“Aquilo que provamos quando estamos apaixonados talvez seja o nosso estado normal. O amor mostra ao homem como é que ele deveria ser sempre.” Anton Tchekhov
Minha infância foi a melhor que eu já tive, fui um garoto muito mimado pelos meus pais e tudo o que eu sempre quis, sempre tinha. Estudava na melhor escola da cidade.
Na escola desde o meu Ensino Fundamental chamava a atenção das meninas por ser um moreninho, de olhos verdes, um sorriso encantador e um cabelo com corte militar. Alem disso, muito esperto e com um bom papo.
Aproveitava essas minhas características e pegava as meninas da escola, fui ate chamado de caçador kkk. Não sobrava nenhuma menina, todas elas eram atacadas por mim, e os meninos, sempre tinham ciúmes e queriam descobrir como também pegar as meninas como eu.
Mas entre as meninas da escola, me apaixonei por uma que me chamava a atenção pelo seu jeito. Uma loirinha com corpo de modelo, cabelos lisos e um perfume que marcava aonde ela passava. Ela fisgou meu coração, e com isso parei de ser esse caçador famoso.
Nos relacionamos sério, e para melhorar estudávamos na mesma sala. Seus pais me adoravam, e os meus? Nem fala!!! Era Viviane pra cá, Viviane pra lá, e eu sempre com bola cheia por ter uma namorada dessa.
Mas o pior aconteceu, terminamos a 8º série e na ida para o Ensino Médio seus pais decidem ir para outro estado. Nossa!!! Chorei tanto por perdê-la. Terminamos o namoro, mas com promessa de um dia nos encontrar e reatar o nosso relacionamento.
Sete anos após a conclusão do Ensino Médio e com o curso técnico em administração em mãos, meu pai me coloca como gerente adjunto de sua empresa de peças. E por ser já um homem já responsável e com trabalho bem sucedido. Um dia meu pai me diz:
- Filho, eu teria que ir a São Paulo resolver algumas pendências e comprar peças para a empresa, alem disso teria que assinar acordo com outras empresas do mesmo ramo. Você trabalha comigo já a dois anos e nesse tempo senti firmeza e confiança em você. Olha, você vai ao meu lugar resolver isso, não se preocupe que a sua assinatura é válida, você é gerente desta empresa.
- Pai eu nunca fiz isso, mas será uma experiência para mim, tudo bem eu vou.
- Filho confio em seu potencial
Nossa!!! Fiquei com maior frio na barriga, mas será muito bom essa novidade para minha carreira.
Cinco dias depois viajo para Osasco. Meu pai do Rio de Janeiro monitorava tudo por telefone e me dava as coordenadas do que eu devo fazer.
Chegando no hotel arrumei minhas malas e tomei um belo banho para relaxar. Decido descer e dar uma volta nas redondezas do hotel. Fui a uma praça muito bem urbanizada. Sento no banco olhando as crianças brincando quando meu olhar se direciona para uma moça. Ela me parecia familiar... Ela também me olha e me encara com cara de desconfiada. Decido ir até ela para puxar conversa.
- Oi tudo bem? Poxa, você não me é estranha...
- Digo o mesmo a você, fiquei aqui com meu filho, mas observando você para saber de onde a conheço.
Durante a conversa, descubro que ela é da mesma cidade que a minha.
- Poxa, deve ser de lá que nos conhecemos. Quanto tempo você mora aqui nesta cidade?
- Faz aproximadamente 8 anos quase oito que estou aqui, vim pra cá com meus pais, pois meu pai conseguiu um emprego melhor aqui, e aproveitando veio tratar da doença de minha irmã que descobrimos a pouco tempo. Ela tem uma doença no coração aonde já foi operada, mas os médicos disseram que ela deve ter cuidados especiais.
- Nossa, meu Deus como é difícil essa nossa vida. Ela tem quantos anos? Perguntei e espantado.
- Ela tem 24 anos, descobrimos essa doença quando ela tinha 17 anos, corremos com ela e foi daí que ela teve que operar aqui no estado. O Rio de Janeiro tem recursos, mas preferimos vir pra cá por causa do trabalho do meu pai.
- Uau!!! Ela tem a mesma idade minha. Desculpe a minha falta de educação, me chamo Ricardo. E o seu nome?
- Me chamo Isabele. Minha irmã chama-se Viviane.
Minhas pernas tremeram... fiquei preso em meus pensamentos, e por uma hora saí de si.
- Ricardo, o que houve? Você está pálido?
Me recompus – É o mesmo nome de minha amada. Uma pergunta. Seu pai se chama Francisco e sua mãe Cristina?
Ela fica perplexa e vi que seus olhos encham-se de lágrimas.
- Ricardo, já sei! de onde nos conhecemos, você foi a minha casa pedir a mão de minha irmã em namoro ao meu pai. Ela até hoje fala de você, um namoro de infância que a doença teve que afasta-los.
Fiquei aflito e com o coração batendo forte, minha vontade foi de chorar, mas não pude fazer isso na frente da Isabele.
- Mas por que ela não contou isso para mim ao se despedir de mim? Perguntei a ela.
- Ela não gostava de expor sua doença, e tenho a certeza por te amar tanto, ela não quis que você sofresse.
- Mas eu sofri mesmo assim, a amei de verdade, ela me contando ou não eu sofreria do mesmo jeito.
- Pois bem Ricardo olha, se você quiser você pode amanhã lá em casa fazer uma visita para ela. Não vou contar nada para ela para ela não ficar ansiosa. Mas eu vou avisa-la amanha mas com jeitinho, também vou falar com meus pais.
Meu coração acelera mais ainda, fiquei louco para vê-la novamente.
- Tudo bem Isabele, anote aí meu numero e me ligue para marcarmos um local, pode me ligar a cobrar, tudo bem.
- Ok, Ricardo, preciso ir, está ficando tarde e tenho que legar Guigui pra casa.
- Tchau Isabele, aguardo seu contato. Até amanha.
-Até Ricardo, foi bom vê-lo, você está diferente, está mais magro, mas continua com a beleza como antes. Anotado seu numero, te ligo sim. Beijos
- Beijão, até.
Chegando no hotel eu não pude acreditar no que aconteceu. A vida retornou os dois corações apaixonados.
Foi difícil pegar no sono, mas logo adormeci. Acordei de manha com a ligação da Isabele marcando para as 17 horas para me encontrar com ela na praça. Durante o dia eu fui fazer tarefas da empresa.
As 16: 30 eu já arrumado desci e fui até a praça com um buquê de flores para dar para Viviane. Logo avisto Isabele me chamando para irmos a casa.
Chegando à porta da casa dela, meu coração bate forte e minha cabeça rodou. Isabele me segurou para eu não cair no chão, não havia almoçado.
- Está bem Ricardo? Vamos entrar?
- Desculpe Isabele, eu não almocei hoje pois foi corrido meu dia, fiz um lanche, mas estou bem, vamos entrar sim.
Entramos na casa quando eu olhos para seus pais que foram me receber com um abraço. Nossa!!! Eles continuam os mesmos.
Escutei um passo vindo de cima, e quando eu olho para a escada vejo Viviane com as mãos no na boca assustada com olhos cheio de água.
Continua...
“Quando o amor vos fizer sinal, segui-o; ainda que os seus caminhos sejam duros e escarpados. E quando as suas asas vos envolverem, entregai-vos; ainda que a espada escondida na sua plumagem vos possa ferir.” Khali Gibran
Bom pessoal, esse é o meu primeiro conto que posto neste site. Espero que gostem. Aceito elogios bem como críticas construtivas. Um forte abraço e até a continuação do conto.