Casinha de Sapê 3

Um conto erótico de Luis Felipe
Categoria: Homossexual
Contém 1541 palavras
Data: 15/05/2013 00:50:47
Assuntos: Gay, Homossexual, Romance

Eu não via mais nada, o caminho de volta, a casa de meus pais, não sabia como eu tinha parado na minha cama e estava olhando para o teto tentando me acalmar, meus pais não estavam, graças a um milagre de Deus, Mel estava ao meu lado com a cabeça sobre as patas, olhava para mim sem entender nada, o porquê eu a privei de tanta diversão. E eu me sentia um brinquedinho, eu vi o jeito que ele olhava para mim quando eu estava lá, com cara de menino que viu um brinquedo novo e queria usá-lo logo, se ele pensava que eu ia ser isso para ele, que ele ia brincar de novo com os meus sentimentos, ele pensou errado. Eu sairia por cima dessa vez, eu ia mostrar que ele era nada para mim.

Enxuguei algumas lágrimas e lavei o rosto, há menos de uma hora pensava em ir embora, mas sabia agora que tinha que ficar, tinha que enfrentá-lo e falar tudo que estava preso em mim, preso a mais de sete anos, aprendi a ser duro na cidade grande, poucas coisas me abalavam, ele não seria uma delas, nunca mais. Eu iria enfrentá-lo. Logo meus pais chegam com uma torta e alguns salgadinhos, não sabia ao certo o porquê de tanta coisa.

- Mãe, a senhora vai fazer uma festa? - pergunto ao chegar na cozinha e tento roubar alguns salgadinhos.

- Eu não, meu filho, vou levar esses aperitivos para a festa de Clarinha, a filha de Roberto, lembra dele? - sim o Roberto, ele era da minha turma quando a gente terminou o ensino médio, magricelo, um e oitenta, branco, olhos pretos, nada especial.

- Nem sabia que ele tinha filha mãe.

- Pois é, a menina vai fazer quatro anos e como a mãe dela os deixou para viver fora do país com um milionário, resolvi ajudar.

- Poxa, que triste não é? - tentei soar o mais irônico possível, minha mãe adorava uma fofoca.

- É Seu Lula, e você vai me ajudar com os preparativos, e nem me venha com corpo mole. - assim ela me falou e jogou logo a torta em minhas mãos. Prendemos Mel e formos para casa de Roberto que fica a dois quarteirões da onde estava. E que casa! Uma mansão! Eu sempre achei que o Roberto era pobre, não sabia ao certo o quê ele fez para ficar rico daquele jeito, mas que deu certo, isso deu.

- Ele virou vereador daqui a dois anos atrás. - mãe falou assim que viu minha reação, com uma casa dessas até eu queria ser vereador daqui.

Entramos e organizamos quase tudo, a decoração ficou linda, Clarinha amava a Ariel, então foi feita com a temática sobre o fundo do mar, ela também era uma graça, parecia uma princesa dando ordens na gente. Seis horas da tarde e eu estava super cansado, super suado, precisava de um banho. Já estava de saída quando eu esbarro na porta com uma coisa dura, estava quase caindo quando uma mão me segura puxa de volta, tento ver de onde veio a ajuda e logo percebo que foi de quem eu esbarrei.

- Desculpa, eu sou um desastrado mesmo. - tentava ao máximo me recompor, olho para frente para ver quem era o pobre coitado e não acreditei no que estava vendo.

- Você?- o Roberto que via era outro, parecia que tinha crescido mais uns cinco centímetros, estava muito musculoso, um galã de Hollywood.

- Oi Lula, tudo bem? - ele estendia a mão para mim, logo apertei e forcei um sorriso, não queria parecer bobo.

- Tudo Roberto, e com você? Você mudou hein? - ele parecia um pouco constrangido com o meu comentário.

- Todo mundo muda. - seu olhar caiu sobre mim, logo percebi que um olhar de curiosidade e não resolvi dar sorte ao azar.

- Pois é, daqui a pouco eu volto para festa de Clarinha. - nos despedimos e fui para casa, aproveitar que estava só, pensar um pouco, dei comido a Mel que estava com carinha de triste, já queria sair, aquela cachorra era danada.

- Agora não, Mel. - alisei sua cabeça e fui tomar banho.

Fui ao banheiro e botei o rádio da sala para tocar, fazia muito tempo que não tinha feito isso e assim a música que tocava começou, era sensível demais, interpretada por Jorge Vercillo, fui tirando a roupa no quarto e indo ao banheiro, já estava me ensaboando quando a música acaba e começa outra, uma que não ouvia há mais de oito anos...

