinha. – continuava Stanford.
Todos começaram a rir, até eu. Fazia tanto tempo que não tinha este tipo de conversa, ou ouvia uma conversa dessas. Eu ainda tentava conversar com alguns amigos, mas eles faziam algumas ressalvas depois que sabiam que eu estava com o Sam.
- Quem sabe? Se ela der mole, eu pego. – falava rindo ainda conversamos sobre algumas coisas e depois tivemos que ir dormir o dia seria duro depois.
Passou-se um mês e eu tentava ser forte. O treinamento era árduo, eu acordava 5 da manhã me aprontava, tinha minha refeição e depois eram os aquecimentos e corridas, 5 Km, depois tinha que nadar 1000 metros, ai vinham as aulas de tiro e defesa pessoal. A sorte era que, por ser filho do meu pai alguns destes treinamentos eram nossas brincadeiras e eu me destacava.
Mas, diferente da euforia inicial, eu agora apenas executava os treinos e conversava trivialidades com os meus novos colegas. Mas, descobrimos que o Taylor, que é um moreno, em tom chocolate, com uns 1,83 de altura, está de rolo com a Mary Yamamoto, que tinha os traços característicos de uma descendente de japoneses, principalmente no quesito dos olhos amendoados em um lindo tom castanho. Agora eu sentia falta de alguma coisa, desde que eu vim pro centro de treinamento eu não tenho falado com o Sam. Será que é isso? Será que eu tô sentindo falta daquele loiro aguado? “Ele já teve tempo suficiente para pensar e agora já deve estar sentindo a minha falta, já deve até ter mandado pegar minhas coisas de volta”, eu pensava e ficava feliz. “Ele... ele não tenta entrar em contato comigo por... ele quer me proteger”.
Eu ligava pra minha família quase todo dia, precisa ter notícias deles, a quem estou tentando enganar? Eu queria, sim saber como meus familiares estavam passando, mas eu gostaria de saber mais ainda como aquele loiro estava, se bem, se ainda zangado, ou, quem sabe, sentindo a minha falta. Acredito até que minha família já deve estar perdendo a paciência, pois a primeira coisa que respondiam ao saber que era eu ao telefone era: “ele tá bem”, “tá superando”, “ainda anda aqui, se é isso que você quer saber”, mas um dia.
- Alô, Viviane falando.
- Vivi, aqui é o Tim, seu irmão preferido.
- Só sendo mesmo, e aé, como anda a vida.
- Contando os dias pra voltar pra casa. Eu gosto daqui, mas tô sinto falta de alguma coisa.
- Alguma coisa, ou alguém? – a safada me questiona.
- Engraçadinha. E como ela está?
- Tá ótima. – ela respondia de forma debochada.
- E? Que mais? – questionava, preciso de mais informações acerca dele.
- Cara, eu vou te dizer logo. Ela ainda tá solteira, mas não sei por quanto tempo. –eu não entendi ao certo o que queria dizer com aquilo, mas depois ela continuou. – Ela decidiu voltar pra academia e esta malhando... e teve outro dia que nós encontramos com o Clarkson em um restaurante....
- Oi? Ela tá com o Clarkson?
- Não, deu um passa fora nele, mas você sabe como são as coisas não é? Ele tá sozinho, carente. E agora que decidiu voltar pra academia esta mais gostoso do que nunca, sabe, sinto cada vez mais gosto de trabalhar com ele. – Vivi tinha um jeito de falar que às vezes me deixava, não sei, não eram ciúmes, mas acho que raiva, é raiva, principalmente quando começava a chamar o meu namorado de gostoso, que ele é gostoso eu sei, não precisa ficar comentando.
- Eu sei, sei muito bem. Conheço a fundo isso e coisas que você não vai saber nem em sonhos, ok? – Disse deixando bem claro qual era o meu lugar.
