Como Chamas 1x04: GANHA QUEM BEIJAR PRIMEIRO
- Ei, não tão perto. Alertei Mike a empurrar a cadeira para mais longe de mim.
Do jeito que estávamos, eu podia sentir seus joelhos tocando minhas nádegas e isso estava me deixando excitado.
Peguei uma pilha de relatórios e dei a ele.
- Agora faça a mesma coisa que te ensinei.
Me curvei sobre a mesa para alcançar meu celular que vibrava um pouco longe e ouvi Mike gemer baixinho.
- Se continuar me provocando assim minhas calças vão explodir.
Dei um sorriso torto para ele e andei ate a porta.
- Volto em cinco minutos. Falei.
- Vou sentir saudades!
Revirei os olhos e sai. A coisa toda de Estou-Arrependido-e-Te-Quero-De-Volta do Mike ate que era fofo, mas nao iria cair nessa. Ele partiu meu coração, fato, mas também me meteu em uma encrenca das grandes com alguns mals elementos da ilha.
Posso gostar muito dele ainda, mas gosto mais de viver.
- Oi. Falei ao entrar no elevador.
- Mentira! Você atendeu! Gritou Jordan do outro lado da linha.
Eu ri.
- Ah, desculpa, se soubesse que você so queria escutar o barulho de chamando nao teria atendido.
Ele deu uma gargalhada.
- Estou te ligando esses dias e você nunca atendeu nenhuma das minhas ligações, ate pensei que seu pai tinha me dado o número errado.
Suspirei e mudei o telefone de orelha.
- Ele nao seria tão esperto. Mas o que você quer comigo?
- Nao posso dizer aqui, estou no meio da rua, seria impróprio.
- É serio, Jordan, o que você quer?
- Bom, andei pensando muito em você nestes últimos dias.
Aquelas palavras me pegaram desprevinido, ele soou completamente sincero e humilde, nao estava mais jogando.
- Você nao é gay. Falei.
- Eu sei... So que nao consigo tirar você da cabeça. Talvez...
Ele nao precisou completar a frase, eu sabia o que ele estava passando, eu já estive lá.
- Sabe, eu tenho que voltar pro trabalho, mas pode passar na minha casa mais tarde?
- Serio? Você quer que eu vá?
- Tchaul. Falei e desliguei.
Alguma coisa me dizia para ligar de volta e dizer que mudei de idéia, mas eu nao iria.
Mike estava segurando minha blusa de frio quando entrei na sala. Graças a Deus ele nao estava com ela no nariz. Eca!
- O que você esta fazendo? Perguntei arrancando a blusa das mãos dele.
Ele me encarou com os olhos um pouco marejados e tristes. Segurei firme o impulso de abraça-lo bem ali.
- Eu comprei essa blusa pra você. Ele sussurrou.
Meu coração se apertou e pude sentir um pouco do sentimento que tinha por ele ser drenado de mim.
Mas, do mesmo jeito que veio, passou e eu me recompus.
- Verdade. Talvez eu deva queima-lá para que ninguem consiga me rastrear.
- Você ta louco? Você ama essa blusa. Usou ela em todos os dias frios desde que voltou de ferias. Disse Felipe em uma mesa mais afastada.
As vezes eu esquecia que ele estava na mesma sala que eu.
Mike pareceu se iluminar ao ouvir isso. Valeu mesmo Felipe!
Coloquei a blusa no meu armário e tranquei, eu nunca o usava mesmo, provavelmente nunca veria aquele moletom novamente.
O restante do dia passou normal, com Mike sussurrando desculpas e besteiras sobre como sente falta dos meus lábios o dia todo, Felipe e Alice estavam irritados com alguma coisa, ou um com o outro e nao falaram praticamente nada também.
Na hora de ir embora, Felipe me pede para espera-lo na portaria da empresa.
Segundos depois ele aparece com Uno vermelho de seu pai.
- Vem, biel, vou te leva pra casa.
Meu corpo inteiro se agitou quando ele disse aquilo. Me chamar De biel era uma espécie de ponto fraco meu.
Mas então toda a promessa preencheu meus pensamentos.
- Nao obrigado, prefiro o metro.
Ele ergueu uma das sobrancelhas.
- Por favor, cara, preciso levar um papo contigo.
- Felipe, eu nao posso conversar hoje...
- Aceita so a carona então. No caminho conversamos.
Meu coração virou manteiga e escorregou pelo ralo quando ele disse com aquela cara de Tenha-Pena-De-Mim e acabei entrando no carro.
Durante todo o transito ouvi suas reclamações sobre Alice e como o namoro esta frio e tudo mais. Ele ate gosto da minha idéia, mais nao sabe como fazer.
Finalmente cheguei em casa.
Jordan estava sentado no asfalto de sua casa se aproximou ao me ver, com um sorriso tímido no rosto.
- Oi.
- Oi. Quer entrar? Perguntei.
- Mas você acabou de chegar, nao quer tomar um banho e trocar e roupa?
Eu sorri.
- Claro, mas queria saber se você gostaria de esperar por mim la dentro.
Nos rimos e entramos. Minha mãe me olhou de forma estranha quando o deixei na sala de estar e fui para a cozinha.
- Oi. Cumprimentei ela.
- Oi. Hum... Pensei que você nao gostasse desse garoto. Ela disse meio cautelosa, como se estive com medo de ter falado demais.
Enchi um copo com suco de abacaxi artificial e virei de uma so vez.
- É complicado. Disse me virando e voltando para o quarto.
Eu nao podia, e nao iria, falar com minha mãe sobre garotos. Na verdade, nem com minha melhor amiga eu gostava de falar. Guardei o assunto da minha sexualidade por muito tempo, ainda parecia algo muito intimo sobre o qual se abrir.
Tomei um banho, vesti meu pijama, mas com short velho do treino da equipe de corrida que eu participava e chamei Jordan.
Ele pareceu um pouco desapontado com o fato de eu ter colocado um short.
- Pensei que dormisse de cueca. Ele falou se sentando na cama.
- Bom, nao estou indo dormir agora.
Fechei a porta e me sentei de frente para ele.
Seu cabelo estava mais bonito naquela tarde, ele também parecia estar usando roupas novas além de suas habituais bermudas e camisetas. O leve perfume que usava chegava ao meu nariz docemente.
Ele havia se arrumado para conversar comigo?
- Então, o que você quer me dizer? Perguntei.
- Eu já disse que nao paro de pensar em você, certo? Pois bem, eu nao sei exatamente o que esta rolando comigo. Tudo é muito recente, mas eu quero experimentar.
- O que quer dizer?
Fixei meu olhar eu um fio de linha azul solto em minha colcha de cama. Ela parecia a única delas fora do lugar, sendo rejeitada pelas outras, so esperando o momento da exclusão total. Exatamente como eu me sentia.
Quando voltei a mim, Jordan já estava a centímetros do meu rosto e suas mãos apertavam minhas coxas nuas.
- Ta afim de ficar comigo? Ele perguntou.