Olá gente. Como vocês puderam perceber, os últimos quatro capítulos foram um grande flashback. A partir daqui a historia retomara da parte em que o Leandro acaba de ser acordado por sua mãe...
… Quem dera que você um sonho. Criei mais mais um pouquinho de coragem e tomei um banho. Botei aquele uniforme que eu odeio. Me posicionei na frente do espelho e vi novamente o estrago que ele havia feito no meu rosto. Resolvi passar um pouco de maquiagem e ressuscitei meus óculos escuros que estavam largados na minha gaveta de bugigangas. Penteei meu cabelo pro lado, passei um pouco de perfume e pronto. Já estava apresentável novamente. Desci as escadas em direção a cozinha. Rosa já tinha preparado uma bela mesa com um bolo de chocolate, que eu adoro, além de uma de geleia de uva, que me dá água na boca só de lembrar, além de uma bela salada de frutas.
- Bom dia Ledo, dormiu bem? - Perguntou Rosa, enquanto levava uma cesta com torradas a mesa.
- Dormi sim, tirando a parte que fui acordado pela Carminha, sabe Rosa. - Falei quando ouvi que minha mãe se aproximava da mesa.
- Eu nem sou loira pro senhor me chamar de Carminha... - Falou minha mãe com seu bom humor matinal. Eu só conseguia zoar ela pela manha. Não sei como ela conseguia acordar todo dia de bom humor. Talvez seja macumba, mas vai saber... - E o senhor por acaso é um segurança de shopping pra andar de óculos escuros dentro de casa? - E como sempre ela venceu!
- Tá eu me rendo! - Disse fingindo tristeza. Rosa, como sempre, morria de rir das nossas palhaçadas.
- Rosa, me traz me suco de maça, e algumas torradas light – Pediu minha mãe a Rosa.
- Sim senhora.
Eu e minha mãe moramos sozinhos. Meu pai morreu quando eu tinha apenas dois anos num acidente de carro. Não me recordo do rosto dele, só da voz. Minha mãe, logo após a morte dele, tomou de conta da empresa que ele deixou pra nós. Essa empresa trabalhava com confecções de roupas. Infelizmente a empresa faliu com as ultimas crises mundiais e minha mãe e eu quase perdemos tudo. Mamãe recebeu a ajuda de alguns amigos e conseguiu concretizar um sonho antigo: de ser design de joias. Laura Assunção se tornou em menos de 4 anos a mais conhecida design de joias do país.
- Leandro, eu já vou meu filho, antes que eu pegue congestionamento. - Disse ela levantando-se da mesa. - Você quer uma carona?
- Não, eu vou com a Joice. - E quando disse isso, lembrei que deveria ter falado com ela ontem a noite. Ela vai querer me engolir vivo.
- Ta bem meu filho. Vê se não se mete em confusão, por favor. - Disse dando um beijo no topo da minha cabeça, pegando a bolsa, também branca, e indo em direção a porta.
6:50 vi na tela do meu celular. Mandei uma mensagem pra Joice que estava on pelo WhatsApp.
Eu: Oi Jô, desculpa por não ter falado contigo ontem. Mas se eu te contar o que aconteceu você não vai acreditar...
Joice: Então, aproveita e conta pessoalmente. Eu já to aqui na frente da tua casa.
Eu: Me dá dois minutos. Daqui a pouco eu to ai.
Joice: Tá. ;)
Fui rapidamente escovar meus dentes e desci abrindo a porta e dando de frente com Joice na companhia do Raphael. Eu provavelmente fiz uma cara mega estranha. O que ela tá fazendo aqui, na frente da minha casa.
- O que você tá fazendo aqui? - Perguntei a Raphael. Joice, foi quem respondeu a mim – A gente conversou ontem pelo Face.
- Ai, eu vi ela aqui e resolvi conversar com ela. - Completou Raphael.
Então, ele não tava aqui a minha procura? Menos mal...
- O que aconteceu ontem pra você não ter se dado ao trabalho de falar comigo? - Perguntou ela, enquanto nos três íamos caminhando em direção a escola. Raphael me olhou com uma cara que dizia: Por favor, não fala nada.
- O que aconteceu é que um louco me deu um soco na cara sem motivo nenhum. - Disse levantando os óculos e mostrando o hematoma - E você acredita que ainda fui obrigado a ir na casa do cara pela minha mãe. Pelo menos ele me pediu desculpas. - Disse cada palavra olhando pro Raphael.
- Quem foi o idiota que fez isso com você? Eu conheço ele? - Perguntou Joice. Se eu disse-se quem foi eu conseguia salvar a minha amiga das garras desse ogro. Mas, ele me olhou, praticamente implorando que eu não dissesse nada. Leandro, você odeia esse moleque, minha consciência falou. Mas a droga da emoção dizia o contrario. Dizia pra dar uma chance pra ele se redimir.
