A história esta chegando ao fim... da temporada.
Façam suas apostas para o que pode acontecer, mas eu garanto que vai ter muita surpresa.
Aproveitem e comentemQuando acordei Carlos me abraçava forte. Com extremo cuidado me desvencilhei de seu braço forte sem acorda-lo e lhe dei um selinho. Ele apenas se mexeu um pouco e agarrou um travesseiro no meu lugar.
Encontrei umas mudas de roupa minhas que eu deixava no quarto de Carlos em caso de emergências e após um banho eu me troquei e fui pro cursinho.
Apesar de eu tentar eu não consegui prestar atenção nas aulas. Eu estava preso em uma situação ruim. Carlos e eu chegamos em um novo patamar, mas na hora errada. Eu queria aceitar sua proposta, porém eu não queria decepcionar os outros que também tinham me dado tanto amor.
Levantei no meio da aula. Eu não tinha comido nada antes de sair e minha barriga roncava. Decidi sair para comer algo. Estava um dia quente e as poucas pessoas no pátio da escola se escondiam nas sombras disponíveis. Enquanto eu decidia onde ir meu celular tocou.
- Alô?
- Alô Guilherme?
- Ricardo, tudo bem?
- Sim. Acabei de terminar minha aula. Posso te encontrar?
- Hm... pode.
Eu estava com muita saudade dele. Apesar de tudo eu ainda sentia algo por Ricardo.
- Você ta no cursinho?
- Sim
Depois que terminei de falar com ele eu fui para a saída. Em frente a escola não tinha nenhum local com sombra. Resolvi esperar debaixo do sol mesmo. A escola onde Ricardo dava aula era perto e a qualquer momento ele poderia chegar aqui.
O sol batia na minha cabeça. Eu não tinha pra onde fugir. Comecei a pensar em varias coisas para me esquecer que eu estava com muito calor.
Meu telefone tocou novamente. Desta vez era apenas uma mensagem.
“Guilherme, Tudo bem? Eu preciso te ver hoje. Te encontro mais tarde na sua casa”
Respondi a mensagem com um simples “Ok”. Com certeza ele so estava com saudade de mim, porém ele marcou comigo em casa o significaria que ele não tentaria nada comigo com os meus pais lá.
Enquanto eu digitava uma pergunta para mandar para Fábio, eu vi do outro lado da rua alguém acenar. Deveria ser Ricardo. Na hora eu senti uma tontura e me encostei no muro da escola.
Meus olhos ficaram cansados e minha visão embaçou. Eu tava passando mal. Quando pensei que ia cair, alguém me segurou.
- Guilherme? Você esta bem? – ouvi a voz de Ricardo.
Ricardo me apoiou no muro e tocou minha testa. Sem dizer nada ele me ergueu e me sustentou em seu colo. Como estava tudo turvo, fechei meus olhos e perdi a consciência.
Eu sabia o que viria a seguir. Desta vez eu queria que acontecesse. Na escuridão da minha inconsciência um mundo foi ganhando forma. Eu estava em mais um sonho.
Eu estava em um salão com musica a tocar. O local estava cheio de pessoas mascaradas dançando uma com as outras. Senti uma mão me puxar e me levar ao centro. Um braço envolveu minha cintura e me fez me mexer pelo ritmo da dança.
Eu não conseguia saber quem era o homem que me conduzia por causa da mascara de usava. Eu tentei tira-la de seu rosto, mas ele me impediu e se afastou. Outra mão me puxou para uma dança. Desta vez o homem me apertou com força segurando minha cintura e um dos meus pulsos. Durante a dança o homem tirou a mascara e mostrou ser Francisco.
Tentei me soltar, mas ele era mais forte. Seu rosto se aproximou do meu e disse:
- Você é meu Guilherme. Meu.
Depois disso tudo desapareceu.
Quando acordei estava em um local totalmente estranho a mim, porém com um cheiro conhecido. Eu estava deitado em uma cama de casal com Ricardo abraçado a mim. Afundei meu rosto em seu peito e senti seu calor em meu rosto.
- Oi. Pensei que você so ia acordar amanhã. – disse Ricardo
- O que aconteceu? – eu so sabia que minha cabeça doía assim como minha barriga.
- Você desmaiou hoje mais cedo. Eu fui te encontrar na porta do seu cursinho e você estava passando mal. Na hora eu te trouxe até aqui. Tome beba isso. - disse ele me entregando um copo com água. Quando bebi senti gosto de sal e açúcar.