- Credo, seu ciumento, com ciúmes da irmã, como pode? Tu sabes muito bem que o que existe entre ele e eu é apenas amizade, nunca fui de tomar namorado de amiga, imagina de irmão. E outra, você não pode ter essas crises, vocês estão separados. – ela começa a rir – Se separado é assim imagino o que o pobre sofreu na tua mão.
- Sim, mas, continue.
- Ahhh, onde eu estava? – ela fez um momento de silêncio, como se tentasse lembrar – ahh, lembrei, a tua grande sorte é que o seu ex é um tapado. – ela ria.
-Não fala assim não. – falava meio manhoso.
- Cara, eu tô de guarda quase 24h por dia. Toda vida que ele vai sair, eu vou junto. E fico pastoreando, tô me sentindo uma verdadeira cão de guarda.
- Isso, boa garota, boa garota. Faz muito bem ajudando o irmão, te compro uns biscoitos quando voltar. – nós rimos.
- Agora falando sério, traste, tem gente que só falta comê-lo com os olhos. Ai, como sempre estou com ele digo que estão me secando e pra ele fingir ser meu namorado. – ela começa a rir.
- Safada, tu tá... tu tá se... se... se aproveitando do – parei de falar, seria ótimo no meio do treinamento alguém me escutar falando: se aproveitando do meu namorado, respirei e continuei – que eu sei.
- Com certeza, se ele fosse hetero, eu já tinha pegado, certeza. Um gato desse. Mas a sorte é que ele não percebeu que parte das cantadas que digo que são pra mim, na verdade são pra ele, mas quando ele perceber...
- Eu já vou estar ai e resolvo tudo.
- Então venha logo.
- Vivi – meus olhos ficavam marejados – obrigado por tudo, viu. Obrigado por tentar tomar conta das coisas pra mim.
- Que é isso, eu não te prometi que sempre iria ajudar vocês, então.
- Eu sei, mas, mesmo assim obrigado.
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Eu estava muito nervoso, minha irmã tinha me ajudado a me aprontar, mas eu ia a casa de Sam, eu veria seus pais, não que eu nunca tenha feito isto antes, tinha, mas a situação era outra, completamente diferente: eu jantaria com os pais de uma namorada, agora a figura era outra, eu ia a casa de meu namorado. Minhas mãos estavam geladas e parecia que as Cataratas do Niágara tinham se mudado para elas. Não poderia ser tão terrível, eu não sou o primeiro namorado dele. Mas, quem sabe os seus pais ainda não tenham se habituado, que, quem sabe Sam... meu Deus, eu não posso surtar. Ao longo do caminho mais de uma vez eu pensei em desistir, em voltar, dizer que estava indisposto. “Indisposto? Indisposto? Isso lá é desculpa de homem?”, pensava e continuei indo, até que cheguei em uma casa branca com dois andares e um jardim na frente, cruzei o jardim como um cordeiro indo em direção ao sacrifício, toquei a campainha e fiquei petrificado.
Alguns momentos depois a porta se abre e vejo Samantha, que também estava de férias. Ela tinha os traços de Sam, contudo um rosto mais afilado e delicado, da mesma forma que seus lindos cabelos loiros chegavam até a cintura.
- Sam, vem logo. Teu namorado chegou. – Ela gritava da porta.
- Manda ele entrar Sam, que eu já tô quase pronto. – eu ouvia a voz daquele que era meu.
Samantha me dirigiu até um sofá da sala, disse que seu pais tinham dado uma saída, tinham esquecido de comprar a sobremesa, mas já, já voltariam.
- E aé, nervoso? – ela questionava.
- Que é isso? – tentei parecer seguro, coisa que não estava. – esta tão evidente assim?
- Calma garoto, você só tá vindo jantar conosco, não é como se você fosse pedi-lo em casamento. – ela fez uma pausa e me olhou séria – você não vai pedi-lo em casamento, vai?
