Primeiro gostaria de agradecer ao Príncipe H, Neto Lins, Iky, Oliveira Dan e Afonsotico por acompanharem este conta, são por pessoas como vocês que dão vontade de publicar e sempre pensar em como a história vai se desenrolar. Esta parte da história será diferente, não será contada nem pelos protagonistas, mas pela Vivi, irmã meio maluca do Timmy, espero que gostem.
Tem gente que me acha uma garota desbocada, divertida, sem papas na língua. Eu, assim que soube da burrada que meu irmão havia feito, terminando com o meu grande amigo Sam, quis tomar satisfação. E agora, nesta nova vida dele eu estou tendo um trabalho sobre humano pra deixar aquele loiro disponível, pra quando o meu irmão voltar. É um trabalho muito complicado e aos poucos eu percebo que neste jogo as apostas são muito altas, pois, se eles realmente voltarem podem me agradecer por tudo o que fiz e coisas assim, mas se o Sam perceber o que estou fazendo e ficar chateado comigo, creio que nossa amizade pode ir por água abaixo, mesmo tendo consciência de que eu sou irmã do Tim, ele iria, com toda a certeza, achar que eu o estava traindo, enganando e o pior é que de certa maneira eu estava. Mas, o que não fazemos pela família?
- E aé, como o soldado Milles está? – perguntou Craig.
- Bem, daquele jeito que você sabe. – respondi.
- Sei? – Craig parou e começou a rir – Vivi, se você não percebeu faz duas semanas que ele não fala nem comigo, nem com a mamãe. Ele só quer falar contigo.
- Deixa de história Craig. – eu desconversava, não podia ser verdade, ele tinha que falar, pelo menos, com a mamãe, mas, depois de um tempo comecei a perceber que era verdade. Ele só perguntava por mim, ou melhor, perguntava pelo meu patrão.
Dirigíamos-nos a cozinha, tanto ele, quanto eu estávamos famintos e enquanto preparávamos alguns sanduíches conversávamos. A respeito de diversos assuntos, principalmente de nosso irmão. Craig dizia que Tim deveria desencanar, deixar o Sam viver a vida dele, pra que, quem sabe assim aquele pudesse realmente desfrutar de sua estadia na base de treinamento. Ou que eu não “fazer o boletim diário” de como o Sam estava.
- Vivi, não leve a mal, mas quase todo dia é a mesma coisa. Daqui a pouco até eu vou saber tudo o que o Sam fez. Se ele almoçou direito, onde almoçou, com quem, se teve alguma reunião, se viu alguém – ele falava rindo – e agora vem minha parte preferida, se você teve que dizer pra algum cara que ele é seu namorado. Vivi o Sam é gay assumido, os locais que vocês vão são conhecidos, ou seja, é só alguém perguntar, pra qualquer um, e vão dizer que ele é gay e a pouco terminou com o namorado.
- Mas, eu faço isso pelo nosso irmão. Ele ainda gosta do Sam. – eu respondia.
- Eu sei. E espero que isto dê algum resultado, ou então quem vai sair ferida nisso tudo é você – ele fala apontando o sanduíche pra mim – se essa bomba estourar e o Tim não estiver aqui, quem vai te proteger?
- Eu não preciso ser protegida, tá bom. Eu sei me cui... – neste momento olho para a porta da cozinha e vejo minha mãe. Ela não sabia do que eu estava fazendo pelo Tim, e do jeito que ela é, não iria gostar nenhum pouco.
- Protegida de que? – ela me perguntava.
- Nada não mãe. Assunto meu, coisas do trabalho. – eu dizia um tanto tensa, enquanto tentava desconversar.
- Viviane, protegida do que? – ela perguntava mais uma vez, agora com um olhar mais sério.
- Nada, são uns rolos, umas coisas que eu estou resolvendo. Mas, não se preocupe, esta tudo sob controle. – eu dizia de forma confiante, para que ela notasse.
- Por acaso isto tem haver com o fato de que um tal de Luige Scaparotti ter ligado pra cá? – ela perguntava séria.
