Ele me penetrava vigorosamente e urrava ao meu ouvido, mas meu pensamento estava longe, a quilômetros de distância daquela cama. Era como se tudo o que havia vivido até então fosse uma mentira e a verdade, a única que me parecia coerente, era o brilho daqueles olhos verdes que se iluminavam quando ela sorria.
Essa história começa muito antes desse momento, começa no instante em que Ronaldo, o cara que está me comendo aí em cima, me levou para viajar num feriado prolongado qualquer, num tempo já perdido em lembranças foscas e desbotadas.
Fomos em cinco para a casa de veraneio da família no interior do estado do Rio de Janeiro, um lugar bucólico e cheio de verde. Como já disse, éramos eu, Ronaldo, Eduardo e a namorada Adriana e Luiza, irmã de Eduardo que havia rompido um relacionamento de longa data e estava curtindo uma bad trip (sem drogas, devo salientar).
Achei estranho ela querer ir, já que éramos dois casais e ela meio que ficaria sobrando, mas não liguei muito, uma vez que a casa tinha vários quartos e ela não precisaria dividir espaço com ninguém.
Ronaldo e eu já namorávamos há algum tempo, mas mesmo assim ainda praticávamos sexo com bastante frequência, contrariando a lógica de que o sexo esfria com o tempo de relacionamento. Eduardo e Adriana estavam na primeira etapa de relacionamento, então não podiam estar juntos que logo se agarravam. Luiza era uma incógnita. Vez ou outra ela enxugava uma lágrima teimosa que insistia em rolar pela face branca e perfeitamente esculpida.
Ao chegarmos a casa, os dois homens forma comprar os mantimentos, até pensei em ir, uma vez que Ronaldo é péssimo para compras, mas como Eduardo iria junto, logo abandonei a ideia. Sabia que no fim das contas eles trariam carne e cerveja... Típico...
As meninas e eu fomos arrumar cãs coisas, afinal a casa estava fechada há meses e o cheiro de mofo já se fazia insuportável. Adriana, alérgica, logo abandonou a empreitada e fugiu para fora onde podia respirar livremente e ficamos Luiza e eu. Naquele momento minha vida mudou.
Luiza é o tipo de mulher pequena, com cabelos lisos abaixo dos ombros, incrivelmente lisos. Olhos verdes que calam qualquer expectador, um rosto sem marcas, nariz perfeitamente inserido na face, lábios desenhados e dentes perfeitamente alinhados. Branca, até demais, eu diria. Eu sou maior do que ela, tenho cabelos cacheados e bem vermelhos, olhos castanhos, uma falsa ruiva. Meu rosto é diferente, não me acho linda de morrer, mas tenho meus encantos, minha voz grave compõe o conjunto. Gosto de tocar violão.
Naquele momento sabia que estava perdida, no momento em que consegui lhe arrancar um sorriso sincero fruto das minhas piadas sem graça.
Meio que ficamos amigas naquele momento.
Terminamos a arrumação bem a tempo de ouvir o barulho do motor do carro de Ronaldo que entrava pela garagem. Sentamos e esperamos os rapazes, eles logo entraram pela porta trazendo, adivinhem... Carne e cerveja. Olhei para ela e disse:
- Parece que teremos churrasco para o almoço. – e ri.
Ela me acompanhou na risada e seu riso tinha uma melodia doce, quase um encanto.
O resto do dia transcorreu na normalidade. Ficamos à beira da piscina bebendo cerveja e comendo churrasco o resto do dia. Luiza voltou a ficar triste, e sua tristeza me cortava o coração. Neste momento eu ainda não tinha real consciência do estrago que essa viagem faria em minha vida, mas algo já estava gritantemente errado. Posterguei minha ida para cama, não queria muito estar com Ronaldo no quarto, pois sabia o que aconteceria.
Eduardo e Adriana já tinha se recolhido, Luiza ainda estava na sala quando me recolhi ao quarto, mas antes de ir, ao me despedir dela, num impulso lhe beijei o rosto e ela sorriu.
Quando cheguei ao quarto, Ronaldo já estava completamente nu e de instrumento ereto. Sabia que não poderia fugir do contato, pois se o fizesse ele provavelmente perceberia que havia algo errado e me questionaria e se isso acontecesse, não conseguiria esconder o que estava sentindo, então fui cumprir meu “papel” de mulher.
Deite-me ao lado dele e nos beijamos, alcancei-lhe o sexo e apertei a base, ele gemeu. Em seguida o tomei na boca sugando delicadamente. Ele gemia de olhos revirados na cama. “Como é fácil agradar um homem”, pensei, “Dê o que querem e ficam felizes”.
Fiquei chupando durante um longo tempo e ele quase gozou na minha boca, mas conseguiu se controlar. Voltou a me beijar, com fúria agora. Fez-me deitar de costas, com as pernas abertas e fez o caminho descendente até meu sexo, demorando-se nos meus seios. A sensação não era desagradável e gemi. Quando alcançou meu sexo fez como sempre fazia, movimentou a língua para cima e para baixo rapidamente, alternando com lambidas longas de baixo até em cima.
