Eu e Luna fomos nos aproximando cada vez mais ao longo das semanas, eu gostava muito de estar com ela. Mesmo com o passar do tempo não rolou mais sexo, afinal eu não queria ir a casa dela e correr o risco de ver o Gabriel e seria muito chato leva-la a minha. Mas ainda saímos a tarde e ela sempre me fazia surpresas lindas. A ideia de namora-la assaltou minha mente algumas vezes, mas tentei afastá-la o máximo possível.
Até que um belo dia eu recebi uma ligação completamente inesperada no meio da noite:
– Alô?
– Saudades da tua voz de sono Ella.
“Ella?” Só quem me chamava de Ella era a... Não podia ser, como ela tinha meu número?
– Bruna??? – sentei na cama tão rápido que minha cabeça chegou a doer.
– Ora, quem mais tem essa mania de te acordar? Porque ou você tá muito gripada ou estava dormindo, sua preguiçosa.
– O que você quer?
– Queria falar com você, é pra isso que as pessoas ligam né? Eu tô com saudades.
– Saudades de que? Tua namorada te meteu o pé na bunda é? Ou você a iludiu também?
– Ai, como você se prende ao passado Ella, eu mudei muito nesses dois anos sabia? Sou bem melhor, queria uma chance pra te mostrar isso.
– Não quero ver nada Bruna.
– Olha, eu sei que eu te magoei muito. Me desculpa, mas eu realmente quero te ver, te apresentar meu novo “eu”.
– Não sei se eu tô muito afim de conhecer mais uma versão de você, você tem tantas “caras” que eu prefiro muito mais guardar as más lembranças que eu tenho de nós e te enterrar no meu passado. E outra, como você deve saber, não estou mais morando aí.
– Eu sei, você deve ter esquecido que minha família é daí. Eu vou passar uma semana aí mês que vem, queria muito te ver. Tem como?
– Como você tem meu número?
– Eu dou meu jeito. Apareço aí mês que vem, boa noite Ella.
Ela desligou e eu fiquei completamente sem saber o que fazer. Bruna foi a garota que simplesmente destruiu tudo em que eu acreditava. Ela foi a primeira em tudo na minha vida, o primeiro amor, a primeira a me levar pra cama, a primeira a me decepcionar, a primeira a me fazer sofrer... E agora ela simplesmente mudou? Assim do nada? E estava vindo passar a semana aqui. Como seria encarar aquela menina de novo depois de dois anos?
No dia seguinte cheguei à escola mais cedo que o habitual, mas Luna também não tardou a chegar e sentar-se ao meu lado. Ela pôs a mão sobre a minha e perguntou como havia sido meu dia. Balbuciei qualquer coisa, estava caindo de sono por ter acordado no meio da noite. Depois disso só senti ela me cutucar de leve. Abri os olhos e estava no meio da aula, sorte minha o professor não ter reclamado.
Levantei e fui ao banheiro lavar o rosto, quando me olhei no espelho constatei que minha imagem era a pior possível. Resolvi ligar pro Caio, quem sabe agora ele estivesse menos ocupado e pudesse explicar o que havia ocorrido, passei a mão no bolso detrás da calça e notei que o celular não estava lá, eu só podia ter deixado na sala pra variar. Teria que esperar a próxima oportunidade pra falar com meu irmão.
Entrei na sala com um sorriso no rosto que logo se desfez ao olhar pra Luna. Ela estava segurando meu celular com uma expressão que era um misto de choque e tristeza ao mesmo tempo. Quando me viu ela soltou meu celular na mesa, levantou e saiu da sala, quando passou por mim pude notar as lágrimas pelo seu rosto. Eu queria sair correndo atrás dela, mas nem mesmo sabia o que tinha acontecido.