- Quem? – eu realmente não tinha ideia de quem seria esta pessoa.
- Este homem disse descobriu que seu namorado, antes de ficar contigo estava com outro homem. Que você deveria tomar cuidado. – minha mãe respondia seca.
- Namorado, que namorado? Eu nem tenho namorado.
- Foi isto que eu disse a este senhor, mas ele respondeu que tinha descoberto por um amigo dele que o seu namorado SAMUEL OWEN – ela fez uma pequena pausa só pra me deixar digerir esta conversa – que história é essa de que o Samuel é seu namorado Viviane. Pode ir me explicando, tim, tim por tim, tim.
Eu não teria como fugir desta conversa e contei pra ela da promessa que havia feito ao Tim, que, de certa maneira, estava protegendo o Sam de qualquer interesseiro, ou pessoa que pudesse o querer, e assim preservando o relacionamento dos dois. Ao longo de meu relato ela não esboçou reação alguma, apenas me escutou, o que me deixou muito apreensiva. Ela não é mulher de ficar calada, ela fala e fala muito, sentia que alguma coisa a estava incomodando.
- Vivi, fico muito orgulhosa da forma como você ajuda o seu irmão. – no momento em que escuto isto, fico muito aliviada, nunca pensei neste tipo de reação vinda de minha mãe – mas, isto tem que acabar. Você não pode ficar empatando a vida do garoto e a sua própria vida por conta das escolhas do seu irmão.
- Não estou empatando nada. – eu respondia séria.
- Não? Fingir ser namorada de um gay não é empatar a sua vida? – ela perguntava de forma retórica – sejamos francas minha filha, se ao menos ele não fosse totalmente assumido, e te enganasse com alguma possibilidade, ai seria mais digerível esta situação, mas não. Você esta guardando um homem para quando o seu irmão voltar. E, se quando ele voltar não quiser mais ficar com o Samuel.
- Ele o ama mamãe, dá pra entender isso. Se não amasse não teria sentido pedir para que eu tomasse conta do Sam enquanto ele esta fora.
- Ele pode amá-lo. – ela fez uma pausa. – Deus eu não acredito que vou dizer isto, eu devo ser a pior mãe do mundo... mas é isto.
- O que foi mamãe?
- Enquanto o seu irmão for um soldado ele será obrigado a fazer uma série de escolhas. Na primeira oportunidade ele já abriu mão deste garoto. A vida de um oficial é dura, e pra ele vai ser ainda mais devido a sua condição especial, mas eu me pergunto, se toda vez que ele chegar a um limite, a um ponto no qual terá que tomar decisões e ele optar mais uma vez pelo caminho contrário ao de Samuel?
- Ele não faria isso. – eu defendia o meu irmão.
- Minha querida, – ela falava com os olhos cheios de lágrimas – eu queria ter a sua certeza. Se a tivesse, com certeza te apoiaria ao máximo nisto que você esta fazendo. – ela fez uma outra pausa como se estivesse procurando as palavras – Sabe, eu sempre quis ter um filho soldado, ou melhor, que o seu irmão seguisse a carreira militar, que ele fosse uma homem forte, valente. Quando, por conta da condição especial dele, ele optou por não entrar pro exército eu sofri. Sofri sim, chorei, perguntei onde tinha errado, mas ao ver a felicidade dele ao lado do Samuel eu relevei, a final, querer a vida militar pra ele era um sonho do seu pai e meu.
- Mas, quando eu briguei com ele... quando ele foi pro exército... – eu tentava entender esta nova faceta que minha mãe apresentava.
- O dever principal de uma mãe é apoiar seus filhos e foi o que eu fiz, eu o apoiei. Mas, enquanto isto é um assunto privado, que diz respeito a ele e ao Samuel, não vejo problema algum em ficar ao lado de meu filho e defendê-lo, mas quando vejo outras pessoas envolvidas, ah, isso não. Não posso permitir que outras pessoas paguem pelas escolhas do Timothy, principalmente se esta pessoa é minha própria filha. – ela falava, como se desse uma espécie de veredicto.
- Mas, mas...