Tentava me concentrar, mas era impossível com a lembrança do sorriso de Luiza tão fresca em minha memória. Quando ele me penetrou gemi alto, mas o gemido em nada tinha a ver com a sensação de ser invadida e sim, porque minha fantasia ia longe, para o quarto afastado onde Luiza dormia. Imaginava o corpo dela despido, completamente nu na cama, e por mais que pareça loucura, me imaginava com ela, tomando lhe os lábios em um beijo leve.
Gozei rapidamente, e ele ficou achando que o sorriso que viu em meus lábios era para ele. Senti-me suja e culpada.
Ele continuou até que explodiu num gozo quente e demorado dentro de mim e caiu ao meu lado. Logo dormiu.
Levante da cama e fui até o banheiro no corredor. Para chegar ao banheiro tinha que passar em frente ao quarto onde ela dormia. A porta estava entreaberta e ela dormia tranquilamente de bruços. Tive que me conter para não entrar lá e deitar-me ao seu lado. Com dificuldade abandonei a visão e retornei ao meu caminho, passando pelo quarto de Eduardo e Adriana que faziam barulho. Cheguei ao banheiro com as faces em chamas, tomei banho rapidamente e voltei ao quarto. Ronaldo ainda dormia pesadamente.
Demorei a dormir, o dia já estava quase claro quando adormeci.
Ao acordar vi que havia um bilhete no travesseiro de Ronaldo. Era dele que dizia que precisava voltar ao Rio de Janeiro para resolver pendências no emprego.
Como eu conhecia bem essas pendências, sabia que ele não voltaria mais para o fim de semana, e que só viria no último dia para nos buscar. Por sorte ou azar, Eduardo ficou doente e ele e Adriana acabaram indo embora no dia seguinte ao bilhete. Ficamos Luiza e eu na casa. Ela parecia mais feliz do que quando chegamos. Agora sozinhas nos aproximamos mais uma da outra. Parecíamos amigas de longa data. Jogamos cartas, rimos de filmes velhos que encontramos em caixas antigas e quanto mais eu a conhecia, mais encantada por ela ficava. No terceiro e penúltimo dia ela me contou porque havia rompido o namoro. Ela o viu com outra mulher. “Que canalha”, pensei.
Na noite deste dia caiu um grande temporal. Eu já estava adormecida quando ouvi uma batida forte na porta. Assustei-me e ao abrir a porta do quarto vi que era ela com a roupa de cama na mão me pedindo para dormir comigo.
- Jéssica, posso dormir com você? Tenho medo de temporais.
Afastei-me da porta para dar espaço para ela entrar. Não sabia bem o que pensar sobre esta situação: dormir junto com ela? Seria um exercício de concentração.
Não me entendam mal. Eu não sou uma louca desvairada por sexo com qualquer um que aparece no meu caminho, na verdade, nunca antes havia sequer cogitado a hipótese de estar com outra mulher. Eu sempre fui hétero e nunca havia sentido nenhum tipo de atração por nenhuma mulher. Sabia que se surgisse uma oportunidade não saberia o que fazer.
Deite-me ao lado dela sem dizer nada. Ela estava igualmente nervosa. Um trovão estremeceu a casa e ela em um salto me abraçou gritando.
O cheiro dela era maravilhoso e a pele, macia como a de um bebê. Senti seu coração acelerado, o meu estava em igual compasso. Não precisamos dizer nada, aconteceu naturalmente. Olhava-nos nos olhos e eu me perdi naquele oceano verde que me fitava, nos beijamos sem pressa.
Deitamos uma ao lado da outra, ainda nos beijando. Ela me apertava de encontro a seu corpo e eu me derretia naquele abraço. Toquei-lhe os seios por sobre o pijama e os mamilos estavam duros a ponto de quase furar o tecido. Os seios eram redondos que cabiam em minhas mãos grandes. Ela fez o mesmo comigo, mas meus seios não cabiam em suas mãos pequenas. Ela me ajudou a tirar a roupa, fiz o mesmo com ela. Em instantes estávamos nuas e nos beijando. Eu não sabia o que fazer, mas meus instintos logo me guiaram a mão de encontro aos pelos parados do pequeno sexo. Ela estava quente e molhada. A toquei como faço comigo, meu dedo pressionando com força moderada seu clitóris. Ela gemeu de encontro a minha boca, ainda me beijando.
Senti sua mão tímida procurar meu sexo e ela logo o alcançou. Acariciava-me como eu fazia, mas em determinado momento senti seu dedo brincando na entrada do meu sexo, para em seguida se introduzir lentamente em mim. Já havia sido penetrada inúmeras vezes por dedos, de diversos tamanhos e espessuras, mas a sensação que se seguiu foi completamente diferente, um misto de furor e desespero. Minhas pernas tremiam e eu suava enquanto ela se movia delicadamente dentro de mim. Arqueei as costas, pedindo por mais e ela tomou-me um dos seios na boca. E que boca quente ela tinha, a língua ágil brincava de maneira displicente com meu mamilo enquanto sua mão imprimia um ritmo cada vez mais forte na penetração.
