Fiquei totalmente sem ar. A cabeça girando. A moça que falava ao telefone informava que a Malú estava entrando na sala de cirurgia e necessitava de algum acompanhante. Quando ela acabou de falar eu não consegui abrir a boca para falar qualquer coisa. A moça dizia: Alô? Senhor? O senhor está na linha? Senhor???
Eu: Oi! É...Como???
Moça: O senhor entendeu? A senhora Mari...
Eu: Sim, eu entendi! Eu sou o namorado dela. Estou indo imediatamente praí!
Moça: Certo. Quando o Senhor chegar me procure. Sou da gerência de enfermagem. Meu nome é Graça. Com quem eu falo?
Eu: Henrique. Graça, só me responde, ela está bem?
Graça: Aqui conversamos, senhor. Aguardo sua chegada.
Desliguei o telefone e fui correndo pra casa para buscar meus documentos e chaves do carro. No caminho, tentava localizar o Cadu pelo celular, mas não tive sucesso. Parei no andar deles. Toquei a campainha e nada dele atender. Não sabia onde ele estava, mas não podia perder mais tempo. Fui logo pra casa. Quando entrei no apartamento, minhas pernas começaram a tremer e eu caí no choro. Foi um momento de desespero, de desabafo. Eu chorava como uma criança de colo. Passados alguns minutos, me recompus e fui ao meu quarto trocar de roupa e pegar minhas chaves e documentos. Acho que eu devo ter feito algum barulho, pois minha mãe foi ao meu quarto e me vendo com as chaves na mão pergunto: O que houve,menino? Pra onde vc vai a essa hora?
Eu: Foi a Malú mãe! Ela sofreu um acidente! Me ligaram do hospital, eu to indo pra lá!
Mãe: Meu Deus! Eu vou com você. Espera um instante!
Eu: Rápido!
Enquanto minha mãe se arrumava. Tentei mais uma vez localizar o Cadú, e nada! Olhei para o relógio, eram quase 5 da manhã! Resolvi ligar pra Gabi. Ela atendeu e eu expliquei o que havia acontecido. Pedi que ela localizasse o Cadú, pois eu não estava conseguindo. Ela me desejou sorte e disse que faria o possível pra encontrá-lo. Desliguei quando minha mãe apareceu na sala. Nós fomos para o Hospital. Nunca dirigi tão rápido em toda a minha vida. Ao chegarmos procurei pela Dona Graça, que logo me atendeu:
Graça: Oi, Henrique!
Eu não conseguia falar. Tinha um nó na minha garganta. Eu comecei a lagrimar. Minha mãe vendo minha expressão. Tomou a frente da conversa.
Mãe: Oi, Graça! Sou Rosana, mãe dele! Qual o prognóstico da Maria Luiza? Pode usar a linguagem técnica, sou médica!
A Dona Graça explicou à minha mãe a situação da Malú. Ela falava termos que eu não entendia. Desconfiava que minha mãe houvesse pedido para ela falar naquela linguagem para eu não ficar mais preocupado. Em síntese, a Malú teve o nariz e uma costela fraturados, a clavícula quebrada, e uma pancada na cabeça que causou um inchaço, e por conta desse inchaço, depois da cirurgia para reparar as fraturas, eles a manteriam em coma induzido. Quando eu a ouvi falar coma eu disse: COMA? Então é grave!
Mãe: Calma filho. Eles a induziram ao coma. Isso é normal em casos como o dela. Eles precisam avaliar se o inchaço diminui, coisas de rotina.
Eu: E quando ela acorda?
Graça: Isso depende muito do sistema dela! O inchaço encontra-se numa área sensível do cérebro. Pode levar algum tempo.
Eu: Quanto tempo?
Graça: Não posso informar o tempo exato. Mas ficaremos de olho nela. Agora eu preciso que alguém assine os papeis da entrada dela aqui.
