Olhei sem expressão para Leo por um minuto.
. – Maninho? – perguntei olhando de um para o outro – Como assim, maninho?
Hunter bufou e voltou para o sofá.
. – Ora, como assim? – disse sentando-se – Significa o que maninho significa.
O outro continuava calado, massageando as têmporas.
. – Então você é irmão dele?
. – Claro! O que mais eu seria?
Me virei para Gelo.
. – Você nunca me disse que tinha irmãos. – apontei para o pré-adolescente ao meu lado – Você não tinha me falado que tinha família.
Continuava massageando.
. – Você falou que não tinha família? – a voz de Hunter aparentava chateação – E quanto a mim, Baba, Levi e Sara? – perguntou gesticulando muito – Hein? Você está nos renegando, é isso? Não tem...
Simultaneamente, gritei.
. – Você me falou que era sozinho, que só tinha o seu tutor! Por que mentiu para mim? Eu confiei em você, pior, você falou que confiava em mim! Por que você me enganou, Leo? Por que você...
. – CALEM A BOCA! – Leo gritou de repente – NÃO, EU NÃO MENTI PARA VOCÊ, LUCAS! – e apontou para o garoto a mau lado – E VOCÊ NEM ME FALE DE FAMÍLIA, HUNTER! – ergueu as mãos para o alto – POR USTIR! SERÁ QUE VOCÊS NÃO PODEM PARAR E ESCUTAR UMA EXPLICAÇÃO?
Abaixei a cabeça com o grito e vi o irmão fazer o mesmo.
. – Ótimo. – disse olhando para nós – Lucas, eu não menti para você: Meus pais morreram e eu sou sozinho, mas antes eu tinha uma família. – deu uma pausa e massageou as têmporas - Hunter, você não pode falar nada: Kris está fora, Naga fugiu com o circo, Baba yaga... Bem, é como sempre será, e você – apontou para o dito – Você foi outro que nos abandonou.
O menino recuou com as palavras como se tivesse sido atingido com um porrete.
. – Eu não abandonei vocês. – disse levantando a cabeça – Não precisavam mais de mim lá, e eu segui meu caminho.
. – Você tinha oito anos. – a resposta foi seca e incisiva – O templo ainda te dava mais dois anos de prazo. E você acha que não precisávamos mais de você? – os olhos de Gelo começaram a marejar, mas não caiu nenhuma lágrima – Como você acha que fiquei quando meus pais morreram? Sabe o quanto que eu precisei de um irmão? Tem idéia da falta que eu senti de você? – o olhar caiu sobre mim – E você nem ouse a dizer que menti. Eu confiei em ti mais que em qualquer pessoa desde que cheguei ao Brasil – também recuei um pouco com as palavras – A mulher que me criou... – apontou para Hunter – A mulher que nos criou estava longe demais para eu alcançá-la, meus irmãos de criação, dois desaparecidos e um que nos abandonara para viver no templo. – chegou mais perto e levantou minha cabeça com as mãos – Entendeu porque eu não quis falar?
Fiz um movimento afirmativo com a cabeça e ele me deu um beijo na testa. Sentamos todos no sofá, desta vez com um pouco mais de calma (principalmente pelo fato de quase ninguém perceber que o líquido transparente no copo que magicamente havia aparecido nas mãos de Hunter não era água), e Leo perguntou tranquilamente, como se a explosão de segundos atrás nunca houvesse acontecido.
. – Alguma coisa grave te tirou do templo, irmão?
O garoto deu um gole e olhou nos abismos daquele que tinha perguntado.
. – Você sabe de quem é o templo, creio que a pergunta foi retórica.
. – E porque deixariam um monge do templo da Morte sair?
Pulei do sofá com o nome.
. – Como assim, templo da Morte? – perguntei para ninguém em especial.
. – Bem, dos templos dos outros deuses – a resposta veio de Hunter – Eu acabei escolhendo o de Hura, popularmente chamado de Morte.
Revirei os olhos.
. – Deuses não existem – disse com uma bufada.
Os dois se entreolharam.
. – Vai nessa – disseram em uníssono.
Fiquei quieto e ouvi a história toda: A mãe de criação dos dois (uma tal de Baba Yaga) queria reunir os quatro garotos que ela criou para vê-la, por motivos não revelados, por isso gostaria que todos fossem até Irkutsk dar uma força.
Leo pareceu um pouco relutante com a idéia, mas após alguns segundos pensando, abaixou a cabeça em concordância.
. – Eu vou – disse – Qual é a validade do seu visto?
Hunter sorriu.
. – Você não tem visto, não é?
. – Eu não passei pela Alfândega, lembra? – disse mostrando as adagas no chão.
. – Isso não pode te causar nenhum problema para você? – perguntei.
Ele colocou a mão dentro da jaqueta e retirou um passaporte gravado com letras do alfabeto russo.
. – Para mim não – olhou a primeira página – Mas para John Wülf vai especialmente depois que verificarem as câmeras de vigilância.
Gelo balançou a cabeça e deu um sorriso fraco.
. – John Wülf... Não combina com você, sabia?
