Amores, desculpe a demora.. Mas taí.. =D espero que gostem.
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“Na autopsia daria pra ver como eu só morri por você” – Clarice Falcão
Bom, antes de sair com Biel, avisei minha mãe. Ela ficou louca mas eu nem liguei. Fui assim mesmo.
Saímos andando, estava um por do sol lindo de se ver. Mesmo na cidade, é possível encontrar belas paisagens se procurar direito. Estávamos em um desses lugares lindos da cidade abraçadinhos quando algo de muito ruim aconteceu.
Eu e Biel estávamos falando sobre a escola, sobre o que eu havia perdido e sobre os boatos na escola. Ninguém sabia aonde estava a diretora e Matheus. No meio da conversa, tenho a sensação de que alguém nos está seguindo. Contei para Biel, mas ele disse que era apenas trauma do assalto.
Continuamos andando, mas meu sentimento não diminuiu. Estávamos andando devagar, pois eu não poderia ir muito rápido e queríamos aproveitar nosso dia perfeito. E então, Biel falou:
- Sabe Araujo, essa foi minha primeira vez. – No começo não entendi direito, mas com o tempo percebi o que ele queria dizer.
- Sério? – Perguntei assustado.
- Aham. E dizem que a primeira vez sempre fica na memória. É verdade, não sei como vou esquecer disso. – Eu já ia falar quando algo de muito ruim aconteceu.
Estava escuro já. A rua estava deserta. Quando eu senti uma pancada forte na base do pescoço.
Cai sentado, consciente, mas com os movimentos debilitados. Eu conseguia mexer as mãos, mas nada muito forçado. A força havia deixado meu corpo. Biel olhou assustado pra mim, procurando explicação.
Eu procurei de onde veio a pancada, e então eu vi ele. Matheus com uma barra de ferro na mão. Biel também havia visto. E eu nunca o vi tão nervoso e determinado a fazer algo.
Ele se jogou em cima do Matheus. Só que Matheus tinha uma barra de ferro. Biel foi atingido umas três vezes com força antes de conseguir desarmar Matheus. E então a briga começou de fato.
Matheus acertou alguns chutes em Biel, e Biel alguns murros em Matheus. Os músculos do Biel eram maiores e bem mais fortes. Qualquer um apostaria que Matheus iria tomar uma surra, mas as coisas não foram bem assim, não a principio.
Enquanto Matheus apanhava, colocou a mão no bolso de trás, pegou algo prateado e ponteagudo. Tentei avisar Biel, mas só conseguir emitir alguns grunidos.
Eu sei que escutei Biel emitir alguns gemidos dolorosos. Matheus havia perfurado Biel. Vendo que Biel estava fraco, Matheus partiu pra cima de mim. Tentei escapar, mas meu mundo rodava e eu estava fraco.
Matheus perfurou seu objeto no meu braço, em seguida Biel pulou em cima dele, o escorando na parede. No susto e por sorte, Matheus deixou o objeto perfurante cair no chão. E então, Biel começou a socar a cabeça de Matheus contra a parede. Em três socos Matheus já estava desacordado.
Os murros não pararam até Biel cançar. Ele estava fraco devido a perfuração. Ele se deitou no meu colo e olhou no fundo dos meus olhos. Tentei falar algo, mas só saiu um gemido.
- Araujo, saiba: eu te amo, com todas as minhas forças. Guarde isso para todo o sempre. – Ele suspirava ofegante. Matheus o havia acertado três vezes, dentre elas uma no peito.
- Biel... – Foi a única coisa que consegui falar. Eu chorava, não era possível que Biel morreria ali, no meu colo.
- Você disse que se algo acontecesse, era pra eu te salvar. Foi o que eu fiz meu amor... – Ele chorou algumas lagrimas também e continuou:
- Eu te amo, daqui até a eternidade. – Ele deu um sorrisinho e um ultimo suspiro. Chorei igual a um bebezinho. Não podia, Biel... Meu anjo, meu amor, meu tudo ali, morto no meu colo. Eu chorava, me sentia culpado, perdido, vazio, morto. Por um dia eu fui feliz e nesse dia, eu conheci a real tristeza.
“Isso é apenas um sonho ruim, um pesadelo”, eu pensava dessa maneira. “Eu vou acordar e Biel vai estar deitado ao meu lado na cama, me fazendo carinho”. Por mais que eu pensasse nisso, eu sabia que era tudo mentira. Biel havia morrido. Morrido por mim.
Por sorte, um carro da policia estava passando no local. Juntei toda a minha energia e gritei. Me arrastei no asfalto para a policia parar, e ela parou. Tal esforço foi o suficiente pra eu desmaiar e não ver mais nada o que aconteceu.