-Um acidente.- Rafa respondeu, distante.
-Mas como ele ficou em fiapos deste jeito? Parece que foi rasgado!
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Rafa se remexeu na cama. Sentia a garganta se apertar cada vez mais.
-Já disse, um acidente Adelaide.
A mulher suspirou, desconfiada e preocupada.
-Queres que eu traga o café da manhã aqui em cima? O patrão não está em casa.
“Que bom”, Rafa pensou, aliviado.
-Não, estou sem fome.
-Mas como...? Não pode ficar sem comer! Está com olheiras e pálido, senhor, se sente bem?
-Não, me sinto muito mal.- O ruivo respondeu de forma dramática, por mais que fosse a pura verdade.- Tenho dores, e desejo ficar na cama todo o dia.
-Quer algum remédio, senhor?-Adelaide se aproximou com preocupação.- Assim que o patrão chegar eu...
-Não quero vê-lo!!
A mulher deu um passo para trás.
-Tudo bem, se acalme. Vou buscar algo para o senhor tomar e logo vai se sentir melhor.
-A dor que eu sinto não poderá melhorar nunca.- Rafa murmurou, quando Adelaide saiu do quarto.
Cerca de duas horas depois, Rafa ainda estava na cama, um pouco mais calmo por causa do chá que Adelaide dera à ele.
Se virou na cama e acabou adormecendo. Teve uma série de pesadelos horríveis...Cenas com seu pai Fernando, o humilhando e debochando, Christopher lhe rasgando as roupas e o violentando...
Acordou totalmente ensopado de suor, e com febre. Os cabelos ruivos lhe grudavam na testa, e haviam lágrimas em seu rosto.
Quando sentou-se na cama, viu um par de olhos azuis o olhando e levou um susto.
-Uckermann.- Sussurrou, apertando o lençol.
-Estava gritando.- Ele comunicou.- Pesadelos?
-Sim. A maioria deles com você.- Ele acusou, ferino.
Chris soltou uma risada gostosa e cruel, que arrepiou todos os pelinhos da nuca de Rafa.
Se aproximou da cama, o ruivo imediatamente se encolheu sobre os lençóis.
-Fique longe!!!
Ele deu um sorriso de canto, observando o corpo pequeno de Rafa, molhado pelo suor tremer sob os travesseiros.
-Quando vai aprender que não tem como fugir de mim? Vou te ter perto de mim a hora que eu quiser.- Ele disse, sentando-se na cama enquanto Rafa se pregava na cabeceira, tentando ficar o mais longe possível.
Rafa secou o rosto com as mãos pequenas.
-Adelaide me disse que você não se sente bem.-O loiro comentou.- O que é, birra?
-Não é birra.- Ele murmurou com raiva. Como odiava aquele homem!
Chris estendeu as mãos másculas até o rosto de Rafa, repentinamente, enxugando o suor e as lágrimas dele. Ela virou a cara, emburrado.
-Você está quente.- Ele disse de cenho franzido, baixando as mãos para os braços do ruivo, e em seguida para o corpo pequenino escondido pela camisão que se grudava ao corpo fervente e úmido- Muito quente, o que têm?
-Não sei. Creio que o culpado disto é você. Estou doente porque ontem você me machucou.
Christopher sorriu maliciosamente.
-Ontem você, no começo, estava gostando de ser “machucado” por mim.
Rafa arregalou os olhos.
-Você é maluco! Um sádico.
Ele gargalhou.
-Pense o que quiser.- Ele se levantou, e quando Rafa suspirou de alívio por pensar que ele ia embora, sentiu-se puxado por duas mão grandes.
Christopher o pegou no colo.
-O que está fazendo?
-Você está com febre. Vai tomar um banho frio.
-O quê?-Ele gritou.
Christopher não deu ouvidos e caminhou até o banheiro. Quando a pôs no chão, logo baixou a camisão do ruivo de uma só vez, deixando-o nu na sua frente.
-Uckermann!-Ele gritou, aflito, tentando puxar uma toalha para se cobrir. Chris não deixou, e o colocou debaixo do chuveiro. Quando ligou a água gelada em cima de Rafa, ele começou a tremer e se contorcer.
-Não, está muito frio..-Ele pediu, chorando, enquanto tentava sair do Box. Chris não permitiu, empurrando-o para dentro.
-Vai ficar aí dentro, para que melhore da febre!
-Mas eu vou morrer congelada!- Ele gritou, com os dentes batendo fortemente por causa da água que mais parecia um gelo.
-Não vai.- Ele respondeu simplesmente.
-É porque não é você que está aqui.
-Claro, eu não estou com febre.- Christopher resmungou, segurando Rafa pelos ombros para que ele ficasse bem debaixo do chuveiro.
Rafa engoliu o choro, e tentou controlar os tremores do corpo.
-Que marcas são essas?-Christopher perguntou, observando as marcas vermelhas e roxas pelo corpo branco do ruivo.
Ele o olhou com ódio.
-O que mais? Você!
Ele ficou quieto por poucos segundos.
-Eu lhe marquei desse jeito?
-Claro que sim! Ou acha que eu fiz essas marcas em mim mesmo?
Christopher deu de ombros, como se não se importasse, e não disse mais nada.
Alguns minutos depois, ele finalmente fechou a ducha. Rafa tremeu mais do que antes, se possível, e os dentes faziam um barulho alto por estarem se batendo.
Christopher pegou uma toalha branca e enrolou Rafa, pegou-o no colo e o pôs sentado na cama.
-Agora vai me deixar em paz?-Ele gritou, com os lábios roxos.
Ele não respondeu, foi até o armário do quarto e apanhou um conjunto de moletom em vermelho sangue.
-O que está fazendo?-Ele perguntou.
Chris se aproximou, tirou a toalha dele e começou a secá-lo.
-Uckermann, pare com isso! Eu posso fazê-lo sozinho!-Ele tentou puxar a toalha, com o rosto vermelho de vergonha e irritação.
-Pode.- Ele revisou com ironia.- Mal consegue ficar em pé, Rafael. E se for vergonha, poupe-me, ontem à noite eu já vi tudo isso em detalhes.
Ele cruzou os braços, querendo um buraco para se enterrar.
-Levante os braços.- Ele ordenou quando terminou de secá-lo. Rafa os levantou, e o marido começou a vesti-lo.
-Porquê está me vestindo? Eu quero ficar na cama e dormir..- Ele murmurou, zonzo.
-Não vai dormir.
-Mas...-Ele o olhou confuso. Ainda sentia a própria pele quente, por mais que o banho frio tivesse ajudado a melhorar.
-Não. Vai descer comigo e agir normalmente!- Ele disse com dureza, olhando-o nos olhos.- Se ficar aqui dentro todo o dia, como um doente, os criados vão achar estranho. Vai descer comigo, mesmo com febre, nem que esteja morrendo! À noite, quando subir para dormir, pode descansar, mas agora não.
Rafa sentiu os olhos marejarem. Estava com a cabeça explodindo, tonto, o corpo lhe doía, e estava morto de febre! Só o que queria era descansar para conseguir se recuperar.
-Christopher, mas eu...
-Penteie os cabelos.- Ele mandou, interrompendo-o, enquanto pegava a escova e passava para Rafa.
Ele sentiu vontade de gritar. Porquê ele o maltratava tanto? Porque ele era tão cruel?
Penteou os cabelos e olhou para o marido, pálido e com raiva.
-Perfeito.- Ele deu um sorriso debochado.- Agora sorria e vamos descer.
Agarrou o braço dele sem nenhuma delicadeza, e o puxou.
Continua.....