- Claro que não, é só que... eu nunca passei por isso. Eu nunca, ah, eu nunca... – eu tentava formular as palavras, mas estas não saiam.
- Você nunca teve um namorado. – Samantha completou por mim.
- Isso mesmo. – eu começava a rir nervoso.
- É, vou logo te avisando que meu pai já quer comer teu fígado viu. Ele não gosta da ideia do Sam trazer os namorados pra casa. Ele diz: “você pode ter a vida que quiser, mas nesta casa, respeitará as minhas ordens” – dizia isso enquanto fazia uma voz grave.
- Então.. então por que ele... me...
- Sam, para de assustar o Tim, assim ele vai achar que o papai é um monstro. – Ouvia uma voz que veio da escada, Sam descia com uma calça jeans, um tanto justa e um moletom branco, ele estava simplesmente lindo e eu, pra variar, babando. Enquanto isso Samantha começava a rir.
- Tim, é brincadeira da Sam, ela e eu somos assim, na primeira vez que algum namorado nosso vem aqui nós sempre damos um susto nele. No da Samantha eu ficava dizendo que o papai gostava muito do namorado antigo, s... – a medida que ele falava meu coração ia ficando mais calmo. Eu devia ter suspeitado, deveria saber que o meu loiro não me jogaria assim na cova dos leões.
- Amor, eu já tava com o coração na mão. – respondi. Ao passo que Samantha decidia deixar-nos a sós.
Neste momento, aquele que eu amo começa passa a mão em minha cintura, enquanto eu me inclino e sinto mais o seu perfume, como eu estava com saudades daquilo, em pouco mais de um dia sem o beijar eu já estava louco de saudades. Eu começo a beijá-lo, incialmente apenas alguns poucos selinhos, mas depois meu corpo parecia que estava possuído por alguma coisa, coisa não, alguém. Eu reagia contra minha vontade, parecia que, qualquer distância que nossos corpos estivessem um do outro seria demais pra mim, eu precisava estar com ele. Então o beijei sem nenhum pudor.
O gosto de sua boca não estava como eu lembrava, estava ainda melhor, se isso era possível, seu toque, seu cheiro, como será que estava o sabor de sua pele? Eu poderia me perder naquele instante, aquele momento poderia parar, eu morrer e iria feliz. Quando este momento mágico acabou fui lançado diretamente no inferno, quem estava parado na entrada? Os pais dele com uma sacola de compras.
- O-o-oi senhor Owen, senhora Owen. – minha face parecia um pimentão.
- Olá meu querido, vejo que é o namorado do Sam. – afirmou Rachel, sua mãe, com um olhar sereno.
- Samuel, o que eu falei pra você? Heim meu filho responda? – Questionava o senhor Set, com um olhar sério.
- Desculpa pai. Eu, eu prometo. – Sam parecia constrangido ao responder ao seu pai.
- Não peça desculpas, só não faça mais isso, estamos entendidos? – Ele era duro.
- Sim senhor. – Sam respondia.
- Agora meninos, se nos dão licença vamos acabar de preparar a janta, depois chamamos vocês. – Dizia minha sogra de uma forma pacificadora.
Sam me levou até seu quarto que era muito bonito, o típico quarto de garoto, com a diferença da ausência de fotos sensuais femininas, mas, pelo quarto em si, ninguém perceberia que ele é gay. Assim que chegamos, eu estava constrangido pela forma como o seu pai havia lhe dirigido a palavra, via que teria que cortar um dobrado com meu sogro.
- Seu pai heim, ele não tinha o direito...
- Não fale do meu pai, ele tem o direito dele. – Sam me cortou rápido e continuou – eu desobedeci uma regra dele. Ele sempre diz que podemos fazer o que quisermos dentro do quarto, mas nada de agarramento na sala...
- Mas se fosse sua irmã com um namorado, ou você com uma...