Senti sua boa descer pelo meu corpo em direção ao meu sexo. Eu esperava aquela carícia, mas ela não veio de imediato, ela passou por lá e foi me beijar o interior das coxas até voltar e apenas roçar no clitóris excitado que se mostrava entre os lábios. Sorriu-me antes de me envolver inteira entre seus lábios.
Que maravilha era sentir aqueles lábios me devorando, em momento algum, eu tinha sentido tanto prazer. Ela ainda me penetrava quando anunciei que iria gozar. Ela intensificou os movimentos e quando gozei senti seus dedos bem fundo dentro de mim. Não esperei que meu corpo cedesse ao cansaço e a puxei sobre mim para um beijo intenso e cheio de desejo.
Rolei com ela na cama ficando por cima. Continuei beijando-a e posicionada do jeito que estava podia sentir que ela rebolava em baixo de mim. Passei uma perna sobre a dela e me encaixei perfeitamente naquele corpo. Meu clitóris se esfregando no dela, era como se saíssem faíscas de nós duas. Ela me pediu para que lhe chupasse os seios e enquanto me esfregava vigorosamente nela alcancei um dos mamilos que estavam rijos de tanto tesão.
A voz dela saia entrecortada, me dizendo obscenidades que me deixavam mais excitada ainda. Deixei os seios de lado por um instante, apenas para me posicionar com a cabeça entre suas pernas. Toquei-lhe a intimidade timidamente imitando o que ela havia feito comigo sentindo seu gosto doce de excitação. Ela gemeu alto, e pressionou minha cabeça de encontro àquele paraíso cor de rosa. Explorei-lhe o sexo sem pressa, a provocando de propósito, lambendo, sugando, mordendo. Eu queria dar a ela o mesmo prazer que ela havia me proporcionado e me dediquei a isso, percebendo que gostava do que fazia.
Ela se movia cada vez mais forte em direção à minha boca e experimentei lhe penetrar com a língua. Quando o fiz ela arqueou as costas, a cabeça jogada para trás, era realmente a visão mais bonita que já tinha visto. O gozo não tardou a vir. Ela se derramou na minha boca com a intensidade de um vulcão. Seu gozo tinha um gosto incrível e me afoguei naqueles líquidos até ela pedir para que eu parasse.
Deitei ao lado dela e ela logo me atacou outra vez, me fazendo deitar de bruços.
Beijou-me o pescoço e a orelha, continuou me beijando as costas, até que encontrou meu mais bem guardado segredo, onde afundou o rosto. Senti sua língua pressionar meu ânus e que sensação maravilhosa a de ter essa parte lambida. Lubrificou bem o lugar e insinuou um dedo por entre minhas nádegas. Eu nem sou adepta de sexo anal, mas naquele momento o prazer que ela me fazia sentir superava meus preconceitos. Ela deitou-se ao meu lado enquanto o dedo entrava e saia de mim. Toquei-me enquanto ela me fazia sua mulher. Gozei rapidamente naquela posição. Ela me sorria enquanto eu tremia com seu dedo apertado dentro de mim. Em pouco instantes já estava recuperada e deitei-me invertida sobre ela, oferecendo o sexo mais uma vez enquanto lhe tomava o seu em meus lábios. Ficamos assim durante vários minutos, até que ela gozou mais uma vez. Ela me chupou ainda até que exausta do esforço, caí quase desfalecida sobre ela.
Demorei a voltar a seu lado, mas quando o fiz a recebi nos meus braços, onde ela se aninhou e adormeceu serenamente.
No dia seguinte fazia um belo dia de sol. Estava sozinha na cama e comecei a duvidar de que tudo o que vivi na noite anterior. Levantei da cama bem a tempo de ouvir a buzina do carro de Ronaldo que chegava pela garagem.
Senti-me culpada, mas só a lembrança do que havia acontecido me fazia tremer as pernas. Ele nada desconfiou. Encontrei Luiza a vontade na espreguiçadeira lendo um livro. Não falamos nada, mas quando passei por ela, vi que ela me piscava o olho em sinal de cumplicidade.
Fomos embora naquela tarde. Quando cheguei em casa havia um bilhete dela em minha bolsa que me dizia:
“Jéssica,
A noite que compartilhamos foi muito importante e eu não gostaria que ficasse somente em nossas lembranças. Se você achar que deve ficar com Ronaldo, eu vou entender, mas saiba que enquanto você estiver com ele, serei apenas sua amiga. Quero mais do que sua amizade, mas te quero só pra mim, não aceitaria lhe dividir com mais ninguém. Pense nesta proposta.
Beijos,
Luiza”
Isso aconteceu há mais de três meses e ainda não consegui terminar com Ronaldo. Ela povoa meus pensamentos o tempo todo e já não há mais espaço para ele em minha vida, mas tenho medo.
Desta vez ele gozou mais rapidamente do que o de costume, parece que sabe que algo está errado. Não sei o que fazer. Ele já está dormindo aqui do meu lado, roncando muito. Luiza está em algum lugar por aí. Estou evitando estar nos mesmos lugares que ela, tenho medo de vê-la com outra pessoa. Espero que não.
Espero que consiga resolver essa situação rapidamente, pois sinto falta dos momentos que compartilhamos...