- Vamos acabar com isso. A partir de amanhã você não vai mais contar todos os passos da vida do Samuel para o seu irmão e não vai mais fingir ser namorada daquele. Estamos entendidas?
Eu ficava calada, nunca que eu iria trair a confiança de meu irmão, mas também não poderia ir contra a minha mãe, pois já percebi que quando ela quer, ou melhor, se enfeza consegue ser pior que eu.
- Estamos entendidas? – ela perguntava com a cara de poucos amigos.
- Sim mamãe. – respondi contrariada.
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Minha casa estava estranha, um tanto vazia eu diria. Não que eu fosse uma pessoa muito apegada ao meu irmão mais velho, Timothy, mas devo confessar que sentia a sua falta. Mas não sou daquelas que se lamenta, conversava com ele, quer por telefone, quer pelo Orkut e numa dessas conversas, olhando a sua página e suas fotos percebi uma do dia em que ele entrou na Universidade na qual estavam Isabella, Clarkson, que era um homem muito bonito, mas eu tinha minhas duvidas acerca do real interesse deste no meu irmão, Tim e um outro, um pouco mais baixo que meu irmão, forte, com cabelos dourados e os olhos em um tom de verde que prenderam minha atenção. Na descrição da foto tinha o nome Samuel. Foi neste dia que conheci Samuel, o amigo gato do meu irmão.
Se antes eu sentia falta daquele, agora eu queria que este demorasse, fizesse uma amizade sólida com o Samuel para que eu pudesse conhecê-lo e, quem sabe, alguma coisa a mais. Não sou uma garota tarada, mas o que era aquele garoto? O tempo foi passando e sempre vinham novas fotos deles no Orkut de meu irmão, durante certo período estranhei, as publicações pararam, depois Clarkson sumiu das fotos e por fim Isabella também. No período em que ela sumiu as publicações de fotos dos dois juntos aumentou de uma maneira impressionante. Confesso que achei estranho, mas vindo de meu irmão, que foi flagrado transando com a namorada no jardim, eu poderia esperar qualquer coisa.
Neste meio tempo conheci um garoto chamado Henry Pollain, ele tinha em torno de 1,78 de altura, cabelos negros, olhos castanhos, um tanto magro, com um senso de moda raro em garotos, fato este que fez com que muitos se voltassem contra ele, o chamando de gay, viado, frutinha. Ele parecia não se importar muito, mas percebi que se importava. Por três vezes o vi chorando quando estava sozinho. Eu fiquei com muita raiva daqueles IDIOTAS que o tratavam de forma diferente, como se este tivesse algum tipo de doença contagiosa, ou precisasse de algum tratamento. Creio que quem precisa de tratamento são estes idiotas. Mas, como dizia, Henry e eu nos tornamos grandes amigos. Não é pra me gabar, mas consegui aumentar substancialmente o seu ciclo de amizades, creio que ninguém merece ser maltratado pela razão que seja.
Passaram-se alguns meses e meu irmão volta pra casa para suas férias de verão, ele esta mudado, a primeira coisa que percebemos é que ele esta solteiro, creio que ele deve estar interessando na irmã de seu amigo gato, por isso de estarem tão próximos. Tim é conhecido pelas estratégias e de não dá um ponto sem nó, mas esta é uma característica da família. Tentei ajudá-lo com seu guarda-roupa para que ele causasse uma boa impressão, se ele namorasse a irmã de Samuel as coisas poderiam ficar mais fáceis pra mim também.
Consegui que ele me ajudasse em meu plano, pelo menos foi o que ele disse, mas, amigos, creio que, ou o meu irmão é mais burro do que eu pensava, ou alguma coisa estava errada com nosso plano. O gato de cabelos solares ia diversas vezes a nossa casa, até o quarto de meu irmão e nada do tapado me chamar. Confesso que por vezes eu arrumava alguma razão para ir a seu quarto. Eu tinha que me fazer notar, assim, quem sabe eles poderiam falar acerca de mim e o Samuel se interessar. Eu poderia “me atirar”, mas não seria de forma vulgar, não sou dessas, luto com as armas que tenho, mas detesto vulgaridade. Mas, como dizia, eu ia levar biscoitos, perguntar acerca da universidade, o que ele gostava, mostrar que eu me interessava pelas coisas que interessavam a ele. Por vezes via que ele sorria e me brindava com aqueles lindos dentes, meu Deus, como sua boca era perfeita, imaginava como deve ser o sabor de sua boca. Em alguns momentos percebia um olhar, um tanto agressivo de meu irmão, será que ele estava com ciúmes de sua irmãzinha com o amigo?