. – Tudo bem – ele sorriu – Eu precisava de um nome, não de um terno.
Os dois riram enquanto eu contemplava duas pessoas falando sobre falsidade ideológica e quebra de tratados internacionais. Balancei a cabeça e escutei uma voz fraca em meus pensamentos “Por que só eles podem se divertir?”
. – Certo então – disse cortando os dois – Quando partimos?
Olharam-me como se houvesse dito algum tipo de absurdo inimaginável.
. – Nós? – Leo perguntou – Não existe nenhum nós, Lucas.
. – Bem... – ouvi a voz baixa e atonal do outro garoto – Eu ainda tenho dois dias antes que descubram a falta de um passageiro no vôo, se você conseguir arrumar tudo até amanhã a tarde...
. – Não! – Gelo cortou – Ele não vai com...
. – Não vou o caralho – falei baixo – As férias tecnicamente já começaram, e eu queria mesmo viajar. Eu vou.
Hunter abaixou a cabeça e segurou em meus ombros, me levantando do sofá e virando-me para o elevador na entrada.
. –Ótimo, ótimo, agora vá arrumar tudo, não temos tempo a perder.
Entrei no compartimento um pouco assustado com a velocidade das palavras do pré-adolescente, era como se estivesse querendo se ver livre de mim. Desci e voltei para casa a pé, ligando para avisar minha mãe antes e pensando em como a convenceria a me deixar viajar com os dois amigos para outro país. Era impossível.
. – Tudo bem, você pode ir. – a surpresa que senti ao ouvir as palavras da boca de dona Laura foi inimaginável.
. – O que? – perguntei.
Ela revirou os olhos.
. – Você pode ir, eu te dou permissão. – me olhou e continuou ao ver a minha expressão ainda confusa – Olha, eu mesma queria ir para lá, mas o trabalho não deixa. – segurou em minhas mãos e olhou no fundo dos meus olhos – Lucas, você ainda quer me ajudar com aquela pesquisa?
. – A coisa da Lua e da folha?
. – Sim. – continuou me olhando – Como essa viajem apareceu, creio que está na hora de te contar o que aquele símbolo significa.
E ela falou.
E por um segundo, pensei em desistir de tudo.
Bem pessoas, é isso. Tenho que avisar: esperem pelo capítulo “Fantasmas e outras palavras que começam com F” para a aguardada cena entre personagens ^^
Vivi_souza - Cara mia, acredite, também senti falta de vocês, mascontudoentretandotodaviaportantoporém... Problemas surgiram e foi necessário me ausentar... Mas agradeço por não ter desistido do conto :D
Realginário – Meu caro: Comprei as alianças *-*, aquele pedido de casamento pode ser feito? E bem, Hunter é mesmo o nome dele... E o motivo de ser esse é que, bene, é o meu nome de criação, só mudei quando vim para o Brasil. Pois é, falei que em algum momento eu iria aparecer no conto... Concordo com a questão do amor, é mesmo um sentimento muito confundido, mas voltando ao assunto do casamento...
Leo253 – Signori, agradeço pela preocupação e não pretendo largar o conto tão cedo... Juro em nome dos deuses que se for parar de publicar, deixarei uma nota de aviso ^^
Stahn – Hahahaha, relaxa, daqui a pouco os segredos vão começar a aparecer, prometo!
Hpd – Muito obrigado, Signori *-*
(AI) - *blushes* Gratzie, Signori...
Oliveira Dan – Hahahaha, espero do fundo me minha alma que não seja só isso, por que daqui a pouco os mistérios serão revelados...
Srtª K.Amane – Obrigado por continuar lendo, cara mia... Aliás, o seu username tem alguma coisa a ver com Death Note ou é só coincidência?
Wanderson16 – Muito obrigado!
Hércules Silva – Gratzie, Signori^^
Dr.Menage – Gratzie, Monsieur À troi.
Caius – Hahahaha, Gratzie píu verita, Signori^^
Ru/Ruanito – Bem, como pode ver, Signori, estás certo, mas não extamente... ^^
Hogu – Hahahaha, Gratzie, caro mio! Especialmente pela força e paciência... Entendes perfeitamente como é difícil conciliar uma faculdade tão... Intensa, para não falar outra coisa, com a publicação regular do conto, sem contar que o pc não ajuda nem fodendo...
Dw-SEX – Assim como fico feliz por sua leitura, Signori! Gratzie.
Lucas M. – Perdão, mas é aquilo que falei para Hogu: Tenho que conciliar a faculdade com o conto e... Tente decifrar um código, calcular a ressonância e harmonizar quatro partituras diferentes ao mesmo tempo, todas para a próxima aula... É meio foda.
Pablo Rick – Scuze, Signori, mas o clima de estudo aqui está tenso...
Henrique – Foi mal... É só que tive que priorizar a faculdade com quase 20 provas ao mesmo tempo...
J’s – Obrigado^^
Fiquei sem nada para dizer aqui em baixo... Mas meu escorpião morreu, o Alfredo, estou pensando em como fazer um funeral para ele...
Gratzie :3