NO FIM DO CAPÍTULO ANTERIOR:
Droga, tinha esquecido do cinema. E essa droga de chuva vai atrapalhar tudo. Emanuel está preso aqui, e se Lucas chegar aqui em casa e ver que eu passei o dia com o Emanuel, ciumento que só ele, Lucas vai ficar muito magoado e eu não quero machucar ele de novo! E agora?
Destruidor de relacionamentos.
— Quem era? — perguntou Emanuel
— Lucas. — respondi friamente
— O que ele queria?
— Por que quer saber?
— Nossa, não precisa ser grosso.
— Nós vamos ao cinema mais tarde, e ele vai passar aqui pra me pegar! Pronto, satisfeito?
— O que tem demais nisso?
Isso me surpreendeu. Eu pensei que se eu contasse o que iria fazer com Lucas, ele ficaria com ciúmes. Foi a partir dessa hora que ele me mostrou que realmente era super diferente de Lucas. Após sair do mundo da lua pensando nisso, respondi:
— O que tem de mais é que: se ele chegar aqui e você ainda estiver aqui, ele vai ficar com MUITA raiva e, provavelmente, nunca mais vai querer me ver.
— Eu queria não atrapalhar vocês...
Ele não era ciumento mesmo, mas demonstrou estar bastante decepcionado por eu preferir que Lucas chegasse aqui sem notar a presença de Emanuel. Eu sentei ao lado dele, no sofá, e comecei a falar:
— Ficou triste?
— Fiquei.
— Não precisa disso, Emanuel. Eu gosto de você tanto quanto eu gosto dele, eu ainda me sinto muito pressionado por saber que eu tenho que escolher um dos dois. Eu tenho medo de me decepcionar com minha escolha. — ele olhou fundo nos meus olhos
— Não preciso dizer mais nada, só quero que saiba que eu te amo.
Minha emoção era incontrolável, ao mesmo tempo que ele era super frio e simples, ele era romântico e direto. E era isso que me encantava nele, além, claro, daquele corpo escultural. Ele pôs a mão em minha perna e começamos a nos beijar, dessa vez, de um jeito romântico e mágico. Ainda não sei dizer ao certo, mas isso é amor.
Tinha me esquecido, mas Lucas viria aqui 16h, e já eram 15h! A chuva não dava nenhum sinal de que iria passar e a tensão só aumentava. Subi pra me arrumar e passei as coordenadas pro Emanuel:
— Olha, não sei muito bem se o Lucas vem precisamente às quatro, mas, se alguém tocar a campainha, olha pelo olho mágico antes E NÃO DIZ NENHUMA PALAVRA, tudo bem?
— Sem problemas, mô.
Ele me chamou de mô. Eu tentei disfarçar, mas o sorriso de felicidade que eu dei na frente dele foi inevitável. Ele me deu um abraço bem forte e ficou repetindo várias vezes: "Mô, mô, mô, mô. Meu mô. Te amo." E eu, claro, me sentia super desconsertado. Subi e tomei banho naquela água fria que me torturava a cada centímetro que descia sobre meu corpo. Fiz questão de demorar sob a água fria do banho, é mania minha de fazer isso quando estou prestes a tomar grandes decisões ou coisas parecidas. Cheguei a me sentar no chão e perdi a noção de tempo. Me levantei do chão ainda em êxtase, me enxuguei e quando vi o horário, me espantei: Já eram 15h45min!!! Voei até o guarda-roupa, peguei umas roupas e calcei meu tênis em uma velocidade incalculável. Nem notei que ainda estava chovendo, sinal de que o Lucas talvez nem viria passar aqui, mas só pra garantir, me arrumei todo: ajeitei o cabelo, coloquei as roupas direitinho no lugar, amarrei os cadarços, passei perfume e desci. Nas escadas, ouvi Emanuel gritando "Bru, Bru, BRUNOOO!". Putz, mil coisas passavam na minha cabeça. Desci bem rápido e me deparo com o seguinte: Emanuel com uma cara de desespero segurando a maçaneta da porta (que estava aberta, mostrando a chuva ainda caindo sobre a rua). Ele fez um gesto apontando para o lado de fora da rua, a calçada. Já consegui entender o que ele quis dizer. Fui correndo até a porta e vi Lucas todo encharcado um pouco longe dali, com um guarda-chuva preto minúsculo, que mal conseguia deter os pingos de chuva, andando a patadas, parecia estar com raiva?