- Não, a regra vale pros dois, ele sempre foi assim. Quando eu disse que era gay ele apenas disse: “não vou lhe tratar diferente por isso, entendeu? Nisto eu quero, ou melhor, exijo que você traga qualquer namorado seu pra dentro de casa. Não quero que nada chegue aos meus ouvidos por terceiros. E as regras não vão mudar”.
Nós ainda ficamos ainda conversando por um bom tempo até que foram nos chamar para a janta. O senhor Set, pediu desculpas pela cena que havia protagonizado, mas disse que aprendeu isto com seu pai, que era uma questão de respeito.
Engraçado, eu estava preparado para ser desprezado, que me olhassem de uma forma diferente, como se eu estivesse desvirtuando o Sam, mas não. Aquela cena me era familiar, as vezes que fui apresentado as famílias de namoradas, com uma pequena diferença, eu estava ao lado de um homem, o homem que eu aprendi a amar e que dá um sentido todo especial a minha vida. Não sei descrever aquela noite, a forma que me senti, sem ter que fingir nada a ninguém, podendo segurar a mão de Sam na hora que eu quisesse dar selinhos (os pais dele só permitem selinhos), enfim, poder desfrutar da companhia dele com a sua família foi mágico. Ele ainda me convidou pra dormir em sua casa, mas achei melhor não, preferi não abusar de minha sorte.
Quando eu voltei a casa estava bem, cumprimentei a meus familiares e fui dormir, o outro dia seria um dia cheio, mas antes que eu pudesse dormir tomei um susto ao chegar ao quarto e perceber que Vivi estava lá.
- Nossa vejo que a noite foi boa. – ela indagava.
- Sim, foi. – tentava não transparecer a minha empolgação.
- Vejo que conseguiu conquistar os sogros. Eu sabia que com os meus serviços de personal style você conseguiria. – ela falava empolgada.
- Que sogros, o quê. Eu só fui comer na casa de um amigo. – tentava desconversar.
- Sei, mas eu vou te cobrar pelo serviço de personal style...
- Como é?
- Eu já havia te dito, eu quero conhecer aquele teu amigo gato. – Ela fala isso mostrando uma foto do Orkut dele, o que me deixa um tanto constrangido, minha irmã esta descaradamente pedindo a minha ajuda pra poder ficar com o meu namorado. Dá pra isso ficar mais louco?
- Você vai conhecê-lo, ele vai vir aqui qualquer dia desses. – eu respondo seco.
- Mas ele vindo aqui não tem graça. Eu preciso falar com ele antes, e você prometeu me ajudar.
– Eu não prometi nada. – Enquanto eu falo isto ela me abraça, coloca a mão no meu bolso e tira o meu celular.
- Eu vou mandar uma mensagem pra ele.
Neste momento eu gelei, eu não tenho Sam em minha lista telefônica, eu tenho “Honey”, se ela percebesse e quisesse ligar para o meu Honey eu seria descoberto.
- Larga o meu celular, deixa que eu ligo pra ele e combino, tá bom.
- Ohhh eu sabia que você iria ajudar sua irmãzinha, quem sabe ele entra até pra família. – ela falava rindo ao sair do meu quarto.
Eu cumpro minha promessa e ligo pra ele combinando tudo. Ele começa a rir da minha situação, dizendo “nossa, sua irmã até que é bonita, eu tenho que dar mole pra ela”, e nisto o safado ria. Esta situação era muito complicada, eu estava refém de minha irmã e colocava o Sam no pacote, ele ainda aceitava, pois sabia que este momento era difícil pra mim, principalmente quando levava em consideração a tradição militar de minha família. Eu ainda não podia assumir, eu era muito fraco pra enfrentar a todos e assumir que eu o amava, assumir para a minha família.