- Desculpa, eu não comi nada e ainda fiquei debaixo do sol. Que horas são?
- 14:30.
- Ai não. Eu preciso ir trabalhar.
Dei um impulso para me levantar, mas minhas forças tinham se esgotado. Senti uma leve vertigem e acabei derrubando o copo no chão. Ricardo me segurou e me deitou novamente.
- Esqueça isso Guilherme. Eu já liguei pro seu pai avisando que você esta aqui. Ele disse que ia ligar pro Rafael. Agora você precisa descansar. – disse ele preocupado.
- Onde eu estou?
- Na minha casa.
- Sua casa?
- Eu comprei um apartamento para morar com minha noiva após o casamento. Como nada deu certo e a casa estava pronta, decide me mudar e morar sozinho aqui.
Olhei melhor para o quarto. Apesar de ser pequeno, o local era aconchegante. Tinha a cama box de casal, uma armário embutido, uma estante com TV e era muito nem decorada. Uma porta aberta mostrava um banheiro e outra o corredor que dava acesso ao resto do apartamento.
Com certeza foi a noiva dele que montou o quarto. Fiquei pensando se não seria ruim para ele viver sozinho ali rodeado pelas coisas de sua ex.
- Fique aqui. Eu já volto. Eu tenho que limpar esta bagunça aqui e pegar algo pra você comer.
Ricardo se levantou e limpou os cacos de vidro do copo. Ele sorria pra mim como se eu tivesse algo engraçado no rosto. Antes de sair do quarto ele me beijou a testa. Minutos depois voltou com uma bandeja.
Minha barriga reclamava de fome e eu a saciei com sopa e pão para acompanhar. Ricardo sentou ao meu lado para se certificar que eu comesse tudo. Quando terminei ele me deu mais um copo com água e me deixou sozinho.
Com o estomago cheio e o cheiro de Ricardo nos travesseiros eu dormi novamente. Desta vez não tive sonhos. Quando acordei marcava 16:45 no relógio do quarto. Me levantei e me enfiei no banheiro. Depois de saciar minha fisiologia eu sai para desbravar o resto do apartamento.
Saindo do quarto tinha um corredor onde encontrei mais três portas, onde uma dava num banheiro social, outra para um quarto de deveria ser para visitas e por ultimo um quarto menor. Com certeza eles pensavam em montar um berço ali. Segui até o final do corredor e entrei numa sala. Tinha um sofá em L bem espaçoso, um chão carpetado e uma TV na parede.
O ultimo cômoda era a cozinha que tinha acesso para a sala. Tudo parecia ter saído diretamente da loja. Com certeza este era o maior local da casa. No meio tinha um balcão com panelas e utensílios pendurados sobre ele. No canto direito uma mesa de jantar pequena e do outro lado da cozinha ficava a bancada com a pia, fogão e geladeira.
Em cima da bancada encontrei a embalagem da sopa que Ricardo tinha me dado e ao lado um bilhete.
“Guilherme, eu tive que ir trabalhar. Pode ficar aqui a vontade. Estarei de volta as 18:00.
Te amo
Ricardo”
Ele iria demorar mais uma hora até chegar. Eu não poderia ir embora por que ele seria capaz de ir me buscar. Resolvi então lhe fazer uma surpresa.
Abri os armários de despensa e a geladeira e encontrei tudo que precisava para fazer um bom Jantar. Pelo visto Ricardo estava vivendo a base de comida de lanchonete, pois todas as embalagens de comida estavam intactas. O coitado não sabia cozinhar e decidiu morar sozinho.
Graças ao tempo que vivi com Rafael, eu aprendi a cozinhar. Eu não era um chef, mas pelo menos iria fazer algo melhor que todo aquele lixo que Ricardo deveria estar comendoQuando terminei de arrumar a mesa e deixar a comida pronta meu celular tocou. Depois de uma caçada pelo apartamento eu o encontrei no quarto. Era meu pai quem me ligava.
- Alô? Guilherme?
- Oi pai.
- Ta tudo bem filho? Você ainda não voltou.
- Desculpa. Eu to aqui ainda. O Ricardo cuidou de mim e depois eu acabei dormindo um pouco.
- Você quer que eu te busque? Onde esta o Ricardo?
