Como Chamas 1x06: ACHA QUE SABE TUDO? PODE ESQUECER!
Voltei para casa tarde da noite, depois de implorar para o Felipe me trazer.
Assim que o carro dele virou a esquina, mandei uma mensagem para Jordan dizendo para vir ate a minha casa o mais rápido possível porque eu já tinha a resposta dele.
Esperei alguns minutos, mas quando completou meia hora eu resolvi ir embora, ele provavelmente estaria dormindo.
Quando abri o portão de minha casa, a luz da entrada da garagem dele acendeu e meu coração se alegrou. Voltei para trás e esperei que o carro que estava saindo se revelasse, mas quando o fez, tinha uma garota de cabelo cacheados e muito bonita dirigindo.
Eu nao a conhecia. Podia ser uma parente, certo?
Me aproximei com cautela.
- Oi.
A garota deu um grito ao me ouvir. Depois se virou para mim, pálida, mais sorriu.
- Meu Deus, desculpa.
- Não, tudo bem, eu moro na casa do lado e queria saber se o Jordan...
- Se eu o que? Perguntou a voz dele surgindo da escuridão que havia dentro da garagem.
Me virei para ele, mas ele não sorria para mim desta vez.
- Sou Gabby e você? Falou a garota de novo.
- Meu vizinho, Dan. Ele falou em um tom frio que eu não conhecia.
- Bom, eu tenho que ir. Desculpa pelo susto.
Ela soprou um beijo de forma provocante e sensual para Jordan e depois arrancou.
- Amiga? Perguntei.
Jordan me lançou um olhar duro e gelado. Eu não estava entendendo nada.
- Acho que a palavra melhor é namorada.
Arregalei os olhos. Espera, o que ele havia dito? Namorada? Mais e eu?
Uma pontada de dor bateu forte em meu peito, mas alguma coisa não se encaixava naquilo tudo.
- Pensei que tivesse dito que iria esperar.
Falei passando meus braços em minha cintura. Estava frio, e ninguém ali estava disposto a me aquecer, não esta noite.
Jordan me olhou, já com os olhos marejados.
- Acha que é fácil? Esperar 48 horas para ser chutado?
- Mas eu não...
- Não importa mais, Dan, ela é gata, gostava de mim há um tempo. Porque não?
Eu engoli seco, esperando ele descarregar sua evidente raiva. Fui chamado de imaturo, ridículo e também patético por fazê-lo esperar.
Ouvir aquilo doía, mas eu sabia que era verdade.
Mas eu não podia aceitar o pedido naquele dia e mesmo que eu voltasse no tempo, tenho certeza de que diria a mesma coisa.
Por dois segundos eu pensei em dizer a ele que eu o queria e tenho quase certeza de que ele iria gostar de saber, talvez ate largasse a garota pra ficar comigo.
Mas eu não podia fazer isso com ele. Se estava bem sem mim, então que continue assim.
Jordan xingou bastante, eu já estava achando que era drama demais, afinal, quem esta sendo dispensado sou eu.
Quando ele finalmente calou a boca, eu disse:
- Acabou?
Jordan se virou para mim.
- Já sei o que vai dizer e a resposta e não , eu não quero ser seu amigo. Nunca fomos, não vejo motivos para começarmos agora.
Minha cabeça girava e todas as besteiras que comi na casa de Felipe pesaram no meu estômago.
- Bem, sinto muito. Falei e corri para casa.
Nunca que eu iria dar para ele o gostinho de ver chorado. Não por isso.
Mais tarde, quando me acalmei, percebi que meu plano tinha dado completamente errado.
Eu tinha planejado ficar com Jordan, mas acho que isso não vai mais acontecer. Eu definitivamente não vou ficar com Mike, aquele garoto é problema.
Então so me restava ficar sozinho mesmo, procurando dar um jeito na bagunça da minha vida.
* * *
No dia seguinte, eu me sentei sozinho na cafeteria que ficava perto do meu serviço.
Todos tinham ido almoçar em algum restaurante das redondezas e eu não estava exatamente no clima de ouvir o Felipe com seus sermões de que eu iria morrer jovem porque não me alimentava.
Tomei um gole de meu cappuccino Americano e uma lagrima escapou. Eu sou mesmo um completo idiota.
Sou apaixonado por um cara hétero que namora uma garota maravilhosa, e tive dois garotos bonitos e legais afim de mim e mesmo sem esforço nenhum estraguei tudo.
Bebi mais um pouco e abaixei a cabeça quando notei que mais lagrimas estavam vindo.
Eu estava sozinho, completamente. Marcie esta ocupada demais venerando Gregori para notar que estou com problemas e não havia ninguém com quem eu pudesse conversar sobre o assunto.
Nessas horas eu gostaria de ter contado a minha família sobre minha opção sexual. Mas eu sei como iriam reagir, e eu não podia lidar com aquilo agora.
Chorei mais um pouco no banheiro do meu serviço e depois corri para casa, na escola não falei com ninguém. Nem mesmo Marcie se sentou perto de mim.
Toda a minha tristeza não era por causa de Jordan, mas por causa da situação incrivelmente complicada em que me meti.
Fui para casa andando, sem pegar carona com meu pai. Mandei mensagem para ele avisando.
Eu ouvia a música I'm with You da Arvil Lavigne o tempo todo. Mas, diferente da música, não havia ninguém para segurar minha mão e me levar para algum lugar novo.
Chorei mais um pouco, áte que abre a porta do quarto de supetão e eu grito.
- Eaaa... O que aconteceu? Porque esta chorado? Perguntou Felipe se aproximando.
Me encolhi e ele se sentou de frente para mim.
- A vida é uma droga, só isso. Falei.
Ele ficou calado por uns minutos.
- Isso porque a vida assim, ainda mais quando se é garoto que gosta de garotos.
Engasguei ao entender o que ele havia dito. Um nó se formou na minha garganta e desta vez eu pensei mesmo que iria vomitar.
- Não se preocupa, baby, já sei há algum tempo atras.
- Como?
- Bom, somos amigos, seria ruim se eu não notasse.
Ficamos em silencio, na verdade, eu estava esperando que ele me xingasse ou me batesse, mas ele só ficou lá. Parecendo tão Calado e confuso quanto eu.
- Sabe, eu...
Antes que as palavras saíssem de minha boca, eu senti Felipe pressionando seus lábios carnudos e rosados contra os meus. Seu beijo tinha um gosto melhor do que eu imaginava.
Seu corpo pôs todo o seu peso contra mim e de repente seu corpo inteiro estava em cima de mim. Suas pernas entre as minhas, seu abdômen duro como pedra pressionava minha barriga e tenho certeza de que ele apertou minha bunda mais de duas vezes.
Quando o beijo terminou, ele me encarou, surpreso e nervoso e sem ar.
Eu me sentia do mesmo jeito.
O que diabos havia acontecido?