Saudações!!! Meus amores, o mais interessante de escrever contos para vocês é a torcida pelo Biel e pelo Edu. Antes, a maioria torcia pelo Biel, hoje vocês são muito mais Edu. Coisas podem acontecer...
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“Você só sabe a força que tem até a única opção é ser forte” – Johnny Deep
Nunca me senti tão triste em toda minha vida. O que eu havia sentido terminando com Edu não chegou nem aos pés. Quis gritar, chorar, implorar, mas mantive a pose. Já havia estragado a felicidade de uma pessoa hoje, não queria fazer isso de novo.
- Quem, Biel? – Perguntei, segurando para não chorar.
- O Matheus do 1º ano. Conhece? – Era impossível. Eu não conhecia, mas ele era filho da diretora e todos que o conheciam o chamam de “filho da puta arrogante”. Ele era fortinho, tinha cabelos e olhos escuros. Eu o considerava “Pegável”.
- Já ouvi falar. – Fiz muita força pra não chorar.
- Vamos ensaiar? – Ele perguntou.
- Vamos sim.
Começamos a ensaiar. Foi, relativamente, divertido. Nossa sincronia era perfeita. Tocamos a mesma música até o fim do dia. Tanto que no final, já estávamos tocando perfeitamente para o festival. Eu não sabia que Biel tocava bandolim.
- Aonde você aprendeu a tocar bandolim?
- Meu pai toca e me ensinou.
- Legal. Esse bandolim é dele?
- Sim. Araujo, tenho que ir. – Nessa hora foi a mais difícil de sustentar. Mas consegui. Eu tinha certeza que ele ia ver o Matheus.
- Tá. Quando quiser, venha aqui. Eu gosto da sua companhia.
- Tá bom. Mas agora eu sou compromissado. – Me abraçou e saiu. Seu perfume invadiu meus pulmões e minha vida.
Na hora que ele saiu, me tranquei no quarto e chorei tudo o que eu segurei o dia tudo. Chorei, chorei, chorei. Mais do que eu deveria. Mais do que era necessário. Mais do que Biel merecia.
Na escola, na segunda próxima, pouca coisa mudou. Edu que não falava comigo, agora nem olhava na minha cara. Biel agora falava comigo um pouco, mas todo o tempo que ele não tava na sala, ele estava com o Matheus. Pelo pouco que eu falei com ele, vi que todos os boatos eram reais.
Não entendi como alguém gente fina como o Biel conseguia ficar perto do Matheus.
Mas continuando minha história. Nesse mês que se seguiu, tudo foi referente ao Festival de Idiomas. Nossos ensaios estavam perfeitos. Os dançarinos estavam sincronizados, a banda (eu e Biel) estávamos em uma sincronia infinita. Enfim, as ultima semana foi só para ajeitar as coisas.
O bom dia do festival chegou. Igual ao ano anterior, por ordem de sorteio, seriamos os últimos. Muito bom. Os primeiros a apresentar foi o primeiro ano A, a sala do Matheus. Juro que fiquei um pouco com dó.
Eles tentaram copiar nossa apresentação do ano anterior tocando ao vivo. No teclado estava Matheus. Mas ele não sabia tocar direito. Ele tentou tocar Holiday, do Green Day no teclado, mas ele errou diversas vezes, além de não saber cantar. A dança não foi sincronizada. Para todos, eles perderiam feio.
Além deles, mais dois grupos além do nosso tentou tocar ao vivo. Um de espanhol e um de Ingles. Foi até legalzinho, mas não sei se foi realmente bom.
Nossa apresentação chegou e nos posicionamos no palco. Biel ligou seu bandolim ao som, eu liguei meu teclado, posicionamos as mesas, o bar e tudo mais.
Perdão, eu não expliquei nossa apresentação. Colocamos varias mesas e em cada mesa um casal. O homem de terno e a mulher de vestido vermelho. No começo da musica, somente uma menina dançaria sozinha, seu vestido era azul e de longe o mais belo. Com o passar da musica os outros casais entrariam no salão de dança e começariam a dançar valsa, mas a menina de azul dançaria sempre sozinha, como diz a musica.
Assim planejamos e assim fizemos. Após nossa apresentação o publico foi a loucura. Nosso dueto Teclado-Bandolim deixou todas as bandinhas no chinelo. Novamente, as pessoas começaram a gritar “Já ganhou!”, igual ao ano passado.
Esperamos a meia hora para divulgação do resultado. O professor porta-voz chegou para anunciar.
- Em Terceiro lugar... O 3º Ano C!!! Com a música The Wall do Pink Floyd! – Realmente foi legal, merecido o 3 lugar. Eles comemoram, pegaram as medalinhas e voltaram para o publico.
- Em Segundo Lugar... O 2º Ano C!!! Com a musica Viva La Vida do ColdPlay! – Essa apresentação foi tão boa que eu achei que ganharia. Não ficamos nem em terceiro nem em segundo. Nós éramos o 2º Ano A.
Na hora da apresentação dos campeões algo aconteceu que me deixou curioso. O preofessor começou a a anunciar, mas antes de falar os campeões, a diretora chegou pra ele, pediu pra ver o nome dos campeões. Falou algo pra ele e eles saíram para uma salinha. Em alguns instantes o professor voltou para anunciar.
- Em primeiro lugar... O Primeiro ano A! Com musica Holiday, do Green Day! Palmas especiais para Matheus em sua excelente apresentação no teclado! – Ninguém entendeu. Eles haviam sido a pior apresentação, em tom de protesto, virei de costas.
Alguns alunos da minha sala, percebendo o que eu havia feito, me acompanharam. Antes que eu percebesse, metade da escola estava assim. E antes que os “campeões” chegassem ao palco, todos estavam assim.
Na hora do discurso dos campeões, eu comecei uma vaia, seguida por todos. A diretora, brava, pegou o microfone e começou um sermão sobre nossas vaias. Ainda de costas, começamos a gritar “Ih! Fora!”. Ela vendo que não conseguiria falar nada, desistiu.
Nossa sala ficou puta por causa disso. Obviamente foi armado. Mas ninguém reconheceu eles como campeões. Nem mesmo alguns da sala deles concordaram com isso. Mas enfim, na semana seguinte nossas vidas voltariam ao normal, assim eu achava.
Logo na segunda cedo, na hora que eu cheguei lá estava Matheus, se achando com seu teclado.
- Eaew Araujo. Você está tristinho, por ter tocado tão mal no festival? – Respirei fundo.
- Não Matheus não estou. – Olhei em volta dele, só havia duas meninas, ninguém mais prestava atenção nele e Biel não havia chegado.
- Se quiser, pode tentar tocar algo. – Ele deu uma risadinha, e percebi que era a hora de humilhá-lo.
- Eu toco sim, não tão bem como você claro, mas tento tocar algo. – Ele levantou e eu sentei no teclado. Algumas pessoas pararam para ver. Comecei tocar o clássico quebra-nozes de Tchaikovsky [http://www.youtube.com/watch?v=wKnj9Neb9hQ]. A cada nota, Matheus ficava mais puto e as pessoas, mais felizes. Ninguém gostava dele.
Na hora que eu acabei de tocar, todos comemoraram e gritaram. Matheus estava vermelho de raiva.
- É Matheus, na hora que você conhecer essa musica que eu toquei, ou melhor, conseguir soletrar o nome de quem compôs, você pode vir conversar comigo. – Após eu falar isso, todos que estavam lá, começaram a gritar meu nome. Menos duas pessoas.
Edu e Biel.