Apesar do seu nariz sangrar, ele ameaçava partir pra cima de mim, mas graças a um cara que tava do nosso lado, consegui sair do ônibus rápido e evitar algo pior. Desci e só pensava nele... Eu havia pegado pesado, mas não era obrigado a aguentar aquilo.
Por que aquele cara tava implicando tanto comigo?
Cheguei em casa, almocei e fui até a casa da minha nova amiga. Conversamos e ela disse que naquele dia do bar, Leonardo comentou que já havia me conhecido, mas que tinha certa raiva de mim, ainda sem dar detalhes.
Voltei pra casa dando por finalizado esse assunto.
No outro dia, na faculdade, lá esteve ele na porta. E um grupinho (era o que me dava medo). Quando me viu, Leonardo foi se aproximando e eu não parei de andar. Quem olhasse de longe percebia que eu estava correndo dele, mas ele gritou:
- Ei, espera! Quero só conversar.
Resolvi parar. Eu tinha que dar trégua e pedir até desculpas.
- Eu quero te pedir desculpas pelo soco.
- Eu percebi que eu exagerei, por isso tá tranquilo.
Vi que seu nariz tava bem vermelho, mas nem me atrevi a comentar nada. Fiquei constrangido com ele me olhando e decidi sair.
- Eu tô indo pra sala. Tenho um trabalho hoje.
- Vou com você.
- Que curso você faz aqui?
- Direito e você?
- Engenharia.
O assunto acabou. Fomos andando e até me lembrei que ele tava num grupo e nem vieram junto (menos mal). Cheguei na porta da sala e me despedi:
- Então Leonardo, eu preciso entrar.
- Poxa, primeira vez que você diz meu nome.
O sorriso dele chamou minha atenção e eu me dei conta de que nem havia me apresentado depois daquele turbilhão:
- Pois é. Meu nome é Lucas.
- Eu já sabia.
- Vou entrar então. Valeu pela companhia e desculpa de novo pelo soco.
Me virei antes de sua resposta eu já me virei e ele tocou meu braço.
- Ei, quer beber alguma coisa depois da aula?
Fiquei surpreso com o pedido, mas o olhar dele fez com que eu aceitasse. Eu estava colocando expectativa, mas já imaginava que ele não era gay, pelo menos podia se tornar meu amigo.
- Claro. Quando eu sair te dou um toque no cel.
Só quando eu acabei de falar que entendi que fui indiscreto.
- Tá doidinho pra pegar meu número né?!
Ele riu alto e eu fiquei sem graça, mas ele segurou meu ombro novamente alegando estar brincando. Pegou um papel rápido e anotou seu número. Me deu um abraço rápido e foi pra sala dele. Confesso que me surpreendi com sua aproximação, mas estava disposto a deixar rolar.
A aula acabou e eu mandei uma mensagem avisando que estava saindo. Ele me retornou dizendo pra me encontrar com ele no mesmo bar da festa de sexta.
Quando cheguei lá, sorrindo, ele estava rodeado de gente. Me sentei na mesa deles, cumprimentei a todos, até que Leonardo falou:
- Deixa eu te apresentar minha gata. Fabiana, esse é o Lucas, futuro engenheiro.
Meu sorriso acabou!