A hora do intervalo chegou, Lucas e Victória foram comprar seus lanches, e eu fui sozinho beber água. Quando me viro, quase caio pra trás. Não por medo, e sim pelo susto que eu levei. Atrás de mim estava...
Verdades à tona.
... Emanuel, que apareceu não sei de onde, agora sim posso confirmar: estava com um hematoma no rosto e fazia uma cara de poucos amigos. Confesso, fiquei curioso pra saber o que era aqui no rosto dele. Na verdade, era mais preocupação do que curiosidade. Antes que eu pudesse dizer algo, ele disparou:
— Então é isso?
— Do que você tá falando?
— Como assim? Depois de tudo que a gente passou você vai simplesmente me largar de lado nessa escola? E aquele garoto que disse que não ia me largar, que seríamos bons amigos? Pra onde ele foi? Depois de nos beijarmos e quase ter ido pra cama juntos, vai acabar tudo assim?
— Acabar? Como uma coisa pode acabar se nunca começou?
— Bruno, eu te pedi com todas as letras pra me dar uma chance, mas você nunca cedeu. Eu te amo!
— Quem ama alguém não faz esse alguém sofrer. Aliás, estou muito feliz agora com Lucas. — disse com toda a ignorância e tentei sair, mas ele se meteu na minha frente
— Quando eu te fiz sofrer?
Cara de pau. E ainda se faz de sonso. Tentei fingir que não ouvi aquilo e me recompus. Em seguida, falei:
— Bom, deixa eu ver: que tal quando destruiu minha amizade com meu melhor amigo por mais de uma vez, ou quando fez ele pagar aquele mico vindo me buscar na chuva e se deparar com você na porta? Ou quando...
— Tá, tá... Não quero mais ouvir nada. Mas eu só te digo uma coisa: se eu não posso ficar com você, ninguém mais pode.
— Claro que pode, eu não te pertenço, você não tem poder sobre mim.
— Isso nós vamos ver, é só um aviso. — e saiu de perto de mim
Fiquei muito assustado pelo que ele disse, nem tive tempo de perguntar o que significava aquele hematoma no olho dele. O que será que ele ia fazer? Só sei que, a partir de agora, todo cuidado é pouco. "Emanuel vai virar vilão da minha história de amor", pensei.
Voltando pra sala, aula de Química, que saco. Lucas puxou conversa comigo, percebi que Emanuel estava observando a gente, o motivo eu não sei:
— Onde você tava no intervalo?
— Ah, falando com uma galera aí.
— Entendi. Ei, quer dar uma passadinha lá em casa depois da aula?
— Opa, topo, hahaha. Que horas, então?
— Você decide. — Lucas disse com um tom doce
— Então umas 17h tá bom?
— Pode ser.
A aula seguiu normal como sempre, o que me me preocupava mesmo era a ameaça que Emanuel fez pra mim no intervalo. O que ele quis dizer com aquilo? E aquele hematoma? Tem muita coisa mal contada aí...
Na saída, todos estavam eufóricos pra sair, ninguém mais aguentava aquela aula. Victória foi embora logo, tinha dentista, e Lucas ficou me esperando no portão da escola:
— Cuidado, hein? Posso estar vigiando seus passos.
— Aonde quer chegar com isso? Se tentar fazer seja lá o que for, conto tudo pro diretor e ele te expulsa daqui num piscar de olhos.
— Espero que expulse mesmo, daí vou poder fazer o que quero sem o intermédio dele.
Ele estava certo, se fosse expulso, eu não teria mais defesa alguma, estaria vulnerável à ataques dele a qualquer momento. Aproveitando o momento, perguntei:
— E esse roxão aí na sua cara?
— Tá preocupado?
— Nem um pouco, só curioso.
— Entrei numa briga com três caras, nunca passou pela minha cabeça que dois viadinhos conseguiam se defender tão bem. Eles ficaram com raiva de terem apanhado pra duas bichonas, então descontaram o que puderam em mim. Uma pena, pois eles só acabaram piores do que...
— ESPERA AÍ! VOCÊ QUE MANDOU AQUELES CARAS PEGAREM A GENTE NA RUA? CARA, VOCÊ PERDEU A NOÇÃO?
— Você não me quis, então achei que você precisava de uma lição. — essa calma dele me tirava do sério, dava vontade de pular no pescoço dele
— E DESDE QUANDO AMOR É ISSO, MANDAR ALGUÉM PRA BATER EM QUEM SE "AMA"? NA BOA, NÃO SEI COMO GOSTEI DE VOCÊ ALGUM DIA! — disse me afastando
— Pode ir, mas tenha cuidado. — ele dizia cada palavra ironicamente
No portão, Lucas estava com aquela carinha de ciumento que eu tanto amo, mas não tinha tempo pra isso:
— O que vocês...
— Não me leva a mal, mô. Mas você precisa tomar todo o cuidado possível.
— Mas... Do que você tá falando?
— Sabe aqueles caras que nos pegaram naquele beco? Então, isso foi a mando do Emanuel, ele está louco porque eu rejeitei ele, e acho que isso não vai acabar tão cedo. Se eu contar pro diretor e ele for expulso, só vai facilitar as coisas pra ele.
— Eu sempre soube que ele só ia trazer confusão desde que entrou. Mas vamos superar isso meu amor, juntos.
Não tinha coragem de beijar ele na porta da escola, havia muita gente, só o que pude fazer foi ficar olhando fixamente pra aqueles olhos lindos que eu tanto conhecia.
Seguimos o caminho de sempre pra nossas casas, quando chegamos na porta da minha casa, dei logo os meus conselhos:
— Lucas, presta atenção se tem alguém te seguindo, se vierem em grupo, desconfia de tudo! Não quero que sua situação piore, você ainda tá todo machucado e eu vou me sentir muito mal se isso acontecer.
— Relaxa Bru, vou tomar cuidado.
— Assim espero. Beijo.
— Falou, até mais, né?
— Sim, na hora eu apareço lá.
Cheguei em casa e fiquei matando tempo até o horário que eu tanto queria, que era às 17h, hora que combinei de ir pra casa de Lucas. Computador, TV, comida, videogame, tentei de tudo. A hora estava se arrastando até passar. Às 16h45min, liguei pro número do Lucas só pra confirmar, mas ninguém atendia. Tentei de novo e novamente, mas tudo em vão. Resolvi, então, ligar pro telefone da casa dele, a voz da avó dele me surpreendeu, pois ela nunca tinha atendido o telefone:
— Alô?
— Alô, quem é? — a velhinha perguntou
— Aqui é o Bruno, amigo do Lucas. Ele tá aí?
— Não, ele está...
~~~~CONTINUA~~~~
ESSA PARTE VAI DAR INÍCIO AO CLÍMAX DA HISTÓRIA, FIQUEM LIGADOS
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