Aprendendo a amar - parte II

Um conto erótico de Alessa
Categoria: Homossexual
Contém 1177 palavras
Data: 24/04/2013 11:29:28

– Entrego sim Gabriel.

– Ok, fica a vontade.

Ele pegou a mochila e saiu. Continuei olhando as fotos, minha cabeça estava muito confusa, a imagem de Gabriel não me saia da cabeça e a Luna tinha um namorado. A única vontade que eu tinha era de sair dali correndo, mas não faria algo assim, nunca fui de fugir de nada. Dei as costas pras fotos e me deparei com um quadro enorme, nele estavam pintados os dois irmãos quando menores, ambos no colo de duas mulheres absurdamente lindas. Uma estava com a cabeça deitada no ombro da outra e ambas olhavam pras crianças com ternura. Senti Luna me abraçando por trás enquanto eu observava o quadro, estava tão imersa na pintura que não ouvi seus passos. Afastei-me assim que voltei a realidade.

– Vou pra casa.

– Por que amor? Você acabou de chegar.

– Nada. – empurrei as coisas que Gabriel havia me dado pra entregar a ela. – Seu namorado mandou pra você, disse que talvez passe aqui mais tarde e disse mais alguma coisa, mas não lembro o que.

– Que namorado? – ela pegou e olhou o cartão, o rosto dela que antes estava completamente assustado deu lugar a diversão e ela começou a rir muito e tirou algo de dentro do envelope – Ah, esse? – disse exibindo uma foto na altura dos meus olhos, era ela com um garotinho que estava pendurado em seu pescoço. Fiquei completamente sem graça, não sabia o que dizer. – É meu primo, o Serginho.

– Ah... – sentei no sofá sem dizer mais nada. Antes tinha ficado com ciúmes e com raiva dela. Só que ciúmes não era algo que eu costumava sentir, por mais que não quisesse admitir eu estava gostando daquela garota.

Ela ainda estava rindo quando me abraçou forte e me deu um beijo no rosto, mas de repente ficou séria.

– Quem te entregou isso?

– Teu irmão, Gabriel. Você nunca falou que tinha um irmão, nem se quer costuma falar muito da família.

– Hm... As pessoas não costumam aceitar muito bem minha família e eu a amo demais, então evito falar, evito gerar mais comentários. – disse apontando o quadro – São minhas mães, eu e o Gabriel.

– Mães!? Vocês são adotados?

– Na verdade não, ela doou o óvulo pra inseminação – falou mostrando a mulher de olhos verdes, depois apontou a de olhos castanhos – e ela que cedeu a barriga. São casadas há 25 anos já. E tenho muito orgulho delas, o problema é que a maioria das pessoas não aceita ou não entende e fala muita besteira, principalmente por eu gostar de garotas também. Aí sempre aparece alguém que acha que é por causa da criação, por sempre ter visto um casal de lésbicas, coisa que na verdade não tem nada a ver. Gabriel por exemplo não é gay e se fosse elas aceitariam muito bem, coisa que a maioria dos pais não faz.

– Ah sim, uau, que história hein.

Ela apenas assentiu com a cabeça e me puxou pro sofá, ficamos um bom tempo abraçadas ali vendo filme. Até que meu pai ligou pro meu celular perguntando aonde eu estava. Resolvi ir pra casa sob os protestos de Luna que queria que eu ficasse.

– Tá bom amor, tá bom. Só mais uma coisa, já que você me interrompeu quando estávamos no seu quarto e eu fiquei sem jeito depois... – disse ela se ajoelhando na minha frente quando ela fez isso eu meio que já sabia o que estava por vir – Me dá uma chance vai? Tem um tempo que eu tô louca pra te chamar de minha, poder ficar sempre com você. Me deixa te fazer feliz vai? Namora comigo?

– Luna... Eu acho que tá muito cedo ainda... Não estou muito afim de entrar em um relacionamento agora, por favor entenda isso. Eu gosto muito de você e não quero que isso atrapalhe a amizade que temos. A gente pode até ficar as vezes, mas namorar não, desculpa.

Ela quis me acompanhar até em casa, mas eu neguei o tanto de vezes que foram necessárias até fazê-la desistir. Queria ficar só e provavelmente não era a única que estava precisando disso. Nossa tarde havia sido muito boa, foi bem legal descobrir coisas que ela guardava pra si, entretanto acho que não sou mais do tipo “namorável”.

Quando cheguei em casa estava cada um em seu próprio mundo. Subi pro meu quarto a fim de ligar pro meu irmão que há muito já havia desistido de conviver com a nossa família, mas sempre me dava conselhos e me ajudava. Joguei-me na cama e notei que ao lado dela estava a mochila de Luna entreaberta, suspirei, ou ela voltaria pra buscar ou eu teria que entregar na casa dela, pois o fim de semana tinha acabado de começar e teríamos prova na segunda.

“Isso pode ficar pra outra hora”, pensei. Liguei pro Caio e passamos horas conversando sobre a universidade dele, a garota com quem ele estava namorando. Ele me confessou que estava louco pra pedi-la em casamento. Fiquei muito feliz com a notícia, afinal ela era uma garota realmente incrível, se conheceram no primeiro período de medicina e estão juntos desde então, agora fazendo o último.

Resolvi falar sobre Luna, estava realmente gostando dela, disso eu tinha certeza, mesmo assim não queria arriscar. Ele ouviu tudo o que eu tinha a dizer sobre ela sem julgar, sempre fomos muito abertos um com o outro por conta disso. Depois que terminei ele disse:

– Manu, eu quero que você seja feliz, ok? Quando estiver pronta pra cair de cabeça em um relacionamento de novo, segura de si, vai lá e tenta. Não vejo porque não, eu sempre vou te apoiar e você sabe disso. Só toma cuidado com papai, ele nunca vai aceitar, mesmo assim, se essa garota te faz bem, não deixa passar. Felicidade não é esse tipo de coisa que se encontra em toda a esquina. Qualquer coisa eu tô aqui, você sabe né?

– Sei sim, obrigada, por tudo Caio. Quero que você seja muito feliz com a Marília também. Tenho que ir dormir agora. Te amo bobão.

– Ok, boa noite. Te amo sua chata.

Foi muito reconfortante falar com ele, estava morrendo de saudades da voz do meu irmão, dos conselhos dele. Entretanto, no segundo em que fechei meus olhos me lembrei do Gabriel, assunto que eu não tinha debatido com o Caio, nem se quer achava que era realmente importante. O problema é que agora a imagem daquele garoto não saia da minha cabeça, alguém com quem eu mal troquei algumas palavras. Dormi pensando nele e em tudo que Luna havia me dito aquele dia.

Acordei com a luz do Sol batendo no meu rosto, porque tinha esquecido de fechar as cortinas durante a noite. Peguei meu celular pra olhar as horas, haviam duas mensagens da Luna.

“Oi, bom dia, desculpa se eu te acordar, é que como vc deve ter notado, eu esqueci minha mochila aí. Que hrs posso ir pegar?” .

“Manuella, acorda vai, eu tenho que estudar!”.

Agora ela já estava me chamando de “Manuella”? Devia ter ficado chateada comigo. Que droga!

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Comentários

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To gostando muito . Vc escreve muito bem! Parabens e continue logo ...

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