- Não, você não conhece. É um idiota. Não vale a pena nem você saber que é. - Falei a Joice. Vi os lábios do Raphael falarem um obrigado mudo...
A partir daqui narrado do ponto de vista do Raphael:
Meu, quando eu cheguei em casa, depois de ter batido naquele menino, eu me arrependi. Tava decidido a pedir desculpas a ele, só que ele resolveu adiantar o pedido. Quando minha mãe me disse que tinha uma mulher no andar de baixo que tava dizendo que eu tinha batido no filho dela, eu simplesmente pirei de raiva. Eu não queria que minha mãe soube-se. Ela não podia saber. Agradeci a tudo quanto foi santo pelo pai não estar em casa. Se não, nem sabia o que podia acontecer comigo.
Confesso que nunca vi minha mãe tão nervosa assim. Desci aquelas escadas decidido a quebra a cara daquele muleque ao meio. Mas quando o meu olhar se encontrou com o dele. Eu... Cara, não sei o que eu senti. Quando vi o estrago que fiz eu me senti, um lixo. E eu não conseguia parar de olhar pro rosto dele, pros olhos, especialmente os olhos. Como eu havia feito aquilo? Claro, culpa daquela vaca da Carla, minha ex-namorada. Vocês acreditam que eu peguei aquela desgraçada beijando um qualquer atras do colégio. Decidi depois disso jogar uma bola pra esfriar a cabeça. Mas eu devia ter ouvido o que o Maurício me disse, que ela não prestava. Eu, cego de amores, não dei ouvidos a meu amigo.
Quando minha mãe disse que eu devia pedir desculpas a ele, eu simplesmente não sabia aonde tinha ido a raiva que eu senti dele instantes antes. Ele, me surpreendeu dizendo que me desculpava. E logo depois, uma senhora muita bonita, que deduzi ser a mãe dele, deu a sugestão de darmos um abraço, que eu acatei por um motivo: não podia me queimar mais com a minha mãe. Nos levantamos e eu o puxei pro abraço. Queria que aquilo acabasse logo. Nossa, como ele é pequeno, pensei eu quando envolvi meus braços ao redor dele. Me senti um idiota por ter feito aquilo com ele. Logo depois, um pensamento bem estranho passou pela minha mente. Assim que puxei o ar aos meus pulmões, senti o quanto o cheiro dele era bom. E logo que pensei isso me separei do abraço. Disse que subiria ao quarto, e virei as costas, sem olhar novamente pros olhos esverdeados dele. - Meu nome é Leandro. - Ouvi ele dizer. Me limitei a acenar com a cabeça que havia ouvido o que ele disse e subi as escadas em direção ao meu quarto.
Não quis comer, nem nada do tipo. Ouvi meu celular tocar. Tinha recebido mais uma mensagem pelo WhatsApp. Apertei na imagem de perfil e me lembrei que tinha visto essa menina durante o jogo na quadra, mais cedo. Eu até dei uma piscadinha de olho pra ela. Joice, esse era o nome dela. Comecei a conversar com ela pra me distrair um pouco. Logo depois fiz minha higiene e dormi, rezando para que minha mãe não contasse nada para o papai.
[…]
Acordei com o barulho insuportável do meu despertador. Não tava com o menor clima pra ir pra escola. Mesmo assim, sabia que papai não deixaria eu faltar, então me levantei, tomei um banho, botei minha roupa e fui em direção a mesa, torcendo para que mamãe não tivesse me delatado. Quando cheguei a mesa, minha mãe se limitou a dizer um bom dia. Papai não estava na mesa, com certeza não tinha dormido em casa. Tomei um café e comi uma fruta e sai rua afora. Ainda era cedo, 6:40. Fui andando devagar, até que vi aquela menina que conversei na noite de ontem, parada, na frente de uma casa rosa. Serio, rosa pink. Quem for a dona, é uma pessoa bem... excêntrica.
- Oi. - Disse eu me aproximando dela. Joice, por sua vez pareceu não acreditar que eu estava na sua frente.
- Oi Raphael. - Disse indo em minha direção para me dar um abraço.
- Você mora aqui? - Perguntei assim que nos separamos do abraço.
- Não. Quem mora aqui é um amigo meu, o nome dele é Leandro. - Leandro? - Eu até to conversando com ele aqui pelo Whats - Falou Joice apontando pro celular - Ele já já aparece ai.
Instantes depois a porta, foi aberta por ele, com um óculos enorme na cara, escondendo aquelas olhos que são tão...
- O que você tá fazendo aqui? - Perguntou Leandro olhando na minha direção.
***Continua***
Gente, eu não ia escrever esse capitulo com o ponto de vista do Raphael, mas, devido o pedido popular, eu resolvi arriscar... Essa parte ficou um pouquinho menor que a anterior, me desculpem. Prometo compensar no próximo. E por favor, comentem e deem suas notas, assim, eu avalio como eu tenho me saído nesse novo desafio que eu me propus. Abraços.