Minha mãe se responsabilizou por tudo. Foi à Administração resolver a papelada. Eu fiquei na sala de espera aguardando o término da cirurgia. Passadas alguns horas que eu estava esperando, um rapaz sentou-se perto de mim. Ele estava com curativos no rosto e com o braço engessado. Estava também acompanhado por dois policiais. Ele chorava sem parar! Cinco minutos depois, chegou um casal da idade dos meus pais e o abraçaram. Logo em seguida, chegou uma Senhora,também na mesma faixa etária daminha mãe. Ela chegou gritando: Seu assassino! Vc matou a minha filha!
O casal a segurou, e os policiais ficaram na frente dela. Eu prestei mais atenção no que acontecia, foi quando eu descobri que tinha sido ele o causador do acidente e que a vítima fatal que mencionaram na TV era a namorada dele. Eu olhei bem pra cara dele e fui em sua direção! Meu sangue ferveu! Eu enfiei um soco na cara dele com toda minha força. Quando os policiais perceberam o que eu havia feito ele já estava no chão. Eles tentaram me tira de cima dele,mas foi em vão. Eu chutava, dava murro, e xingava! Xingava bastante! Até que me tiraram de cima dele e me seguraram!
Eu: Seu FILHO DE UMA PUTA! A minha namorada está na sala de cirurgia por sua causa! Se ela não sobreviver eu acabo com vc!
O policial: Acalma, rapaz! Se vc não se acalmar eu vou ter que lhe deter!
Eu: Esse merda era quem tinha que ser detido!
Policial: Ele já está sob custódia!
Minha mãe apareceu, viu a confusão e pediu que eu me acalmasse. Me puxou pra outra sala,mas antes de eu sair eu falei: Se acontecer alguma coisa com ela...vc já sabe!
O Rapaz chorando me disse: Me desculpa cara! Eu sinto muito! Eu perdi a minha namorada! Me perdoa,cara!
Eu confesso que naquela hora eu tava com tanta raiva que eu não consegui sentir pena dele. Somente da mãe da menina que chorava a morte da filha, foi quando eu me virei pra ela e disse: Se minha namorada não sair dessa viva como a sua filha não saiu, eu lhe prometo que esse marginal vai prestar contas no inferno! Eu mesmo mando ele pra lá.
Minha mãe me puxou com tudo pra outra sala e disse: Vc ta ficando louco? Ameaçar o rapaz desse jeito?
Eu fiquei calado. Tava com muita raiva. Muita coisa acumulada. Meu telefone tocou, era o Cadú. Ele já estava no hospital, queria saber onde estávamos. Ao chegar, expliquei o quadro da Malú. Ele ficou desesperado. Ele me informou que tinha tomado um remédio para dormir e não escutou nada tocar. Ele saiu pouco tempo depois para saber como havia sido o acidente e ligar para a minha Sogra. Quando voltou ele me disse que sua mãe estava voltando imediatamente pra cá. Quanto ao acidente, me informou que o Marginal vinha dirigindo à mais ou menos à 130km/h, embriagado e que ao tentar desviar de uma caminhonete, perdeu o controle da direção e atingiu a Malú. Que no acidente, a namorada dele que não usava cinto (o FDP usava), foi arremessada pra fora do carro e morreu na hora. Ele saiu arrastando o carro da Malú, que acabou capotando uma vez e atingiu um poste!
Pedi para que ele parasse de me dar aquelas informações, pois senão eu não responderia por mim. Ele parou e continuamos a esperar a cirurgia acabar. Por volta das 10h30min o médico nos informou que a cirurgia tinha corrido muito bem, que ela ia ficar se recuperando na UTI, bem como que ele a manteria em coma induzido até o inchaço em sua cabeça reduzir, e que poderíamos retornas às 17 horas para visita e pegar o boletim médico. Minha mãe conversou mais algumas coisas com ele e fomos embora. O Cadú foi resolver algumas coisas burocráticas, como delegacia, laudo pericial, essas coisas.