Chove lá fora e eu não tenho mais você

Quanta vontade de te ver

Saudade é a tempestade que fecha o verão

É o ultimo suspiro da paixão

Mas hoje eu sei

Que volta sempre o sol

E o escuro da noite vai clarear

E anunciar um novo amor...

http://www.youtube.com/watch?v=SnT0NzzmzQ4

Oito anos atrás

Eu estava todo molhado, o filho da puta do Jeff tinha me jogado dentro do riacho, aliais, tinham nos jogado, Carol estava toda encharcada também, ele ria muito e nós, para variar, não nós aguentamos e rimos também. Eu já tinha confessado para Carol que o amava e ela me dava à maior força, ela é minha melhor amiga, tudo que eu sou era porque ela me guiou, claro que também havia meus pais, mas não se comparava a ter amigos de verdade como eles. Eu fingi que ia me levantar e joguei uma quantidade considerável de água em Jeff que saiu correndo para não se molhar, sai do riacho e ajudei Carol e seguimos a trilha lamacenta que levava até a nossa casinha. Ela era de sapê, sim, sapê, ela era "escondida" dentro do terreno do pai de Carol, acho que era da época pós-escravidão, bem antiga, mas resistente, ela estava linda, já que arrumamos quase tudo por dentro, aos poucos, nós fomos emassando o chão, arrumando os móveis e reformando tudo. Ela era nosso esconderijo, aonde brincávamos, estudávamos, quando eu tinha algum problema, algum desabafo, algum preocupação, sempre íamos pra lá, ela era bem simples e linda. Chegando lá no quarto eu peguei na mão de Carol e disse:

- Vai tomar banho primeiro que depois a gente vai. - ela assentiu, ligou o rádio, pegou uma toalha que estava no guarda roupas e foi. Deixando eu e o Jefferson a sós, eu não tinha reparado, mas ele já estava sem camisa, quando notei meus olhos brilharam de desejo, seu peito começava a formar uns pelinhos, e vi que sua barriga estava sarada, eu não me aguentava perto dele, isso eu sabia muito bem. Seu cheiro era forte, uma mistura de lama com suor natural que me deixa inebriado, eu fechei os olhos e começou a tocar a música, essa que seria a música que marcaria aquele momento. Aquela era hora de me declarar, era tudo ou nada, eu sabia o que tinha que fazer.

- Jeff, Eu... - ele veio em minha direção e colocou um dedo em minha boca, tampando-a.

- Eu sei, Carol me disse tudo. - e com essas palavras ele me beijou.

Hoje

Aquele beijo foi a coisa mais doce que pude um dia ter provado de alguém, era puro, real, trazia paz para meu coração, eu sabia que nunca mais teria aquele momento de novo, não com aquela intensidade e também sabia que tudo tinha acabado. As lágrimas que rolavam em meu rosto se misturavam as gotas de água do chuveiro. Terminei meu banho, me arrumei o mais rápido que pude meus pais já estavam prontos e eu ainda estava calçando meu sapatênis, eu tinha demorado muito no banho. Eles como sempre reclamaram e falaram que já estávamos atrasados para o aniversário. Às oito horas entramos na casa de Roberto, eu levando uma Barbie nas mãos, olhava para os lados a procura da aniversariante. Encontro-a já parabenizando pela data e entrego o presente, sento à mesa, sozinho, pois os meus pais foram falar com os outros convidados, é quando sinto uma mão em meu ombro, forte, quente, era ele e estava lindo, vestindo uma camisa pólo verde, jeans e sapatos pretos, o verde da camisa realçava mais seus olhos. Meu coração quase parou naquele minuto, ele era a perfeição, não sabia o que fazer então eu falo:

- Oi, tudo bem?- alguém apareceu ao seu lado com um lindo vestido de princesa com detalhes azuis. Sofia abre um sorriso pra mim e eu retribuo, não vi a Carolina.

- Sofia, por que você não vai brincar com os meninos? - ela foi e então ele olhou para mim e fala:

- Vamos conversar?- eu assinto e ele me guia até única praça da cidade que fica em frente à casa de Roberto.

Sentamos em um banco e ele não parava de olhar para mim, ele abriu aquele lindo sorriso e pega em minha mão, eu me assusto e termino afastando aquele contato, eu sinto que ele queria falar algo e que isso era o que eu esperava há sete anos para ouvir, eu estava com medo que ouvindo isso eu me perdesse por completo em suas mãos. Mas lembro que tem uma coisa que estava me incomodando e que eu precisava saber então eu abro a boca e pergunto:

- Jefferson, onde está a Carolina?

Mais uma parte do Conto, agradeço desde já a todos que comentam, espero que gostem.

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Comentários

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Perfeito! Você sabe retomar o passado e misturá-lo ao presente sem fazer isso de forma forçada, continue assim :)

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