Como Chamas 1x20: TRAFICANTES NÃO COSTUMAM SER GENTIS!
- O que você tem em mente? Perguntou me Mike quando me sentei na cadeira ao seu lado em um bar no meio do nada. Nem eu sabia como eu havia chegado ate aquele lugar, graças a Deus o taxista havia aceitado esperar por mim.
- Você vai se entregar. Falei.
- Você usou droga? Eles vão me matar!
- Não vão não. Vou te dar o dinheiro que deve a eles e então você paga e eles somem do meu pé.
Mike ficou em silencio, pensando se o plano daria certo. Eu tinha certeza que se armássemos tudo direito iria funcionar.
- Ele ainda vai querer ferrar comigo.
- Ele quem?
Mike deu uma olhada seria para mim, como se eu tivesse feito uma pergunta idiota. Eu não era obrigado a saber de tudo ne?
- O cara que comanda o trafico. Esses garotos não são nada perto dele. Mesmo assim eles vão fazer algo comigo por ter fugido.
- Diga a eles que fugiu para conseguir o dinheiro.
Novamente silencio. Mike estava um pouco mais magro desde a ultima vez que eu o vira e parecia bem detonado. Onde quer que ele esteja escondido não estava sendo bem tratado.
- Você esta bem?
- Bem, não. Estive enfiado em um porão na casa de um amigo aqui na cidade mesmo, não saiu nem para ver o sol.
- Então vá para casa tome um banho e descanse, hoje a tarde te mando o dinheiro. Quanto é a quantia mesmo?
Mike engasgou, mas cuspiu as palavras:
- 5 Mil.
- Ai droga Mike isso é muito dinheiro. Mas posso conseguir.
- Eu pago você, Dan, prometo que vou pagar você de volta.
- Eu espero mesmo Caio.
Falei me virando para ir embora, Mike começou a rir e eu tive que voltar para perguntar o que era.
- O que é?
- Voce me chamou de Caio. E eu estavam lembrando daquela noite em que caímos do bote e água estava super gelada.
Dei um sorriso, apesar de tudo, ainda restava algumas lembranças boas daquela viagem.
- Eu pensei que íamos morrer.
- Mas eu salvei você. E não se preocupe, posso fazer isso de novo. Ele disse emocionado.
Seu olhar era idêntico ao de Felipe na outra noite quando resolveu me contar que me usou como uma roupa velha e agora estava me jogando fora.
- Tem mais uma coisa, eu contei toda a historia da viagem para o Felipe. Falei e corri para a porta antes que ele começasse a surtar. Eu tinha minha própria cota de loucura para preencher.
Cheguei alguns minutos atrasado no serviço mais ninguém disse nada. Entrei em minha sala e Felipe e Alice estavam lá, conversando animadamente sobre alguma coisa.
- Ei, Dan. Tudo bem? Perguntou ela.
- Sim. Respondi.
- Oi. Falou Felipe com uma voz cautelosa.
Coloquei a mochila em minha cadeira e nem mesmo olhei para ele.
Ainda sentia dor, mais a raiva era maior. Tudo na vida parece uma merda quando você briga com seu melhor amigo, certo? Graças a Deus eu tinha Marcie 90% do tempo ao meu lado. Os outros 10% ela passava com Gregori.
Fui a sala de Joaquim e peguei vários relatórios para fazer. Tinha que manter a cabeça ocupada.
Trabalhei o dia todo em silencio. Alice somente falava com Felipe como se costume, mas desta vez ele não me chamou para defende-lo nas discussões que ele tinham.
Na hora do almoço, enquanto eu esperava na fila da lanchonete para comprar refrigerante, Felipe sussurrou no meu ouvido.
- Não pode me excluir completamente da sua vida.
A sensação de seu corpo tão próximo ao meu me causava arrepios de prazer, mas novamente eu ignorei e ele se afastou.
Fui para casa exausto, mas não me deixei abater. Havia faltado muito de aula e precisava me recuperar.
Ao chegar na escola, dei de cara com Jordan entrando também, corri para junto dele.
