Hotel California - Epílogo

Um conto erótico de Camaleão
Categoria: Homossexual
Contém 1756 palavras
Data: 07/04/2013 11:26:11
Assuntos: Homossexual, Gay

Bom, espero que tenham gostado do conto Hotel California. A única coisa que eu não gostei foi do final. Acho que a Disney me estragou com seu "felizes para sempre".

Para concertar meu erro, escrevi esse Epílogo.

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Na época que eu conheci Cadu, eu tinha apenas 18 anos e estava prestes a me mudar para Belo Horizonte, para estudar Engenharia Qumica.

Hoje eu me econtro com 26 anos. De fato me formei em Engenharia Quimica. Trabalho em uma empresa na cidade de Poços de Caldas, cidade pela qual eu sempre fui apaixonado.

Minha vida pós-Cadu vou contar em detalhes...

=========== pós-Cadu

Minha volta pra casa foi extremamente dramática. Minha mãe passou a agir estranho comigo. Meus melhores amigos não conversavam comigo. Comecei a pensar se realmente havia valido a pena.

Durante uma semana o clima foi de tensão total em minha casa. Meu pai e minha mãe queriam uma explicação mas ninguém tinha coragem suficiente para tocar no assunto. Até que um ponto eu mesmo não aguentei. Esperei até estarem todos juntos, na hora do jantar e disse:

- Mãe, pai. Precisamos conversar... - Na hora meu pai deu um suspiro nervoso e minha mãe concordou com a cabeça.

Foi simples. Contei tudo o que vi, tudo o que senti, tudo o que fiz. Contei das mulheres (proporcionalmente eu era mais homem do que gay), contei do Cadu. Meus pais me pareceram confusos quanto a minha opção. Deixei bem claro:

- Bissexual. Por incrivel que pareça, eu ainda gosto de mulheres.

Bom, depois dessa conversa, o clima melhorou um pouquinho. Mas foda-se. Em uma semana eu me mudaria para uma nova cidade. Meus pais a principio não gostaram. Creio que pensaram que ia fazer muitas coisas que eles desaprovavam. Mas mesmo assim eu fui.

========== Faculdade

Belo Horizonte era perfeita. A universidade também. Aquilo que meu pai havia dito de trabalhar para estudar se mostrou ser uma crise de raiva. Ele pagou todo o meu estudo.

As pessoas eram muito hospitaleiras nessa cidade. Tive três namoradas nesses 5 anos de curso. Homens? Somente um. Mas ai eu percebi que nunca teria com nenhum o que tive com Cadu e abondonei de vez essa vida.

Mas nem tudo nesses 5 anos foi maravilha. Minha mãe teve um cancer fulminante quando eu estava na metade do meu curso. Morreu apenas 3 semanas após a descoberta.

Vieram todos os familiares para o enterro. Acho que foi o dia mais triste da minha vida. Minha mãe era muito querida em nossa familia.

O periodo mais dificil na faculdade foi justamente o ano seguinte a essa triste perda em minha vida. Muitas meninas tentavam me consolar mais só uma pessoa teria esse poder. E essa pessoa estava somente Deus sabe aonde, fazendo só Deus sabe o que.

Enfim, terminei a faculdade. Graças ao meu excelente desempenho, consegui facilmente um emprego. Alías, um ótimo emprego no Rio de Janeiro.

=========== Vida... Triste vida...

Me animei com a minha futura vida no Rio. Eu, que havia feito um curso essencialmente matematico, pensava da seguinte maneira: "Bom, a população do Rio de Janeiro é bem mais expressiva do que a de Belo Horizonte, logo, a probabilidade de eu encontrar Cadu na rua é bem maior do que Belo Horizonte". Por mais que eu levasse esses pensamentos na brincadeira, eles sempre me entristeciam.

Minha vida de fato do Rio foi muito boa. Eu morava no Flamengo, um excelente bairro. Todos os dias pelo entardecer eu ia correr pelo Aterro do Flamengo. Todos os finais de semana eu saia para algum barzinho com meus amigos. Mas ele nunca estava lá...

O meu emprego era perfeito. Trabalhava em uma industria de alimentos. Curiosamente, meu chefe conhecia meu pai. No meu primeiro dia de trabalho, fiz essa descoberta.