Passados alguns dias meu mundo caiu. Fui a casa de meu grande amigo Henry, para falar de garotos e do amigo gato do meu irmão, mas, desta vez iríamos fuçar algumas coisas de seu Orkut para podermos saber a forma como eu iria investir. Assim que meu amigo colocou os olhos no perfil de Samuel veio o veredicto.
- Ah, Vivi, creio que ele não é pra você... – ele procurava as palavras.
- Se for pelo fato de ser mais velho, isto é irrelevante, eu não me importo. – dizia animada.
- Ahh, bem, como não existe forma simples de dizer, vou logo na lata. Ele é o ex-namorado do meu primo. – quando ele me fala isto é como se uma flecha acertasse o meu coração, o meu amado Samuel não poderia ser gay.
- Não, não pode ser... ele... ele... não. – tentava questionar.
- Sinto amiga, mas ele é. – Henry estava irredutível.
Depois disto conversamos mais acerca de Samuel e ele me consolava, falava o quão Samuel é uma pessoa legal, linda, que eu iria amar tê-lo em minha vida, mesmo que como um amigo. Mas, mas eu não o queria como um amigo, o queria como um homem lindo que era. Ele continuou me falando acerca do namoro de Samuel com seu primo, como este se arrependera da traição e gostaria de que as coisas voltassem a ser como foram antes. Combinei com ele ajudá-los, ver com meu irmão de o seu amigo gay estava solteiro e, quem sabe dar um empurrãozinho, fazê-lo perdoar o ex e ser feliz.
Fui para casa querendo tirar aquela história a limpo com meu irmão e, quem sabe, fazê-lo entrar no plano, mas, confesso estar com raiva do papel ridículo que havia feito, investido em um rapaz gay.
- Por que você me deixou fazer papel de palhaça? – gritava.
- Como? – ele me questionava, quem deveria fazer os questionamentos era eu, eu é que fui enganada.
- Eu sei de tudo, tá bom. Eu sei. – falava sem dar margens à outra interpretação.
- Tudo o que? – o idiota se fazia de desentendido.
- Você sabe, eu sei que o seu amigo, o Sam é... bem que ele é gay. – sou logo direta, não gosto de falar por meias palavras.
- Quem te disse isto? – ele me respondia transtornado
- O Henry, ele que me disse.
- Tá me dizendo o Henry, aquele seu amiguinho da escola?
- Exatamente. Ele me disse que o amigo do meu irmão, o cara que eu tava afim era gay.
- Ahhh, isto é história... não é... – ele tentava desconversar.
- Não precisa mentir pra mim, tá bom. Fico feliz por você não ser um idiota como o papai, mas poderia ter me dito que o relacionamento anterior do Sam foi com um homem. Eu teria entendido. – Lembrei que teria que seguir com o plano, mas depois o Tim me paga, pode ter certeza.
- Desculpa, é que se o papai sabe que eu divido o quarto com ele... – falava preocupado.
- Eu sei, ele vai dizer que: NUNCA UM FILHO MEU VAI DIVIDIR QUARTO COM UM MARICA. – fiquei pensando em como abordar a minha ideia – ele esta sozinho desde que entrou pra faculdade?
- Aham – ele fez uma pausa como se pensando, vi como aquilo o transtornava – foi um cara que ele namorava no colégio.
- Ohhh, que lindo, você sabe se ele ainda gosta deste cara?
- Eu lá vou saber da vida amorosa do cara, eu heim. Somos amigos, mas nem pra tanto. Mas acho que sim, afinal não o vejo se agarrando com muita gente no Campus. – o que ele tinha subido em meu conceito caiu, custava responder com mais educação?.
