Uma das coisas mais doloridas que se pode ter na vida é a injustiça, é doloroso ser acusado e punido por algo que você não fez, mas o verdadeiro inocente é aquele que espera a justiça sem recorrer à mentira.
Os policiais não me deixaram se quer pegar nada, me levaram arrastado até ao carro da polícia, enquanto eu relutava e chorava para não ir, um dos policiais disse que me entendia e que se eu fosse realmente inocente logo estaria livre e que só estava indo preso por causa dos indícios e já os outros dois me tratavam como um criminoso.
Cheguei à delegacia aos prantos:
- Será que eu nunca vou poder ser feliz? - eu disse chorando
- Se você realmente quisesse ser feliz, não teria entrado no tráfico
- Eu não sou traficante
- Tudo prova ao contrário
- Eu tenho ao menos o direito de fazer uma ligação?
- Aqui você não tem direitos, seu marginal! - gritou o delegado
- Mas eu sou inocente! - eu disse chorando
- Para de choradeira! levem esse cara para uma cela!
Então dois homens fortes me levaram até à uma cela, onde me jogaram, caí no chão enquanto eles trancavam a grade, me recolhi em um canto da cela e comecei a chorar, meu mundo havia desabado, eu nem havia se quer reparado se tinha mais alguém na cela, até que ouço uma voz:
- Não chora cara, seja o que for vai passar
Então notei que não estava sozinho naquela cela, era um homem, parecia mais um garoto, tinha cabelos escuros, pele clara e olhos castanhos, parecia ser um jovem inocente, era incompreendivel o motivo dele estar ali.
- Me desculpa pela choradeira cara, é que é difícil ser preso sem ter culpa
- Entendo, eu fui preso com culpa e já odeio esse lugar, e para quem é inocente deve ser terrível
- Você não me parece ser um criminoso, me desculpe a curiosidade, mas por quê você está preso?
- Eu roubei, a minha família é muito pobre, então tive que sacrificar a minha vida e tudo o que eu tinha para poder alimentar os meus irmãos
- Nossa cara isso deve ter sido terrível, você está aqui a muito tempo?
- Faz 6 meses, e você por que foi preso?
Não entendo o por quê de eu não ter conseguido responder,afinal nem eu sabia a verdadeira resposta, eu não sabia o motivo de estar ali, na minha ficha criminal estava tráfico de drogas, mas nós sabemos que eu não era traficante, então por quê armaram aquilo pra mim? porque, eu era gay? e quem havia planejado aqui? certamente o homem que era até então o meu próprio "pai", bem o meu sofrimento não estava concentrado somente ali, eu já vinha sempre sofrendo com algo há varios meses, até mesmo antes de me apaixonar por Isaac, e depois disso ainda passei por diversos fatos, quem acompanhou toda a história sabe, eu já não aguentava mais, estava a ponto de explodir.
Ele então notando as minhas lágrimas e a minha confusão mental, quebrou o silêncio:
- Eu entendo que você não queira conversar, você precisa relaxar a mente, quando você estiver melhor a gente conversa, o meu nome é Jayme
- Obrigado por me entender Jayme, eu me chamo Tom
- Você é um cara legal, mas espero que você não fique muito tempo aqui, é muita coisa para aprender e muito sofrimento
- Eu confio no tempo e na justiça Jayme... eu nem tinha reparado o quanto aqui é escuro e frio
- Aqui é um pessimo lugar e você vai odiar mais ainda quando receber o uniforme de presidiário
- Quer dizer que eu vou ter que usar uma roupa como essa? - eu disse enquanto reparava a calça e a camisa laranja que jayme usava
- Sim, mas são mais laranjas, essa aqui já ta suja e velha - disse ele sorrindo
- Nossa eu detesto essa cor cara
- Tom vai descansar cara, tô vendo que você ta muito cansado
- É vou tentar durmir
- Pode escolher qualquer cama, só que você vai ver que elas não são como as de casa
- Ah sim - eu disse me levantando e me deitando em uma cama à esquerda, era dura, o colchão era fino, me parecia que eu estava deitado em uma tábua.
Depois me muito tempo tentando, consegui pegar no sono, mas algum tempo depois acordei com Jayme me sacudindo
- Cara acorda!