- Oi, como esta!?
Ele se virou para mim e sorriu.
- Bem, dolorido, mas bem.
- Que bom. Ainda não me recuperei do susto...
- Eai gracinha. Disse John surgindo atras da gente.
- Meu nome não é gracinha.
- Tsssc! Ele ta afiado hoje. Ele brincou.
- Você ainda não viu nada.
Jordan tosciu com falsidade, querendo que eu voltasse minha atenção para ele.
- Ah, Jordan este é John. E John este é Jordan.
Eles apertaram a mão um do outro. John olhava com curiosidade para Jordan.
- Cara o que aconteceu com você? Ele perguntou.
- Fomos assaltado, mas acho que o ladrão gostou do Dan pois só bateu em mim. Ele riu.
- Talvez você estivesse fazendo algo que não devesse.
Ficamos em silencio. Aquilo tinha sido estranho, mas não muito. Afinal, John era meu amigo, dizer coisas assim era mesmo a cara dele.
- Tenho que vazar gracinha, te vejo no terceiro tempo.
Ele deu um tapa na minha bunda e sumiu no meio da multidão de alunos. Jordan parecia um pouco sem graça.
- Você esta ficando com esse cara?
Fiz uma careta sem querer e ele riu. Não era que eu não achava que John fosse bonito. Ele era um gato e tudo mais, mas meu coração pertencia a um idiota e eu não havia encontrado uma maneira de arrancar dele.
- Céus, não estou. Somos apenas amigos.
- Percebi pela sua cara de nojo. Também tenho que vazar, te vejo mais tarde. Ele se inclinou e beijou minha bochecha na frente de todo mundo, piscou de forma sensual e se afastou.
Corei, mas continuei agindo como se não fosse nada demais. Alguma coisa estava errada este ano.
Do nada, vários garotos gatos estavam afim de mim e isso não era comum. Não podia ser.
Quando cheguei em casa com meu pai, encontramos Mike e Felipe sentados no sofá da sala com minha mãe.
- O que estão fazendo aqui?
- Vim te apresentar meu irmão baby! Disse Felipe alegremente.
Revirei os olhos e subi para o quarto e os dois idiotas me seguiram.
- O que diabos vocês estão fazendo?
- Alice disse um cara apareceu na empresa atras de você. Nunca o vimos antes e acho que possa ser alguém do rolo que Mike causou.
- E...?
- Bom, eles estão começando a pegar pesado. Primeiro aqui e agora no trabalho. Não vou deixar você se machucar Dan. A voz de Felipe estava carregada de desespero e compaixão, isso me fez sentir o estômago gelar. Talvez seja consciência pesada.
Alias, quando tudo acabasse eu não quero mais contato com nenhum deles. O pai era um racista, os dois filhos eram encrenca. Acho que o DNA da família de certo alguém tinha um problema.
Mike se aproximou de mim.
- Preciso do dinheiro amanha. Foi o praso que me deram. Ele disse.
- É, mas amanha...
- Caralho Dan! Você disse que ia ajudar! Implorou Mike explodindo. Talvez estivesse mais assustado do que eu pensava.
- Não quero ouvir palavrões na minha casa. Disse meu pai passando pelo corredor. Gelei com a possibilidade de ele ter ouvido toda a conversa. Mas como ele passou direto acho que não ouviu. Qualquer pai que escutasse que o filho esta em perigo iria ao menos perguntar o motivo, certo?
- Ta legal, amanha eu levo para você no trabalho.
Falei e os nervos se acalmaram. Mike se sentou na minha cama e Felipe ficou olhando para os porta-retratos em cima de minha cômoda. Eles achavam mesmo que agora eu iria sentar e bater papo com eles?
Inacreditável.
- Tchau. Falei apontando para a porta.
Os dois me olharam surpresos mais saíram. Felipe andava devagar demais, como se esperasse o que eu o chamasse de volta. Quando ele se virou, eu fiquei preso em seus olhos por alguns segundos, então, fechei a porta. Literalmente.