- Ok, então você vai me ajudar.
- Ajudar? Ajudar em que?
- O Christian esta muito arrependido do que fez... – eu informava.
- Christian, que Christian? Quem diabos é Christian? .
- Christian é o primo do Henry e ex-namorado do Sam. O Henry me disse o primo havia sido infiel e por isso eles terminaram o relacionamento. Mas, se o Sam ainda gosta dele, poderemos dar uma forcinha. – eu falava com esperança no plano, em que ele, mesmo sendo um idiota, não se meteria na felicidade do amigo, mas sua face era de espanto. Diversas vezes ele esboçou uma resposta que não se confirmou, até que:
- Creio que ele não vai querer. – ele respondia.
- Não custa nada tentar, vai que eles tenham alguma chance. É melhor do que ele sofrer por estar só. – saí de seu quarto para dá-lo tempo pra pensar e aceitar entrar em nosso plano.
Depois desta conversa minha relação com Tim se modificou, ele estava mais distante, eu ainda fazia várias perguntas acerca do Sam, precisava delas pra poder ajudar o primo de meu grande amigo, mas o que eu encontrava de meu irmão era o mais absoluto silêncio.
- Tá bom de você parar de ser criança e começar a me ajudar nisso, você por acaso não quer a felicidade do seu amigo? – Questionava certa.
- Tá bom de você parar de bancar a idiota e tentar usar qualquer coisa que eu disser em favor do escroto do Christian. – ele retorquia.
- Não vamos começar com isso de novo, tá legal. Ele disse que tá arrependido, que... – eu procurava as palavras.
- E você burra acreditou nesta conversa fiada. Acredite, o Sam esta melhor sem ter um cara daqueles ao seu lado. Pode ter certeza. – Seu semblante era sereno e cheio de convicção.
- Ninguém merece ficar sozinho...
- Antes só do que mal acompanhado. – ele disse saindo de onde estávamos.
A todo custo, sem que meu querido irmão percebesse consegui saber onde ele iria sair com o seu amigo gato e combinei com Herny e Christian de ir lá também. Assim, encontros casuais poderiam ser uma boa coisa, que sabe a paixão pudesse ressurgir, mas meu irmão não poderia suspeitar de nada. Uma vez foi em uma cafeteria, eles estavam juntos e Christian cumprimentou Sam, e pediu para conversarem em um local mais reservado. Notei que no momento em que Sam se levantou meu irmão fechou a cara, e seu humor não voltou mais ao normal.
De outra vez foi em uma casa noturna, consegui uma identidade falsa e saí com alguns amigos, os encontrei lá, era incrível como meu irmão estava descontraído, alegre, solto neste ambiente, mas assim que avistou Christian rondando, entendam eu tinha uma visão panorâmica, não foi necessário nem que este falasse com Sam, mas só de vê-lo perto meu irmão começou a estufar o peito, o que eu achei muito interessante, assim como sua tentativa de afastar Sam o mais rápido possível daquele lugar. Eles poderiam ser amigos, e meu irmão esta tentando defendê-lo, mas creio que isto esta ficando ridículo. No meio da noite conseguimos formar um grupo: Tim, Samuel, Christian, Herny, Melyssa, Gizelle, Sabrina – amigas minhas –, Craig e eu.
Nesta noite comecei a ficar com uma pulga atrás da orelha, Gizelle e Sabrina estavam literalmente se atirando em cima de Tim, não é pra me gabar, mas meus irmãos são muito bonitos. No entanto, este nada fazia, não correspondia as cantadas, e mais, desde que todos estavam juntos começou a nos brindar com o melhor de seu mau humor à medida que estava literalmente entre Samuel e Christian. Ele parecia uma espécie de cão de guarda.
Teve um momento que a situação ficou tão séria que o próprio Samuel o chamou em um canto e eles devem ter discutido alguma coisa, pois, se antes, meu irmão estava com um humor horrível, agora parecia que tinha chupado limão azedo, mas com um ar mais triste e isto me deixava cada vez mais invocada, o que seria aquilo? Seriam ciúmes? Meu irmão estava com ciúmes de Samuel? Mas ele nunca tinha ciúmes de seus amigos.