- O que foi?
- Tu tem visita
Me lavantei rapidamente e fui acompanhado de um policial até à sala de visitas onde fiquei sozinho junto à Padma.
Corri para um abraço apertado e caí no choro
- Calma Tom, vai ficar tudo bem, eu vim o mais rápido possível
- Mas como você ficou sabendo? - tentei dizer enquanto chorava, mas Padma acabou não entendendo
- Calma, pode chorar que depois a gente conversa.
Algum tempo depois já me sentia melhor para poder conversar.
- E então já ta melhor?
- Sim
- Agora pode desabafar
- Por que o meu pai me odeia tanto Padma? Eu tenho certeza de que estou aqui por causa dele, eu não sou um bom filho? eu sempre fiz o que pude para que a minha família se orgulhasse de mim, sempre sacrifiquei a minha vontade pela deles, e na primeira vez que decido tentar ser feliz eles me botam para fora de casa, por que ele não me deixa em paz? será que eu nunca vou poder ser feliz? - eu disse voltando ao choro
- Mantenha a calma Tom, tudo vai ficar bem, você é um bom garoto
- Como manter a calma? olha bem onde eu estou Padma, estou em uma cadeia, e por que? não, eu não sou traficante, eu estou aqui por que sou gay e porque o meu próprio pai me odeia
- Seu pai faz tudo sem pensar Tom
- Como sem pensar? isso não justifica, eu estou em uma cadeia, e quando ele vai acordar para pensar no que faz? quando eu morrer? ele se diz superior a mim, mas é um ignorante, eu saí da casa dele, por que ele não me esquece, por que? - eu disse gritando com lágrimas nos olhos, sentia raiva, dor, tristesa, ódio, mas no fundo eu me sentia era abandonado, como uma criança indefesa, eu precisava de uma família para me apoiar e me amar, e não de mais pessoas para me julgarem como a sociedade faz.
- Tom você está perdendo o controle
- É que eu não aguento mais, eu estou segurando uma agustia a muito tempo, eu já não tô aguentando mais, isso não é drama Padma, eu estou preso em uma cadeia por amar, eu nunca desejei isso antes, mas eu queria muito morrer, eu nasci para sofrer, será se algum dia eu vou ser feliz?
- Claro que vai Tom, você e o Isaac juntinhos
- Mas quando? O que ta faltando? eu morrer?
- Não diz isso Tom
- Eu preciso do Isaac
- Eu vou falar para que ele venha
- Vai Padma o mais rápido possível, ele vai no meu apartamento me procurar e eu não quero que ele se preocupe, diz que eu tô bem e que só falta ter ele perto de mim para que eu morra em paz e tenha um pouco de felicidade, eu preciso morrer com ele ao meu lado Padma, morrer antes do meu pai chegar e me botar na cadeia
- Não diga isso Tom, você não ta bem, o Isaac vai vim e você vai sair daqui, vão viver muitos anos juntos e felizes, não fale essas besteiras mais, acho que essa prisão te deixou pertubado, estou preocupada com você, seu pai passou dos limites
- Não era assim que ele queria me ver? louco? então ao menos tem alguém feliz na história, já que ele não conseguiu me esquecer mesmo saindo de sua casa, também irei retribuir o carinho dele, diz para aquele velho que eu não esqueci dele e que logo vou sair daqui, o que é dele está guardado
- Tudo bem Tom, vou embora e prometo que amanhã o Isaac vem te ver
- Não, eu quero ele ainda hoje!
- O horário de visitas termina daqui a cinco minutos
- Ah então traga ele amanhã bem cedo
- Tudo bem Tom, se cuida - disse Padma me abraçando e saindo em seguida
Voltei para a minha cela e lá tive uma crise de choro.
Só me lembro de ter acordado em uma cama, em um quarto de enfermaria com Isaac sentado em um sofá ao lado.
CONTINUA (...)
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Espero que tenham gostado (:
O conto está em sua reta final, não sei ao certo número do restante de capítulos, mas o conto termina ainda nessa semana.
E como é a última semana quero participação total de vocês, comentem e votem (:
Agradeço a cada voto e comentário :)