Boa noite õ/, parte 9 fresquinha. Desculpem qualquer erro ^^
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Eu realmente não queria saber, pelo menos não agora, isso serviu apenas pra motivo de desconfiança entre nós. Mas ele parecia muito determinado em querer falar.
- Você tem que saber antes de querer ficar comigo – Insistiu.
- De que você é alguma espécie de bruxo? Isso eu já notei a muito tempo, hoje em dia com tanta coisa tratando do assunto, só se eu fosse retardado para não ligar os pontos.
- Pois é... Na verdade eu estou mais para um feiticeiro, dependendo do ponto de vista.
- E tem diferença?
- Tem sim, pra cada um que criou estes termos, um feiticeiro recebe a magia por herança genética ou familiar, um mago pode aprender e bruxos obtêm de outras fontes.
- Ainda não vejo muita diferença.
- E no final das contas não há mesmo, só muda a origem e a maneira de lidar.
- Bem e qual o problema disso? Você só pode fazer coisas especiais, mas pelo visto não saí por aí fazendo a sua vontade.
- O problema não sou eu... É difícil explicar... - Esfregando a cabeça.
- Comece do princípio então.
- Certo, é uma história um pouco longa, mas é necessária – Ajeitando-se na grama de maneira mais confortável – Sugiro que você se acomode.
“Você já ouviu falar da lenda da cidade de Atlântida certo? Uma ilha que abrigava uma sociedade muito avançada para a época, tão avançada que provocou a inveja dos deuses, levando ao seu fim por meio de um desastre.
Atlântida era uma ilha rica em recursos minerais e vegetais, os nativos instalados da ilha eram organizados em uma sociedade voltada para o progresso tecnológico. Mas foi graças a descoberta do metal extramente raro, batizado de oricalco, que essa sociedade cresceu e se desenvolveu de uma maneira absurda para o seu tempo. Isso porque o oricalco era um metal com propriedades sobrenaturais com diversos usos, porém o mais valioso foi o de conferir a Marca Mágica”.
Olhei-o confuso, mas ele fez com a mão para que eu não o interrompesse.
“Antes que você pergunte, todos os seres vivos e talvez não vivos, possuem dentro de si o Mana, uma energia misteriosa que pode ser usada pra manipular e modificar o funcionamento da natureza, até mesmo o poder da criação. O problema é que não é possível ter acesso ao Mana por nenhum meio presente no mundo, exceto para os indivíduos que possuem a Marca Mágica. Resumindo, ela funciona como uma porta para que a pessoa possa usar seu Mana interior”.
“Continuando, os atlantis descobriram como ter acesso ao Mana através do oricalco. O responsável usou a única jazida para forjar uma única pedra, nela foi incumbida a 'programação' de fornecer a Marca Mágica a todos os atlantis e seus descendentes, foi dado o nome a ela de Pedra Filosofal. Pelo que pude entender, o metal era tão raro que não poderia ser usado em larga escala, então essa foi uma maneira de beneficiar todo o seu povo. Bonzinho ele não?
Os indivíduos da ilha agora de posse de um poder desconhecido, foram liderados pelo criador da Pedra Filosofal para construir uma civilização utópico e pacífica, com a mais avançada tecnologia da época baseada no Mana. Foi um sonho lindo, até a morte do criador da pedra que até então ocupava o cargo de Rei.”
“Por fim, aconteceu o óbvio quando se tem muito poder sem limites, o povo de Atlântida sob novo comando se voltou contra o resto do mundo, com uma política de dominação global. Nesse momento por alguma razão, a cidade afundou...
A civilização foi quase inteira dizimada, os poucos sobreviventes foram guiados por um sacerdote que estava entre eles. Foram instruídos a se espalhar pelo mundo, ocultando a sua existência para que nunca mais ocorra os eventos catastróficos causados pela ambição.
De alguma forma a Pedra Filosofal ainda existe e ainda cumpre sua função de conferir a Marca a quase todos os descendentes desse povo espalhados pelo globo. Embora a sua localização atual seja uma incógnita.”