Chegamos em casa e eu fui direto pra Cama. Eu estava igual a um Zumbi, pois não havia dormindo nada. Acordei por volta das 15 horas. Liguei pra Gabi, informei o estado da Malú e desliguei. Comi algma coisa e fui tomar banho pra retornar ao Hospital. Cheguei lá, fui informado que o quadro dela estava estável, e que era cedo pra informar se o inchaço havia diminuído ou não, que eu teria tal resposta somente no dia seguinte. Pude vê-la pelo vidro, não me deixaram entrar. Ela tava toda entubada. O rosto estava todo roxo por conta do nariz que fora operado. Quanto ao resto do corpo, não pude ver, ela estava coberta.
Fui pra casa. Ao chegar no estacionamento, o Cadú me ligou e falou: Mano, onde vc está?
Eu: estacionando o carro aqui no prédio, pq?
Cadú: Preciso que vc busque a mamãe no Aeroporto, o vôo dela chega em 20 minutos e eu não vou conseguir chegar a tempo. Vc me faz esse favor?
Eu: Claro.
Fui para o aeroporto. O vôo da minha sogra chegou pontualmente às 18 horas. Quando eu a vi, percebi o quanto ela estava abalada. Aquela mulher que passava uma segurança tremenda quando nos encarava, naquele dia parecia uma menina indefesa. Ela me abraçou. Choramos juntos. Eu expliquei tudo pra ele no caminho de volta para casa. Expliquei que o horário de visitação já tinha terminado e o próximo boletim sairia às 8 horas da manhã. Conversei ainda, sobre minha confusão com o motorista que causou o acidente, e ela disse: Henrique, eu entendo a raiva que vc esta sentindo, e graças a Deus nada de grave aconteceu com minha filha. Não sei se haverá alguma seqüela, mas pelo menos está viva, ao contrario da namorada desse rapaz, que deve estar muito culpado. Imagino como não deve estar a mãe dessa menina....Mas por outro lado, não podemos deixar ele impune a isso, então, eu prometo à vc que eu farei o possível para fazer com que ele pague pelos danos causados à Malú.
Eu: tinha certeza que a Senhora iria me entender. O que a Senhora pretende fazer.
Sogra:Vou estudar o caso e ver as medidas cabíveis.
Eu: Blz!
Chegamos em casa e minha sogra quis conversar com minha mãe, pois minha mãe estava mais interada do quadro da Malú. Minha mãe explicou tudo à ela, que ficou mais calma. No dia seguinte, minha Sogra, eu e minha mãe fomos visitar à Malú. Fomos informados que ela teve uma melhora durante à noite e que devido a isto, ela iria para o quarto. Malú chegou no quarto por volta do meio-dia. Ainda estava em coma induzido.
Em síntese, ela permaneceu nesse estado por exatos 4 dias. E nesse 4 dias, eu não saí do lado dela nem sequer um momento. Fazia todas as minhas alimentações e higiene naquele hospital. Minha Sogra queria passar a noite com ela, mas eu não deixava. Eu entendo que como eu sou mais novo, nada mais justo do que eu passar à noite. Durante o dia eu durmia lá mesmo no quarto e minha sogra fica de olho na Malú. Malú acordou numa Quarta-feira de manhã. Eu tava saindo do banheiro quando minha sogra começou a chamar a enfermeira. Eu vi aqueles olhos lindos da minha namorada, perdidos, tentando entender o que estava acontecendo. Como ela estava com o respirador, não podia falar. Não conseguia puxar os fios, embora tentasse mover os braços, pois todo o seu ombro estava engessado. Sem falar no colete que ela usava por conta da costela fraturada. O médico a avaliou, fez uns exames. Tava tudo certo na medida do possível. Conversamos com ela, explicamos onde ela estava, eu falei do acidente e perguntei: Do que vc se lembra?
Malú: do acidente? Só lembro da hora que senti a batida e que o carro capotou. Depois disso, não lembro de nada.