- Quem ai é Erick Bittencourt Sheider? - Levei um susto na hora. Meu chefe me chamando pelo nome? Boa coisa não sairia. Mas saiu.

- Eu, senhor... - Todo timido me apresentei.

- Você é parente de Marcos Sheider? ( Pra quem não sabe, esse é o nome do meu pai).

- É meu pai, senhor.

- Quando ve-lo, mande um abraço de Fernando Aquino. Ele vai saber quem é. - Ótimo. Meu chefe era amigo de meu pai.

Quando eu contei para o meu pai, ele ficou louco. Meu chefe era o melhor amigo do meu pai quando crianças. Mundo pequeno.

Enfim, minha vida melhorou muito depois disso. Logo em três meses de trabalho consegui promoções e aumentos. Com três anos de trabalho, minha vida professional estava feita.

Para a alegria de meu pai, me casei com uma carioca chamada Júlia. Julia era uma morenassa top das top. Sua pele era branquinha, um cabelo negro. Olhar sexy por natureza. Olhos verdes. Tinha um corpo que dava inveja em muitas mulheres. Curiosamente nos nos conhecemos numa academia em uma aula de Muay Thai (eu nunca deixei de praticar).

Júlia, por mais gata, gostosa e perfeita que era, era bem caseira e sossegada. Teve apenas três namorados durante a vida. Ela havia estudado Letras na UFRJ. Por conta disso, ela não dava conta da falta de cultura da maioria dos cariocas que chegavam nela.

Formavamos um casal mais que perfeito. Ela dava aula em uma universidade, eu trabalhava em uma empresa grande. Eu realmente amava muito ela. Amei-a como amei Cadu. Em suma: eramos felizes.

Mas nem tudo é um mar de rosas. Um belo dia, Júlia estava voltando pra casa quando sofreu um acidente. Na hora eu fui pro hospital. Cheguei lá, ela ainda estava acordada, sendo preparada para uma cirurgia de emergencia. Ela olhou nos meus olhos e disse:

"De repente do riso fez-se o pranto

Silencioso e branco como a bruma

E das bocas unidas fez-se a espuma

E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento

Que dos olhos desfez a última chama

E da paixão fez-se o pressentimento

E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente

Fez-se de triste o que se fez amante

E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante

Fez-se da vida uma aventura errante

De repente, não mais que de repente.

Vinícius de Moraes"

Logo após, durmiu para nunca mais acordar.

Chorei como se não houvesse amanhã. Aquele buraco que eu levei anos para fechar por causa de Cadu, abriu de uma vez. Perdi o chão, o ar, o sentido, tudo. Perdi eu. Tudo que eu olhava era sem cor, sem vida. Sons se tornaram mudos.

Sai de carro e parei no primeiro bar que eu vi. Eu que não bebo, pedi um conhaque. Mesmo todo aquele amargo, não era pareo para o que eu sentia. Cada pensamento eu lembrava dela, de nós.

Nesse dia, não sei como cheguei em casa, mas acordei na minha cama. Coloquei uma roupa preta, e sai. Ainda tinha que preparar o velório. Minha ultima despedida dela.

Enfim, ocorreu o velório, todos nossos amigos presentes. Meu pai, meus colegas, meu chefe. Mas faltava uma pessoa. Cadu. Nessa hora eu lembrei dele. Somente ele teria todo esse poder de me fazer feliz de novo.

Durante um mes eu não durmi, esperando Júlia entrar pelo quarto. Durante um mes eu esperei e durante um mes ela não apareceu. Por fim, caiu a ficha. Ela nunca iria voltar. Era como esperarar Cadu aparecer na porta de minha casa quando voltei do Hotel California.

Mas minha vida sofreu uma reviravolta.

Era quarta feira, fiz a barba (que não fazia a um mes), tomei um banho e fui até um barzinho que eu e Júlia frequentavamos. Curiosamente estava um pouco cheio.

Na hora que eu sentei na mesa, senti um perfume, nada estranho. Era aquele perfume. Mas um segundo depois o cheiro sumiu. Comecei a procurar Cadu no bar, mas não encontrei. Me conformei que alguem poderia ter o mesmo perfume que ele e me sentei denovo.