No final da noite...
- Bem, temos dois carros, como vai ficar a divisão? – Henry perguntava olhando-me, já suspeitávamos disto. Em nossa cabeça, como Samuel, Christian e ele moravam pro mesmo lado, natural irem juntos, seria mais prático, e quem sabe assim eles se acertariam.
- No meu carro ainda tem uma vaga. – disse meu irmão desinteressado. – Se alguma de vocês quiser ir comigo – falou olhando pras minhas amigas, esperou ver se alguma respondia algo, mas elas estavam estáticas, como se analisando a proposta.
- Samuel, você pode vir comigo, já que é meu caminho. – sugeria Christian, parecia que Samuel estava analisando a proposta, mas neste momento, uma coisa muito engraçada aconteceu, meu irmão estufou o peito e se meteu.
- Christian, é muita bondade sua querer dar uma carona pra ele, mas não precisa se preocupar, ele veio COMIGO e vai embora COMIGO. – apresentava como se estivesse pronto para uma briga, o meu plano estava indo por água abaixo, mas a cara que Samuel fez quando meu irmão falou isto foi da mais completa reprovação, o que o fez murchar em um instante.
- Cara, eu só queria ajudar, tem problema não. – Christian se desculpava.
- Certo Christian, eu vou com você. Acho que o meu AMIGO aqui – batia nas costas de meu irmão – bebeu um pouco demais e precisa se ACALMAR. – Samuel falava despreocupado, ao que meu irmão ficou visivelmente contrariado.
Eu gostaria de acreditar que Tim estava sendo aquele idiota completo por conta de querer ajudar, como o quão mais insuportável ele fosse, mais facilmente Samuel iria tomar as dores de Christian e o plano seguiria, mas se aquilo fosse uma encenação ele deveria ganhar um Oscar pela atuação. Durante todo o trajeto de volta a casa ele não abriu a boca, deixou Melyssa e Gizelle em casa, depois fomos a nossa, deixou o carro na garagem e subiu ao seu quarto sem dizer uma só palavra. Em alguma hora da noite percebi que ele ainda estava acordado, olhando para o seu celular, esperando que alguém ligasse, ao passo que dizia: “Eu não vou ligar pra você, tá bom, eu não fiz nada de errado... idiota”... “Desculpa, eu sou assim mesmo ora, e você sabe muito bem disso”, ele tinha um diálogo imaginário.
Irrompo em seu quarto e ele se assusta ao notar me ver.
- Você estava falando com quem? – Questiono.
- Ninguém, só pensando com os meus botões, ou por acaso isso é proibido? – Ele retorquiu ríspido.
- Qual é o seu problema, seu idiota? – devolvi na mesma moeda.
- Eu? Não tenho problemas nenhum, estou ótimo. – ele falava enquanto pegava em seus cabelos, depois passava a mão em seu rosto e pegava no cabelo de novo. – não estaria na hora de você estar na cama?
- Minha hora quem faz sou eu. Tá legal. Me diz uma coisa, o que te deixou todo chateado?
- Nada, tive um dia difícil, apenas isso. – falava sem olhar nos meus olhos.
- Um dia difícil que atende por Christian, por acaso? – não sei enrolar e fui direta.
- Não, o... o que... você esta querendo dizer com isso? – ele questionava.
- Apenas o óbvio, não sei se é pra você, mas... é incrível como só é o Christian aparecer e você fica com um humor ótimo, ou melhor, nem ele aparecer, apenas falarem acerca dele, principalmente dele com o Samuel.
- Ele fez o...
- Não me venha com a desculpa “eu estou defendendo um amigo, ele fez o Samuel sofrer”, você não esta fazendo isto pelo seu amigo, esta fazendo por você mesmo.
- Como?