- Ele foi trabalhar. Ele da aulas a noite também, mas ele já esta chegando. Eu acho melhor eu esperar ele.
- Ok. Por favor meu filho tome mais cuidado. Se Ricardo não estivesse por perto você estaria num hospital agora.
- Isso não seria novidade.
Meu pai riu pelo telefone. Depois de se assegurar que eu estava bem ele desligou. Logo depois a porta da frente abriu. Sai correndo pelo apartamento e encontrei Ricardo jogado no sofá.
- Oi. – eu disse.
- Oi. Você ta bem?
- Sim, dormi muito, mas você não estava.
- Você leu me recado.
- Sim. Meu pai acabou de ligar. Ele praticamente quer te dar uma medalha.
- Nossa. Diga a ele que eu so fiz isso por você.
Ricardo se levantou e me puxou para um abraço. Seu rosto passeou pelo meu pescoço me causando arrepio. Ele apertou minha bunda com suas mãos e me puxou para mais perto. Deste jeito pude sentir cada parte de seu corpo colado no meu.
- Que cheiro é esse? - ele perguntou.
- Meu perfume? Eu não passei nada. – disse rindo.
- O que você aprontou?
Ricardo me pegou no colo e me levou até a cozinha. Ele levou um susto quando viu a mesa arrumada. Sua boca se encheu de água quando viu o que preparei. Sobre a mesa tinha uma travessa com risoto, outra com frango frito com molho e por ultimo uma salada a Cezar bem caprichada.
Ele me soltou e me deu outro beijo.
- Fez isso pra mim?
- Não. O seu vizinho vai passar aqui e decide ter um jantar romântico com ele. – respondi sarcasticamente.
Ricardo riu da minha piada e depois mordeu meu lábio inferior. Puxei ele em direção a mesa e o sentei. Fiz questão de servi-lo, mesmo que ele não quisesse.
- Você também precisa comer Guilherme. – disse ele me puxando para seu colo. – Esta se sentindo melhor?
- Não se preocupe Ricardo. Eu já estou acostumado com isso.
- Guilherme eu queria entender porque você faz isso?
- Fazer o que?
- Se colocar em risco o tempo todo. Por que você é tão distraído? Se eu fosse seu pai eu botaria um segurança na sua cola o tempo todo.
- Eu tenho um segurança, meu irmão.
Ao falar de Francisco meu sonho me veio a cabeça. Um arrepio me percorreu o corpo ao pensar nele me agarrando daquela forma. Era assustador.
Ricardo também não gostou de ouvir falar de meu irmão. Ele fechou a cara e começou a comer. O resto do jantar foi silencioso.
- Esta tarde Gui. Acho melhor eu te levar em casa.
- Serio? Você tem uma cama tão grande. E eu sou tão pequeno. Eu acho que não vou ser problema.
Ricardo sorriu e me abraçou.
- Se você tivesse vindo uma noite antes tudo bem, mas eu tenho muito trabalho de aluno para corrigir. – Ricardo me deu um selinho e depois me levantou. Pegou em minha mão e me levou até a sala. – Seu pai deve estar preocupado.
Antes mesmo de ele abrir a porta da frente a campainha tocou. Ricardo soltou minha mão e abriu a porta. Francisco estava parado na frente da porta. Seu rosto era o próprio demônio. Sem que Ricardo tivesse tempo ele desferiu um soco no rosto dele.
Corri na direção dos dois e os separei, mas Ricardo foi mais rápido e conseguiu se desvencilhar de mim e socou o rosto de Francisco também. Tentei novamente e desta vez abracei Ricardo para ele não tentar nada. Quando olhei para meu irmão vi Ana tentando segura-lo. Ele tinha um corte no rosto devido ao soco.
- Eu te avisei seu idiota. Te avisei para não chegar perto do Guilherme. – gritou meu irmão.
- Quem você pensa que é para chegar aqui e me atacar? – disse Ricardo tentando se soltar de mim.
- Eu vou acabar contigo seu filho da puta.
- Para com isso Francisco. Nós só viemos aqui buscar o Guilherme. – disse Ana.
- Não. Primeiro eu tenho que me acertar com este aqui. – Francisco se soltou de Ana e entrou no apartamento. – Eu te disse que eu não aceitava isso. Disse que não era certo você se envolver com o Guilherme. Ele é menor de idade e você é bem mais velho que ele. Eu só não te denunciei pra policia porque o puto do meu irmão pediu.