Sogra: Ohh minha filha, que bom que vc está bem! Graças a Deus.
Elas choraram um tempo. Eu fiquei no canto do quarto, escorado na parede olhando as duas. Minha sogra, sutilmente saiu do quarto para nos dar um pouco de privacidade.
Malú: Vem aqui perto de mim!
Cheguei perto de seu leito e não agüentei, chorei! Chorei demais. Era um choro de alívio. Ela também chorou. Eu não queria deixá-la agitada, então me controlei. Dei um selinho nela e depois disse: Você quase me matou do coração, sabia? Pensei que ia te perder.
Malú: Imagino como vc deve ter ficado. Mas agora eu to aqui! Toda engessada e de nariz....Meu nariz vai ficar feio?
Eu não agüentei e caí na gargalhada.
Eu: rsrs. Não amor, o médico disse que ele só o colocaram no lugar. Não houve necessidade de intervenção cirúrgica nele.
Malú: rsrs...Melhor assim, já estou toda lascada. Não preciso me preocupar com plástica, afinal!
Eu ri! Conversamos mais um pouco. Minha sogra retornou. Pediu que eu fosse em casa descansar. Eu não queria ir mas a Malú disse: Vc passou todo esse tempo aqui sem sequer ir em casa?
Eu: Sim!
Malú: Negativo. Vá pra casa agora! Vá tomar um banho decente, fazer essa barba e dormir!
Eu: Mas...
Malu: Mas nada...
Eu ri. Adorava aquele jeito mandão que ela tinha. Dei um beijinho nela e obedeci à sua ordem. A Malu ficou no hospital por mais 2 dias. No sábado ela recebeu alta. Ela chegou no condomínio de cadeira de rodas. Ela queria andar, mas não deixamos.
Na segunda, ela teve que ir à delegacia dar o depoimento dela. Eu fui com ela e minha sogra. Chegando lá, vimos como ficou o carro que, naquele dia, seria levado ao pátio da seguradora da minha Sogra. O carro tava acabado. Pra vcs terem noção do o quanto foi feio o acidente, o carro da minha sogra era uma Mitsubishi TR4 e o carro do cara que bateu a Malú era um golf. O carro da minha sogra só tinha praticamente a frente quase intacta, do meio pra trás parecia uma lata de sardinha amassada. O golf então,nem se fale. Tava todo fudido!
Voltamos para casa e a Malú, “CDF” como sempre, já queria ir pra faculdade no dia seguinte. Eu disse: Pirou? Vc ainda ta se recuperando! Ainda ta toda engessada. Nem escrever consegue!
Malú: Henrique, faz as contas: Estamos nomeio de maio, o período acaba em 40 dias. Faltam ainda as provas finais pra terminá-lo. O médico disse que vou ter que ficar com esses gessos por pelo menos 2 meses. Eu que não vou perder um período por conta disso!
Eu: Prestar atenção na aula, td bem.Mas quanto a escrever, fazer as provas?
Malu: Pra tudo se dá um jeito.
Eu informei à coordenação do curso acerca do ocorrido. Eles foram maleáveis. Ficou combinado que ela assistiria as aulas que ela julgava mais importante para se preparar para suas provas, que seriam orais. Ela assistiu todas! Não deixou nenhuma de fora. No dia 7 de junho de 2012, ela completou 19 anos! Como ela ainda estava com gesso, fizemos apenas um jantar em família. Eu dei de presente um colar com um pingente de ouro na forma de infinito duplo (pra quem não sabe oq significa, é só por no Google pra verem o formato). Ela adorou! Malú fez as provas e obteve êxito em todas! Em julho, uma semana anes de completarmos 1 ano de namoro, ela tirou o gesso. Ainda teve que fazer umas sessões de fisioterapia, mas pelo menos já podia se locomover sem ajuda ninguém. No dia do nosso aniversario de 1 ano, a gente celebrou na melhor maneira: Fazendo amor! Desde o acidente não havíamos feito. Foi divino. Na ultima semana de Julho, retornamos à faculdade. Estávamos no 6º período. Malú já podia dirigir, mas ainda tava com algum tipo de medo de dirigir. Minha sogra estava dirigindo o carro dela, pois a seguradora ainda não havia pago o valor do sinistro. Numa das vezes que fomos pra aula eu disse: Amor, acho que vc deveria tentar dirigir pra perder esse medo logo de uma vez!
