É meus amigos... Chorei muito escrevendo esse capitulo. Mas... quiçá as coisas mudem. Obrigado pelos comentários! Continuem assim. Vocês são uns amores =)
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“E agora, o que faço eu da vida sem você?” – Caetano Veloso
Meus amigos leitores, uma vez eu vi uma pessoa falando que sua vida havia levado um giro de 360º. E eu ri. Pois, um giro de 360º você pararia no mesmo lugar. Mas hoje eu entendo o que essa pessoa quis dizer.
Acordei em um pulo, estava no mesmo quarto que eu havia estado algumas horas antes. Olhei a minha volta. Haviam três pessoas no quarto: Edu, alguém que presumi ser Caio e meu pai.
- Biel! Onde está Biel? Ele ta bem? Onde? Cadê? – Eu comecei a chorar. Lembrei de Biel, deitado no meu colo, sem vida. Meu pai e Edu deram um pulo.
- Calma filho.. – Ele respirou fundo. – Os médicos fizem tudo o que puderam. – Depois que ele disse isso, presumi o pior. Chorei mais. Não era possível. Edu me abraçou.
- Ele morreu mesmo? – Perguntei. Edu, chorando junto comigo assentiu.
Nessa hora eu chorei. Edu continuou me abraçando. Era estranho saber que eu nunca mais veria Biel. Nunca mais o beijaria, nunca mais sentiria seu cheiro nem seu corpo. E isso me entristecia.
- E Matheus? Aquele assassino filho da puta? – Perguntei nervoso.
- Bom, Biel fez um belo estrago na cabeça dele. Ele foi submetido a várias cirurgias de restauração, mas perdeu capacidade de fala e movimento. – Uma vez eu li em um livro que existem destinos piores do que a morte. Esse parece ser um deles. Viver a vida inteira apenas observando, sem se mover, sem falar nada, apenas observando. Sem interagir.
A cada hora que se passava, menos eu chorava, mas mais triste eu ficava. Cada vez mais era inaceitável a morte de Biel para mim. Um buraco se abria em meu peito e nada que alguém dissesse ou fizesse, fechava esse buraco.
Os médicos permitiram minha saída para ir ao enterro de Biel. Seria a ultima vez que eu o veria fisicamente, pois eu sei que ele ficaria na minha memória para sempre. Ou até que alguma coisa fosse mais forte o suficiente para me fazer esquecer.
No outro dia, meu pai me trouxe uma roupa preta. Troquei de roupa no hospital mesmo e fomos para o cemitério. Estava lotado. Quase todos os alunos da escola e mais vários e vários outros amigos e conhecidos. Alguns nem mesmo o conheciam, foram apenas pela curiosidade.
Bom, fui passando por entre as pessoas até chegar no caixão. Um padre estava acabando de fazer as cerimônias de tal fato. E lá estava ele. Deitado, inerte, sem vida. Lindo e perfeito como sempre. Tentei conter o choro. Mas foi impossível.
Cai de joelhos na frente do caixão dele. Eu chorava muito. Edu, que esteve sempre junto comigo, me abraçou. “Calma. Tudo vai ficar bem. Você vai ver!”, ele sussurrava no meu ouvido. Mas eu sabia que isso era uma completa mentira. Nada ia ficar bem.
É meus leitores, não ficou mesmo. Durante o resto do ano letivo, a única coisa que eu consegui fazer era estudar. Eu saia da escola ia pra casa e não saia do meu quarto. Qualquer contato com outras pessoas era doloroso demais. Tudo me lembrava Biel.
Mas eu não fazia de propósito. Toda vez que eu via alguém rindo, eu lembrava da risada do Biel. Sentia um perfume, lembrava do seu cheiro. Sempre que eu via um casal sendo feliz, eu me lembrava do dia mais perfeito que eu passei com Biel.
Eu entrei num mundo de melancolia e solidão. Minha mãe até me colocou em um psicólogo, mas ele não disse nada que eu não soubesse. “Você precisa se abrir para as pessoas ao seu redor!” como se isso fosse fácil e eu não tivesse tentado.
A única coisa que tornava meus dias suportáveis era ver Edu feliz com Caio. Eu não lembro de ter apresentado Caio para vocês. Ele era do Rio de Janeiro, pele da cor do pecado. Corpão de atleta. Um sorriso encantador. Olhos verdes e cabelos escuros. Muito lindo só não mais lindo que Biel.
Eventualmente eles iam lá em casa. Foram as únicas vezes que eu soltei um sorriso nesse período da minha vida. E esse período durou até o final das férias e o incio do terceiro ano.