Essa informação sobre a Taís me desarmou, mas não tinha como encontrá-la. A única coisa que sabia sobre sua rotina era que estudava na mesma faculdade que eu. Ainda assim nem ia todos os dias (sabia que fizera um acordo com alguns professores para não ter que assistir as aulas, em razão do número de cadeiras que estavam pagando. então foi dispensada das aulas, com a condição de fazer alguns trabalhos).
Na sexta-feira, não a vi. Embora tenha ido a aula na esperança de encontrá-la, confortá-la, quem sabe.... sem sorte.
Sábado já havia combinado com uns amigos para irmos a uma boate. Lá, dentre outras coisas, haveria a apresentação da banda de um colega nosso. Então, chegando lá, ficamos em grupo, dançando, despretensiosamente (pelo menos eu). Me dirigi ao bar, a fim de pegar uma cerveja. Enquanto espero ser atendida, sinto uma pessoa se encaixando em mim por trás. Com as duas mãos segurou firme minha cintura, ao tempo em que ouço sua voz ao meu ouvido...
Taís: Você está linda! (apertado minha cintura)
Me deu um calafrio. Não sabia quem era, pela altura do som, não deu para identificá-la. Me virei automaticamente com a cara abusada. Vejo um sorrindo lindo me iluminando.... um olhar indescritível. Me desmontei instantaneamente, sorri também.
Júlia: Você também está (na verdade, nem havia prestado atenção em como ela estava. Ela permanecia atrás de mim, da mesma forma, segurando-me com ambas as mãos. Eu me virei um pouco de lado, somente, e fitando seus olhos).
Caí em mim quando o barman me chamou para entregar o que tinha lhe pedido. Foi então que ela me soltou e se encostou no balcão do bar ao meu lado, pedindo uma dose de bebida (não sei qual era, não prestei atenção).
Júlia: Fiquei preocupada quando te vi sair daquele jeito...
Taís: Relaxa. Vamos esquecer isso (fazendo carinho em meu rosto e com um olhar que me deu um frio na barriga. Ela sorriu com o meu nervosismo, tomou sua dose em um único gole)
Taís: Vamos dançar! (Falou já se dirigindo a pista de dança, super empolgada)
Não tive reação. Fiquei olhando-a, dali mesmo, se esbaldar em sua dança única, sensual... que entrega! Chamou a atenção de todos. Todos os homens se aproximavam dela para tentar dançar. Em vão. Ela não queria. Permanecia dançando, sozinha, para mim, livre. Ela só olhava, me provocando... Na verdade, provocava a todos, mas a pista tornou-se exclusiva sua. Fiquei inerte ainda um tempo, encantada, admirando toda sua sensualidade. Soltei um leve sorriso... Não me contive....
Fui em sua direção, caminhando calmamente, mas parei. Fiquei a uma certa distância, entrei no seu jogo. Também comecei a dançar, com minha atenção voltada apenas para ela. Acho que ficamos assim por um tempo. Provocações mútuas. Ela se aproximou mais de mim, sempre dançando, mas agora já não mais sorria. Olhava-me nos olhos.... que loucura! Aproximou-se e encostou seu corpo no meu, sem parar de dançar sequer um segundo, e com os olhos fixos nos meus, travei...
Júlia: Taís! (falei apenas seu nome, foi o que consegui dizer. Com um ar de surpresa, como se perguntasse o que estava acontecendo)
Segurou firme suas mãos em minha cintura, conduzindo meu corpo naquela sua dança. Corpos grudados, pernas encaixadas, aproximou sua boca do meu ouvido....
Taís: Oi... estamos dançando... (levando sua boca ao meu rosto, mas somente me olhou e sorriu sensualmente para mim)
Sua mão direita percorreu meus cabelos, segurou minha nuca, com a outra apertando levemente minha cintura. Nos olhamos com desejo... Sua mão direita acariciou meu rosto, nossos rostos se aproximaram. Nossas bocas tão próximas, separadas por poucos milímetrosFomos interrompidas por uns amigos que se aproximaram, soltando gracinhas com a nossa "dança". Rimos com eles (embora eu tenha ficado com raiva), nos entreolhamos sentindo o fato não termos nos beijado, mas não tinha mais clima com eles ao nosso lado.
Nos olhávamos todo o tempo. Eu no meu grupo de amigos e ela no dela. Algum deles me falou para ter cuidado, que ela era muito "danada" (expressão usada por ele). Falou que já tinha ouvido boatos até de que ela teve um caso com uma professora, nossa atual coordenadora. Aquela altura, nada do que me dissessem me importava, estava envolvida completamente, queria a Taís para mim.
Não demorou muito, ela veio até mim, segurou minha mão, me puxando para colar seu corpo ao meu.
Taís: Vim me despedir, minha linda!
Júlia: Ainda é cedo, fica.
Taís: Não posso. Tenho vários trabalhos da faculdade para terminar ainda, para entregar até essa semana.
Fiquei com um ar de tristeza por isso. ela me deu um sorriso consolador, mas sem ânimo também. Nesse momento, olhando sedutoramente em meus olhos, aproximou nossos rostos, mas, por pura maldade, beijou-me no cantinho da minha boca, embora eu ainda tenha procurado por instantes a sua boca. Me abraçou calorosamente, entrelaçando seus dedos no meu cabelo, cheirando meu pescoço, e falou ao pé do meu ouvido: Te cuida! Afastou-se, tocando com os dedos minha face, minha boca... e com uma expressão de tristeza piscou e soltou um beijo.
Depois que ela foi embora, aquela noite perdeu a graça para mim. Mesmo após umas bebidas, não me animei. Não demorou muito, fui para casa.
Nada me tirava essa noite da cabeça. Minha imaginação sem limites me levou aos seus braços... pensei coisas inacreditáveis até então para mim. Com tantas emoções, não tinha como não me tocar. Pensando em tudo, pensando nela, me masturbei..... Adormeci.