Dormi mal, eu tive um sonho muito esquisito, nele a louca da minha irmã estava amarrando o Sam em uma cama, dizendo que ficaria com ele a todo custo. Ele estava nu em pelo e ela começava a ficar em cima dele, beijando sua boca, seu pescoço, e ia descendo. Eu gritava “Larga ele, larga ele agora”. E ela não me dava ouvidos, e eu gritava mais forte ainda, até que ela me escuta e pergunta: “Ele é gato e solteiro, ou seja é meu.Você tem alguma coisa contra, maninho?” E nisto eu fiquei estático, lógico que tinha muitas coisas contra, a final, ele era o meu namorado e neste momento acordei. Neste momento fiquei apenas reinterando que tudo não passava de um sonho, que nada daquilo era real.
O decorrer daquela semana foi simplesmente péssimo. Com minha irmã investindo descaradamente no meu namorado, meu humor foi lá pra onde Judas perdeu as meias. Eu tentava ficar calmo, eu tentava ter um tempo com Sam, mas toda vez que eu iria sair com ele, minha irmã inventava de ir junto. Quando eu dizia que tinha que fazer algum trabalho, ou ver alguma coisa no quarto com ele, ela dava um jeito de ir levar uns biscoitos, um chá, qualquer coisa para ter que entrar no quarto e não sair.
- Vivi, dá pra sair, estamos ocupados. – Eu pedia em um tom ríspido.
- Eu vou ficar aqui, quieta. Vocês nem vão notar a minha presença. – ela respondia.
- Vivi, SAI. AGORA. – eu respirei – por favor.
Ela me lançou um olhar triste, do qual eu já tô vacinado, mas o meu loiro não, ele começou a cair no olhar sonso de minha irmã.
- Timmy, não a trate assim. Ela pode ficar, depois resolvemos o trabalho. – Quando ele falou isto fiquei muito puto, eu quero beijar o meu namorado, quero poder tocá-lo, mesmo escondido. Eu quero estar com ele e a polha da minha irmã não permite isto. É um saco.
Quando Sam saiu ela me agradeceu pela forma como a tratei, disse que assim o Sam ficaria com pena dela, a irmã maltratada e assim ele poderia se aproximar de maneira mais fácil dela.
- Vivi, não seja ridícula. O Sam não vai ficar com você, você é uma criança. – eu falava pra ela.
- Eu não sou mais criança, já tenho 16 anos. – Ela argumentava
- E tem mais, ele... ele terminou um relacionamento a pouco tempo, e não quer estar com ninguém agora. – eu mentia descaradamente.
- Por que você não me disse isto antes, eu vou dá-lo todo o apoio que necessita.
- Não vai, deixa o garoto em PAZ, entendeu. Algo me diz que você não faz muito o tipo dele. – eu ficava cada vez mais irritado com tudo aquilo.
Ela não me deu ouvidos e continuou com as investidas. Se antes voltar para a faculdade era uma coisa que eu gostaria, agora, contava os dias pra me ver livre da minha irmã e poder ficar em paz com o meu namorado. Mas, um dia, durante a noite, quando voltada da casa de Sam vi, mais uma vez Vivi no meu quarto.
- Por que você me deixou fazer papel de palhaça? – ela questionava.
- Como?
- Eu sei de tudo, tá bom. Eu sei. – Ela era incisiva.
- Tudo o que?
- Você sabe, eu sei que o seu amigo, o Sam é... bem que ele é gay. – ela solta essa bomba em cima de mim e eu fico pensando no que mais ela sabe.
- Quem te disse isto?
- O Henry, ele que me disse.
- Tá me dizendo o Henry, aquele seu amiguinho da escola?
- Exatamente. Ele me disse que o amigo do meu irmão, o cara que eu tava afim era gay.
- Ahhh, isto é história... não é... – eu tentava desconversar, dizer que isto era uma mentira.
- Não precisa mentir pra mim, tá bom. Fico feliz por você não ser um idiota como o papai, mas poderia ter me dito que o relacionamento anterior do Sam foi com um homem. Eu teria entendido.
- Desculpa, é que se o papai sabe que eu divido o quarto com ele... – pensava em uma forma de contornar a situação.
