Boa noite a todos! Mais uma vez agradeço aos comentários!
Akami, esse negocio do exercício e do churrasco é uma das únicas partes que é 100% verídica na história =)
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“Os preparativos somente nos levam até aqui, depois disso você precisa ter um pouco de fé” – Michael Scofield
O churrasco foi excelente. Depois desse dia, eu e Edu começamos a conversar mais, nos ver mais. Em pouco tempo de amizade, eu já sentia que ele era meu melhor amigo. O melhor, isso era recíproco.
Durante um mês, minha vida sofreu uma reviravolta. Comecei a freqüentar mais a vida social noturna da minha cidade. Por incrível que pareça, até na academia eu entrei. Conheci pessoas novas, interessantes. Entre elas Maria.
Maria era uma garota excepcional. Era linda. Tinha cabelos ruivos cacheados até a altura do pescoço. Olhos verdes, menos verdes que o de Edu. Tinha um corpão. Belos pares de seios, coxas perfeitas. Era inteligente, culta. Era a menina perfeita.
Conversa vem, conversa vai, Maria se tornou minha primeira namorada. A esse ponto, curiosamente, Edu namorava a irmã de Maria, a Gabi. Então era a melhor coisa, saiamos sempre juntos.
Mas, ao mesmo tempo que minha vida amorosa começou dar certo e minha vida estudantil era a melhor possível, alguma coisa estava faltando. Biel havia começado a agir estranho comigo. Quase não conversávamos e quando conversávamos era muito rápido, pois ele sempre tinha que sair.
Amigo leitor, não me leve a mal, mas eu sentia falta do Biel. Embora ele me tratasse assim, não era por mal que ele fazia. Era o jeito dele. E também, nos momentos em que eu achava que minha vida estava insuportável, ele que me alegrava. Quando o tédio me assolava mais que o normal, era pra casa dele que eu ia, era com ele que eu conversava.
Mas, como eu disse, durante um mês foi um mar de rosas. Minha mãe havia notado a diferença em mim. Eu estava mais feliz, mais alegre. Meu rendimento escolar caiu um pouco, nada preocupante. Comecei a beber socialmente. Virei, relativamente, um adolescente normal.
Até ai tudo bem, até o dia que eu resolvi ir na casa do Biel. Após quase três semanas sem um sinal de vida dele, resolvi visitá-lo. Tentei avisar com antecedência, mas ele não me atendia, não respondia sms. Fui assim mesmo.
Foi uma quinta-feira fatídica. Cheguei em sua casa. Toquei a campainha e Biel mesmo atendeu.
- Você ainda existe? – Foi frio e seco em sua pergunta. Claramente alguma coisa estava errada.
- Pelo visto sim. Como você está cara? – Perguntei de bom humor, pra ver se ele melhorava o seu claro mal humor.
- Não melhor do que você, pelo visto. Depois que faz um amiguinho novo esquece dos antigos. Isso que é amigo de verdade, né? – Sua voz era irônica e sarcástica. Ele não estava brincando. Parecia que estava com ciúmes.
- Amigo de verdade? Desde quando você era meu amigo? Me ligar pra ir na sua casa quando você tinha dúvida na porra de algum dever? Claro! Melhores amigos! Na hora de sair, ir pra um bar, churrasco na sua casa, esquece. Isso é amigo? – Mesmo sem querer, eu falei o que eu pensava. E pelo visto ele ficou sem argumentos.
- Se não fosse essas ligações, você não ia conversar com ninguém! Ninguém gosta de você! – Ele estava certo. Mas isso estava mudando.
- E sou infinitamente grato por isso! Mas agora eu encontrei um amigo, que conversa comigo, que gosta de mim pelo que eu sou, não pelo o que eu sei! – Nesse ponto nós estávamos gritando.
- Então porque você não dá pra esse cara, já que ele é tão especial assim pra você! – Biel nem esperou uma resposta, entrou em sua casa e bateu a porta.
Fui pra minha casa sem saber o que pensar. Pelo visto Biel se importava com a minha amizade mais do que eu pensava. Durante todo o trajeto de volta, fiquei pensando se eu realmente estava certo. Digo, se do ponto de vista dele, ele estava certo, ele ia continuar achando isso, pois nunca havia falado nada a respeito da nossa amizade com ele.
Comecei a me sentir culpado, ingrato. Tentei disfarçar ao máximo de Edu e Maria minha tristeza por ter brigado com meu amigo, mas Edu pelo visto me conhecia bem. Um dia, em sua casa, ele me perguntou:
- Araújo, o que aconteceu? – Perguntou com a voz séria.
- Nada de mais.
- Aham. Agora conta. Você ta meio diferente hoje. – Até então, Edu só sabia da existência do Biel porque eu contei poucas vezes, mas ele não sabe que ele era meu amigo de outrora.
- Vou te contar... – Contei toda a história para Edu. Após contar, me senti bem mais leve, mas ao mesmo tempo, percebi o quanto a amizade de Biel tinha sido importante para mim.
- Calma cara. Conversa com ele depois. Ele deve ta de cabeça quente. – Então, ele me abraçou.
Senti o mesmo perfume que ele estava naquele dia que eu o ajudei. Não foi um abraço amoroso, foi um abraço amigo. Mas, nesse abraço amigo teve muito mais calor que em todos os beijos e abraços de Maria. E pela primeira vez eu desejei Edu.
Ficamos assim, abraçados por alguns instantes. Depois Edu me soltou olhou nos meus olhos e disse:
- Araujo, desculpa cara. Por minha causa você brigou com seu melhor amigo... – Suas palavras ficaram vagas, como se ele quisesse dizer algo mais.
- Não, Edu. Eu é que te agradeço por eu ter brigado com ele. Já era uma coisa que eu queria ter feito há muito, muito tempo! – Não perdi tempo e aproveitei a oportunidade para abraçá-lo novamente.
O resto do dia foi normal, ficamos conversando sobre assuntos aleatórios. Mas, cada vez mais eu sentia o cheiro de Edu invadindo meus pulmões. Cada vez mais eu me imaginava com ele. Cada vez mais eu queria ele.