- Eu sou descendente do povo de Atlântida, por isso tenho poderes - Se deitando na grama – Ufa! Cansei...
Fiquei o observando abobado por um tempo, digerindo suas palavras. Era tudo muito fantástico o que ele acabou de narrar pra mim, se eu não já tivesse sido testemunha de alguns feitos, diria que era só uma fantasia de um nerd viciado em Role-Play (Jogo baseado em interpretar personagens de RPG).
- Tá... Mas se eles tinham poderes, porque não impediram que a ilha afundasse? Ou melhor, por que a maioria não se salvou usando magia?
- Não se sabe a razão porque a ilha afundou, pode ter sido um colapso causado pelo próprio uso errado da magia.
- Mas o que tudo isso tem a ver com nós dois?
- Bem, você conhece Harry Potter não é?
- Sim, conheço.
- Digamos que o funcionamento do mundo dos bruxos narrado na história é uma utopia perto do meu. Nós não temos uma “sociedade secreta organizada”, apenas um povo oculto. Não nos damos bem uns com os outros, pois o número de Marcas conferidas não é infinito, mas talvez limitado ao máximo de habitantes da ilha... Por isso alguns descendentes matam outros para tentar garantir que seus futuros filhos ou netos vão receber a Marca.
- Nossa, mas isso insano!? Podiam se reunir ou se organizar sei lá, pra controlar quantos tem a tal Marca, não tem o porquê matar.
- Pois é, atualmente há uma tentativa através de uma Associação dos descendentes, mas por medo ou receio muitos ainda vivem isolados – Respirou longamente e soltou o ar – Quase fugitivos... Eu e meus pais vivemos assim, na expectativa de que algo ruim aconteça...
Observo que seu rosto ficou entristecido, ainda não tinha absorvido tudo aquilo direito. Deito-me ao seu lado e o abraço. Era coisa demais pra minha cabeça, mas conviver com isso todos os dias desde sempre devia ser mais.
- Calma que vai ficar tudo bem, eu estou aqui pra você agora... - Beijando sua testa.
- Você não entende não é? Comigo você não vai ter segurança, pode aparecer um maluco a qualquer momento e matar todo mundo...
- Eu que decido sentir medo ok? Fala mais dessa Associação... Eles ajudam de alguma forma?
- Bem, até tentam, ela é meio recente mas vem ganhando adeptos aos poucos que estão cansados de viver nas sombras. Tudo que temos que fazer é controle de natalidade, cada casal só pode ter um filho por vez e de preferência com outro descendente. Em troca eles tentam nos proteger, instaurando locais “zonas seguras” pra habitação – Fez uma cara pensativa – E claro! Nos manter ocultos e discretos como pessoas normais, evitar usar feitiços ou encantamentos para não atrair a atenção de outros iguais a nós.
- Então tudo que você tem que fazer é se manter quieto e viver a sua vida?
- Sim, de certo modo.
- Então pra mim está tudo bem... Mas eu tenho uma última pergunta: E se eu não tivesse aceitado tudo isso muito bem e resolvesse espalhar para o mundo?
- Lembra que eu te disse a algum tempo que eu não temo por minha segurança na sua presença? - Me olhando de maneira maliciosa.
- Sim – Abraçando-o e rindo.
- Mas agora eu temo pela sua – Me apertando mais, será que ele sempre pensa nos outros antes de si mesmo?
Ficamos namorando naquele lugar por um bom tempo, a sombra suave das árvores próximas nos protegiam do sol. Apesar dele achar que eu ficaria intimidado com a história, eu não fiquei. Pra viver algo com ele bastava seguir com a vida como qualquer outra pessoa e era isso que eu faria, o ajudando o máximo que eu pudesse.
Muito fácil falar... Nessa história toda de outra realidade, esquecemos da nossa, que não aceita um relacionamento homo afetivo.
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Bem, espero que gostem dos fatores criados, digamos que neste conto o maior vilão da relação dos dois não será um "Ricardão" ou "Cocota enxerida", mas os problemas gerados pelos ancestrais do Thales. Obrigado pelo suporte nos outros contos, continuem curtindo a história :)