— O QUE ACONTECEU? — gritei
— Ele apareceu... daí eu abri a porta sem querer e...
— AH NÃO!!!
Nem pensei. Saí correndo na chuva mesmo, atrás de Lucas. Nem podia acreditar: mesmo com esse toró caindo do céu, ele ainda veio aqui me buscar, poxa, o coração dele deveria estar em pedaços naquela hora. Eu o decepcionei mais uma vez, e no caminho que corri, percebi isso. Fui um completo idiota. Ele percebeu que eu estava correndo, simplesmente ignorou e continuou andando e bufando:
— Lucas, ESPERA!
— Eu não quero te ver nunca mais, Bruno. NUNCA!!!
— Por favor, espera.
— NÃO VOU ESPERAR. O QUE QUER QUE EU PENSE QUANDO A PESSOA QUE EU MAIS ODEIO ABRE A PORTA DA SUA CASA? — berrou, e as lágrimas caíam de seu rosto
— Lucas, não entenda mal. Eu estou muito decepcionado comigo mesmo, eu fui um idiota! ME PERDOA!
— Não dá mais, cansei de quebrar a cara com você! — dá as costas e vai embora na chuva
— LUCAS!!!
Eu perdi meu chão ali mesmo. O caminho que fiz de volta até a porta foi o mais difícil que eu fiz na minha vida toda. Onde eu estava com a cabeça de chamar um certo alguém que podia acabar com minha amizade (ou seria amor?) com outra pessoa? Se essa chuva não tivesse atrasado tudo...
Quando cheguei na porta de casa, lá estava Emanuel, sem camisa. Não sei o que eu sentia mais por ele: ódio ou atração. Ele disse:
— Como foi?
— Terrível.
— Olha pelo lado bom...
— ... LADO BOM? Acabei de perder uma grande amizade, e sabe quem foi o grande causador disso tudo? VOCÊ! É, VOCÊ MESMO! Se não tivesse sido sua burrice de abrir a porta, tudo tinha acontecido bem!
— Agora que ele não te quer mais a gente pode ser feliz, juntos.
Isso foi a gota d'água. Já não bastava a mistura de tristeza, ódio e raiva que me dominava, ele diz uma coisa dessas. Furiosamente, gritei:
— Ser felizes? Juntos? Como eu vou ser feliz, com uma burrada dessas que você fez? O que eu quero mesmo é que você suma daqui, agora!
— Mas...
— AGORA! — o interrompendo
— ... — ele suspirou — Ok... Tudo bem. Vou pegar minhas coisas e ir embora nessa chuva, só não sei como.
— Se vira, dá um jeito. Eu só não quero ver você aqui.
Ele subiu se arrastando até o "nosso" quarto, e eu tirei as roupas, que estavam todas molhadas. Acho que vou ficar gripado. Peguei uma toalha, me enxuguei e subi pra ver o que ele estava fazendo. Quando subi, o vi segurando o casaco que ele tinha esquecido aqui quando veio pra nós ensaiarmos a música que cantamos na aula de Artes. Parecia ter uma interrogação gigante na cabeça dele:
— Então eu esqueci aqui?
— É... Esqueceu. Mas pode levar isso embora também.
— Ela tá com seu cheiro.
— Quem liga?
— Dormiu com ela, não é?
— Pega isso logo e vai embora. Aproveita que a chuva tá começando a parar.
— Tudo bem, então. Tchau.
Não respondi. Ele pegou a mochila e foi embora. Da janela vi o esforço que ele teve pra não molhar as coisas que estavam dentro da mochila. Eu sou um monstro: no mesmo dia destruo meus dois grandes amores. Não aguento mais tanta pressão. Mas sei que, com o tempo, tudo vai dar certo. "Droga... Amanhã é segunda. Tem aula." Pensei comigo mesmo.
~~~~CONTINUA~~~~
MIL PERDÕES NOVAMENTE PELA DEMORA. ESTÁ CADA VEZ MAIS DIFÍCIL TER UM TEMPINHO PRA ESCREVER PRA VOCÊS
GOSTARAM? QUEREM MAIS? COMENTA AÍ O QUE ACHOU! <3