Outro soco atingiu meu irmão, mas desta vez ele veio de mim.
- Me deixa em paz Francisco. Uma vez na vida me deixa em paz! Em uma semana eu serei maior de idade e você não vai poder mais me acorrentar a você. Você não é meu pai!
Soquei-o com força no meio de sua cara. Ele olhou para mim surpreso e eu pensei que ele ia revidar, mas Ana foi mais rápida e o puxou para fora do apartamento.
- Olha aqui Guilherme. - disse Ana entrando novamente no apartamento. - Eu acho melhor você vir com a gente. Eu vou descer com o Francisco, mas se você não vier logo atrás, ele com certeza vai chamar a policia. Você tem 10 minutos.
Ana olhou para mim com pesar. Ela se virou e saiu novamente. Tudo tinha acontecido muito rápido e eu ainda estava confuso. Me virei para Ricardo e ele sustentava o mesmo olhar que o meu. Comecei a chorar e senti seu corpo abraçar o meu.
- Eu não quero mais olhar na cara dele. - eu disse.
- Guilherme... você tem que ir. - ele disse receoso.
- O que? Você viu o que ele te fez?
- Guilherme... ele é seu... irmão. Eu não posso lutar contra isso.
Ricardo pegou na minha mão e me levou até o elevador. A porta se abriu e ele entrou comigo e apertou o botão do térreo. Quando as portas se fecharam ele me apertou contra a parede e me beijou.
- Eu te amo, não duvide disso. – disse ele.
Eu não tinha o que dizer. Eu estava em choque. Apertei meu rosto contra o peito dele e deixei minhas lagrimas caírem. O sinal tocou quando chegamos no térreo e as portas se abriram.
- Você tem que ir Guilherme.
- Eu não quero.
- Me perdoe, mas é preciso.
Ricardo me deu um ultimo beijo e me levou até a porta do prédio. Francisco me esperava ao lado do carro. Ana estava em frente a ele tentando limpar o corte em seu rosto. Me virei e abracei Ricardo.
- Eu também te amo. – eu disse.
Lhe dei as costas e fui na direção do carro. Sem olhar para meu irmão eu entrei no banco de trás do carro. Limpei meu rosto e controlei meu choro.
Vi Francisco fuzilar Ricardo com os olhos, mas ele não demorou para entrar no carro. Ana entrou também no banco de trás. Ela me abraçou e deitou sua cabeça em meu ombro.
- Esta satisfeito Guilherme? – perguntou meu irmão com raiva.
- E você esta?
Ele não respondeu, apenas ligou o carro e saiu.
Meu telefone tocou e eu atendi sem olhar a tela. Eu achei que poderia ser Ricardo pedindo para que voltar, mas não era.
- Alô, primo?- disse Fábio.
- Oi. Desculpa eu esqueci que você queria falar comigo.
- Relaxa, eu fiquei sabendo do que aconteceu. Você ta bem?
- Sim, mas o que você queria comigo?
- Olha Guilherme, eu queria te falar isso pessoalmente, mas eu não posso esperar. – Fábio respirou fundo. – Eu não quero mais te ver.
- O QUE?
- Isso mesmo primo. Olha eu pensei melhor e acho que não é certo o que esta rolando entre nós. Seu irmão conversou comigo naquele final de semana na praia. Ele me disse que não era certo eu me envolver com você. Ele me disse que eu deveria estar confuso e que o certo era eu me envolver com garotas.
Aquilo fez meu sangue ferver. Se eu pudesse eu enfiava meu celular pela goela do Francisco e depois ia diretamente matar o Fábio.
- Olha Gui, eu preciso de um tempo cara. Eu pensei melhor. Meus pais me matariam se soubessem de tudo. Eu gostei de ficar contigo, mas não da mais. – disse ele assustado.
- Fábio se você não calar a boca agora eu vou ai te rasgo ao meio. – eu disse.
- Eu sei que você deve estar bravo comigo, mas você tem que entender meu lado. Me desculpa. Eu vou desligar.
Aquilo so poderia ser brincadeira. Fábio desligou a ligação. Na hora eu respirei fundo e controlei minha raiva. O carro logo estaria chegando em minha casa. So mais uns minutos eu poderia jogar tudo em cima de Francisco. Eu com certeza ia explodir
Continua...