Malu: Não, não! Eu passo esse convite!
Eu: Mas vc nem tentou!
Malu: Só de pensar eu fico nervosa!
Era verdade, só de tocar no assunto ela começava a suar frio. Eu ainda tentei persuadi-la mas não tive êxito. Em agosto, finalmente saiu o dinheiro do seguro do carro da minha sogra. Como ela sabe que eu sou LOUCO por carros, me convidou para ir com ela à concessionária. Ela comprou um Kia sportage! Nossa, o carro é show de bola! Super garotão! Ela tava de parabéns! Ela perguntou se a Malu queria estrear o carro, dirigindo-o da concessionária pra casa. A Malu, mais uma vez não quis. O tempo foi passando, meu pai fez um acordo com a empresa e comprou o apartamento em que estávamos morando. Fiquei feliz da vida pois não queria sair de perto do meu amor. Em outubro, rolou uma festa de Hallowen patrocinada pela faculdade. A fantasia era obrigatória. Eu fui fantasiado Tarzan e a Malú foi vestida de diabinha! Ela não queria que eu fosse daquele jeito, mas foi a única coisa que eu achei no dia da festa! Ela tava muito sexy. A festa estava super divertida. A Malú ficou conversando com as amigas dela e eu com uns colegas meus, nesse momento a Joyce chega em mim e diz: Nooooossa, não é qualquer um que pode usar uma fantasia dessas hein!
Eu: Hahaha A gente faz o que pode né?
Joyce: E coooomo pode...Me diz, o cipó é grosso?
Eu: hahahah Vc ta bêbada?
Joyce: Não, tow sóbria sóbria!
Eu vi que ela tava falando sério e tentei sair pela tangente: Ah...Pq vc não pergunta da minha namorada? Ela vai te dizer se é grosso ou não!
Joyce: Ai! Essa doeu! Sabe Henrique, eu acho que se eu tivesse feito um pouquinho de esforço, eu é que estaria no lugar da Malú.
Ela falava aquilo alisando meu peito. Quando a Mao dela já estava no meu abdômen eu recuei e disse: Sei não,Joyce. Eu amei a Malú desde o primeiro dia que a vi. Então por mais que vc se esforçasse, vc nunca estaria no lugar dela. O máximo que poderia ter rolado seria uma foda sem compromisso.
Joyce: Ei, tb não precisa ser grosso!
Eu: Só estou deixando as coisas claras.
Joyce: com certeza vc deixou! Vou indo nessa!
Eu: Boa festa!
O clima ficou meio chato entre a gente. Até hoje só nos falamos por educação. Eu contei pra Malú quando voltávamos pra casa. Ela disse: Porque vc não me falou na hora?
Eu: Pq não queria confusão,amor!
Malu: Aquela vadiazinha..
Eu: rsrs ficou com ciúmes, foi?
Malu: Claaaaaaaro! Uma vaca daquelas dá em cima do MEU namorado e vc quer que eu não sinta nada! Ah, faça-me o favor!
Eu ri do jeitinho dela. Os meses foram passando e dezembro chegou. No nosso primeiro dia de férias da faculdade, a Malú resolveu que íamos passar o fim de semana no sítio. Eu arrumei tudo e fomos no meu carro. Amanhecemos no sábado. Chegando lá, os filhos do caseiro estavam todos reunidos com uns amiguinhos jogando bola. Eles tinham a faixa etária de 14 a 17 anos. Eu, como adoro uma bagunça, entrei pra jogar. No meio do jogo, parei pra tomar uma água. Quando estava indo à cozinha, passando pela varanda, pisei num caco de vidro que saiu rasgando meu pé esquerdo. Sangrou bastante. É lógico que eu grite: MALUUUUÚUUU!!!