- É isso mesmo que você ouviu. Já faz um tempo que eu tô prestando atenção, e você morre de ciúmes do seu amigo. Eu pensei, não a questão é com o Christian, mas não é, eu já vi outras vezes, só é um cara ameaçar chegar perto do Sam e você já fica estranho, mas com o Christian é diferente, a final ele representa um risco pois já foi namorado do Samuel. – fui incisiva.
- Não me venha com essa psicologia barata – falava em um tom mais elevado – você agora tá querendo me dizer que eu sou gay? Eu sou gay por defender um amigo? – agora cochichava.
- É, estou sim. Você é gay, não por “defender” um amigo, mas por morrer de ciúmes dele. Aposto que é por isso que você tá solteiro. Tim, por favor, se é isso que você quer, lute. Não importa o que o papai vai dizer, ou o que qualquer outra pessoa for dizer. É bem melhor você esclarecer as coisas com ele do que ficar como o “melhor amigo”, sendo que você não quer ser apenas amigo dele.
Ele começa a rir.
- Quer dizer que esta conversa toda é pra você dizer que apoiaria seu irmão caso ele – risos – ele quisesse ficar com o amigo dele? – ele olhava nos meus olhos.
- Sem meias palavras, se tu quiser ficar com o Samuel eu paro de tentar juntá-lo com o Christian, eu paro com o plano e te ajudo. – ele começa a rir mais ainda.
- Me ajudaria como?
- Não sei, eu dou um jeito. Então, você quer a minha ajuda?
Ele vai em direção à porta de seu quarto e a tranca, volta a ficar perto de mim então diz “Não, eu não quero a sua ajuda”.
- Ok, então não me impeça de ajudar o primo do Henry.
- O Sam não ficaria com aquele desgraçado, ele tá com alguém muito melhor. – ele falava como se tirasse um peso de suas costas.
- Mas, você havia me dito que ele não... que ele estava...
- Solteiro? Sim, foi isto que eu disse, mas eu menti. Ele tem um namorado, um namorado muito ciumento que se... – ele não precisa nem completar a frase.
- Que se eu tentar juntar o Christian e o Samuel ele vai acabar comigo? – eu começo a rir.
- Exatamente. – ele começa a rir também. – ainda bem que você é uma pessoa inteligente.
- Certo, mas você diga pro namorado do Samuel que este é muito GOSTOSO, e ele é uma pessoa de sorte... e de muito bom gosto.
- Ok, ele saberá disso. – meu irmão começa a rir.
- Vocês formam um casal muito bonito sabia?
A partir daquele momento, meu irmão me contou como havia se envolvido com Samuel e de como ele ficava com raiva quando Christian se aproximava. Informou que naquela noite havia brigado com o namorado, este o acusava de ciúmes, como se não houvesse motivos para tanto. Meu irmão se defendia, dizendo que não podia controlar, que ficava imaginando, as coisas que eles passaram juntos e a forma como não queria perdê-lo. E de que como o meu interesse romântico por Samuel e depois o meu plano estava minando os poucos momentos que eles tinham juntos naquela cidade. Prometi ajudar meu irmão da melhor forma que pudesse, entendi o porquê do segredo, realmente, não creio que o Oficial Miller ficaria muito feliz ao saber da natureza de meu irmão, mas ele agora tinha alguém por ele, eu. Eu estria disposta a acobertar o romance de meu irmão e apoiá-lo no que quer que fosse.
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Passou-se uma semana desde o dia em que minha mãe me proibiu de “atrapalhar” a vida do Sam, e eu cumpri a promessa de deixá-lo livre, claro que os que eu podia mandar pastar eu mandava. Meu irmão sempre perguntava como ele estava, ao que respondia, mas diversas vezes nossa mãe tomava o telefone de minha mão e começava a falar com meu irmão, querendo saber dele, torcendo por sua carreira. “Assim ele vai se dedicar mais ao treinamento” ela dizia, mas eu sentia como se o traísse.
- Se o Sam arrumar outra pessoa e trair o meu irmão a culpa é toda sua, tá entendendo. – disse a ela.
- Eu posso conviver com isso. – ela respondeu calmamente.
Continua...
OBRIGADO