Na hora que eu sentei ouvi aquela voz que eu conhecia bem. Vinha do palco. Olhei. Era ele! Meu coração estourou de emoção, eu queria subir lá, agarra-lo, beija-lo. Mas me contive, será que ele se lembrava de mim?

Então ele começou a falar:

- Há mais ou menos oito ou nove anos, antes de eu entrar na faculdade eu fui para um Hotel Fazenda, chamado Hotel California. Lá, minha vida mudou. Descobri que minha namoradinha da época era uma putinha. - Algumas pessoas riram. Reparei na mesa, havia uma pessoa sentada. Era a mesma menina que tava na mesa com ele quando ele tocou "Quem de nós dois" pra mim. - Mas lá, eu conheci uma pessoa. Muito especial, vivemos uma aventura. Por peripécia do destino, nós acabamos nos separando. Mas hoje, na hora que eu entrei aqui, eu vi, essa mesma pessoa. Sentada, sozinha em uma mesa. Com uma cara triste. E isso me entristeceu. Então para me alegrar, e, se essa pessoa ainda lembra de mim, a alegra-la também! - Será possivel que depois de todos esses anos ele ainda se lembrava de mim? - A proxima frase me confirmou. - Banda Camaleão apresenta: Mais uma vez!

Olhando nos meus olhos, tocou Mais uma vez do Jota Quest. [http://www.youtube.com/watch?v=GRB482GRp3w]. Não contive lagrimas de alegria. Pela primeira vez em um mes me senti vivo. Na hora que ele acabou de tocar, ele fez um aceno para eu subir ao palco, enquanto as pessoas aplaudiram.

Subi. Sem abraços, nem beijos, falei no seu ouvido:

- Posso tocar uma musica também?

- Acho que eu vou arriscar...

Peguei seu violão e comecei a tocar Janta, do Marcelo Camelo [http://www.youtube.com/watch?v=Rxmn2DNVEFU]. Logo no inicio da música, ele pegou o violão e disse: "eu fasso a Mallu Magalhães". Não contive o risinho. E assim, fizemos um Dueto perfeito. Lindo.

Na hora que acabamos de tocar, aplausos ecoaram de todas as direções. Ali no palco mesmo, nos beijamos como deviamos ter feito todos os dias durante esses oito anos separados.

Minha tristeza foi embora. É claro, Júlia sempre vai ficar no meu coração, mas agora, ele é do Cadu. E Só dele.

Enfim, o show dele terminou e fomos para minha casa. Lá vocês podem imaginar o que aconteceu...

Pouco mais de um mes com Cadu, recebi uma proposta de trabalho irrecusável na cidade mineira de Poços de Caldas. Cadu, formado em música, tocava todas as sextas em barzinhos pela cidade, embora monetariamente não precisava. Viviamos muito bem. Tinhamos nossa casa, nossos amigos. Tinhamos um ao outro.

E assim acaba a história de Cadu e Camaleão. Após esse dia, nem um dia sequer, deixaram de se amar.

E viveram felizes para sempre...

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Comentários

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Muito bom gamei kkk'sMais eu to tralmatizado com esse sobrenome ( Bittencourt)

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a historia é linda adorei quase chorei você tem facebook pós meu Email do Facebook ou qual quer satis é : alefy.barros@hotmail.com

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Pessoal agradeço imensamente os comentários! Respondendo algumas perguntas: o conto é 100% fictício, apenas ALGUNS personagens são reais (Cadu e Camaleão). Preciso de uma opinião: vocês acham que eu devo escrever outros contos? Obrigado

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Uhu final explendido,lindo,maravilhoso,to pulando de alegria,finalmente um conto pra me tirar da baixa que vivo,pena a julia ter ido pro ceu,mais ela abriu uma porta pra eles 2,n10

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ahhhhhh agora estou feliz. Gostei deste conto, meus parabéns. Só por curiosidade: alguma parte da história é verídica? Se não, você tem meu respeito pois foi muito realista.

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Agora simm um final feliz , meio conturbado mais feliz...

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Aaaaaaai que bom cara!! Assim e um final bem melhor kkkkkk Vc escreve bem pra caramba e a historia e otima, parabens 10000

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