Ela apareceu correndo e vendo meu pé sangrando disse:Meu Deus! O que aconteceu com seu pé, Henrique?
Eu: Um caco de vidro entrou aqui! Olha como tacheio de vidro dentro! Tá doendo pra cacete! Puta que pariu, bicho! Tá foda aqui! Me leva pro pronto socorro senão vou acabar com o pé amputado!
Malú: Pera,vou ver alguém pra levar a gente à cidade!
Eu: Que porra nenhuma, Malu! Me leva logo! Ta doendo pra caralho! Bora logo, pega a chave, ta na mochila!
Malu: Amor...
Eu: Porra Malú! Eu to fudido aqui! Engole essa porra desse medo e me ajuda, por favor! Eusei que vc consegue!
Galera, eu sei que eu tinha que ter paciência com uma pessoa que tava traumatizada, mas eu ia ficar mais traumatizado se eu perdesse meu pé! Parti pra ignorância.
Eu: Anda Malú1 Vai ficar olhando? Me ajuda a chegar no carro!
Nessa hora, a expressão no rosto dela mudou. Aquela era a Malu por quem eu tinha me apaixonado!
Malu: Ei! Fala baixo comigo! Eu vou pegar as chaves! A mocinha pode esperar um pouquinho sem desmaiar enquanto eu pego nossas coisas?
Eu queria rir, mas tava com muita dor! Ela foi dirigindo, em silêncio. No começo, eu a vi tremer, mas depois de algum tempo ela relaxou. E foi assim, graças a um pé rasgado que levou 15 pontos que minha namorada perdeu o medo de dirigir!
O natal chegou, nós passamos as festas de fim de anos no RJ. Todos juntos! No meu aniversário, em Janeiro, a Malú me deu um relógio da Tommy de presentes. Nosso ano começou muito bem! Pulamos carnaval. Estávamos cada vez mais próximos. É claro que, como todo casal, tivemos nosso entendimentos, mas sempre resolvemos tudo! Graças ao poder de conciliar que ela tem. Passaram-se os meses, Março, Abril, Maio e chegamos, finalmente em Junho. A vida com a Malú, pra mim é completa. Eu não sinto tédio nem nada. E por esta razão, resolvi fazer uma surpresa para ela!
Hoje, dia 07 de junho de 2013, a Malú fará 20 anos! Eu planejei uma festa no salão de festas de nosso condomínio (Local onde a vi pela primeira vez). Convidei todos os nossos amigos e familiares. Ao todo, são 100 convidados, e cada convidado vai receber uma cópia desse conto! Todos vão saber o quanto eu a amo. O quanto ela me fez feliz e como ela me faz, a cada dia ser um Homem melhor. Foi com ela que aprendi a perdoar meu pai. Por conta dela, eu e meu pai temos uma boa relação hoje em dia. Foi por ela que amadureci e aprendi a controlar meu gênio explosivo. E o mais importante, foi por causa dela que eu me tornei o homem mais feliz e apaixonado desse mundo! Por todos esses motivos é que eu resolvi pedir a mão dela hoje em casamento!
Hoje vou acordar cedo e ir na gráfica para imprimir 101 cópias desse conto. A 101ª cópia será encadernada e encapada em capa de couro marrom, e o título em letras douradas. Essa será a cópia da Malú. Assim que ela entrar na festa, vou pedir que alguém entregue sua cópia, marcando o trecho final para ela ler....Depois que ela tiver lido, eu entrarei e farei o pedido...Me desejem sorte! Amanhã volto para contar se ela aceitou ou não!
Agradeço desde já pelo apoio e comentários dado!
Ass: Henrique - nervoso e ansioso para hoje à noite :D