- Eu sei, ele vai dizer que: NUNCA UM FILHO MEU VAI DIVIDIR QUARTO COM UM MARICA. – ela fez uma pausa e continuou – ele esta sozinho desde que entrou pra faculdade?
- Aham – mesmo eu tendo brigado com Clarkson, não iria expô-lo – foi um cara que ele namorava no colégio.
- Ohhh, que lindo, você sabe se ele ainda gosta deste cara? - Eu ficava me questionando, do porquê o interesse de minha irmã no ex-namorado de Sam. Agora mais essa, mas, enquanto ela estivesse focada no ex dele poderia esquecer-se de mim.
- Eu lá vou saber da vida amorosa do cara, eu heim. Somos amigos, mas nem pra tanto. Mas acho que sim, afinal não o vejo se agarrando com muita gente no Campus. – respondi seco.
- Ok, então você vai me ajudar.
- Ajudar? Ajudar em que? – eu questionava.
- O Christian esta muito arrependido do que fez... – ela falava.
- Christian, que Christian? Quem diabos é Christian? – eu indagava.
- Christian é o primo do Henry e ex-namorado do Sam. O Henry me disse o primo havia sido infiel e por isso eles terminaram o relacionamento. Mas, se o Sam ainda gosta dele, poderemos dar uma forcinha. – ela falava radiante.
Eu não acreditava naquilo que eu ouvia, minha irmã agora queria dar uma de casamenteira? E pior, ela queria que o Sam voltasse para o Christian. O Safado, que havia partido o seu coração, eu não o conhecia, mas ele fez com que o meu loiro sofresse, no dia de seu baile, um dos dias mais importantes da vida de um estudante, eles haviam combinado de só no momento do baile, mas Sam decidiu fazer uma surpresa para o namorado, vê-lo no vestiário, para dar-lhe um beijo e depois ir se aprontar, mas aquele acaba sendo surpreendido por uma sena grotesca: o namorado se agarrando com outro. E agora minha irmã queria que eles voltassem. Santo Deus.
- Creio que ele não vai querer. – eu respondia.
- Não custa nada tentar, vai que eles tenham alguma chance. É melhor do que ele sofrer por estar só. – dizendo isto minha irmã simplesmente sai.
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Depois que desligo o telefone decido ligar pra mais um número. Mas não, na certa ele nem vai querer ouvir a minha voz, eu pensava enquanto dizia a mim mesmo pra não ligar. Eu precisava dar espaço a ele. Ele precisa sentir a minha falta, então não ligarei e isto já estava decidido.
- Alô, Samuel falando. – ele atendeu – alô? Quem é que esta falando?
“Sou eu, Timmy. Só tô ligando pra dizer que estou bem e que espero que você ainda não tenha me esquecido. Eu sei que eu fiz uma burrada tremenda, mas eu gosto de você, Sam, realmente eu gosto de você e vou provar isso. Você vai ver... você tem que me perdoar, pois eu te amo. Eu te amo demais cara, você precisa entender isso.” Eram coisas que eu pensava, mas a voz não saia. Ouvir a voz dele, apenas o doce som grave de sua voz já me fazia um tremendo bem.
Confesso, tive medo. Medo de que, ao revelar minha identidade, ele nada falasse, medo de que me esnobasse e eu sentisse que, verdadeiramente, o perdi. Eu não poderia perdê-lo.
- Alô, se você não falar nada eu vou desligar... estou desligando... olha que eu desligo – ele tem esta mania, ele fica conversando com a pessoa, mesmo esta não respondendo, se antes eu já me divertia com isto, agora me dava uma alegria maior, pois poderia continuar ouvindo-o falar – última chance, tenha uma boa noite e tchau. – ele desligou.
- Você também, tenha uma boa noite. – eu com o telefone no ouvido, enquanto me preparo para voltar para o alojamento.
Obrigado e continua.