08. Cores e Dor
→Carlos
Eu estava impaciente, já eram 21h00min e Tyler ainda não tinha aparecido, o que era bastante estranho. Ele nunca se atrasava. Ele era sempre pontual.
Eu estava feliz por ter mostrado a verdade pra ele e eu gostava muito dele, com meus namorados(nem sei se posso dizer que eram namorados, mas eram certamente submissos) anteriores, eu nunca me senti tão ligado antes a ninguém.
Pego meu celular e ligo pra ele, demora um pouco até que atende:
-Oi – falei.
- Oi – quando a pessoa responde percebo que não era Tyler era outra pessoa, era Fábio – Carlos!Eu achava que você não ia ligar nunca.
- O que você fez com Tyler, se você fizer algo com ele eu acabo com você – falo nervoso.
- Eu não fiz nada, ainda não – ele ri um pouco – Se você quiser que nada aconteça a ele você vai ter que vir aqui para uma conversa, aliás uma conversa que nós já devíamos há muito tempo.
Antes que eu pudesse dizer algo ele desligou, e eu corri e peguei meu carro, eu precisava salvar Tyler.
→Tyler
Sinto a escuridão nos meus olhos, eu estou preso provavelmente em uma cadeira e com os olhos vendados.
Tudo aconteceu muito rápido, eu estava saindo do meu apartamento quando alguém bateu na minha cabeça, minha cabeça ainda girava, mas estava intacta o suficiente para raciocinar e levar-me à conclusão de que só Fábio poderia ter feito aquilo. Lembrei-me das suas ameaças. Minhas suspeitas foram provadas quando escutei sua voz, ele falava com alguém ao telefone.
Percebo que ele está falando com Carlos e ele faz uma sugestão para que Carlos venha até aqui “conversar” com ele. Nessa hora me desespero e começo a chorar, ele podia fazer qualquer coisa comigo mas não com Carlos. Tento me soltar, mas é inútil.
Ele chega perto de mim e fala:
- Seu namoradinho está vindo pra cá e eu vou mata-lo na sua frente. Vai ser muito divertido. Pelo menos pra mim.
Ele tira a venda dos meus olhos e sorri, um sorriso sádico. Eu estava com nojo dele, eu sentia vontade de bater nele com todas as minhas forças, mas a única coisa que podia fazer (e fiz) era cuspir na sua cara.
Quando cuspi na sua cara, ele sorriu e limpou sua face com um dedo e esse mesmo dedo levou a sua boca, saboreando minha saliva.
- Por favor Fábio não faça nada com Carlos, eu fico com você, eu deixo ele, mas não mata ele – implorei.
- Até poderia considerar essa proposta mas não seria tão divertido – ele falou com se estivesse falando de alguma coisa normal.
Percebo que alguém entra e esse alguém é Carlos ele tira rapidamente as cordas que me prendem a uma cadeira e eu me pergunto por que Fábio não o impediu.
Carlos me beija e me diz:
- Vamos para o meu apartamento, lá você estará seguro – ele fala mas Fábio o interrompe.
- Creio que isso não será possível – disse terminando de colocar um cilindro na sua arma, um silenciador.
Ele apontou a arma na direção de Carlos e disse:
- Vai ser divertido ver você morrendo – ele fala isso e se prepara para atirar.
Como eu poderia deixar que ele matasse a pessoa que eu amo? como eu poderia deixar que ele me tirasse a única coisa que importava pra mim?
Sem pensar muito me jogo na direção para qual a arma está apontada e escuto um pequeno barulho, o mundo está girando lentamente, sinto uma dor muito forte no meu corpo mas a dor emocional que eu sinto é maior do que qualquer dor física.
Eu sinto a essência das cores que me cercam: O vermelho que em ocasiões normais poderia representar a sensualidade, a paixão e até o amor, agora representava um prova concreta da minha dor física.
Eu estava sangrando, mas isso era o que menos importava.
Cores e lembranças são as únicas coisas que me mantém acordado por um curto intervalo de tempo e depois a única coisa que me resta é a escuridão que sinaliza que eu estou morrendo.
A ultima coisa que eu sinto é o desejo de que meu assassino não se tornasse também o assassino da pessoa que eu mais amo.
[Continua]
Obrigado às pessoas que leem meus textos.O que será: Final Feliz ou Trágico?